𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 44✍︎

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𝑷𝒊𝒍𝒍𝒂𝒓 𝑴𝒆𝒏𝒅𝒆𝒔

Quando me ligaram no início da noite já estranhei. Era o meu chefe pedindo para mim ir num incidente que aconteceu em um bairro aqui em Chicago. Os agentes de Chicago foram chamados a comparecer em um incidente no início da noite, eu sabia que algo grande havia acontecido já que pediriam para mim ir da um apoio. Imaginei uma conspiração de terrorismo, como a iniciativa do Hamas que a equipe atual havia impedido na semana passada.

Fui uma das últimas a descer do carro e avistei a rua completamente deserta, a não ser pelos membros da polícia e perícia, que estavam dentro e fora do cordão de isolamento. Caminhei para mais perto e vi os lençóis brancos que cobriam os corpos estirados no chão. Rapidamente contei oito, mas havia dois veículos parados com os motoristas baleados. Ajeitei o meu colete à prova de balas e dei passos para mais perto da cena, até que dois agentes se juntaram a mim.

— Agentes — cumprimentou o homem que estava perto da faixa usando um terno e um distintivo da polícia de Chicago.

— Mendes — apontei para mim mesma.

— Imagino que esteja acostumada com esse tipo de situação, mas foi bem feio — ele levantou a faixa para que pudésse passar e analisar a cena do crime — Dez mortos, outros quinze no hospital.

— Alguma testemunha ocular que não esteja ferida? — perguntei enquanto observava a aterrorizante cena de massacre.

— Uma senhora que estava na janela do quinto andar daquele prédio — apontou — Viu tudo. Está apavorada e sob os cuidados dos paramédicos. Tem pressão alta e o susto fez com que ela tivesse um pico.

— Todos os mortos eram membros de gangue? — questionou uma agente, analisando a cena assim como eu.

— Não. Um morador de rua, duas crianças e uma senhora que promovia ações beneficentes na igreja local estão na lista de vítimas. Foram muitos danos colaterais, o que me leva a crer que não foi uma ação planejada.

— Esses idiotas de gangue que acham que podem fazer o que querem — outro agente bufou.

— Alguém suspeita das motivações para o tiroteio? — prossegui com a investigação enquanto os outros agentes de equipe se afastavam para observar melhor a área.

— Ainda não conversei com ninguém que pudesse me dar essa informação.

— Obrigada — afastei-me do delegado e caminhei até uma das vítimas.

Ajoelhei-me e puxei o lençol para que pudesse observar melhor. Levei uma surpresa e quase cambaleei para trás ao ver que era um garotinho. Lidando diariamente com aquele trabalho, às vezes parecia que iria ficar mais fácil, porém não ficava, principalmente quando o caso que eu estava investigando envolvia crianças. Ele era um menino com não mais do que oito anos. Ainda usava uma mochila e, pela posição que havia caído, deveria ter sido pego completamente de surpresa pelos tiroteios.

— Mendes? — virei a cabeça e encarei os olhos castanhos de um policial quando ele colocou a mão sobre o meu ombro.

— O que foi?

— Tem marcas de pneu que podem nos ajudar a identificar o veículo que os atiradores estavam usando.

— Pediu a perícia para fotografar e encaminhar para a nossa análise?

— Já fiz isso.

— Ótimo!

— É foda quando tem crianças no meio, não é? — balancei a cabeça e me dignei a dar apenas um sinal afirmativo com a cabeça enquanto caminhava até a ambulância que estava parada perto da esquina.

Do lado de fora, rodeando-a, havia alguns policiais. Cheguei mais perto e vi uma senhora negra com idade perto dos oitenta anos, cabelos brancos e uma expressão de espanto, sendo atendida por uma paramédica.

— Olá, senhora, sou a agente Mendes, do FBI.

— O... oi! — gaguejou.

— Pode me dizer o seu nome? — sentei-me ao lado dela na lateral da ambulância.

— Harper, Julia Harper.

— Bom, senhora Harper, pode me contar o que aconteceu aqui?

— Foi terrível! — ela se encolheu e começou a soluçar.

— Está tudo bem agora. Nós e a polícia estamos aqui para resolver o que aconteceu e prender o culpado, mas para isso precisamos da sua ajuda.

— Eu estava observando a rua, como faço todos os dias enquanto estou tomando o chá da tarde, quando vi uma van azul aparecer na esquina. Quando ela entrou na rua e começou a atirar, as pessoas correram de um lado para o outro em desespero e várias delas caíram. Só um cara desceu da van. Ele tinha uma arma grande, não sei o nome de armas, mas parecia com essas de caçador.

— Poderia ser um fuzil — um policial soprou e eu olhei séria para ele para que ficasse calado.

— Conseguiu ver o rosto dele? — insisti para que a senhora me desse mais informações que pudessem ser cruciais para o caso.

— Não. Estava com aquelas máscaras de ski.

— A senhora me disse que estava olhando pela janela, como faz todos os dias a tarde, correto? — ela balançou a cabeça, fazendo que sim — O que costuma ver diariamente pela sua janela?

— Gente passando, crianças voltando da escola, que fica há dois quarteirões daqui. Todo mundo seguindo a sua rotina.

— Não tinha nada de suspeito?

— Só o Jacob Meyer, que mora no prédio do outro lado da rua — ela cerrou os dentes e percebi que havia uma certa raiva.

— O que ele fazia?

— Era um traficante de merda, que estava sempre desvirtuando os moleques para se juntarem a gangue dele. Ficava andando pelo bairro, sempre acompanhado de outros delinquentes que tinham armas.

— Obrigada pela ajuda, senhora — levantei e caminhei de volta até o delegado — Jacob Meyer está entre as vítimas?

— Sim — o delegado apontou para o corpo.

— Acredito que ele seja o principal alvo.

— É bem provável. Essas disputas de gangue deixam a gente louco — ele bufou.

— Vou dar a minha opinião sobre isso num relatório mais não posso me envolver mais que isso.

— Eu entendo. Bom trabalho, agente Mendes.

— Obrigada — coloquei as mãos dentro dos bolsos e voltei para perto da equipe do FBI — Tem que descobrir quais gangues tem interesse nesse território e por qual motivo matariam o Jacob Meyer, espero que entendam que não posso me envolver mais que isso — eles assentiram.

[...]

Rendidas Pela MáfiaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora