Capítulo 12

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Voltei!!
 
Tô abusando muito da fofura nessa fic. Espero que gostem desse capítulo.
 
Divirtam-se!!
 
 
O dia da segunda consulta de Lena tinha chegado e ela não podia estar mais nervosa. Na última semana, mal conseguiu se concentrar em alguma coisa, mesmo com todas as tentativas de Kara para elas saíssem para algum lugar — ou que ela ficasse um tempo no pet shop — já que ela gostava tanto de lá, nada que foi sugerido a animou.
 
Não iria conseguir se divertir ou aproveitar plenamente estar ao lado de Kara enquanto não soubesse que estava tudo bem com seu bebê. Pelo menos, todas as noites quando Kara chegava da aula, deitava ao seu lado e a abraçava. Elas não diziam nada, só ficavam juntas. Quando amanhecia, Kara sempre era a pessoa mais carinhosa e paciente do mundo, e isso a dava um pouco de esperança.
 
Durante esses dias em que a ansiedade e o nervosismo a consumia, mal conseguia interagir com a família Danvers e se sentia mal por isso. Todas eram extremamente legais e faziam de tudo para deixá-la confortável estando numa casa que não era dela. Só que nesse momento, sua cabeça não a deixava demonstrar o quanto gostava delas também.
 
E era exatamente por não estar conseguindo manter um diálogo que depois do café foi andar pela fazenda. Um pouco sem rumo, acabou indo parar no estábulo. Como já tinha sido apresentada a Amis há uns dias, foi até ele começando a passar a mão no seu chanfro. Se distraindo por um segundo com o cavalo dócil, sentiu um par de braços rodear a sua cintura e duas mãos espalmarem sobre a sua barriga. Gostava daquele toque.
 
— Me trocou pelo meu cavalo? — apoiou o queixo no ombro direito de Lena.
 
— Eu não seria capaz de te trocar por ninguém. Só pela cerejinha.
 
— Eu também me trocaria por ela — beijou o rosto da morena. — Você podia parar de se isolar e conversar comigo. Não tenho mostrado o suficiente que estou aqui por você e pelo bebê?
 
— Tem. Tem, sim.
 
— Então fala comigo. Eu imagino motivo de seu distanciamento, mas vou saber lidar melhor se você me explicar.
 
— Estou com medo da consulta de hoje — jogou a cabeça a apoiando em Kara. — Só vou conseguir relaxar quando a médica me disser que está tudo bem. Pode parecer besteira, mas pra mim não é.
 
Desde a primeira vez que Lena comentou sobre esse medo, Kara percebeu que ela começou a se fechar. Vinha tentando demonstrar seu apoio e dar espaço a ela, mas já estava ficando preocupada. Não queria que Lena guardasse as coisas para si e isso, de alguma forma, fizesse mal ao bebê.
 
— Você achou que por você ter continuado a se preocupar com isso, eu pensaria que sua preocupação é besteira?
 
— Não — se virou ficando de frente para a loira. — É que... — suspirou. —  Não sei. Só sei que estou com um medo terrível. Nem sei se isso é normal, se são os hormônios ou eu que estou preocupada demais.
 
— Lena — segurou seu rosto —, eu também me preocupo. Todos os dias eu tenho medo de alguma coisa acontecer com você ou com o bebê. Eu nunca iria achar que isso é besteira. Não gosto de te ver assim, isso nem faz bem pra você e para cerejinha.
 
— Vai dar tudo certo hoje, não vai?
 
— É claro que vai — sorriu. — Você tem me acordado de madrugada para eu fazer algo para você comer ou ir comprar alguma comida de gosto duvidoso. Isso com certeza é um bom sinal de que tudo está certo.
 
— Acho que não é assim que as coisas funcionam — deu um pequeno sorriso pela assimilação sem sentido.
 
— Lena, você me fez procurar sorvete de mamão ontem de madrugada porque você queria tomar com ketchup — fez uma careta de nojo. — Se isso não é sinal de gravidez saudável, eu não sei mais o que é. É comprovado cientificamente que se uma mulher tem desejos absurdos na gravidez, é porque tudo está indo muito bem e não há risco de nada.
 
Foi inevitável não rir com aquela colocação absurda. Talvez por ser tão absurda é que fez Lena relaxar um pouco. Kara sempre dizia coisas assim em momentos sérios, e Lena nem conseguia se irritar com isso, pois parecia que a loira sabia exatamente o momento que deveria arrancar um sorriso dela.
 
— Você sabe que eu era cientista, não é? Não existe nada que comprove isso que você acabou de dizer.
 
— Quando a doutora Montgomery disser que você tem o bebê mais perfeito em sua barriga, você vai ver que eu estou cientificamente certa.
 
— Kara, não é assim que funciona.
 
— Como é então? Me explica.
 
Por quase uma hora, Kara ouviu Lena explicar como funcionava uma pesquisa cientifica. Ela detalhou vários processos que a loira fingiu que entendeu só para ela continuar animadamente falando. Enquanto Lena tagarelava, Kara sabia que ela tinha desligado sua mente da consulta e era exatamente isso que queria.
 
— Entendeu como funciona uma pesquisa cientifica? — Lena perguntou enquanto voltavam para dentro de casa.
 
— Claro! Tirando os momentos que perdi o foco por ter ficado só te admirando enquanto você falava tudo com muita paixão, eu entendi tudinho.
 
— Você me deixou falando por vários minutos para não entender nada? — a deu um tapa de leve no braço.
 
— É que você é muito linda para eu prestar atenção em qualquer coisa que não seja você — disse abrindo a porta da sala para elas entrarem. — Eu gosto de te ouvir falando. Gosto de te ver animada como você estava agora a pouco — a puxou para mais perto com cuidado para que a barriga de Lena não chocasse com força contra a sua. A barriga já estava mais redondinha. — Me perdoa por não prestar atenção e não desiste de mim. Não deixe a cerejinha órfã de uma mãe.
 
Kara sorriu quando viu e ouviu Lena gargalhar do que ela disse. Não era mentira, achava realmente Lena bonita demais para prestar atenção em qualquer outra coisa que não fosse ela.
 
— Você continua a mesma idiota que roubou o meu táxi.
 
Meu táxi — a corrigiu. — Eu aqui tecendo elogios a você, já iria dizer o quanto gosto de te ver sorrindo, e você me chama de idiota? Vou repensar esse relacionamento.
 
— Não desiste de mim.
 
— Só vou continuar com você pelo bebê — brincou antes de dá-la um leve beijo sem se importar se alguém podia aparecer ali para atrapalhar. — Quando eu te beijo, eu tenho que me esforçar muito para ficar em pé. Minhas pernas chegam fraquejam. Mulher linda a que eu tenho.
 
A última frase fez Lena sentir uma fisgada no coração. Amava tanto a sinceridade de Kara que mal conseguia entender como sentia isso.
 
Observando cuidadosamente o rosto da loira a sua frente, se sentiu sortuda. Quem tinha Kara em sua vida, tinha um verdadeiro de tesouro.
 
— Vai dar tudo certo hoje, não vai? — voltou a perguntar quando se lembrou que a hora da consulta se aproximava.
 
— Vai — pincelou devagar seu nariz no de Lena enquanto fechava os olhos. — E a noite, você vai poder se divertir quando formos com as meninas no karaokê.
 
— Mesmo tudo saindo certo, não sei se estou com coragem pra ouvir Andrea cantar.
 
— Mas eu vou cantar pra você.
 
— Não sei se estou com coragem para ouvir você e Andrea cantar.
 
— Assim você me magoa. Vamos nos trocar se não vamos nos atrasar para a consulta, mais tarde você decide se vai querer que eu me declare pra você num bar cheio de pessoas ou não — Lena sorriu quando Kara a beijou. — Senti falta de te ver sorrindo. Que bom que consegui te fazer sorrir hoje, venho tentando todos esses dias.
 
— Quem disse que eu estou sorrindo por sua causa? — arqueou as sobrancelhas.
 
Kara estava prestes a beijar Lena com muita paixão, mas então se afastou um pouco — não o suficiente para suas mãos desgrudarem da morena — com uma cara de espanto. Com a boca um pouco aberta, ela piscava rápido sem acreditar no que tinha ouvido.
 
— Eu vou me divorciar de você.
 
— Não somos casadas.
 
— Então eu vou casar com você, só pra depois eu me divorciar — quando Lena riu novamente, em um gesto rápido, Kara a carregou estilo noiva.
 
Com o pequeno susto que levou, Lena acabou soltando um gritinho passando os braços rapidamente pelo pescoço Kara antes de se sentir segura nos seus braços. Mesmo sabendo que Kara não a deixaria cair de jeito nenhum — não era primeira vez que fazia aquilo — continuou agarrada a ela como se estivesse com medo.
 
— Está tudo bem por aqui? — Eliza chegou quase correndo na sala encontrando as duas se olhando. — Você está bem, Lena? — perguntou preocupada.
 
— Está tudo bem, mãe — Kara olhou para a senhora que ainda mantinha a expressão de quem estava assustada. — É que eu vou me divorciar da Lena.
 
— Se divorciar? — franziu o cenho não entendo nada daquela conversa.
 
— Sim. Mas não se preocupe, a guarda da sua netinha será compartilhada. Ela não é doida de me deixar sem minha filha — começou andar em direção a escada. — Enquanto não me separo, vou levá-la para se trocar. Temos que ir ver como nosso bebê está e não queremos nos atrasar. Até mais, mamãe.
 
Cuidadosamente e sem pressa, Kara seguiu para seu quarto com Lena em seus braços.
 
— Sua mãe não entendeu nada do que você disse.
 
— Você me deixa nervosa o suficiente pra falar coisas desconexas e sem sentido algum — entrou no quarto se sentando na cama com Lena ainda seus braços. — Vai dar tudo certo hoje — disse a olhando nos olhos sem nenhum vestígio de que faria alguma gracinha de depois. — E se não der, ainda vou estar aqui.
 
Um tempo depois, o casal estava na sala de espera da clínica. Lena já estava impaciente, parecia que estava ali sentada há horas, mas não tinha nem quinze minutos.
 
Percebendo que Lena voltou a ficar inquieta, Kara segurou sua mão a levando até os lábios e deixando um beijo no dorso. Isso fez a morena a olhar. Para distraí-la novamente, Kara decidiu mostrar todo seu vasto conhecimento sobre gravidez. Nessa ultima semana, vinha pesquisando bastante para não perder nenhum momento de seu bebê e, claro, de Lena também.
 
— Sabia que nosso bebê já é uma ameixa grande? Ou uma vagem, se preferir. A quem diga um pêssego — falou baixo direcionando seus olhos para Lena. — Ela tá crescendo tão rápido. Muito provavelmente teremos que comprar umas roupas pra você. Logo você vai ser a barrigudinha mais linda desse mundo. Diz que nesse momento, muitas mulheres se sentem com muita energia. Podemos começar a caminhar de manhã ou nadar, se você quiser.
 
— Eu iria querer esgotar minha energia de outra forma — murmurou para si, mas Kara ouviu.
 
— Como? — franziu o nariz. — Você não pode abusar das coisas.
 
— Uma hora você vai saber como — sorriu de leve.
 
Semicerrando os olhos, Kara ficou sem entender sobre que tipo de exercício Lena estava falando, mas antes que pudesse insistir para ela dizer, ela foi chamada para a consulta.
 
Não muito diferente da consulta anterior, a loira estava com mais mil perguntas para fazer à médica. Nem a própria doutora Montgomery sabia que podiam haver tantas dúvidas sobre gravidez, até conhecer Kara.
 
Era evidente para a médica que Kara tinha medo de cometer qualquer erro com Lena e o bebê. E dessa vez, ela parecia muito mais ansiosa para tirar suas dúvidas. Tudo o que a médica falava, ela ia anotando no bloco de notas do celular. Por causa das coisas que teve que resolver no trabalho e com os estudos, havia esquecido o quanto era importante esse ultrassom, então não queria mais esquecer de nada até a cerejinha nascer.
 
— Hoje já podemos saber o sexo do bebê?
 
— Bem difícil — respondeu à Kara. — É mais provável que vocês saibam no próximo mês. Como eu te expliquei, o ultrassom de hoje é muito mais voltado para o desenvolvimento do bebê, para saber se possui doença genética ou mal formação. A não ser que vocês queiram saber através de exame de sangue.
 
— Não queremos — disse Lena.
 
— Mais alguma pergunta?
 
Tanto a médica quanto Lena olharam para Kara.
 
— É verdade que nesse momento a cabeça do bebê é a metade do comprimento dele?
 
— É, sim.
 
— Oh! Então minha menininha tem uma cabeça enorme.
 
— É — sorriu achando graça da expressão pensativa de Kara e o fato dela ter certeza que era uma menina. — Podemos fazer o ultrassom agora?
 
— Sim — Lena respondeu antes que Kara pudesse fazer alguma outra pergunta. — Eu quero fazer esse ultrassom logo.
 
A todo o momento, Kara ficou segurando a mão de Lena enquanto a médica verificava seu bebê. Como a doutora estava em silêncio e concentrada no que fazia, Lena ficava cada vez mais nervosa sem saber se isso era bom o ruim. Nem estava olhando para tela de ultrassom, seus olhos estavam presos em Kara, a única pessoa que a acalmava.
 
Olhando para tela, Kara estava com a cabeça um pouco pendida para o lado direito tentando entender o que era aquela mancha a sua frente. Ainda assim, estava achando aquela mancha a coisa mais linda.
 
— Todas as medidas do bebê estão dentro dos padrões para treze semanas — a médica quebrou o silêncio. — E o exame transnucal não identificou nenhuma complicação.
 
Lena respirou aliviada por isso e sorriu para Kara que a olhava de forma carinhosa.
 
— O bebê de vocês está chupando o dedo — apontou para tela.
 
— Eu chupava o dedo na barriga da minha mãe — Kara disse chorosa. — Meu bebê também faz isso.
 
Sorrindo com o comentário da namorada, Lena sentiu os olhos marejarem.
 
— Querem ouvir o coração?
 
— Sim — responderam juntas.
 
Quando ecoou no consultório o som das batidas do coração do bebê, o casal se olhou deixando as primeiras lágrimas rolarem pelo rosto. Já sabiam que estavam gravidas, mas foi com aquele som que pareceu que tudo se tornou bem mais real do que havia sido até o momento.
 
— Isso é meu bebê? — a morena olhou para a médica que assentiu. — Ai, meu Deus!
 
— A nossa cerejinha — Kara segurou o rosto de Lena e a beijou. — Ela tá bem aí dentro de você. Eu não disse que ela seria perfeita? — encostou sua testa na da namorada. — Eu estou tão feliz. Você não faz ideia da felicidade que está me dando. Eu te amo. Te amo. Te amo — a beijou de novo.
 
— Parabéns, mamães! — a médica sorriu ao ver a emoção das duas. — Tenho certeza que tudo dará certo até a cerejinha de vocês nascer.
 
Depois que saíram do consultório, Lena chorou por mais alguns minutos dentro do carro abraçada a Kara. A loira estava com um sorriso contagiante no rosto e se já era extremamente carinhosa, em questão de minutos tinha ficado um pouco mais.
 
O choro de Lena era uma mistura de tudo um pouco. Haviam vários sentimentos aflorados dentro de si, não só por causa do bebê, mas também pelas palavras de Kara. O que a fez se questionar se Kara a amava mesmo ou só disse aquilo no calor do momento.
 
Pelo resto do dia, a loira não quis sair do lado de Lena. Pediu a Alex que resolvesse qualquer problema que surgisse em relação aos queijos, pois só queria aproveitar a felicidade junto com as duas pessoas mais importantes da sua vida.
 
A noite, o casal foi para o karaokê encontrar todos os amigos — incluindo Nia e Brainy. Lena não queria muito ir, mas, além de Kara, Alex, Sam e Kelly também insistiram e disseram que seria bom ela se divertir um pouco depois de uma semana onde esteve bem aflita.
 
Mesmo sendo sexta-feira, como sabia que seria um dia de grande tensão para Lena, Kara já tinha se programado para faltar ao curso e estar ali com as pessoas que ela tanto amava.
 
— Finalmente todos os casais reunidos — Andrea disse assim que chegou com Nia e Brainy. A primeira pessoa que ela foi cumprimentar foi Lena, embora conversassem todos os dias, estavam há uma semana sem se ver. — Está tudo bem com a minha afilhada?
 
— Tudo ótimo com ela — Lena respondeu sorridente.
 
— Sua afilhada? — Alex questionou. — Desde quando isso está decidido?
 
— Desde sempre? — cumprimentou Sam com um beijo e se sentou ao lado dela. — Para quem não conhece, esses são Nia e Brainy.
 
O casal fez um aceno com a mão para todas e se juntou a elas na mesa.
 
— Vocês já decidiram quem vai ser o que dessa criança? — Kelly olhou para Lena e Kara.
 
— Não precisa escolher, eu naturalmente sou a opção mais viável para madrinha.
 
— Você é uma pessoa horrível, Andrea — Alex falou. — Que louco te colocaria como madrinha de uma criança?
 
Desde que se encontraram na feira aquela primeira vez, Andrea e Alex tinha se tornado amigas. Inclusive, Alex e Kelly já tinham saído com ela e Sam.
 
— Não fala mal da minha namorada, Alexandra — foi a vez de Sam entrar na discussão. — Eu te quebro se continuar a ofende-la.
 
— Ainda bem que sou o único homem — Brainy chamou atenção de todas. — Só eu poderei ser o padrinho.
 
— Eu posso ser o padrinho se eu quiser — a Danvers mais velha disse raivosa para assustar o rapaz que rapidamente parou de sorrir.
 
— Elas vão ficar discutindo sobre isso por muito tempo? — Nia sussurrou para Lena e Kara que apenas riam.
 
— Provavelmente — a morena respondeu.
 
A discussão sobre quem seria madrinha se seguiu até o momento que Kara mandou todas calarem a boca. Após isso, o microfone do Karaokê foi aberto e a loira foi logo para o palco cantar, sua escolha de música foi Can’t Take My Off You. Durante esses dias, quando Lena adormecia, cantava baixinho essa música em direção a sua barriga e às vezes em seu ouvido.
 
Por toda a música, Kara olhava em direção a Lena que sorria. Como não sabia que a loira vinha cantando aquela música todas noites, achou que ela havia lido seus pensamentos, pois acordava todos os dias com aquela melodia na cabeça.
 
Vendo Kara descer do palco, Lena estava esperando ansiosamente ela se aproximar para dizer o quanto havia gostado de sua apresentação. Não foi ao seu encontro, pois o bar estava muito lotado e ficou insegura de levar um esbarrão de um bêbado ou coisa assim. Porém, no meio caminho, uma morena a parou.
 
— Quem é aquela com a Kara? — perguntou ao grupo que olhou na direção que ela estava apontado.
 
— Lucy Lane — Sam respondeu.
 
— Ela é amiga da Kara? Parecem... próximas.
 
— Ex-namoradas — Alex respondeu recebendo um olhar mortal de Sam e Kelly.
 
— Ah. Ex-namorada.
 
O resto da noite não foi mais o mesmo para Lena depois daquela informação. Ela não sabia que Kara tinha uma ex. Uma ex que morava em Midvale e que parecia ainda próxima dela. Não queria ficar estranha sem mais nem menos e nem tirar conclusões precipitadas, mas as emoções afloradas não a ajudaram com isso.
 
Ao chegarem em casa, já bem tarde da noite. Lena deu boa noite para as garotas — que iriam assistir a um filme — e subiu para o quarto. Meio minuto depois, Kara apareceu e fechou a porta atrás de si.
 
— Aconteceu alguma coisa, Lena? — se encostou na porta do quarto a observando tirar a roupa.
 
Não tinha entendido a mudança repentina de humor de Lena, mas não ia ficar a questionando no meio de todo mundo. Só que se tinha algo errado, queria saber.
 
— Não sabia que você teve uma namorada aqui em Midvale — a respondeu sem olhar.
 
— Não sei como soube disso, mas... sim, eu tive — foi até Lena para a abraçar, mas ela se afastou. — Você tá com ciúmes?
 
— Não. Porque ficaria com ciúmes da Lucy Lane, a sua ex que vende bolos na feira onde você trabalha?
 
Sorrindo, Kara começou a negar com a cabeça.  
 
— Como sabe que é ela?
 
— Não importa.
 
Ninguém disse o que Lane fazia, Lena que a reconheceu do dia que encontrou Kara na feira a primeira vez.
 
— Você está com ciúmes de mim? — voltou a perguntar a abraçando por trás. Lena estava ainda sem a blusa de seu pijama, e Kara aproveitou para passar a mão sobre sua barriga e dessa vez ela não se afastou.
 
— Não.
 
Lentamente, a loira a virou até que ficassem cara a cara e a olhou nos olhos.
 
— Você ficou com ciúmes? — voltou a perguntar.
 
— Talvez.
 
— Porque ficou com ciúmes? E porque não me disse que não gostou de me ver falando com ela?
 
— Não sei — deu ombros. — Eu também tenho medo de te perder e... e ela é sua ex, é bonita e vocês pareciam íntimas...
 
— Eu terminei com ela por não amá-la. Agora ela tem outra pessoa. Assim como eu tenho você — explicou segurando o rosto de Lena. — Só convivemos bem, mas não precisa ter ciúmes. Eu disse que só tenho olhos pra você. Eu cantei hoje que só tenho olhos pra você. Venho cantando essa música todas as noites pra você e pra cerejinha.
 
Assim Lena entendeu porque acordava com aquela melodia na cabeça.
 
— Às vezes me sinto insegura. A gravidez não tem me ajudado nesse quesito — revelou algo que Kara não sabia. — Não quis ficar estranha, mas não consegui evitar.
 
— Eu te amo, Lena. Eu só tenho olhos pra você e você é a mulher mais linda do mundo pra mim.
 
Ouvir aquelas palavras de novo, fez o coração da morena acelerar e um sorriso começar a crescer em seu rosto.
 
— Não disse isso no calor do momento?
 
— Não, disse quando eu achei que era a hora certa — colocou os braços de Lena em volta de seu pescoço, levando a mão até sua cintura, que já não era mais tão definida pela gravidez, e começou a balançá-la.
 
— O que está fazendo?
 
— Dançado com você. E vou cantar até você acreditar que não consigo tirar meu olhos de você e que te amo — até tinha pensado em dizer que amava também o bebê, mas era Lena que precisava de sua atenção no momento.
 
 Lena apoiou a cabeça em seu peito. A segurou com delicadeza em seus braços e então começou a cantar baixinho próximo de seu ouvido.
 
— You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
 
Deixou um singelo beijo entre o ombro e pescoço de Lena.

Pardon the way that i stare
There's nothing else to compare
The sight of you leaves me weak
There are no words left to speak
But if you feel like I feel
Please, let me know that is real
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you

A apertou um pouco mais quando sentiu Lena a segurar mais forte.

I love you, baby
And if it's quite all right
I need you, baby
To warm the lonely nights
I love you, baby
Trust in me when I say...
 
Eu acredito em você — Lena disse a interrompendo. — Eu também te amo.

:)

All That Matters to MeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora