Capítulo 14

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Voltei!
 
Divirtam-se!!!!
 
 
 
 
Lena já estava com 21 semanas de gravidez, mais duas semanas e entraria no sexto mês de gestação. Ao mesmo tempo que ficava feliz por seu bebê continuar crescendo saudável e estar seguro dentro de sua barriga, às vezes desejava que a cerejinha nascesse logo só para ver o rostinho dela.
 
Estava sendo bom aproveitar cada momento, isso era algo que havia sonhado muito, mas claro, ainda tinha algumas coisas que eram difíceis de enfrentar. No quinto mês, estava começando a ficar com os pés inchados, estava difícil encontrar uma posição para dormir, pois a barriga já estava grandinha e sentia dores na lombar.
 
Seus hormônios ainda estavam a todo vapor. A libido também não ficava de fora, mas ao menos Kara resolvia essa parte — finalmente! Sempre pensava Lena quando lembrava que Kara não era lá uma pessoa de muita atitude em relação a isso. E agora se sentia com mais energia do que nunca, podia até correr uma maratona.
 
Haviam algumas coisas para resolver com Kara até o bebê nascer. Tinham que pensar em um nome, onde iriam morar, decorar o quarto, fraudas, mamadeiras... Lena se cansava só de pensar nesse por menores. Ainda assim, estava vivendo a melhor época da sua vida e não estava sozinha.
 
Sentada na cama, Lena passava a mão na barriga e conversava com a cerejinha. Conforme os meses foram passando, mais dedicava um tempo a ficar a sós com seu bebê. Gostava quando tinha como resposta um chute de leve na barriga, se sentia mais mãe quando acontecia isso. Parecia mais real.
 
A primeira vez que o bebê chutou foi quando Kara estava cantado próximo a barriga. Lena se emocionou quando isso aconteceu enquanto Kara saiu pulando pelo apartamento quase gritando que seu bebê havia chutado a primeira vez. Depois disso, a loira fez uma declaração de amor tanto para Lena quanto para filha. A morena chorou por uma hora inteira depois disso.
 
— Como está aí dentro, meu amor? — perguntou baixinho olhando para a barriga. — Está com saudades da sua outra mamãe? — sentiu um chute de leve e sorriu. — Eu também estou. Ela anda ocupada, não é? Mas tenho certeza que quando ela chegar, ela vai nos dar toda a atenção do mundo.
 
O precioso momento entre mãe e filha foi atrapalhado quando a campainha do apartamento tocou. Como estava sozinha, Lena levantou com cuidado e sem pressa indo em direção a porta já sabendo quem era.
 
— Veja se não é a mamãe mais linda desse mundo — Andrea brincou assim que viu Lena.
 
— Chegou cedo — disse dando espaço para a amiga entrar.
 
— Kara começou a me ligar a cada quinze minutos perguntando se eu já estava com você — a abraçou desajeitadamente, mas com cuidado. — Decidi vir logo se não era capaz da loira me buscar em casa e me trazer arrastada pelos cabelos.
 
Kara estava passando mais tempo trabalhando há algumas semanas e sua preocupação com Lena e sua filha tinha triplicado. Quando iria demorar demais para voltar — como nesse sábado — não gostava muito que Lena ficasse sozinha. Algumas vezes, a morena ficava no pet shop, outras na fazenda ou fazia alguma coisa com Andrea, Sam, Kelly ou Alex, ou todas juntas. Havia dias que ficava apenas quietinha em casa com seus bebê até Kara chegar. Gostava de um tempo só para elas.
 
— Às vezes ela exagera um pouco — sorriu revirando os olhos pensando em Kara.
 
— Mas você gosta da preocupação dela.
 
— Gosto — confessou. — Eu entendo o motivo. Pelo menos ela também entende quando eu quero apenas ficar sozinha.
 
— Fico feliz por vocês estarem dando certo — sorriu para a amiga. — Você merece tudo isso. Que bom que me ouviu quando eu falei para ir atrás dela.
 
— Não é atoa que é a madrinha da cerejinha. Só não conta para o resto do grupo.
 
Desde que decidiu que seria mãe, Lena não pensou em outra pessoa para ser madrinha de sua filha. Como agora tinha Kara na equação da gravidez, perguntou se ela achava uma boa ideia Andrea ser a madrinha. Sem nem se contrapor, Kara aceitou, pois sabia que isso era um desejo de Lena antes mesmo de aparecer em sua vida, então não tinha no que se opor. Além disso, gostava muito de Andy.
 
— Você sabe que na primeira oportunidade que eu tiver, eu vou jogar na cara de todas, não é? — falou séria, mas acabou rindo quando Lena gargalhou.
 
— Você não presta. Depois não venha reclamar da Alex ter tentado cometer um homicídio contra você.
 
— Que horror! — fingiu estar ofendida. — Está pronta para irmos as compras?
 
— Só vou pegar minha bolsa.
 
Nesses dias em que alguém da família de Kara ou Andrea estavam por perto, Lena aproveitava para fazer algumas compras para o bebê ou apenas andar por aí. Isso também a ajudava a se distrair das preocupações de mãe. Todos os dias uma nova aparecia e era um pouco cansativo.
 
As amigas andavam tranquilamente no centro da cidade enquanto olhavam as vitrines das lojas. Estavam em silêncio, pois Lena estava um pouco pensativa sobre o que comprar.
 
— Então, por onde vamos começar as compras? Hoje é tudo por minha conta.
 
— Andy, não precisa fazer isso — Lena disse a olhando de soslaio.
 
— Eu sei que não precisa, mas eu quero fazer isso. Sei que esse bebê tem várias pessoas que estão dando vários presentinhos, mas eu sou a madrinha, já quero mimar minha afilhada desde agora.
 
— Acho que hoje eu vou olhar alguns utensílios pra bebês — comentou levando a mão na barriga e acariciando. — Acho que ela já tem roupinhas até para os cinco anos de idade.
 
As duas riram. Realmente tinha muitas peças de roupas tanto na casa de Kara quanto em seu próprio apartamento.
 
— Recém-nascidos sujam muitas roupas, então nunca é demais. Já decidiram o nome dela? — essa era a pergunta que sempre fazia. Queria chamar sua afilhada pelo nome e não só de bebê ou cerejinha.
 
— Ainda não.
 
— Vai morar no seu apartamento ou na fazenda? Já decidiram isso?
 
— Ainda não.
 
— Vocês decidiram o que exatamente?
 
Lena soltou um suspiro baixo, ela e Kara até entravam nesses assuntos, mas acabavam se desviando.
 
— Que somos mãe dela? — olhou para Andy apertando os lábios.
 
— Não é querendo apressar as coisas, mas você está quase entrando no terceiro trimestre. Sei que você e Kara estão numa fase meio lua de mel do relacionamento, só que essas coisas são importantes.
 
— Eu sei — suspirou novamente. — Mas Kara anda ocupada com o trabalho e a faculdade. Quando ela chega em casa, eu só quero aproveitar o momento com ela, entende?
 
— Entendo. Não estou te criticando, só estou dizendo para resolverem rápido — apontou para um loja do outro lado da rua. — Vamos naquela loja comprar algumas coisas. Você vê o que precisa para o bebê e eu vou olhar uns brinquedos e umas roupinhas.
 
— Sam me trouxe aqui outro dia e quase levou a loja — riu ao se lembrar de Samantha pegando quase tudo que via pela frente.
 
— Que sem vergonha! — Andrea disse indignada. — Eu que disse que iria te trazer aqui, pois a loja é nova e parecia ter muita coisa de bebês.
 
— Parece que a Sam foi mais esperta.
 
A relação de Andrea e Sam era uma coisa muito engraçada para Lena. Ultimamente, elas estavam numa disputa de quem era a melhor companhia para Lena. Sam dizia que era ela, pois era mãe e podia ajudar a morena em muitas coisas — não era mentira, ela e Eliza já haviam tirado muitas dúvidas de Lena sobre a gravidez. Andrea dizia que a melhor companhia era ela porque conhecia a amiga há muito mais tempo. A companhia das duas eram boas para Lena, mas a disputa permanecia mesmo repetindo isso para elas.
 
Na loja, Lena pegou mamadeiras, chupetas, mordedores, fraldas de panos, fraldas descartáveis. Avaliou alguns brinquedos, talvez voltasse para comprar alguns quando o bebê estivesse com um pouco mais de meses. Além disso, deu uma olhada nos carrinhos e nas cadeirinhas de bebê, mas isso iria comprar junto com Kara, já estava combinado.
 
Depois de colocarem as coisas no carro, foram até um restaurante almoçar. Frequentemente Lena ainda tinha muita fome e tentava comer de três em três horas para não abusar de nada.
 
— Você está com pressa de ir embora?
 
— Não. Porque? — Lena olhou para amiga sem entender.
 
— Pode ir num lugar comigo? Não é muito longe daqui.
 
— Vai me sequestrar só pra eu não mudar de ideia sobre ser madrinha? — arqueou as sobrancelhas.
 
— Não — negou com a cabeça rindo. — Não é má ideia, mas não é isso.
 
— Onde quer me levar?
 
— Ah — deu ombros —, preciso de sua opinião sobre algo que quero mostrar a Sam.
 
— Alex a conhece melhor, porque não pede a opinião dela? — deu uma garfada em sua salada.
 
— Ela está ocupada com a Kara hoje e eu preciso de uma opinião hoje.
 
— Tudo bem então. Se não é um sequestro, eu vou.
 
O almoço foi tranquilo e divertido. Andrea, Alex, Sam e Kelly, embora vivessem preocupadas com o bebê, mostravam a Lena que ela também era importante. Por causa disso, sempre se sentia a vontade ao lado delas.
 
Assim que saíram do restaurante, elas foram para o carro. Andrea não quis dizer exatamente para onde iriam, mas insistiu que não era longe — e realmente não era. Vinte minutos depois de saírem do centro da cidade, elas entraram em um condomínio.
 
— Porque estamos aqui? Comprou uma casa aqui? — Lena perguntou à amiga com curiosidade.
 
— Ainda não, mas vim fazer uma visita em uma.
 
— Está pensando em morar junto com a Sam?
 
—  Daqui a algum tempo. Mesmo assim eu posso começar a procurar casas — estacionou o carro e o desligou. — Chegamos!
 
O condomínio parecia ser um local bem tranquilo e bem localizado. As casas eram grandes, com quintais na frente e com árvores nas calçadas.
 
— Vem, Lena — Andrea a chamou quando percebeu que ela continuava parada apenas observando tudo. — A corretora já está me esperando pra mostrar tudo.
 
Se aproximando da amiga, as duas entraram na casa que estava com a porta aberta.
 
O primeiro cômodo em que pisou foi a sala. Era um local bonito e arejado. Tudo estava em seu devido lugar, com as paredes em tons pastéis e os móveis em cores escuras. O tapete era felpudo e as cortinas eram marrons, como estavam abertas, a luz do sol entrava pela janela iluminando cada cantinho. Aquela casa era bem o estilo de Lena e ela nem mesmo tinha visto o resto.
 
— Eu vou procurar a corretora.
 
— Tudo bem — Lena respondeu com um sorriso simples antes da amiga sumir dentro da casa.
 
Encantada com aquele espaço, Lena foi até a estante olhar alguns porta retratos. Era engraçado como os corretores gostavam de por fotos de gente desconhecida e sorridentes espalhadas pela casa para dar um ar mais familiar. Assim que se aproximou, sentiu seu corpo gelar quando olhou para uma foto específica.
 
— Nossa primeira foto juntas.
 
Virando a cabeça rapidamente, Lena encontrou Kara encostada na parede.
 
— O que faz aqui? — foi até ela. — Não estava trabalhando?
 
— Estava — segurou o rosto da morena e a beijou. — Estava todos esses dias trabalhando nisso que você está vendo.
 
— O que quer dizer?
 
Aquilo significava o que ela estava pensando?
 
— Venha ver a casa — segurou a mão de Lena entrelaçando seus dedos.
 
— Onde está Andrea? A corretora?
 
— Não existe corretora — Kara riu da mentira inventada por Andrea. — E ela já foi embora. Antes que me pergunte, ela saiu pela porta da garagem — apontou para um porta na lateral. — Somos só eu e você.
 
— Kara, pode parecer lerdeza da minha parte, mas eu não estou entendendo o que isso significa.
 
As duas entraram na cozinha. Lena ficou admirada como era bonita e tinha uma porta grande de vidro que dava para um enorme quintal.
 
— Eu estou te mostrando a nossa casa, Lena.
 
— Como? — ficou paralisada.
 
— Você não queria morar na fazenda. Seu apartamento é perto do centro da cidade, mas é pequeno para um bebê crescer confortável — começou a acariciar o rosto de Lena que mantinha uma expressão de surpresa. — Esse condomínio fica a vinte minutos da cidade e a vinte minutos da fazenda. A casa é grande o suficiente para nós três. E é perto do pet shop.
 
Agora Lena entendia porque a decoração e os móveis eram do gosto dela.
 
— Você... você comprou uma casa sem me informar?
 
— Surpresa! — sorriu meio amarelo sem saber o que poderia vir a seguir. — Eu sei que não gosta de surpresas, mas eu decidi me arriscar. Havíamos conversado algumas vezes sobre isso, era por isso que eu fazia algumas perguntas aleatórias sobre móveis, cores, onde gostaria de morar. Eu só quis fazer algo legal para nós três.
 
— Você comprou uma casa sem me informar?
 
— Defina exatamente o que é não informar alguém que comprou uma casa — deu um passo para trás apertando os lábios já esperando Lena brigar com ela.
 
— Você está brincando comigo?
 
Kara soube não o que responder, não dava para saber pela expressão de Lena se ela havia gostado.
 
— A gente pode redecorar se quiser. Ainda tem muita coisa para fazermos aqui.
 
— Kara, eu nem sei o que te dizer — seus olhos começaram a marejar.
 
— Está chorando porque não gostou? — voltou a se aproximar para limpar as lágrimas que começaram a rolar pelo rosto de Lena.
 
— Não, sua boba. É que... ninguém nunca pensou tanto em mim até hoje — sorriu.
 
— Então você gostou? Eu fiz tudo certo?
 
— Kara, você sempre faz tudo certo.
 
— Você me assuntou — a beijou. — Já estava esperando uma bronca. Gritos. Você me colocando para dormir no sofá.
 
— Eu só fiz isso uma vez, e você mereceu.
 
— Eu só peguei uma batatinha da sua porção de baratas fritas.
 
— Merecido — deu ombros. — Me mostra o resto da casa.
 
Atendendo o pedido de Lena, Kara mostrou todo o resto da casa. Quase tudo estava em seu devido lugar e Lena adorou tudo o que ela viu. Kara tinha tido o cuidado de deixar muitas coisas da forma que agradava a morena, mas também havia um toque dela ali. Era uma mistura perfeita do gosto das duas.
 
— Agora eu quero que feche os olhos — Kara disse quando pararam em frente a uma porta ao lado do quarto delas.
 
— Kara...
 
— Por favor, essa foi a parte que mais me empenhei, quero ver sua cara de surpresa. Ou tristeza — disse a última frase baixinho. — Mas vai ser melhor se for de surpresa.
 
Fechando os olhos, Lena escutou o ranger da porta e as mãos de Kara sobre seus olhos.
 
— É só seguir em frente.
 
— Ok — continuou andando.
 
— Pode parar, mas não abre os olhos ainda — saiu de trás de Lena e foi para a sua frente. — Você me contou uma vez que a decoração de seu quarto era de planetas. Você disse que até chorou quando você fez oito anos e sua mãe tirou toda a decoração pintando tudo de cinza. Pode abrir os olhos.
 
Observando a tudo com atenção, Lena viu nas paredes desenhos de planetas, estrelas, fases da lua. Um berço na cor branca, uma cômoda da mesma cor. Também tinha um armário. Havia perto da janela — que tinha cortinas azuis com pequenas estrelas — uma poltrona de amamentação.
 
— Sei que você vai passar muito tempo aqui — a loira continuou dizendo. — Então decorei de um jeito que você também gostasse.
 
— Você... Kara, você lembrou disso que eu te contei?
 
— Lembrei. E olha isso — deu uma corrida para apagar a luz do quarto e acendeu o abajur. — Como o abajur que você disse que tinha. É por isso que eu tenho ficado ocupada, estava organizando tudo isso para mudarmos. Pode ser agora, ou depois que a cerejinha nascer.
 
Olhando para o teto, Lena via a forma de planetas por causa do abajur. Se sentiu de novo uma criança apaixonada por galáxias e planetas. Kara não podia ter pensado em uma decoração melhor.
 
— Você vai me fazer chorar de novo, e eu mal parei de chorar.
 
— Eu só quero te ver sorrindo, minha vida — a abraçou de lado. — Podemos mudar o que você quiser aqui ou em qualquer lugar.
 
— Não quero mudar nada. Eu adorei tudo. Tudo.
 
— Aos poucos a gente vai trazendo as nossas coisas e tudo o que a cerejinha tem. Logo ela vai nascer e já vai estar no seu próprio quartinho. O que falta, a gente pode escolher juntas ou você escolhe sozinha para ficar mais justo o fato de eu ter feito tudo sem perguntar sua opinião — deixou um beijo na têmpora de Lena. — Eu quis tirar esse peso das suas costas, você já tem preocupações demais.
 
Na casa faltavam talheres, aparelho de jantar, copos, jogo de cama, toalhas e as coisas menores que se tem em casa. Como ficou ocupada com as decorações e móveis, Kara não foi atrás disso e também sabia que poderia fazer isso depois com Lena.
 
O coração de Lena estava cheio de alegria. Mal via a hora de se mudar para aquele lugar. Gostava de seu apartamento, de ficar na fazenda, mas naquela casa era onde construiria um lar com a mulher que amava.
 
— Eu adorei tudo. Você nem imagina o quanto fico feliz com isso.
 
— Fico feliz que esteja feliz. Eu tive ajuda, principalmente da Andrea que te conhece bem. Agora aqui é nossa casa — levou a mão até a barriga de Lena. — Ela chutou — disse sorridente.
 
— Ela estava sentindo sua falta e eu também — olhou para Kara e logo recebeu alguns beijos. — Te amo.
 
— Também te amo, minha vida.
 

:)

All That Matters to MeOnde histórias criam vida. Descubra agora