Que bom que gostaram do primeiro capítulo. Pretendo fazer algo clichê e sem muito drama.
Divirtam-se!!
Depois daquela situação um pouco estranha com Kara, Lena começou a andar até o restaurante onde tinha marcado de almoçar com Andrea. Por sua roupa ter secado no corpo e um vento gélido estar soprando pelas ruas da cidade, sentia seu corpo se arrepiar de frio. Até pensou que não seria má ideia ter aceitado a jaqueta da loira irritante.
Esse pensamento, sem dúvidas, só foi algo que a ocorreu pelo frio. No minuto seguinte, já estava balançando a cabeça e tentando esquecer daquilo. Não conhecia aquela loira, tudo que sabia era seu nome, que ela gostava de roubar o táxi alheio e que tinha um sorriso caloroso.
Chegando no restaurante, assim que passou pela porta, sentiu o frio passar aos poucos por causa do ar quente do local. Por ter ido até ali, apesar dos pesares, esperava que Andrea ainda tivesse a esperando. Como seu celular havia descarregado e estava atrasada mais de uma hora, não acharia estranho ela ter ido embora ou ficaria chateada. No entanto, nunca se atrasava e sua amiga sabia que se isso acontecia, era porque realmente houve um imprevisto.
Andando entre as mesas, avistou Andrea mexendo no celular e respirou aliviada.
— Oi, Andy.
A morena a olhou com certa surpresa e logo sorriu.
— Finalmente! — se levantou da mesa e foi abraçar a amiga. — Já estava prestes a ir na polícia dizer que você estava sumida.
— Me desculpa. Além da chuva, outras coisas contribuíram para o meu atraso — fez uma cara de culpada enquanto se sentava.
— Eu tentei te ligar. Até achei que tinha me dado um bolo.
— Meu celular descarregou, só notei saindo da clinica. E eu não daria um bolo em você sem mais nem menos, se não conseguisse vir, daria um jeito de te avisar.
Era exatamente por isso que Andrea não tinha ido embora rapidamente, sabia que Lena avisaria se não pudesse encontrá-la.
— Eu imaginei que a chuva iria atrapalhar um pouco — começou a olhar o cardápio. — Você tinha dito que não iria de carro e não me deixou te levar.
— Eu precisava fazer isso sozinha.
— Não precisava, não — a olhou. — E o que mais te atrapalhou no caminho? — perguntou curiosa.
Lena contou sobre tudo o que aconteceu entre ela e Kara, desde o táxi, ela oferendo sua jaqueta e a chamando para tomar um café. Andrea prestava atenção em tudo, ainda mais vendo que sua amiga tinha um tom diferente ao falar da aquela mulher desconhecida.
— Você pegou o número dela?
— Não. Porque eu pegaria o número dela? — franziu a testa.
— Porque ela claramente se interessou por você — parou de falar quando o garçom chegou com os pedidos. — Ela não te chamaria pra tomar um café só porque você parecia estar com frio.
— Eu não parecia estar com frio. Eu claramente estava com frio por causa da roupa molhada.
— E porque não pegou o número dela?
— Andy, não estou procurando por isso — suspirou. — Eu acabei de fazer um inseminação, em alguns dias saberei se deu certo e quero apenas viver esse momento.
— Eu só perguntei porque não pegou o número dela, não disse pra você a pedir em casamento.
Desde que começou a se desiludir com o amor, Andrea percebia que a amiga evitava conhecer novas pessoas. De certo modo, entendia ela não querer se envolver com alguém e respeitava a sua decisão. Porém, o fato dela não se permitir conhecer ninguém, poderia levá-la a perder a chance com alguém incrível.
Não gostava de ficar pegando no pé dela sobre essas coisas, mas sabia que bem no fundo — apesar de negar — ela queria ter alguém para a amar. Mesmo que tenha decidido ser mãe sozinha, o que era totalmente apoiado por Andrea, ela queria anteriormente compartilhar isso com uma pessoa. Andrea esperava no fundo que ela pudesse ter as duas coisas. Se não tivesse, estaria ao lado dela de qualquer forma.
— Porque eu faria isso? — deu ombros. — Não vou sair pedindo o número de uma pessoa que só foi gentil comigo. E só foi gentil depois de me irritar.
— Ela, claramente, estava tentando flertar com você.
— Ela, claramente, não estava tentando flertar comigo.
— Vocês poderiam ser amigas — deu um gole em seu suco. — Eu já te aturo sozinha há muitos anos, seria bom dividir essa função.
Pendendo a cabeça para o lado, Lena encarou Andrea bem séria e a viu se encolher na cadeira.
— Eu não preciso de nenhuma amiga — começou a dar atenção a sua comida. — Você tem que parar de querer arrumar alguém pra mim, estou bem sozinha.
— Eu sei disso, ok? Mas sei que você queria dividir esse momento com alguém.
— E vou dividir. Eu tenho você.
— Não é disso que estou falando — a fitou percebendo que ela já estava ficando incomodada. — Tudo bem. Me desculpa.
As duas começaram a comer ficando algum tempo em silêncio.
— Lena?
— Fala, Andrea.
— E se, hipoteticamente...
— Eu odeio quando você diz “hipoteticamente”.
— E se, hipoteticamente — continuou —, você reencontrasse essa loira. Você diria seu nome a ela?
— Se eu responder, você esquece esse assunto sobre ela? — viu a amiga concordar. — Talvez eu diga. Mas as chances da gente se esbarrar de novo são mínimas. Difícil acontecer isso.
— Vocês entraram em um táxi ao mesmo tempo, e ela acabou seguindo o mesmo caminho que você porque vocês duas saíram do táxi ao mesmo tempo. Isso é difícil acontecer e aconteceu.
— O que quer dizer com isso? — não estava entendendo onde Andrea queria chegar.
— Não estou querendo dizer nada — sorriu.
— Não gosto quando você dá esse sorriso diabólico. Não invente de procurá-la em redes sociais ou algo assim, só porque sabe que ela se chama Kara e é uma loira bonita de olhos azuis.
— Calma! Acha mesmo que eu faria isso?
Lena só não achava, como tinha absoluta certeza. Andrea já tinha feito algo assim há algum tempo atrás.
— Certo. Eu faria. Mas você pediu pra eu parar com essas coisas e eu parei.
— Acho bom não fazer.
Semicerrando os olhos, Lena não sabia se acreditava totalmente nela.
— Eu não vou precisar fazer nada pra vocês se reencontrarem — percebeu que Lena queria saber o motivo, mas não iria perguntar, e ela não iria terminar a frase.
Ao terminarem de comer, as amigas andaram pelas lojas que haviam perto de onde elas estavam. Foi quando Lena passou em frente a uma vitrine com roupas de bebê e acabou parando para apreciar. Automaticamente, sua mão foi parar em cima de sua barriga. Não fazia a mínima se o procedimento daria certo de primeira, mas desejava do fundo do coração que sim.
— Acha que vai dar certo de primeira? — olhou para Andy ao seu lado. — As chances são pequenas.
— Muitas coisas tem chances pequenas de acontecer e acontecem — se referiu ao táxi, mas Lena não parecia ter entendido. — Eu acredito que muito em breve, eu vou descobrir que vou ser madrinha de um baby Luthor.
— Quem disse que você vai ser a madrinha? — voltou a andar.
— Quem disse que eu não vou ser a madrinha dessa criança? — perguntou quase revoltada com aquela hipótese. — Por acaso está pensando em dar essa criança para ser apadrinhada pela Nia ou pelo Brainy?
— E se eu tiver? — deu ombros.
— Gosto muito dos seus funcionário, acho os dois um casal muito fofinho — realmente achava dos dois jovens. — Eles são muito novos, Nia é uma completa sonhadora e Brainy tem um cérebro de dar inveja, mas queima ele com aqueles jogos de vídeo game.
— E daí — riu da forma como Andy a olhava. — Pelo menos com Brainy, a criança aprenderia a jogar vídeo game e ele poderia ajudá-la em projetos de ciências da escola. Com Nia, além de ter um ótimo coração, a criança aprenderia a sonhar alto. Com você aprenderia beber whisky, assim como eu.
— Você largou sua carreira de cientista, então isso de Brainy ajudar em projetos de ciências não cola — a olhou. — Você tem um enorme coração e sempre sonhou alto. Também não cola isso de querer Nia como madrinha. Mas eu. Eu, Andrea Rojas. A sua melhor amiga e única. Eu posso ensiná-la beber quando tiver idade.
— Agora que não vai ser madrinha dessa criança mesmo.
Fingindo estar indignada, Andy deu um empurrãozinho em Lena que ria sem parar. Gostava de ver sua amiga feliz e sabia que ela estava assim pela esperança de ser mãe.
Brainy e Nia trabalhavam para Lena desde a inauguração de seu pet shop — cerca de dois anos. Ela gostava muito deles, mas não sabia se podia considerá-los amigos de fato. Porém, desde que decidiu fazer a inseminação, vivia dizendo a Andrea que eles seriam os padrinhos. Só fazia isso, pois achava engraçado a falsa indignação dela. Em nenhum momento pretendia levar aquilo a sério.
Antes de se mudar para Midvale, Lena esteve por muito outros lugares tentando se fixar. O seu desentendimento com sua família, a fez se afastar de tudo, até mesmo de Andrea, por um bom tempo. Elas se reaproximaram quando Lena a chamou para a ajudar com os algumas burocracias de seu pequeno empreendimento. Depois da primeira visita que fez a cidade litorânea, Rojas se encantou por ela — assim com sua amiga meses antes — e acabou se mudando para lá.
Andy era o mais perto de família que Lena estava tendo nos últimos dois anos. Ficava feliz de ter reconstruído sua amizade ela, mas sentia que faltava mais em sua vida. Esperava parte que a faltava, fosse totalmente preenchida por seu futuro bebê.
— Estava pensando aqui, como sou da família, você pode me dar desconto em banho de um cachorro porte grande?
— Você não tem cachorro.
— É, mas... sabe aquela mulher que eu disse que estava saindo?
— Sei. A nova advogada do escritório. O que tem ela? — arqueou as sobrancelhas.
— Ela tem uma filha, e a filha tem um cachorro. Na verdade, é um cachorro da família dela — começou a explicar. — Ela queria um lugar de confiança para levar o animalzinho e eu indiquei seu pet shop. O lugar que ela levava era de um senhor, mas ele ficou doente e fechou.
Já havia uns dois meses que Andrea saía com a misteriosa advogada do escritório onde ela trabalhava. Cada vez que falava dela, Lena notava que ela estava mais interessada.
— Aí pra conquistar a misteriosa mulher que você está se apaixonando, você me usa.
— Não é bem assim. Vai me dar um desconto?
— Eu não sei porque virei sua amiga.
— Porque sou uma ótima amiga — abraçou Lena de lado. — Preciso ir, tenho que verificar se meu estagiário já fez meu trabalho. Nós vemos amanhã? Estão dizendo que na feira desse ano terá novas barracas.
— Sim, vou te esperar lá no pet shop.
— Certo — a abraçou. — me avisa quando chegar em casa. Não me faça ficar preocupada mais uma vez no dia.
Sorrindo, Lena viu a amiga dar alguns passos se afastando e então foi em direção ao seu pequeno negócio.
Por duas horas, Lena verificou algumas coisas no pet shop. Quase todos os dias dava uma passada lá, mas, geralmente, Brainy e Nia costumavam fazer um bom trabalho.
Como já estava perto de casa, decidiu ir a pé até o prédio onde morava. Tudo o que mais queria era tomar um banho quente e ficar no seu sofá vendo TV pelo resto do dia, ou lendo alguma coisa.
Andando distraidamente, sentiu seu corpo trombar com o de alguma outra pessoa. Quase caiu, mas acabou sendo segurada por um par de mãos firmes.
— Cuidado por onde anda, estressadinha.
O “estressadinha” fez Lena imaginar de quem se trava aquela voz. Quando subiu seus olhos, viu a loira que a havia atormentado sorrindo.
— Eu não acredito nisso.
— Parece que a moeda me deu sorte — a soltou. — Te machuquei?
— Não — balançou a cabeça negando e se recompondo. — Evitou que eu tivesse uma bela de uma queda.
— Que bom que não te machuquei.
— Obrigada por ter me segurado.
— Poderei te segurar sempre que precisar.
Se lembrando que Andrea disse que a loira havia flertao com ela, Lena tentou achar em sua expressão algum traço que desse a entender isso. Apesar de suas palavras e sempre estar sorrindo, não parecia que aquilo era um flerte. Ou talvez, pensou, só estivesse muito enferrujada nesse quesito e já não sabia distinguir essas coisas mais.
Para não deixar a morena cair, embora não a tivesse reconhecido rapidamente, Kara deixou sua sacola cair no chão. Se abaixando para pegar, verificou se o livro que segurava anteriormente não havia molhado, já que a calçada estava ainda úmida por causa da chuva.
Ler enquanto andava foi o que fez ela não ver a morena, não sabia dizer se tinha sido uma péssima ou excelente ideia, pois o esbarrão a fez encarar a misteriosa mulher mais uma vez ao dia.
— Precisa de ajuda? — perguntou tentando ver do que se tratava o livro, mas Kara parecia esconder.
— Não precisa — se levantou rapidamente. — Está tudo em ordem. Duas vezes no mesmo dia, acho que você está me seguindo.
— Ou é ao contrário.
Kara a observou por alguns segundos em silêncio.
— Como foi o almoço?
— Hum? — Lena acabou se distraindo a olhando.
— O almoço com a sua amiga. Você disse que não podia tomar um café comigo por que ia almoçar.
— Ah! Foi bom — ficou sem graça.
— E agora posso te pagar aquele café e saber seu nome? — ajeitou os óculos.
— Acho que vou ter que passar. E não vou te falar meu nome.
De um jeito que Lena considerou extremamente fofo, Kara sorriu e olhou para o chão, mas logo voltou a encarar.
— Parece que a moeda não me deu tanta sorte assim — suspirou. — Achei que pelo menos saberia seu nome numa próxima vez.
— Quem sabe numa próxima — deu ombros.
— Espero que eu tenha essa sorte. Me desculpa por tudo que te causei hoje, estressadinha. Não estou te perseguindo. Por mais que... — franziu o nariz — esteja parecendo exatamente isso.
— Tudo bem — se sentiu nervosa. — Eu... hã... vou embora.
— Tenha uma boa vida.
A morena acabou rindo tendo certeza que sua frase tinha sido muito idiota.
— Igualmente, Kara.
Mais uma vez no dia, Kara ficou parada apenas vendo a morena se afastar. Suspirando, ajeitou seus óculos mais uma vez e seguiu andando.
AVISO: Para quem tá lendo Esposa de Mentirinha amanhã tem atualização.
:)

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All That Matters to Me
Fanfiction[Concluída] Lena Luthor está decidida que quer começar uma família sozinha, para isso recorre a inseminação artificial. No entanto, o destino coloca em seu caminho Kara Danvers. A princípio, Lena tenta afastá-la, mas as coisas vão mudando conforme v...