Capítulo 3

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Roi! Quem é vivo sempre aparece, né?

Minha outra fic está passando pela fase drama, então vim fazer algo que é só fofinho.
 
 
Divirtam-se!!
 
 

Kara estava tendo os sono dos deuses, fazia algum tempo que não dormia tão bem assim. Isso se dava ao fato de estar sonhando com a morena de olhos verdes que tinha conhecido no dia anterior.
 
No sonho, ela sabia o nome da misteriosa mulher e a levava para tomar um café. Elas conversam sobre várias coisas e depois Kara a acompanhava até sua casa. Mas a melhor parte ainda estava por vir. Ambas se encaravam meio sem jeito, Kara conseguia sentir seu coração acelerar enquanto se aproximavam. Lentamente, estava se inclinando em direção a morena. Estava perto. Muito perto. Os lábios estavam quase se encostando. Mais um milímetro e finalmente a beijaria. E então, aconteceu.
 
— Tia! Tia! Acorda — Esme começou a gritar e pular na cama da loira.
 
— Vai, tia. Acorda. Hoje é dia de você fazer panquecas de chocolate para gente — Ruby começou a fazer a mesma coisa que Esme.
 
A gritaria e a pulação na cama fizeram Kara acordar no mesmo instante. Como se já bastasse isso, Dino, seu golden que já era bem grande, mas ainda se achava pequeno, também subiu na cama para lambe-la.
 
— Eu quero torrada de ursinho, tia.
 
— Eu também quero. Eu também quero — Esme se jogou em cima da tia.
 
Ruby e Esme eram o seu despertador nos sábados de manhã. As sete em ponto, aquela algazarra acontecia e quando não acontecia, era porque havia algo de muito errado com uma das duas.
 
Num dia normal, não ficaria incomodada com aquilo. Não se importava nem um pouco com aquela bagunça, pois gostava de bagunçar com elas. No entanto, dessa vez  não estava gostando nada. Só queria elas tivessem aparecido cinco minutinhos depois para não atrapalhar seu sonho. Faltava pouco. Muito pouco para beijar a morena misteriosa. Já que nunca faria isso na vida real, gostaria de ter feito no seus sonhos.
 
— Já acordei. Já acordei — afastou seu cachorro e jogou Esme ao seu lado na cama que começou a gargalhar. — Bom dia para vocês.
 
— Hoje você vai ficar em casa, tia? — Ruby perguntou se ajoelhando no colchão.
 
— Não — começou a se espreguiçar. — Eu tenho que trabalhar.
 
— No sábado?
 
— Sim, Esme, no sábado.
 
— Porque?
 
Esme estava em um momento de sua vida onde perguntava sobre tudo e todas as coisas. A palavra porque, muito provavelmente, era a mais utilizada do seu, nem tão vasto, vocabulário.
 
Ruby já tinha passado dessa fase dos porquês há bom tempo, mas era uma garotinha muito manhosa e mimada. Por anos, ela foi a única criança da casa e recebia toda atenção do mundo. Às vezes, ela só agia como uma criança querendo chamar atenção.
 
— Porque vai ter uma feirinha na cidade e eu e sua mãe — bateu de leve o indicador no nariz da sobrinha mais nova — precisamos vender o que produzimos aqui.
 
— E a gente pode ir com vocês? — Ruby perguntou animada.
 
— Hoje não — se sentou na cama esfregando os olhos. — Teremos muitas coisas para fazer e não poderemos ficar de olho em vocês.
 
— Com quem a gente vai ficar? — a mais nova perguntou chorosa.
 
— Meninas, tem a vovó Eliza, tem sua mãe — apontou para Ruby —, tem a tia Kelly, tem também o Dino — o cachorro latiu na hora — a Margarida — se referiu a pata de estimação das crianças. — Vocês não ficarão sozinhas.
 
— Mas ninguém vai deixar a gente comer hambúrguer com Milk-shake no almoço — a mais velha tentou argumentar.
 
— Amanhã eu levo vocês até o centro da cidade e comemos hambúrguer com Milk-shake no almoço. Combinado?
 
— E vai deixar a gente tomar sorvete depois? — começou a piscar os olhinhos.
 
— Milk-shake é sorvete, Esme.
 
— Não é, não — rebateu a Ruby.
 
— É, sim.
 
— Não é, não.
 
Era admirável o quanto as duas podiam se dar bem e logo em seguida começarem a discutir sobre alguma coisa. Sabendo que aquilo não terminaria tão cedo, apenas se levantou e foi para o banheiro tomar um banho para começar o dia.
 
Alguns minutos depois, Kara e as duas sobrinhas estavam indo para cozinha. Como de praxe, além de fazer as panquecas de chocolate e as torradas de ursinho que elas gostavam, fez também o café de todo mundo.
 
— Que cheiro bom — Alex entrou na cozinha deixando um beijo no rosto da irmão, filha e da sobrinha, respectivamente. — Sobrou panquecas de chocolate pra mim? — seus olhos brilharam quando Kara colocou na mesa um prato com as panquecas para ela. — Você sabe que é minha pessoa favorita no mundo, não é?
 
— Para de me iludir. Todo mundo sabe que sua pessoa favorita no mundo é Kelly.
 
— Mas aos sábados, você é essa pessoa.
 
Balançando a cabeça sorrindo, Kara terminou de arrumar a mesa e se sentou para tomar seu café.
 
— Cadê sua adorável esposa?
 
— Encontrou Samantha no corredor e começaram a conversar — deu ombros. — Não entendo o que tanto elas têm que conversar.
 
— Samantha deve tá falando sobre o trabalho. Ela tá sempre falando sobre o trabalho com a Kelly.
 
A princípio, Alex, que prestava muita atenção em suas panquecas, não tinha atendido o que Kara estava dizendo. Levou alguns segundos para perceber que “o trabalho”, na verdade era a mulher por quem Sam estava interessada, mas se negava a falar o nome, apenas sabiam que elas trabalhavam juntas. Como Ruby não sabia dessa informação, sempre se referiam a esse assunto em códigos.
 
— Ah, sim! O trabalho. Ela gosta bastante do trabalho.
 
— Porque minha mãe gosta tanto do trabalho?
 
— Quando você for mais velha, você vai entender — Alex sorriu para Ruby.
 
Não demorou muito para Sam, Kelly e Eliza se juntarem a elas. Entre risadas e conversas, elas tomaram o café sossegadamente. Mesmo que estivesse interagindo, a mente de Kara mantinha o foco no seu sonho. Não iria conseguir esquecer o quase beijo.
 
— Pronta pra ir, Alex? — deu um último gole em seu suco.
 
— Vamos — se levantou. — Tchau pra vocês. Crianças, cuidem das adultas.
 
— Vejo vocês mais tarde.
 
Há alguns anos, Alex e Kara mantinham o negócio da família. Na fazenda em que em viviam, fabricavam queijos e geleias de frutas. A venda dos produtos para restaurantes e mercados eram feitas por Kara, enquanto isso, Alex ficava de olho na produção. Quando surgiam feiras ao redor de Midvale, elas costumavam ir para exporem seus produtos.
 
Trabalhar no negócio da família não era algo que Kara tinha em mente até alguns poucos anos atrás. Ela queria era viajar o mundo fotografando tudo o que achasse interessante. Por um curto período, isso até deu certo, pois conseguia vender suas fotos para revistas e sites ou fazia trabalhos de free-lancer. Mas quando seu pai morreu e voltou para Midvel, ela foi ficando, e ficando, até que tomou gosto por tudo aquilo e não saiu mais dali.
 
A fazenda Danvers era um lugar bonito e tranquilo para viver. Tinha uma grande área verde, árvores, animais, pés de frutas, um jardim muito bem cuidado por Eliza, piscina e fazia divisa com um belo lago. Ser criada em um lugar como aquele foi maravilhoso tanto para Kara quanto para Alex. Porém, quando a adolescência chegou a Kara queria voar para longe, já sua irmã se manteve naquelas terras.
 
Ter ido conhecer vários cantos do mundo foi bom. Deu a Kara experiência e um novo olhar sobre a vida. Mas estar sempre sozinha às vezes era cansativo e desanimador. Hoje entendia que isso foi um fator importante para ter permanecido em Midvale com sua família. E, sinceramente, não se arrependia. Gostava de acreditar que alguma coisa naquela cidade litorânea estava reservado a ela. Talvez, essa coisa não fosse fazer queijos, mas havia algo a fazia permanecer ali, só não tinha descoberto o que era ainda.
 
O sol brilhava fraco. Não parecia que iria chover, como no dia anterior, mas também não parecia que faria calor.
 
Com a janela do carro aberta, Kara sentia o vento frio bater contra o seu rosto. Parecia pequenas agulhas fincando a sua pele, mas gostava da sensação. Estava quase totalmente concentrada na estrada pouco movimentada pela qual seguia. O quase se dava ao fato de ainda estar pensando no sonho e na morena de olhos verdes.
 
Não dava para explicar exatamente como se sentia, só que ter encontrado aquela morena duas vezes no mesmo dia, ela ter negado duas vezes um café e também ter se negado falar seu nome duas vezes, deixava Kara agitada. O problema em tudo isso é que não fazia ideia se iria vê-la de novo, mas esperava que sim.
 
— No que tanto você está pensando? — Alex perguntou curiosa abaixando um pouco o som da caminhonete.
 
— Em um sonho que eu tive.
 
— Posso saber que sonho é esse?
 
— Claro... — deu uma rápida olhada para a irmã que sorria — que não.
 
— Ultimamente você não me conta mais nada. Sabe, já fomos mais amigas.
 
— Eu não vou te dar munição para rir da minha cara.
 
— Eu nunca fiz isso — se defendeu. — Você apenas me contava coisas muito engraçadas e eu acabava rindo.
 
— Sim, é muito engraçado saber que levei um fora numa festa.
 
— É bem engraçado, sim.
 
— Idiota — revirou os olhos.
 
A curta conversa acabou quando chegaram cidade. O trânsito estava um pouco ruim, o que deixou Kara nervosa, mas não demorou muito para estarem no local da feirinha.
 
Aos poucos, elas montaram a pequena barraca e colocaram seus produtos a mostra. Havia alguns queijos para degustação e mini torradas para experimentarem com as geleias de frutas. Por ainda ser de manhã, havia pouco movimento, mas várias barraquinhas de comidas já estavam lotadas.
 
Essas feirinhas eram sempre boas para atrair uma nova clientela. Graças a elas, a venda de produtos das Danvers estava aumentando cada vez mais. Kara esperava profundamente que dessa vez acontecesse a mesma coisa.
 
— Acho que ficou bom — Alex olhou para a banquinha se sentindo orgulhosa.
 
— Também acho. Bom trabalho — fez um high five com a irmã e depois foi para trás da banquinha. — Eu acho que a gente vai vender bem hoje. Eu achei uma moeda da sorte ontem e então eu espero que ela realmen...
 
O fim da sua frase ficou no ar quando viu a poucos metros a sua frente a morena dos seus sonhos.
 
Franzindo o cenho, Alex estranhou da maneira que a irmã parou com um queijo numa mão e um pote de geleia de abacaxi na outra. Mas o mais engraçado mesmo era a sua boca semi aberta e sua fisionomia de estado de choque.
 
— Kara? — estralou o indicador e o polegar na frente de seus olhos. — Kara? O que aconteceu? — olhou na direção que ela olhava, mas não viu nada que poderia chamar tanto a sua atenção.
 
— Acho que meu cérebro quebrou e eu estou tendo uma miragem.
 
— Tá olhando assim para a Lucy? Achei que já a tivesse superado.
 
— Que Lucy?
 
— Sua ex? É pra ela que está olhando com essa cara de boba? — fitou a irmã e depois olhou mais vez na direção que ela olhava.
 
Lucy Lane e Kara namoraram por poucos meses. Elas se conheceram em uma feirinha onde Lucy tinha uma barriquinha bolos, muffins e cupcakes. Se aproximaram, saíram, estiveram juntas e Kara terminou tudo, pois não a amava e não queria prende-la em uma relação sem futuro. Um ano havia se passado, mas era inevitável não se esbarrarem. Pelo menos cada uma seguiu com sua vida sem mais problemas.
 
— A mulher dos meus sonhos — suspirou de uma forma apaixonada. — Meu Deus, ela tá vindo pra cá. — se abaixou rapidamente para se esconder.
 
Ter encarado a misteriosa mulher duas vezes no dia anterior não se comparava em a encarar agora. No dia anterior, apenas havia esbarrado nela e tentado ser legal. Mas agora, não fazia muito tempo que havia sonhado que estava prestes a beijá-la e isso era constrangedor. Como iria olhá-la sem parecer uma tola? Tinha que pelo menos se concentrar para não fazer papel de palhaça na sua frente. Por isso se escondeu, para ter tempo.
 
— Bom dia. Em que posso ajudá-las? — Alex sorriu para as duas morenas que se aproximaram.
 
— Esses queijos estão lindos — pegou um pedaço embalado para analisar. — Danvers? — perguntou mais para si mesma vendo o nome na embalagem. — Você por acaso conhece alguma Samantha Arias? Trabalha com a família dela ou algo assim?
 
— Bom, eu sou prima dela. Me chamo, Alex — estendeu a mão em comprimento. — Você conhece a Sam?
 
— Trabalhamos juntas. Ela já comentou sobre o negócio da família — segurou a mão de Alex. — Sou Andrea. Essa aqui ao meu lado é Lena.
 
Lena fez um aceno com a cabeça e deu um pequeno sorriso.
 
— Fiquem a vontade. Temos amostras grátis — apontou para as bandejas ao lado dos queijos. — Experimentem o que quiserem. Se são amigas da Sam, daremos desconto a vocês.
 
— Daremos? — Andrea perguntou sem entender já não tinha ninguém ao lado de Alex.
 
— Só um minutinho.
 
Com um sorriso gentil, Alex se abaixou encontrando Kara encolhida no canto e com a mesma cara de choque de alguns segundos antes.
 
— Meu Deus! Ela está aqui, Alex — sussurrou.
 
— Quem está, sua doida?
 
— Meu sonho. É ela — maneou a cabeça em direção a onde as duas mulheres estavam.
 
— Que sonho? Quer saber, esquece. Vem — começou a puxá-la para sair debaixo da barraca.
 
— Não, Alex. Não.
 
Alex não se importou com as súplicas da irmã e continuou a puxá-la até que ela ficou de pé, mas virada de costas para as duas mulheres.
 
Ao ver a morena do dia anterior se aproximando, Kara ficou tão atordoada que nem notou que ela estava acompanhada e nem prestou atenção que seu nome já tinha sido dito em alto e bom som.
 
— Com nós daremos, eu quis dizer eu e minha irmã — virou Kara bruscamente para as duas mulheres. — Essa é Kara, ela que cuida dessa parte.
 
— Você de novo? — Lena a olhava sem acreditar naquele terceiro encontro em dois dias.
 
— Oi, estressadinha — fez um aceno com os dedos para Lena. — Levem o que quiser por conta da casa. Se são amigas da Samantha, vou dar essa cortesia hoje.
 
— Vocês se conhecem? — alternando o olhar entre Kara e Lena, Andrea tentava entender porque as duas estavam surpresas.
 
— Ela roubou que meu táxi — Lena sussurrou para a amiga.
 
— Espera aí que não foi assim — disse na defensiva saindo de trás da barraquinha se aproximando de Lena. — Você roubou meu táxi e eu fui muito legal com você, até te chamei pra tomar um café e você rejeitou.
 
Andrea tentava segurar riso por conta da ironia do destino. Não havia nem cinco minutos que sua amiga tinha mencionado a loira dizendo que ela haviam se encontrado no dia anterior mais uma vez e agora estava cara a cara com ela.
 
Mesmo que não estivesse entendendo nada do que estava acontecendo — Kara não havia falado nada sobre o táxi para ninguém — Alex também tentava conter o riso. Lena não demonstrava raiva, desdém ou qualquer coisa desse tipo em relação a Kara, apenas a olhava com muita atenção. Já a Danvers caçula, parecia estar com os nervos a flor da pele e bem desconcertada por ver a morena.
 
— Então ela é a loira bonita dos olhos azuis que você falou?
 
— Loira bonita? — Kara sorriu sem graça e arrumou os óculos. — Me achou bonita?
 
— Não. Quer dizer, sim. Mas não assim como você tá pensando. Não falei dessa maneira. Só falei sem intenção nenhuma — disse apressadamente tentando consertar o que Andrea disse.
 
— Hoje eu posso saber seu nome?
 
— É, Lena. O nome dela é Lena — com o que disse, Andrea recebeu um olhar mortal de sua amiga.
 
— Lena — processou o nome. — Nome tão bonito quanto você.
 
— Você tá flertando comigo?
 
— Você tá flertando com ela? — Alex e Andrea perguntaram no mesmo instante.
 
Havia duas telespectadoras de olho naquela interação que era fofa e cômica ao mesmo tempo, mas até parecia que Kara e Lena nem repararam nisso, pois mantinham os olhos uma na outra.
 
— Parece que eu tô flertando com você?
 
— Parece, sim.
 
— Tudo bem. Então estou flertando com você — suas palavras sairam sem pensar, pois sua mente estava com a imagem em que ela quase beijava a morena no sonho. — Aceita ir tomar um café comigo?
 
Estava estampado nas bochechas de Kara que ela estava envergonhada. Sua face estava vermelha como um pimentão — coisa que Lena não iria confessar, mas estava achando adorável.
 
— Sabe o que é? — Lena engoliu seco se sentindo nervosa, mas também sentindo que era o certo negar aquele convite. — E-eu...
 
— Ela aceita. Ela aceita, sim. Vão tomar o café de vocês. Eu fico com a Alex olhando a barraca.
 
— Andrea! — Lena olhou para a amiga querendo matá-la.
 
— Eu acho uma boa ideia. Eu e a Andrea podemos cuidar de tudo aqui.
 
O rosto de Kara se iluminou com a possibilidade de Lena aceitar aquele convite. Não era possível que depois de três vezes ela iria negar. Ter pego aquela moeda no chão tinha que servir de algo.
 
— Só um café pra compensar o fato de eu ter estragado seu dia ontem. Nada além disso.
 
— Só um café e mais nada.
 
— Vamos, estressadinha? — apontou em direção ao outro lado da rua.
 
— Eu não sou estressadinha.
 
Em silêncio, as duas caminharam até uma cafeteria do outro lado da rua. Lena não sabia como conversar com Kara e não queria começar uma conversa perguntando como era feita a produção de seus queijos. Já Kara, tinha mil perguntas para fazer e mais mil comentários e também não sabia por onde começar.
 
Chegando na cafeteria, Kara puxou a cadeira para Lena sentar e depois sentou a sua frente com um enorme sorriso. Tudo bem que ela tinha sofrido um pouco de pressão para aceitar tomar aquele café, mas tentaria fazer aqueles poucos minutos valerem a pena.
 
— Porque você...
 
— Quer saber...
 
Começaram a dizer juntas e depois riram.
 
— Diz você primeiro — Lena a incentivou pegando o cardápio para olhar.
 
— Quer saber algo engraçado? — se sentiu intimidada quando Lena arqueou uma sobrancelha. — Eu sonhei com você essa noite.
 
Quando terminou de falar franziu o cenho. Certamente não foi boa ideia dizer aquilo. Como iria explicar que no sonho elas quase se beijavam depois de tomarem um café?
 
— Sonhou o que? — perguntou curiosa.
 
— Bom... é... eu... é... — sua garganta secou. — Bom... se a gente se encontrar de novo, quem sabe eu te digo?
 
— Touché. Usando minhas palavras contra mim. Porque você insistiu tanto nesse café?
 
— Pra te compensar que fiz seu dia ficar ruim ontem — deu ombros. — E porque gostei de você.
 
— Gostou de mim? — tentou não mostrar muito interesse nisso, mas não conseguiu, pois estava sorrindo.
 
— É. Mesmo você sendo estressadinha.
 
— Não sou estressadinha.
 
— No meu sonho você realmente não era — murmurou para si deixando seus olhos caírem nos lábios de Lena. — Vamos pedir? — perguntou quando notou que olhava demais para a boca da morena.
 
O café não foi demorado e pouco conversaram. Lena percebia que Kara era legal, gentil e engraçada, mas não podia perder seu foco do realmente importava. Não seria difícil se acostumar com a presença dela e era por isso que tinha que a manter longe. Esperava saber que a inseminação tinha dado certo em algumas semanas e não dava para pensar em alguém além dela e do futuro bebê nesse momento.
 
Elas retornaram para a barraca de queijos onde Alex e Andrea estavam conversando animadamente. Elas haviam de dado bem logo de primeira.
 
Assim que se aproximaram, Lena pediu para a amiga para irem embora. Mas antes disso, Kara preparou para as duas uma cesta com seus produtos.
 
— Fui muito bom conhecer vocês — disse Andrea abraçando as irmãs Danvers.
 
— Eu digo o mesmo — Alex sorriu.
 
— Vamos ficar aqui durante vários sábados, apareçam mais vezes. Ou combinem com a Sam de irem lá em casa — Kara comentou quando deu um rápido abraço Andrea. — Tchau, Lena — a envolveu também em um abraço. — Espero te ver mais vezes — sussurrou em seu ouvido.
 
Sem responder, Lena apenas a abraçou de volta um pouco desajeitada, mas acabou gostando do aconchego que encontrou nos poucos segundos de abraço.
 
Se soltando, se olharam por um milésimo e então Lena se afastou. A cada passo que a morena dava para mais longe, Kara mantinha seus olhos nela sentindo seu coração acelerado.
 
Teria que encontrar Lena de novo e esperava que a moeda te desse essa sorte.
 
— Gostou dela? — Alex apontou com o queixo em direção a Lena.
 
— É a mulher dos meus sonhos, Alex.

 
 
Devo continuar?
 
:)

All That Matters to MeWhere stories live. Discover now