Penúltimo Capítulo

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Micael sentou-se em frente à lareira, de banho tomado. Tinha as pernas cruzadas e um capuz na cabeça, esfregando as mãos enquanto tentava se aquecer. Sophia estava lá em cima, dormindo.

Era isso que Micael pensava.

Ela não dormiu pois estava com medo do chalé mal assombrado, foi assim que denominou quando entrou na banheira, um pouco antiga. Mas ela não havia entrado para se banhar, já que, tinha tomado banho há vinte minutos atrás.

Estava dentro da banheira porque começou a sentir fortes dores no pé da barriga, como gases presos infernais. Não se preocupou pois Kyle havia lhe dito que era extremamente normal.

Mas como estava na banheira, não viu quando o líquido clarinho feito urina saiu de seu canal vaginal.

Não eram gases, e sim... Sophia estava entrando em trabalho de parto.

— Minha filha, pelo amorzinho que você tenha ao papai do céu. — Sophia segurou nas bordas da banheira, fazia respiração cachorrinho. — Você vai querer sair agora? É sério? — Tinha a voz suave, não se estressando.

Despejou um pouco de água morna em sua barriga, como se estivesse banhando algo.

— Não, é lógico que não. — Sorriu, confiante. — A doutora Kyle disse que as contrações são um inferno astral. Eu não estou sentindo absolutamente... — Sophia arregalou os olhos.

Sentiu a sua coluna fisgar e queimar.

— Nada. — Respirou em cachorrinho mais uma vez.

Era hora de sair dali, pensou. E sim! Iria xingar Micael até o aniversário de quinze anos da filha. Clara não podia nascer naquele fim de mundo, e ainda mais, Canadense.

Com toda a tranquilidade do mundo, saiu levemente da banheira, sentindo algumas fisgadas em suas costas. Secou-se na toalha felpuda que havia trago mas logo se irritou, ficando nua e sentindo tudo lhe doer.

Segurou na pia, se fosse possível, teria quebrado a cerâmica antiga do banheiro. Sophia forçou os olhos, sentindo a dor lhe consumir.

— Agora não, Clara! Agora não! — Rezou para que a filha não estivesse saindo.

Mas ela estava.

Sophia segurou em suas costas, andou curvada até o quarto, saindo pela porta e descendo as escadas que rangeram quando os pés descalços tocaram a madeira do piso.

Andou nua até a sala, vendo Micael, ainda sentado de frente para a lareira. Ele se virou, franzindo o cenho após vê-la tão exposta e naquele frio.

A dor era tanta que Sophia não estava sentindo mais nada, a não ser: dor.

— Sophia? — Se levantou, a testa levemente franzida. — O que foi? O que aconteceu? Por que você está assim? — Chegou até ela, segurando em seu braço.

— Eu estou entrando em trabalho de parto. — Voltou a fazer sua respiração cachorrinho.

— O QUE? — Micael arregalou os olhos. — TRABALHO DE PARTO? É SÉRIO? — Gritava em desespero.

— Não é pra... Gritar. — Falava suavemente, ainda sentindo fortes dores. — É só você ficar calmo e ligar para a doutora Kyle. — Pediu.

Mas Micael não correspondeu. Ficou parado, com os olhos arregalados e a boca entreaberta.

Na medicina, isso chamaria de: uma pessoa entrar em choque. E Micael havia entrado em estado de choque, como se estivesse sonhando de olhos abertos, sem ter o que fazer. E como fazer.

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