Capítulo 106

90 8 3
                                    


— Micael, está atrasado! — Horácio me parou no corredor, sem a sua maletinha chique de couro.

— Não tô atrasado porra nenhuma. Toma aqui essa merda! — Afastei a apostila pra ele, me livrando.

— Que palavreados são esse, garoto? — Não gostou muito, ficou surpreso até.

— O meu jeito de falar. Agora... Eu preciso conversar com o seu chefe. — Passei por Horácio que me parou.

— Não vai me dizer o que aconteceu?

— Eu não sou mais o namorado da Sophia, eu não passei na universidade e estou saindo de casa. Mais alguma pergunta? — Fui irônico o bastante pra Horácio me deixar ir.

— Bom... Eu gostaria que você me contasse pelo menos. — Passou a mão na barba que crescia. — Gostaria de tomar um café?

— Hoje não, Horácio. Sério! — Suspirei, cansado. Ele entendeu, assentindo pra mim e me deixando ir.

Fui como um furacão Katrina até a sala do senhor Renato, passando pelo batalhão de secretárias até alguma me deixar entrar. Meu sogro era bastante reputado, porém, não gostava de mulher.

Vai ver que no fundo, ele me queria igual quis o Jack.

— Você não tem modos? — Abri a porta com tudo, entrando em sua sala.

— Não. — Parei em frente à mesa. — Tenho uma ótima notícia pra te dar.

— Ora, me conte! Você vai morrer daqui à... Duas horas? — Encarou o relógio de pulso.

— Não.

— Sua mãe perdeu a criança pobre que ela carrega na barriga? — Abriu a gaveta.

— Não.

— Seu pai teve um infarto!

— Também não. E por que você quer que aconteça alguma desgraça na minha família? — Fiquei confuso.

— Porque eu odeio você. — Pegou um charuto. — Servido?

— Eu e Sophia terminamos. — Soltei, por fim.

Renato tirou o charuto da boca, ainda apagado. Estava incrédulo de saber da notícia.

Eu fiquei mais confuso ainda.

— Como é que é? — Se levantou. — Você ficou maluco?

— Oi?

— Você não pode terminar com a minha filha! Temos um contrato. — Andou pela enorme sala. — Você assinou com a sua caligrafia de bastardo, não pode fazer isso com ela.

— Foi ela quem terminou comigo.

Renato me encarou, trincando o maxilar.

— Como essa delinquente pôde sair do meu esperma? — Falou consigo mesmo, caminhando até à mesa de madeira maciça. Pegou o telefone na base, digitando a sequência de números. — Alô? Eu quero falar com a Sophia. Sim, é o Renato. — Ficou em silêncio por alguns segundos. — Que história é essa que você terminou com o Micael?

Renato estava bravo, nervoso, completamente desacreditado sobre a notícia. Eu esperava uma festa e fogos mas recebi uma pessoa desesperada pra resolver a situação.

O motivo? Não me pergunte.

— Eu não quero saber, entendeu? Pense no que você fez, converse e pare de ser uma menina mimada escrota. — Uau. — Eu sei que você não vai à Harvard. Todos nós sabemos, você é burra! — Como ele falava assim com a própria filha? — Você tem cinco horas pra resolver a situação, entendeu? E espero que resolva, se não, a coisa vai ficar feia pro seu lado! — Renato desligou o telefone, voltando à base.

Aposta de Amor Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora