Capítulo 26

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Bater punheta.
Eu não era muito de fã de bater punheta, depois que terminei o meu relacionamento de três anos, bater punheta foi fichinha nos meus dias. Mas, tudo mudou quando conheci Sophia Abrahão, que aliás, estava obcecado e altamente vidrado em sua calcinha nesse momento, enquanto batia punheta debaixo do chuveiro quente.
Eu só conseguia imaginar a bocetinha delicada e rosada dela em minha boca, ou em qualquer parte do meu corpo, o clítoris...
Lábios maiores, menores.
O minúsculo buraquinho apertadinho... Minha nossa senhora!

Nesse momento, centenas de filhos meus estavam prestes a descer pelo ralo do banheiro. Mas como minha dizia:

Melhor no ralo do que no óvulo!

MICAEL?— Escutei a voz do meu pai atrás da porta, batendo como se fosse um policial irritado. — ANDA LOGO COM ESSE BANHO, VOCÊ FICOU MAIS DE DUAS HORAS, MOLEQUE! — Revirei meus olhos e larguei o meu pau automaticamente.

A depressão pós-punheta havia batido. Me enrolei na toalha e abri a porta, meu pai estava fodidamente irritado. Se fosse possível ele me bateria.

— Eu queria ter dinheiro o suficiente pra alugar um flat ou qualquer coisa que me deixasse em paz. — Soltei.

— Acontece que você é de menor e não tem dinheiro pra alugar um flat. — Meu pai me seguiu. — Você deveria arrumar uma namorada, a sua mãe tem razão!

— Eu não preciso de namorada nenhuma, pai. — Bufei irritado, vasculhando minha gaveta de cuecas.

— Ah não? E ficar batendo punheta debaixo do chuveiro vai resolver alguma coisa? — Vai, talvez.

— Eu tô bem sozinho. — Não estava não. Eu precisava de Sophia pelada na minha cama, agora!

Meu pai me observava confuso, querendo saber o enigma causado.

— Quer desabafar?

— Eu quero mas não posso. — Retirei minha toalha e me vesti rapidamente.

— E por que você não pode? — Sentou-se na minha cama.

Suspirei fundo e encarei o teto, pensando se contaria tudo ao meu pai, desde o início. Era como assinar o próprio atestado de morte!

— É complicado, pai. — Me sentei ao seu lado. — O senhor conhece os Abrahão?

Meu pai ajeitou a coluna, se surpreendendo. Mas senti que ele ficou com um arrepio na espinha, não sei o por quê.

— Conheço. Conheço sim! — Ele assentiu, ainda pensando. — Renato Abrahão que se casou com Branca. Tiveram uma filha, ela estuda no seu colégio, não estuda?

— Estuda sim. — E eu estou apaixonado por ela.

— Você tá gostando dela?

— Tô sim. — Desabafei. — Eu tô gostando dela e ela tem namorado. O pai não ajuda em nada, é bem rígido...

— Não é que o pai dela é rígido, Micael. Entenda! — Nos encaramos. — Somos de classe média, isso pro Abrahão é a mesma coisa que nada. Ele nunca aceitaria a filha dele se casar com alguém como você.

— Mas o namorado dela é pior que eu, pai.

— Ela gosta dele?

— Não sei. — Pensei. — Uma hora parece que sim, outra hora parece que não. Eu sei lá! — Dei de ombros.

— E por que você acha isso? Já sujou sua ficha com ela no cartório? — Meu pai arqueou uma sobrancelha, me sondando.

Qual é! Meu pai era homem, assim como eu, e, como um Borges ele também sabia falar de assuntos mais... Resistentes e de foco sexual. Eu evitava ao máximo, mas era melhor do que confrontar a minha mãe com esse tipo de assunto.

— Eu masturbei ela. — Congelei o meu sorriso enquanto meu pai ria.

— Você? — Ele negou, ainda rindo. — Esse é o meu garoto!

— É sério, pai. Eu preciso tanto dela que... Eu não consigo ter ela. Entende?

— Entendo sim. Você tá apaixonado por ela e não consegue fazer nada em relação à isso. — Já sabíamos disso. — Ela é a garota da aposta com os meninos?

— É sim.

— E você ainda está se fingindo de gay pra conquista-la?

— Mais ou menos. As vezes ela gosta que eu não seja um homossexual por completo. — Fiquei em transe. — Ela gosta do meu carinho, do meu beijo, do meu toque. — Sorri lembrando. — Ela gosta de mim, pai. Mas não sei se é com outros olhos.

— Ou ela pode estar te usando. — Disse simples.

— Me usando? — Franzi meu cenho. — Como ela me usaria?

— Usando, oras. — Disse óbvio. — Micael, não existe nenhuma pessoa que ama e trai ao mesmo tempo. — Explicou. — Você deve ter despertado o desejo sexual dessa menina, não sei. Ou, ela pode estar realmente gostando de você, de verdade.

Aquilo me pegou.

— E se ela estiver me usando?

— Use ela também!

— Sophia não é menina desse jeito. — Me levantei.

— Tá vendo? Você já tá caidinho por ela. Não adianta a gente falar nada que mude o seu posicionamento.

Eu fiquei realmente intrigado.

— O que eu faço então?

— Se eu fosse você, contaria toda a verdade pra ela. Fingir algo que você não é... Nada a ver, filho. — Meu pai era foda. — Você é um garoto bom, honesto, com um coração enorme. — Sorriu. — Não fique mentindo pra conquistar o coração dela, seja você mesmo!

— E se ela não gostar? Eu tenho medo de contar tudo e afastar a Sophia de mim.

— Se ela fizer isso, é porque ela realmente não gosta de você. — Meu pai se levantou, caminhando até à porta. — Fique bem! — Saiu do quarto, me deixando sozinho.

Me deitei na cama de braços abertos, pensando alto, pensando baixo... Outras vezes me pegava tendo delírios! Havia gostado do conselho do meu pai mas não saberia como colocá-lo em prática.

— O que eu faço, hein? — Cobri meu rosto com as mãos.

— Simples. Conte a verdade! — A voz de Sophia apareceu. Arregalei meus olhos e me virei, vendo a mesma deitada, com a minúscula camisola que estava usando hoje mais cedo.

Eu estava delirando. Meu Deus!

— E você vai me aceitar mesmo se eu contar a verdade?

Sophia não respondeu, apenas soltou o seu sorriso matador e saiu das minhas alucinações. Fechei meus olhos e deixei que o sono me levasse, mas não adiantou muito, já que, sonhei com Sophia umas três vezes na mesma noite. Seria difícil! Muito difícil!

Eu sabia que estava enrascado, mas tinha que solucionar algo que quebrasse de uma vez o meu contrato. Tendo Sophia somente à mim e sem que Renato me cortasse por inteiro, em pedacinhos.

Aposta de Amor Where stories live. Discover now