Capítulo 64

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— Até que a sua ideia maluca não foi tão ruim assim. — Alan entrou no carro junto comigo, contando os dólares em mãos.

— Tá vendo? E você ainda discutiu comigo. — Vi ele guardar o dólar e dar partida no carro.

— Conseguiu falar com ela?

— Falei! Você viu o estado dela? Toda cheia de roxo, hematomas diferenciados... Meu Deus! — Eu tinha raiva só de pensar. — Vou vê-la hoje à noite.

— No seu sonho, né?

— Não. Eu vou ver ela hoje, já tá tudo combinado e eu preciso usar o seu celular. — Disse de uma vez.

— O meu celular? — Alan me entreolhou. — Não me diga que você deixou o seu celular com ela...

— Vamos nos comunicar pelo o seu celular.

— Tá vendo? Onde eu fui amarrar o meu burro. — Alan apertou o volante com força. — Caralho Borges...

— Eu pensei que você fosse me ajudar, Alan.

— Eu tô te ajudando. Mas a gente te dá o braço e você quer o corpo todo! — Reclamou. — Mas tudo bem, né? O importante é que você viu ela, conversou e já sabe que tá tudo bem.

— Ela vai se casar com o Jack na semana que vem.

Alan deu uma bela freada, fazendo o pneu cantar no asfalto.

— Uou. — Ficou um pouco atordoado. — Ela... Vai se casar? Com o Jack?

— É.

— Cacete. — Alan estava incrédulo. — Você sabe que o Jack vai ficar insuportável, não sabe?

— Eu tô pouco me fodendo pra ele! Eu quero saber da Sophia, em como ela vai ficar, em como ela vai reagir. — Fiquei aflito. — Eu não quero ela passando por isso.

— Mas vai passar.

— Não se eu não fizer alguma coisa.

— Ah, e você vai chegar caracterizado e arrumar o ar condicionado da igreja pra parar o casamento? — Debochou. — Me poupe, Micael.

— Eu não vou deixar ela se casar, Alan! Entende isso, porra! — Me estressei. — Eu amo a Sophia...

— Eu sei que você ama, Micael. Mas entende que você não tem um puto pra sobreviver. Seu pai vive o dia inteiro tentando resolver processo do estado e mesmo assim não consegue sair da merda. E a sua mãe? Aquela lá vive pra comprar um sapato de grife e dizer que está entre as mulheres mais ricas dos Estados Unidos QUANDO REALMENTE ELA NÃO ESTÁ! — Alan gritou comigo, estacionando o carro em frente à sua casa agora.

Eu queria bater nele mas optei pelo silêncio.

— Você tem razão. — Suspirei cansado. — Eu não tenho a mínima chance de me casar com uma milionária, dona das empresas Abrahão. Porquê sou pobre! É isso que você quis dizer?

— Infelizmente sim, meu amigo. — Alan ficou triste. — Se um dia, por acaso, você entrar nessa família e... Eu não sei o que te dizer, Micael.

— Sempre soube disso. — Abri a porta do carro. — Você ainda pode me emprestar o seu celular? Eu preciso falar com ela.

— Claro. — Alan me entregou seu celular sem hesitações, deve ter ficado bolado com suas falas antes de chegarmos, mas eu não ligava.

Você poderia me dizer mil vezes que eu era pobre, minha família não tinha cacife pra nada e que eu era um moleque de merda, e sempre, sempre, eu optaria por lutar pelo meu amor com Sophia. Nem ao mesmo que seja com apostas ridículas, eu não desistiria dela.

"Oi, meu amor! Você está bem? Seus pais falaram alguma coisa do ar-condicionado?"

...

"Só estranharam mas não devem falar nada com a vizinha. Eles são estranhos!"

...

"Preciso te avisar... Hoje à noite vai ter o jantar de noivado aqui em casa. Você pode vir mais tarde, pode ser?"

...

"Não quero dar bandeira!"

...

"Claro! Me diga o horário e vou aparecer aí"

...

"A escada está escondidinha, fiz de tudo pra que seu pai não visse"

...

"Estou morrendo de saudade de você!"

...

"Eu também estou, meu amor! Não quero você se casando com esse traste do Jack"

...

"Não há o que fazer, Micael. Eu já disse mil vezes que também não quero e meu pai insiste"

...

"Mas sei que é pelas empresas"

...

"Estava pensando em fugir daqui. O que você acha?"

...

"Pra ele encontrar a gente de novo? Muito difícil, meu amor! Aliás, não conversamos ainda em como ele nos achou aquele dia"

...

"Você promete que não vai contar à ninguém?"

...

"É um segredo nosso!"

...

"E eu lá conto alguma coisa, meu amor? Pode me dizer! O que aconteceu?"

...

"Minha mãe sabia da nossa viagem, deu total apoio. Porém..."

...

"Meu pai ameaçou ela e os dois discutiram feio!"

...

"Encontrei algumas gotículas de sangue na suíte dela e um corte bem fundo na sobrancelha"

...

"Meu Deus, Sophia..."

...

"Sim. Ela não queria ir ao hospital! Fizemos de tudo pra deixá-la mais tranquila"

...

"Eu sinto muito"

...

...

"Preciso ir agora. Te mandarei mensagem quando estiver na hora"

...

"Tudo bem! Eu te amo"

...

"Eu também te amo"

Guardei o celular de Alan no bolso do macacão.

— Eu sei que você vai precisar mas eu preciso mais do que você. — Soltei, rolando meus olhos.

— Tudo bem! Eu não vou precisar. — Deu de ombros. — Qualquer coisa você pode me ligar no residencial.

— Certo. — Assenti, indo até a sua garagem e pegando o meu carro.

Alan me parou.

— Borges! — Me fez virar o tronco para olhá-lo. — Eu queria te pedir desculpas pelo acontecido.

— Eu entendo as suas palavras, Alan. — Respirei fundo. — Mas não adianta a gente brigar assim, do nada. Você tem todo o direito de pensar ao contrário sobre mim! Inclusive, dessa forma. — Me referi à suas palavras grotescas sobre o meu futuro tentando estar com Sophia.

Alan não disse mais nada, me deixou ir, um pouco triste com suas palavras mas ainda sim necessárias. As vezes eu precisava de algo que me acordasse, mas mesmo assim, eu não desistiria de Sophia. Jamais!

Aposta de Amor Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang