Aposta de Amor

Capítulo 176

— Alô? Chris? Sou eu, Micael Borges.

O mesmo caminhou pela sala grande, encarava a vista dos prédios em sua frente. Tinha uma mão na cintura e o iPhone nos ouvidos, se comunicando com o dono da imobiliária.

— Desculpe estar te ligando essa hora mas gostaria de te ver amanhã de manhã, sem falta! — Esperou que o homem lhe respondesse. — Vou entregar o apartamento. — Contou.

Sophia estava no quarto, dormindo, tranquila. Franziu as sobrancelhas antes de acordar por completo, vendo que Micael não estava ao seu lado. Sentiu frio e lembrou-se que ainda estava nua, debaixo dos lençóis de linho com o cheiro do marido.

Sua barriga roncou, estava com fome! E ainda melhor, uma duplicação de fome. Ela comeria três vezes se fosse possível.

Passou a mão nos cabelos antes de procurar por algum relógio que indicasse as horas.

— Nos vemos amanhã para desfazer o contrato, tudo bem? — Sophia escutou a voz de Micael.

Contrato? Por que ele estava mexendo com contratos de novo? Ela se irritou mentalmente mas logo passou, sua fome não lhe deixou pensar.

— Eu já vou, meu bebê. — Conversou com seu ventre antes de sair da cama.

Vestiu uma blusa qualquer de Micael e saiu para fora do quarto. Viu o marido conversar no telefone, paciente e concentrado. Não viu quando Sophia atravessou a cozinha e vasculhou sua geladeira.

Estava morrendo de fome! Mataria um leão se fosse possível.

Micael a deixou com fome. E muita! Precisava repor suas energias.

— Obrigado Chris. Uma boa noite! — Micael sorriu leve antes de desligar.

Virou-se e viu Sophia vasculhando a geladeira. Abriu o freezer e encontrou sua fonte de desejos, mais conhecida como um pote de Ben&Jerry's no sabor Triple Caramel Chunk.

— Aaaah, você está aí! — Micael foi de encontro com ela.

— Quem é Chris? — Sophia abriu o pote de sorvete.

— O dono da imobiliária. — Contou. — Vou devolver o apartamento, irei aceitar a sua proposta antes que você mude de ideia e culpe os hormônios. — Ficou em frente à Sophia, apoiando os dois braços ao lado do balcão, não deixando ela sair de onde estava.

A esposa sentou-se no mármore frio, tinha o pote de sorvete em mãos e não queria discussão com ninguém!

— É melhor mesmo. — Buscou uma colher.

Micael segurava o riso.

— Isso tudo é fome? — Encarou o pote em suas mãos delicadas.

— Tive que acordar, seu filho estava com fome. — Enfiou uma colher na boca, se deliciando. — Você não comprava Ben&Jerry's quando éramos casados. Isso é um crime!

— Sophia, nós ainda somos casados! Não assinamos nada de divórcio. — Riu leve da sua reação.

— Estou tentando me acostumar com essa vida de divorciada, quer dizer, uma pré divorciada e grávida. — Comeu mais um pouco.

— Eu quero um pouco. — Micael pediu.

— Não! Não ouse! — Sophia segurou o pote consigo, como se estivesse defendendo alguém. — Seu filho ficará muito bravo com você.

— Adoro a estática que você coloca o nome do bebê em tudo. — Micael começou a rir. Sophia fechou a cara. — Amor, não! — Segurou suas mãos.

Os dois se observaram.

— É... — Sophia engoliu seco.

Fazia tempo que não escutava Micael a chamar de amor.

— É costume. — Explicou.

— Eu sei.

Ela voltou a comer o seu sorvete, agora, em silêncio.

— Estou com fome. — Reclamou.

— Você ainda está comendo. — Apontou ao pote.

— Isso é sorvete então não vai matar tanto a minha fome, fora que eu estou comendo por dois. — Micael queria muito rir. — Eu gostaria de um hambúrguer com batatas fritas e cheddar por cima. — Lambeu os lábios. — Adoraria uns anéis de cebola também!

— São gêmeos e eu não sei?

— Pode ser. — Sophia deu de ombros. — Você gostaria se fosse gêmeos?

Um sorriso nasceu de seus lábios.

— Teríamos mais trabalho mas adoraria também! — Sophia sorriu. — Você quer gêmeos?

— Pode vir qualquer coisa, estarei feliz do mesmo jeito! Agora você pode comprar o meu hambúrguer? — Fez uma carinha à Micael que não cedeu.

— Você precisa comer coisas leves.

— No seu armário tem Nutella. — Protestou.

— Pra mim.

— Mas eu estou grávida!

— E? — Micael achou graça.

— Nutella e pãozinho. — Sophia fez outra careta fofa, o marido riu. Não iria o comprar com chantagem emocional!

— Vem aqui, meu pãozinho com Nutella.

A abraçou, Sophia gostou do carinho, o abraçando também. Os dois se encararam de pertinho, as respirações coladas e o sorriso estampado.

— Posso roubar o seu sorvete? — Micael tinha um sorriso nos lábios, brincou com a esposa que fez o mesmo, cúmplice.

Chegou perto dos lábios de Sophia, a beijando. Sentiu o gosto do sorvete e continuou. Seu coração ficou quentinho, como se estivesse em casa outra vez.

— Você já roubou demais, não acha? — Sophia tocou seu rosto.

— Eu vou roubar quantos eu puder! — Selou seus lábios com o dela.

Sophia suspirou, o abraçando de volta.

— Ainda quero o meu hambúrguer.

— Irei pedir, meu amor. Irei pedir!

— 1x0 pra mim. — Sophia sorriu vitoriosa e logo após deu uma gargalhada.

— Isso tudo foi uma armação? — Micael fez uma careta engraçada.

Sophia ainda ria.

— Mais ou menos. Você sabe que eu estou grávida e preciso comer por dois.

— E tem como esquecer disso? — Sorriram.

Micael sussurrou no ouvido da esposa.

— Nunca se esqueça que, apesar de tudo o que está acontecendo, eu te amo demais!

Pra ela bastava. Estava optando por prorrogar o divórcio se fosse possível.

Ela também o amava e não lutaria mais contra isso.