Não sabia o que iria encontrar lá. Poderia encontrar apenas a Gio, ou apenas o Dam, ou os dois dormindo com os seus gatos. Mas estava rezando pelo caminho para que a Gio estivesse fora da cidade, porque ela não iria gostar de ver aquela discussão. Nada mesmo.

Cheguei, estacionei o carro no lugar que costumava estacionar e subi até ao andar do seu apartamento. E quando bati na porta, demorou minutos para alguém abrir. Até que, ele abriu.

- Vic?- disse ele, em uma voz preocupada.

Ele estava vestindo uma calça jogger preta, e um sweater da mesma cor, que estava coberta de pêlos de gato.
Para mim, ele estava totalmente diferente da última vez que o tinha visto.

- Sim, Dam. Sou eu mesmo. - disse, com um pouco de raiva nos meus olhos.

- Quem veio te trazer aqui?

- Ninguém. Eu decidi vir sozinha.

- Mas... você não pode conduzir.

- Isso não interesssa agora. Enfim...

- Então, porquê que você veio?

- Porquê? A gente não se via há mais de 3 meses. Eu acho que preciso de uma explicação.

- Vic, eu....

- Diga logo! Faz 3 meses que todo mundo à minha volta me diz que você nunca foi à clínica porque estava com muito trabalho.

- Victoria, por favor se acalme.

- Sério? É sério que você está pedindo para eu me acalmar? Mas sabe, depois de tanta merda, não me surpreendo mais com nada.

- Entra, Vic. Apenas entra. Você está ficando pálida.

Reparei que a sua casa estava ligeiramente diferente. Os móveis estavam mudados de sítio, os quadros substituídos e tinha até uma nova TV. No meio das suas coisas, encontrou a minha antiga máquina do oxigénio, e me levou para o seu quarto.

- A máquina ainda está funcionando?

- Sim, acho que sim...

- Quer que eu conte uma coisa? Uma...novidade?

- Se você quiser...

- Então... Giorgia e eu andamos tentando ter filhos. É por isso que ela te ajudava a ir na sua clínica. Ela tinha consulta lá também.- disse ele. Engoli aquela frase a seco.

- Sério? Isso... isso é incrível.

- Sim, mas... Ela teve inúmeros abortos. E...

- Eu... eu lamento...

- Mas sabe, o problema não é somente dela. A endometriose é uma merda, mas esse não é o único problema.

- Então qual é?

- Vic, eu... eu não posso ter filhos. - disse ele, ficando com os olhos molhados.

- Damiano, eu... eu sinto muito. Muito mesmo. - disse eu, lhe dando um abraço.

Ficamos por uns minutos abrigados nos braços um do outro. Já não sentia o calor do seu abraço há meses. Senti ele chorar, e eu também chorei junto com ele. Dami sempre gostou muito de crianças, todo mundo sabia disso. Até tínhamos falado há uns tempos atrás sobre a possibilidade de termos filhos ao mesmo tempo e de eles também se tornarem melhores amigos, tal como nós. Cada vez que alguma coisa má acontece às pessoas que eu gosto, parece que isso me atinge o dobro.

- Eu sentia a sua falta, sabe?

- Eu também senti Vic, acredita.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Sempre que quiser.

- Porquê você não me foi visitar, quando estava na clínica?

Ficou um silêncio ensurdecedor no espaço. Ele olhou para mim nos olhos, e respondeu:

- Quer que eu te diga a verdade? Eu me sentia culpado. A cada minuto que via você naquela cama de hospital, me sentia culpado. Naquelas vezes em que o teu coração simplesmente parou de bater, me sentia mais culpado ainda. Sentia que... talvez, poderia ter feito alguma coisa, para que aquilo não tivesse acontecido. E se eu continuasse a ver você a ficar ainda mais doente, isso me iria deixar doente também. E... realmente deixou.

-
heyyy :)
a nossa vic está de volta (e mais forte do que nunca)!
como vocês acham que a história vai se proceder a partir de agora?

esse capítulo foi só mesmo de introdução para essa nova jornada, os próximos irão explicar muitos acontecimentos importantes.

tks for reading <3
mel.

GOLDWINGWhere stories live. Discover now