- Escuta aqui, Lauren. Eu só não dou vários socos nessa sua cara sebosa porque tenho medo que o seu cérebro fique mais atrofiado do que já está. Se você ousar, outra vez, a encostar em mim, juro que te quebro inteira. - Afirmo, largando os seu pulsos, e ela cai de bunda no chão. Suas pernas estavam tão bambas que me fez sorrir maldosamente para ela.

Caminho novamente deixando os dois adolescentes para trás e chego em minha moto. Quando subo nela, deixo as minhas verdadeiras emoções fluírem pelo meu corpo, me permito sentir a tristeza.

Dou partida na minha moto depois de suspirar pesadamente, saio em qualquer direção, deixando para trás a praia de La Push. Eu não conseguiria falar com ninguém agora, mesmo minha alma me implorando para voltar para o garoto que eu havia reencontrado depois de anos.

Ninguém nunca soube, mas desde quando eu era pequena, gostava do Jacob. Porém, eu sempre tentava esquecer e ignorar esse sentimento que, a cada dia que se passava, crescia ainda mais. Eu só tinha 11 anos quando me dei conta do que estava acontecendo comigo. Caramba, como uma criança pode se apaixonar? Nem eu sei como aconteceu, mas, quando percebi, já sentia frio na barriga e palpitações no coração.

Claro, sempre ignorei tudo o que sentia, pois Jacob só me via como melhor amiga, talvez até como uma irmã, e, possivelmente, o motivo dele nunca ter percebido foi porque estava gostando da Bella. O que eu nunca entendi, já que ele nem falava com ela direito. Às vezes nós três brincávamos juntos, mas não era uma rotina, só quando nossos pais a obrigavam ou quando as irmãs do Jake estavam em outro lugar.

Bem, na verdade, pensei que todos esses sentimentos teriam desaparecido depois que minha mãe me levou para longe de Forks. Mas aqui estou eu, depois de seis anos, de volta a essa cidade, morta, com uma maldição que me faz querer beber sangue humano e com o sentimento ainda mais forte do que antes. Diria patético se não fosse trágico.

Cansei de ter sentimentos, é impressionante como é tão desejável apertar aquele botão que desliga a humanidade. Sem frustração, sem dor, sem culpa, sem medo, é o vazio. O botão sempre estaria ali. É só apertar e se livrar de tudo. Mas se fizer, que fique claro que você irá virar um monstro, pois são os sentimentos que te tornam humano. É tão fácil e atrativo, mas o fardo que você irá carregar vai te consumir para sempre.

Todos. Todos os aspectos de ser uma vampira são uma maldição que me força a ser uma assassina. Desde o desejo praticamente insaciável de me alimentar; o dom de ter uma audição aguçada que me permite escutar 24 horas por dia o sangue bombeando no coração dos humanos, passando pelas veias e circulando por todo o corpo; a visão que me faz ver a presa a vários quilômetros de distância; o olfato que só aumenta a vontade e prazer de tomar o sangue humano; o dom de compelir a vítima a fazer o que eu quiser, "não grite", "não tenha medo", "você irá se esquecer do que viu aqui"; a emoção ampliada: um amor se torna uma paixão, uma tristeza se torna um luto, a raiva se torna ódio.

E, se você conseguir suportar tudo isso, vem a eternidade: mortes de conhecidos, de amigos e da família. Tudo passageiro, menos o medo de ser considerada um monstro por aqueles que amo. Nunca poder ficar em um lugar por muito tempo, nunca construir uma família, nunca envelhecer; ficarão desconfiados, irão se assustar, terão medo e vão caçar.

Eu estou condenada a viver pela eternidade sendo uma provável assassina, e nada pode mudar isso. Eu trago perigo para todos que encontro, porque sou a própria ameaça.

Pensamentos intrusivos rodam em minha cabeça, vozes da Renée, de Charlie, da Bella e até do Jake gritavam que eu sou uma assassina, um monstro que não deveria fazer parte da família, eu deveria estar morta, nunca mais deveria chegar perto deles.

☼𝐀 𝐒𝐖𝐀𝐍☼↝ᴶᵃᶜᵒᵇ ᴮˡᵃᶜᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora