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Algum tempo depois...


Encontro a porta aberta e entro em alerta, largando as sacolas de compras no carpete da sala. O som está ligado. Não está no último volume, mas é a música que me deixa aturdida, algo melancólico demais. Corro pela casa e deixo a música tocando. Encontrar Shawn é o mais importante. Vou direto para a cozinha, mas ele não está lá. Deixo minha bolsa, subo dois degraus por vez e vou direto para o quarto onde o deixei duas horas atrás. Nada. Sou tomada pelo pânico, mas logo ouço o chuveiro ligado no final do corredor e vou para o banheiro, parando de repente ao ver ele sentado no chão do box, os shorts de corrida ensopados e grudados nas coxas. Suas costas nuas estão contra a parede fria, os braços apoiados nos joelhos. A água cai sobre sua cabeça baixa, ele está péssimo. Levantando a cabeça para olhar para mim, ele sorri, mas não consegue esconder a tortura em seus olhos. Há quanto tempo ele está assim? Dou um suspiro de alívio, misturado com exasperação, antes de entrar no chuveiro vestida mesmo e sentar no colo dele. Não ligo se vou me molhar, só quero abraça-lo e me certificar de que ele está melhor.
Os dias voaram e as coisas entre nós só se intensificou mais e mais, não trocamos mais farpas e mantivemos um relacionamento pacífico, pelo menos até eu contrária-lo, coisa que faço sem perceber. Shawn esteve adoentado a semana inteira, está frágil e impossibilitado de fazer qualquer coisa. Uma virose carregada de vômitos, febre, gripe e dores forte na cabeça, o derrubou e eu cuidei dele com toda minha devoção, mamãe infelizmente teve que viajar as pressas para o Brasil no começo da semana, meu avô teve que fazer uma cirurgia as pressas de apêndice e como ela é a única que pode ajudá-los ela foi e me deixou aqui, só não imaginávamos que Shawn iria adoecer também e eu teria que cuidar dele. Adoraria ter ido com minha mãe, ainda estou aflita apesar de saber que correu tudo bem na cirurgia, mas seria bom está dando assistência ao meu avô nesse momento mas não pude abandonar o colégio e se eu tivesse ido, provavelmente Shawn estaria pior, fui essencial na sua recuperação nos últimos dias, ao invés de curtir o final de semana com meus amigos, estou aqui preparando canja para ele, banhos quentes e tentando mantê-lo aquecido visto que chove a dias sem parar.

- Eu amo você. - ele revela.

- Eu sei. Quantas voltas você deu? - reviro os olhos. Esse maluco quase não se mantém de pé e sai para correr.

- Três. - responde após uma longa tossida.

- Isso é muito - eu o repreendo. São mais de trinta quilômetros. Não é uma corridinha no parque para aliviar o estresse. Seu corpo não está forte o bastante para isso no momento.

- Entrei em pânico quando você não estava aqui. - ele suspira.

- Percebi - digo, com um leve sarcasmo. Ele coloca as mãos na minha cintura e aperta. Eu me contorço. - Você é ridículo. Sai para comprar comida, o trânsito estava horrível. Por isso demorei.

- Você foi de táxi? - ele questiona.

- Óbvio. Não tenho carro e nem sei dirigir ainda, oque é uma vergonha. - reviro os olhos.

- Você devia ter me avisado - ele diz, sério.

- Eu tinha toda a intenção de voltar e você estava dormindo, não quis acorda-lo - explico. - Não posso ficar grudada em você, precisávamos de mantimentos. - E ele não pode correr uma maratona toda vez que nos separarmos. Ele afunda mais o rosto no meu pescoço.

- Eu deveria está cuidando de você. Não o contrário - ele resmunga. - Helen ligou? - ele suspira - Estou odiando não ter forças nem para devorá-la.

Oh Daddy! - Shawn MendesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora