Oh Daddy! - Shawn Mendes

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Becca P.O.V.

Chego à porta do meu quarto em transe, Shawn aparece no corredor, seus olhos estão inchados iguais aos meus. Basta olhar para o rosto dele para ver que sabe exatamente oque fez conosco. Cada músculo dolorido em mim entra em colapso, inclusive meu coração. Entro de supetão no meu quarto e desabo pesadamente no chão, soluçando incontrolavelmente. Abraço meu próprio corpo destruído, me embalo para a frente e para trás. Mas não me conforto. Não são os braços de Shawn.
Tento livrar minha cabeça de todos os pensamentos inevitáveis. Não adianta. Meu cérebro é tomado por lembranças das últimas semanas, nossa primeira vez fazendo amor, quando ele me mostrou seu lado gentil, a devoção dele em mim, até mesmo sua perseguição... e o sexo que fazíamos sem cessar. Eu quero gritar alto, pôr pra fora essa dor que pesa no meu peito, eu sou tão burra por ter estragado tudo, no final das contas foi eu quem destruiu oque estavamos construindo e eu nunca vou me perdoar por isso. Eu tenho toda certeza do mundo que não vou mais amar ninguém como eu amo o Shawn. Admiti para mim mesma que eu realmente o amo.

Reuno as forças que não tenho e me levanto, estou em frangalhos. Pego uma toalha de banho e saio do quarto indo para o banheiro no final do corredor. Ainda estou chorando e soluçando, não me importa se minha mãe me ver nessa situação, ela não pode me privar até do meu sofrimento. Entro no lavabo e tranco a porta, tiro toda minha roupa e vou até o espelho da pia. Encaro meu reflexo por alguns minutos, me xingando mentalmente por ser tão estúpida. Meus olhos estão prestes a sumir, o inchaço ao redor deles é lastimável e meu rosto vermelho só piora a situação, e por mais que eu já tenha chorado horrores o caminho inteiro até aqui, ainda sim estou deixando as lágrimas rolarem, dizem que chorar alivia mas no meu caso só está piorando tudo. Não consigo parar. Arrasto meu traseiro triste para debaixo do chuveiro e deixo a água fria levar embora toda essa sujeira, dor e sofrimento. Gostaria de poder lavar a alma.
Saio do chuveiro algum tempo depois, sigo pro meu quarto, seco os cabelos, antes de deitar na cama em posição fetal. Estou anestesiada. Sinto que meu coração foi arrancado, pisoteado e enfiado de volta como uma massa destruída no meu peito. Estou em algum lugar entre o luto e a devastação é a pior dor que já senti. Minha vida se desintegrou. Sinto-me vazia, perdida e só. A única pessoa que poderia me ajudar a melhorar é a mesma pessoa que causou tudo isso. Eu acho que nunca vou superar isso.

- Becca? - levanto a cabeça latejante do travesseiro e vejo minha mãe na porta.

- Oi. - volto a deitar minha cabeça e fecho os olhos. Não é uma boa hora para conversar.

- Oque aconteceu? - ela adentra e senta-se ao meu lado. - Você chegou aos prantos e o Shawn está trancado no quarto.

- Não aconteceu nada, só estou com muita dor de cabeça. - retruco ainda de olhos fechados.

- Quer que eu pegue um remédio? - se oferece acariciando meu rosto.

- Não. - recuso - oque você quer?

- Bom... Eu encontrei isso no chão da sala, são suas? - abro os olhos e vejo oque há em sua mão. As minhas pílulas anticoncepcionais - Não são minhas, só podem ser suas.

- São minhas sim. - não há razão para mentir. Pego de sua mão e deixo sobre a mesinha de cabeceira. - Só isso?

- Como assim só isso? Já está transando? Desde quando filha? - ela franze a testa surpresa - Achei que fosse pedir minha ajuda com esse tipo de coisa e me contar quando tivesse rolado sua primeira vez.