22 de Outubro, 2018 - Segunda (10h57)

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Eu até pensei em entrar no assunto de "que merda de amigos são esses?", mas fiquei na minha. Ele já parecia arrependido o suficiente. E largar velhos amigos deve ser mais complicado do que largar maconha. Eu que o diga... Até hoje ainda não sei se me livrei totalmente da Hellen (honestamente, espero que sim).

Enquanto todos estávamos no sofá, o Claus estava sentado no chão da sala, mesmo tendo espaço para ele. "Fui ver a maaana, tá ligaaado? É duuuuro ver ela daquele jeeeeito". Pelo que ele disse, a Sônia está depressiva, sem energia nem para gritar, querendo voltar para casa e jurando que não usaria mais nada. Só que a psicóloga que cuida dela diz que, se ela voltasse agora, usaria no mesmo instante. De acordo com o que a Dona Rosa nos contou, a explicação da psicóloga é que esses apelos emocionais são chantagens para voltar no antigo padrão, por isso esse é o momento mais delicado para a Sônia. E quando o Nicolas perguntou se ela comentou sobre nós, a Dona Rosa tentou esconder, mas arrancamos do Claus que ela nos culpa por todas as desgraças da vida dela. Até coisas que nem teríamos como ter culpa, sabe? Nós nos tornamos o saco de pancadas moral dela. Principalmente eu, o que não foi nenhuma surpresa.

Se eu fico chateado? Olha... Chateado não é bem a palavra. Não gosto dela, e não faço a menor questão que ela goste de mim. Mas saber que tem mais de uma pessoa (além do Marcus) emitindo essa onda de ódio contra minha pessoa mexe um pouco com a cabeça, né... E pelo que a Dona Rosa contou, ela até pergunta do Lucas, mas não com um sentimento de saudade, e sim para saber se ele está vivo, e para ter certeza de que ela não vai precisar "dar uma de mãe", como a própria Sônia já falou em outras ocasiões. Como foi sempre a Dona Rosa que cuidou dele, acho que ela não despertou aquele tal instinto, sei lá. Posso estar falando merda (o que não seria novidade)... Enfim. Fato é que a Sônia não está nem aí para o filho (que a idolatra feito deusa, sabe-se lá por qual motivo).

Lá pelas dez e meia da manhã saímos todos (inclusive a Dona Rosa e Claus) para um parquinho no bairro dela que tem uma lanchonete ao lado. A intenção de todos era descontrair e deixar o Lucas se divertir num lugar diferente. Eu ficava o tempo todo olhando para os lados, vendo se não havia ninguém suspeito andando (e mancando) por perto.

"Zak, tente relaxar um pouco", foi o que o Nicolas cochichou para mim. Provavelmente meu estado de nervoso estava deixando todos tensos... Ou irritados (provavelmente a segunda opção). "A gente tá num lugar aberto e cheio de gente... O Marcus pode ser louco, mas não seria ingênuo de atacar nessa situação". O argumento era válido, mas demorou um pouco até que eu parasse de me sentir como um coelho solto num mato com lobos.

Depois de terminarmos nossos lanches, não nos demoramos muito mais no local. O Lucas já estava sonolento no meu colo (sim, no meu colo... Eu quase derreti com isso), então decidimos ir embora. Primeiro levamos o Pinguinho, Claus e Dona Rosa para a casa deles, e depois, antes de pegarmos o caminho até o Pântano dos Mosquitos, notei o Nicolas cochichando algo para o Jonas. Fiquei intrigado com aquilo, e o vi piscar em concordância para meu namorado.

Quando entramos no Gol do Nicolas, apenas nós dois, finalmente perguntei do que se tratava. Ele respondeu:

"Nada de mais... Apenas sugeri ao Jonas que você e eu precisávamos de um tempo a sós".

Naquela hora, entendi tudo. Mas, ao passo em que ficarmos sozinhos significavam coisas quentes, também significava certa vulnerabilidade. Eu fiquei meio dividido entre a empolgação e a preocupação, e não preciso nem dizer que o Nicolas notou isso, né?

"Se quiser, podemos ir num motel... O que acha?"

"A gente não está podendo gastar com isso agora, Nick".

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Where stories live. Discover now