12 de Outubro, 2018 - Sexta (23h26)

Começar do início
                                    

De acordo com a Jack, ela parece outra pessoa. Deu uma engordada e está com o rosto mais corado (se comparar com agora, antes era como uma caveira pálida e malévola, de acordo com a Jack). Os olhos não estão mais encovados, e ela parece mais viva (apesar de agir como morta).

A Jack disse: "Quando cheguei lá com o Lucas, ela estava numa cadeira de rodas tomando sol no jardim. Cheguei perto dela e a cumprimentei, mostrando que o filho a estava visitando, e ela deu uma espiada em nós, e depois voltou a olhar para o nada. O Lucas deve estar tão acostumado a ser ignorado por ela que nem estranhou. Abraçou o joelho dela, e se sentou ao lado, brincando sozinho..."

Ela também comentou que tentou conversar com a Sônia, contou a ela como estavam as coisas (sempre evitando tocar no meu nome, ou no do Nick), mas ela não respondeu. Apenas continuou se fazendo de morta na cadeira de rodas sob o sol.

A visita durou cerca de meia hora, e não teve muito o que contar.

"Pelo menos ela já está mais calma", o Nicolas disse, depois do relato da Jack. E realmente, concordo. Prefiro ela apática do que gritando que nem louca.

Hoje também ficamos um pouco com o Lucas. Como é feriado e dia das crianças, era para ter sido um dia mágico, com passeios e talz... Mas por conta de nosso medo do Marcus, apenas fizemos uma visita ao Pinguinho na casa de fundo da Dona Rosa. Nos sentamos na sala e ficamos conversando, enquanto o Nicolas brincava com o Lucas, encaixando os blocos de montar que havíamos comprado aquele dia, no Shopping. A casa onde a Sônia ficava agora está toda limpa, e nem parece o mesmo lugar.

O Claus continua morando lá, e ajuda a mãe a limpar. Está trabalhando em alguns bicos, e quase não parece a mesma pessoa. É, quase... Porque o jeitão de malandro e a forma irritante de falar ainda são os mesmos.

Quando estávamos voltando, com o Nicolas no volante, eu ao lado dele e a Jack atrás, uma mensagem chegou no celular do Nick. Eu não sou xereta nem nada, mas a mensagem simplesmente pulou na tela de bloqueio, então não teve como evitar de ler: "Aê, Nicão, foi mal brô! Cê leva tudo muito à sério".

Por um momento, meu sangue gelou, amiga. Achei que fosse o Marcus, mas então vi o nome do remetente, então perguntei:

"Nick, quem é Sidney?"

Enquanto dirigia, tive a impressão de vê-lo fechar a cara. Depois deu um suspiro antes de responder: "Um babaca da minha classe".

"Humm... E o que foi que você levou muito a sério para ele dizer isso?", perguntei.

O Nicolas olhou rapidamente para o espelho retrovisor. Se era para ver se tinha carro atrás, ou para verificar se a Jaqueline estava prestando atenção, eu não tenho ideia. Seja lá o que for, ele respondeu: "Tem um pessoal da classe que fica me fazendo umas perguntas bestas, e ontem isso me irritou de vez. Acho que acabei sendo mais grosso do que pretendia ao mandarem eles irem se foder."

Nessa hora a Jack, do banco de trás, mostrou que estava pendurada a cada palavra do irmão: "E que tipo de brincadeiras são essas, pra deixar alguém como você irritado?"

"Nada para vocês se preocuparem, ok? A gente já tem preocupações demais. Não sou eu que vou encher a cabeça de vocês com as merdas que meus colegas dizem."

Amiga, acho que você pode imaginar como isso só serviu para atiçar minha curiosidade, né? Olhei para ele enquanto o carro era estacionado diante da Casa das Flores.

"Se você não falar o que houve, eu vou dar um jeito de descobrir"

Sei que fui muito dramático (e xereta) ao dizer isso, mas... Mentira não era. E se ele não falasse nada, poderia ser pior. Toda vez que alguém evita me contar algo, eu tenho a péssima tendência de imaginar as piores coisas.

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora