Como escrever, matar e public...

By JosIgor

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(LIVRO COMPLETO) | VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS2020 | Categoria: Mistério & Suspense Do que você seria capaz par... More

Nota do autor
Dedicatória
00. Prólogo
PARTE 1 - A PRIMEIRA VERSÃO
01. May
02. May
03. May
04. May
05. Micael
06. May
07. May
08. May
09. May
10. Micael
11. May
12. May
13. May
14. Norberto
PARTE 2 - REESCRITA
15. Nicolas
16. Nicolas
17. Micael
18. May
19. May
21. May
22. Norberto
23. May
24. Norberto
25. Norberto
26. Norberto
27. Rodrigo
28. Rodrigo
29. May
30. Rodrigo
31. Norberto
32. May
33. May
PARTE 3 - EDIÇÃO
34. May
35. May
36. May
37. May
38. Noberto
39. Norberto
40. Rodrigo
41. Norberto
42. Rodrigo
43. Rodrigo
44. Rodrigo
45. Rodrigo
46. Rodrigo
47. Norberto
48. Laura
49. Cris
50. Rodrigo
51. Cris
52. Laura
53. Rodrigo
54. May
55. Laura
PARTE 4 - PUBLICAÇÃO
55. May
56. May
57. May
58. May
59.May
60. Micael
61. [Jornal Hoje]
62. [Necrópsia]
63. Detetives
64. May
65. Rodrigo
66. Rodrigo
67. Detetives
68. Olívia
69. Laura / Cris
70. Epílogo
71. May
72. May
Agradecimento

20. Norberto

342 91 16
By JosIgor

6 MESES ANTES DOS CRIMES

A faca desceu, fazendo o primeiro arco bem aberto, e os demais, mais fechados e mais intensos e rápidos. O vermelho ia se espalhando na madeira, e pequenos pedaços pegajosos escorria. O tomate sangrava na tábua.

Como um mestre cuca, Norberto afastou com a lateral da faca afiada os cubinhos do tomate e os juntou aos pedacinhos de pimentão, já picados e no jeito. Numa cumbuquinha de vidro transparente, jaziam, picotadas, folhinhas de cheiro-verde.

Pegou um saco ao seu lado contendo o ingrediente principal, responsável pelo glamour da obra artesanal comestiva: camarão. Ele rasgou a embalagem com uma facada certeira. Os camarões mergulharam num pirex. Salpicou o sal, mexeu com as mãos e deixou descansar um pouco.

Norberto cortou três limões ao meio, e munido de mãos fortes e veiúdas, espremeu num potinho menor. Os limões deram um bom caldo. Reservou o suco.

Posicionou-se diante à torneira e lavou as mãos, livrando-se da acidez e azedume.

Neste meio tempo, secando as mãos num guardanapo de pano, ele mirou o relógio de parede e calculou, mais ou menos, quanto tempo ainda teria para finalizar o jantar.

Tinha tempo suficiente, concluiu.

Bateu as mãos no avental, como quem sacode areia da roupa e despejou algumas xícaras de arroz especial (próprio para a receita) numa grande frigideira funda, que já continha alho picado e frito.

Usou a colher de pau para mexer e espalhar.

O arroz chiou.

Quando achou que o arroz estava frito o bastante, Norberto apanhou uma jarra de vidro já predisposta, e despejou água na panela.

O chiado ganhou vida, mas logo silenciou-se.

Colocou água na medida que considerava ideal: dois dedos acima dos grãos de arroz.

Pronto, agora era só esperar um pouco.

Olhou para a bancada no meio da cozinha, repleta de condimentos e ingredientes, e sorriu, orgulhoso. Fazia um dos pratos mais queridos por May.

Tudo já estava meio engatilhado. Pegou o celular e mandou uma mensagem para ela.

"Vc vai adorar o que estou fazendo pro jantar"

Enviou a mensagem com um emoji sorrindo.

Um minuto se passou e May não havia respondido.

Deixou o celular de lado e se concentrou nos aromas.

Passados uns cinco minutos, Norberto verificou a panela do arroz. Adicionou só um pouquinho de sal, já que o molho de camarão levava um cubo de caldo de camarão.

Sódio demais!

Norberto diminuiu o fogo do arroz e, quando a água secou, ele desligou, e deixou o arroz descansar. Sem tampa! Era importante! Pois, se mantivesse a tampa fechada, o arroz poderia cozinhar no vapor e acabar passando do ponto no qual deveria ficar.

Verificou, só curioso, o que May tinha respondido.

Constatou que ela não tinha respondido.

Deve estar tão concentrada!

Seus olhos desviaram, quase sem sua permissão, para o relógio novamente (sem necessidade alguma, pois já tinha visto as horas no visor do celular). Querendo não se preocupar à toa, ele resolveu se dedicar aos camarões.

Norberto levou outra frigideira ao fogão todo moderno: plano, de vidro especial, que cozinhava magicamente (por indução), sem chamas. Nela, depositou um fio generoso de azeite de oliva e uma colher bem cheia de manteiga para dourar os pedacinhos de alho.

Junto ao chiado, subiu o cheiro inigualável de alho frito. Inebriante. Melhorou mais ainda quando Norberto acrescentou os camarões naquele caldinho borbulhante.

Com outra colher de pau, maior, ele mexeu os camarões até que ficassem todos besuntados com a mistura de manteiga e azeite.

O suco de limão, estaria por vir.

Mas antes...

"Começa com RI e termina com SOTO, kkkkkkkk"

Clicou em Enviar.

Os camarões chamaram por ele antes que May respondesse.

Eram os camarões chamando de um lado, e May clamando do outro.

Concentrou-se para não deixar queimar nada.

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