Helô narrando
A Luana ficou um bom tempo lá comigo, me fazendo companhia e me falando que ia dar tudo certo mas eu não estava com a mínima cabeça pra isso e acabei dormindo.
Quando acordei já estava a noite, minha barriga roncava de fome, levantei devagar e saí do quarto indo pra cozinha ver o que tinha pra comer, do nada escuto a voz do Gustavo ecoar atrás de mim.
Gusta: Cadê minha mãe?
Virei e ele estava parado no portal da cozinha junto com o Henrique.
- Porra, que susto! -coloquei a mão no peito- Decidiram reduzir o peso na consciência voltando a falar comigo?
Falei enquanto procurava meu remédio.
Henri: Se põe no nosso lugar, Heloísa. -abriu os braços- Grávida na tua idade?!
Gusta: E ainda de um moleque que é um desgraçado!!
- Isso, por acaso, é um pedido de desculpas? -tomei o remédio- Meio merda, né?
Gusta: Falei que essa porra era besteira. -bateu no peito do Henrique-
Henri: Porra Gustavo, sossega aí. -falou sério- Nós estamos no erro, não tem como negar, mas agora não tem como voltar no tempo.
Eu bem que queria que esse "pedido de desculpas" fosse sincero mas tenho certeza que é apenas um descarrego de consciência e isso é umas das piores atitudes que alguém pode ter.
- Pedir desculpa significa que vc se arrependeu de ter feito o que fez e, mesmo que tivesse como voltar no tempo, vcs fariam a mesma coisa mil vezes. -falei olhando para os dois- Então vcs vão ter que se esforçar mais do que essa merda que vcs fizeram se quiserem que eu desculpe vcs!
Ignorei a presença deles, coloquei minha janta no prato e passei por eles indo pra mesa comer, os dois foram pro sofá e começaram a jogar videogame.
Bia: Oi, filha! -chegou com o Arthur no colo- Tá melhor? -assenti- Olha só quem eu trouxe.
Logo a Eduarda entrou vindo até mim, nós mal nos falamos durante esse tempo, ela disse que tava mal com essa parada do meu sequestro e nem conseguia sair de casa. Me sinto culpada demais, sabe?!
Duda: Ai amiga, que saudade!! -levantei e ela me abraçou- Sua mãe disse que vc tava desanimada, dei uma fugida lá de casa e vim te ver. -sorriu carinhosa-
Eu sou apaixonada nessa garota, meu Deus. Quando eu liguei pra ela contando da gravidez, ela ficou chocada mas me apoiou total.
- Tô feliz em te ver. -sentamos- Não aguento mais olhar pra cara desse povo. -ela riu-
Duda: E como tá esse nenem aí? -passou a mão na minha barriga-
- Mal. -falei cabisbaixa-
Bia: Por enquanto.. -me interrompeu- Logo, logo ele vai tá aí cheio de saúde?
Duda: Ele? -falou surpresa-
Gusta: É homem? -virou pra minha mãe e ela assentiu-
Henrique e ele se olharam dando um pequeno sorriso e eu estranhei né, mas logo eles voltaram a jogar dando os ombros. Terminei de comer, minha mãe fez uma vitamina pra mim e fui tomando-a indo pro portão com a Duda.
Nós ficamos conversando durante horas, ela conseguiu me destrair por esse tempo, parei de pensar nas coisas que estavam me atordoando.
May: Quem é vivo sempre aparece, né? -parou na frente da Duda-
Nossa, tinha tanto tempo que eu não via a Mayra que nem sei. Desde o dia que ela descobriu a gravidez que não nos falamos mais, morro de saudades mas não vou correr atrás até pq quem quis assim foi ela.
Duda: Eai, meu bem. -se abraçaram- Vc que me abandonou!
- É, nisso ela é especialista. -alfinetei-
A Mayra me olhou engolindo a seco e voltou sua atenção pra Eduarda.
May: Só abandono quem vacila, e já que não é seu caso, brota lá em casa qualquer dia que eu animo com os meninos pra gente poder beber lá no portão. -falou com deboche-
Duda: Só vou quando vcs duas pararem com essa palhaçada de ficarem se alfinetando desse jeito. -cruzou os braços- Que porra é essa?
- Ela que parou de falar comigo. -dei os ombros-
May: Ela que se envolveu escondido com um arrombado e ainda engravidou dele! -se alterou-
Eu que não vou ficar levando desaforo pra casa, se ela achando que eu vou focar ouvindo eles me julgarem pra sempre tá muito enganada.
- Pelo amor de Deus, Mayra, vc é alguma criança? -falei séria- Vc acha mesmo que eu queria me apaixonar e engravidar do Thiago??? Vc também, até parece que vc queria estar apaixonada pelo Junin mesmo ele fazendo todas as babaquices que faz contigo! -falei ríspida-
Os soldados do meu pai, que estavam do outro lado da rua já prestavam atenção na conversa e todo mundo que passava também. Henrique e Gustavo saíram do lado de dentro pra saber o que tava acontecendo.
Henri: Mayra tá apaixonada pelo Junin? -fez um careta-
May: Pelo menos ele não é um alemão filho de um desgraçado que matou meu pai! -gritou na minha cara-
- E isso é culpa minha, porra? -falei no mesmo tom- E dê graças a Deus por ele não ser mesmo, pq vc não aguentaria passar um terço do inferno que vcs tão me fazendo passar! -levantei gritando-
Eu já estava estressada com aquela situação, todo dia é uma perturbação diferente eu não aguento mais isso.
Senti o pé da minha barriga doer e me agachei me apoiando na Mayra, ela tirou minha mão do corpo dela me fazendo cambalear pro lado do Gustavo, que me segurou pra eu não cair.
Gusta: Que porra, Heloísa. O que tá rolando? -falou nervoso-
- Tá doendo, Gustavo. Me ajuda. -falei já chorando-
Aquela dor era insuportável, eu nem conseguia me mexer porque se não era pior.
- Gustavo, por favor! -olhei pra ele desesperada-
Ele me pegou no colo rápido e entrou comigo enquanto eu chorava de dor com a mão na barriga.
Bia: O que aconteceu, Gustavo? -gritou-
Gusta: Sei lá, ela começou a sentir dor lá fora. -me colocou no sofá-
- Mãe, eu vou perder meu filho. -chorei-
Bia: Calma, calma. Vai dar tudo certo!
Ela entrou pra cozinha enquanto eu me contorcia de dor recebendo os olhares dos meus irmãos, da Mayra e da Duda.
Duda: Calma, amiga, tenta relaxar, respira fundo. -tentei respirar devagar- Isso, com calma.
Minha mãe voltou e enfiou um remédio na minha boca e me fez beber água logo em seguida.
Bia: Mayra, pega a bolsa de água térmica que tá numa panela no fogo, por favor?!
- NÃO!! -gritei- Eu não quero nada que venha dessa garota..
Henrique foi na cozinha, pegou a bolsa térmica e minha mãe colocou onde estava doendo.
Bia: Tenta não se mexer, mesmo que doa, já já vai passar! -secou as lágrimas do meu rosto-
Eu chorei quietinha no sofá, Eduarda ficou do meu lado segurando a minha mão o tempo todo, aquela dor era horrível. Depois de mais ou menos meia hora a dor passou totalmente, levantei do sofá e vi meu pai entrando com pressa pela porta da sala.
L7: Que porra aconteceu? -falou rápido-
Henri: Ela e Mayra descutiram e a Heloísa passou mal. -falou sem tirar os olhosdo celular-
L7: Porra, vcs não sossegam mané! -passou a mão no rosto-
May: Não foi minha intenção, eu só...
- Nunca é a intenção! -interrompi-
Bia: Heloísa, já chega! -falou ríspida- Vc precisa descansar.
- Ah, quando eu falo é já chega, né? Mas quando tá todo mundo me apontando o dedo e desejando que eu me arrependa de ter ficado com o Thiago, ninguém fala nada!
Eu falava em tom calmo, não queria passar por tudo de novo mas não posso deixar essa oportunidade passar.
- Eu não quero que nenhum de vcs falem comigo por pena pq eu não preciso da pena de vcs, muito menos depois de tudo o que vcs me falaram e o jeito que vcs me ignoraram durante todo esse tempo! -olhei pro meu pai- E eu preferia ter morrido na cama daquele hospital do que ver vc virando as costas pra mim desse jeito. Por que quando vc fez merda e precisou de mim eu tava do seu lado contra tudo e todos mas na primeira oportunidade vc me deixou claro que era eu por eu e me deu as costas. -dei uma pausa pra respirar- Quando todos vcs precisaram eu estive lá mas fodase, né?! Pau no cu da otaria da Heloísa que engravidoude um babaca. -ri sem humor- Cada um de vcs tem culpa por eu estar passando por essa maldita de doença com essa criança ma barriga, nunca se esqueçam disso, pq se vcs tivesse uma outra postura tudo teria sido diferente!!!
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É, parece que a Helô tirou o dia pra jogar a verdade na cara do povo...
O que tão achando?