Acordei com o sol invadindo meu quarto por inteiro fazendo minha vista arder, levantei devagar verificando se eu ainda estava com dor e conclui que não. Fechei as cortinas e me dirigi ao banho, assim que encarei meu reflexo no espelho pude ver como estou destruída, tanto por dentro como por fora.
Flashbacks da noite de ontem passaram rapidamente pela minha mente me fazendo balancar a cabeça pra espantar as lembranças.
Lavei meu rosto, inutilmente pois continuava a mesma merda, escovei meus dentes e desci do jeito que eu estava.
Gusta: Mas ela tá melhor? -falou sentado a mesa-
Bia: Pq vc não vai perguntar a ela?
Gusta: Custa responder?
- Eu tô bem! -falei me aproximando da mesa-
Os homens dessa família tem um sério problema de passar por cima do orgulho em prol de qualquer coisa. Meu Deus!
Bia: Eu ia levar o café pra vc. -me observou-
- Já tô aqui mesmo. -dei os ombros sentando-
Tomamos café em absoluto silêncio, logo o Gustavo levanta beijando a testa da minha mãe.
Gusta: Qualquer coisa me liga, mãe. -ela assentiu-
Logo depois ele pegou a arma e o radinho no sofá e saiu de casa.
- Ele ainda age como se eu não existisse.
Bia: Vc sabe como seu irmão é turrão, daqui a pouco ele acostuma e tudo vai entrar nos eixos.
Terminei de comer, tomei o remédio do horário e subi indo direto pro quarto. Eu que não vou ficar correndo atrás de marmanjo orgulhoso. Não quer falar comigo? Foda-se. Agora só quero do meu lado quem realmente quer estar.
*uns dias depois*
Esses dias passaram tão rápidos que eu nem me dei conta, voltei a tomar os remédios corretamente e tô melhorando apesar de tá sentido umas dores estranhas, fora que meu corpo vive inchado. Mas que está me deixando na merda é eu não conseguir parar de pensar no Thiago por um só minuto e toda essa situação tá tirando até a minha fome.
Hoje faço 17 semanas de gravidez e também tenho pré natal pra ver como tá a saúde do bebê e explicar ao medico o que eu tenho sentido, minha mãe e a Lua estão me acompanhando.
Chegamos na clínica e rapidamente fomos atendidas, entramos na sala do doutor Marcos, conversamos um pouco e ele me perguntou como eu estava me sentindo, expliquei tudo o que tava acontecendo e ele já foi fazendo uma bateria de exames.
Dr: Sua pressão arterial tá alta demais. -fechou o semblante- Vc tem se alimentado?
- Eu não tenho sentido fome!
A cara dele não era nada boa, com certeza tinha alguma problema.
Bia: Tem algum problema, Doutor? -falou preocupada-
Dr: Eu preciso fazer uns exames mais explícitos e fazer um ultrassom pra confirmar minhas minhas análises.
Ele fez uma nova fase de exames diferentes, eu já tava cansada daquela clínica, só queria minha cama. Depois de me tirar minha pressão, ver meu peso e tal, ele nos levou pra sala de ultrassom, preparou a tela e passou aquele gel na minha barriga.
O doutor Marcos mexia aquela maquininha pra lá e pra cá mas a expressão dele era sempre séria, aquilo estava me dando aflição e medo. Minha mãe me olhou, eu a encarei apreensiva e ela segurou minha mão em forma de "vai dar tudo certo".
Dr: Vc já quer saber o sexo do seu bebê? Apesar de tudo ele tá bem arreganhado, dá pra ver aqui. -deu um sorriso fraco-
- Quero! -minha voz saiu estremecida-
Ele mexeu mais um pouco a máquina pela minha barriga.
Dr: É um menino!
Eu não acredito, eu vou ter um FILHO!!! Meu Issac. Senti meu coração vibrar com uma pequena alegria, sempre quis um filho homem e agora eu sei que vou ter, parece que o meu mundo ganhou mais cor.
Lua: Só vem homem nessa família, meu Deus. -eu e minha mãe rimos-
Bia: Pelo menos todos são lindos e eu fiz a maioria. -se gabou e nós rimos-
A sessão do ultrassom terminou e voltamos pro consultório do médico.
Dr: Bem, vou precisar que vcs tenham calma e me ouçam. -assenti- Sua placenta teve uma grande alteração vascular, o que aumentou sua pressão arterial e isso tá compremetendo o fluxo de sangue para o bebê fazendo ele receber pouco alimento e prejudicando também o seu crescimento.
Felicidade de pobre dura pouco demais.
Dr: Isso é chamado de pré-eclâmpcia. Seu bebê não tem ganhado peso e muito menos vc, e se não tratarmos dessa doença isso pode ser fatal para os dois.
Bia: E como funciona o tratamento? -falou apreensiva-
Dr: Vou passar alguns remédios anti-hipertensos e uma dieta rigorosa de sódio pra ela, que deve ser seguida a risco! Fora que o repouso e evitar stresse é essencial pra que tudo isso funcione.
Ele continuou falando outras mil e uma coisas mas eu não conseguia ouvir mais nada. Saber que eu posso morrer com meu filho na barriga é assustador e eu não quero isso pra mim.
Quando eu percebi já estávamos indo pra casa, o caminho foi silencioso, obviamente, o clima tava pesado demais pra uma conversa.
Lua: Amiga, vcs vão ficar bem! -segurou minha mão-
- Eu não quero perder meu filho. -senti uma lágrima escorrer-
Bia: Vc não vai perder ele, Heloísa. Vamos tomar todos os remédios, fazer tudo que o médico mandou e ele vai nascer com muita saúde! -me olhou pelo retrovisor- Ouviu? -assenti-
Deitei no ombro da Lua enquanto chorei baixinho de olhos fechados querendo que isso tudo fosse mentira.
É surreal, né?! Um tempo atrás eu desejava com todas as minhas forças não ter esse filho e agora desejo não perdê-lo de maneira alguma.
Chegamos na garagem de casa, minha mãe estacionou o carro e nós descemos, entramos em casa e meu pai estava jogando video game com meus irmãos, o tio Vt e o Arthur brincando no cercadinho
L7: Que demora, hein? -pausou o jogo-
Vt: Que porra aconteceu? -me encarou-
Bia: Luana, vc leva ela pro quarto pra mim?! -ela assentiu-
- Vai contar pra eles que eu vou perder meu filho e eu não posso nem estar presente pra ver a reação de felicidade deles?! -olhei pra ela-
Bia: Heloísa, não fala besteira. -se aproximou- Sobe que eu vou preparar alguma coisa pra vc comer.
Lua: Vem amiga, deixa de bobagem. -me puxou-
Eu não tava em clima pra continuar ali mesmo e se eu visse eles "comemorando" a minha situação, aquilo me mataria de vez, então preferi subir sem esperniar.
Bia narrando
Ouvir tudo aquelo do doutor Marcos foi como um tiro no meu peito, eu sei o que é perder um filho e é uma coisa que eu não desejo pra ninguém nesse mundo.
Pensar que minha filha pode passar por isso e que a vida dela também corre risco me faz querer arrancar os cabelos por puro desespero. Ela passou a semana toda tão abatida por causa desse Thiago, mas quando o médico falou que o bebê era um menino vi os olhos dela brilharem pela primeira vez em muito tempo.
E agora ver ela tão pra baixo desse jeito me mata por dentro.
Henri: É isso mesmo que ela falou? -falou assim que ela subiu-
Peguei o Arthur dando um abraço forte nele, toda essa história me fez lembrar da minha primeira gravidez que e algo que ainda me machuca muito.
- Ela tá com uma doença chamada pré-eclâmpsia. -falei baixo- O bebê tá fraco e sem peso, assim como ela, o que pode fazer ela perder o bebê ou, até mesmo, a vida. -engoli a seco-
L7 franziu a testa desviando seu olhar de mim e levantou levando as mãos ao rosto.
Gusta: Deve ser por isso que ela tá sentindo essas dores. -passou a mão no rosto-
L7: Ela pode morrer? -falou calmo me encarnando-
- Pode! -senti algumas lagrimas molharem meu rosto-
Ele olhou pro Vt e pros meninos.
L7: Isso é culpa daquele moleque eu vou matar ele agora! -o Vt levantou-
Vt: L7, pelo amor de Deus, a Heloísa precisa do pai dela agora e vc tá aí pensando nessa maldita vingança. -se aproximou dele- Tua filha pode morrer, irmão, vc tem noção disso?
L7: Cala a boca, Vt. Essa porra não vai acontecer! -empurrou ele-
Vt: Eu quero muito que isso não aconteça mas isso não apaga os riscos! Vê se vcs colocam a cabeça no lugar, porra. -olhou para todos nós- Nada disso é culpa dela e sim do pessoal do alemão, mas a gente não pode se preocupar com isso agora, o que mais importa é a saúde da Helô.
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Aí gente, escrever esse capítulo me deu um dorzinha no coração terrível :/
Como será que eles vão reagir a isso tudo? A Helô tava até se apegando a gravidez, viu? Que bad!!
Votem e comente bastante
Ps:. Vcs acham que eu tô demorando a postar os capítulos?