Bia narrando
Depois que a Helô foi pro colégio, eu e Lucas ainda ficamos um bom tempinho ali na cozinha, se ninguém intercedesse, iríamos transar ali mesmo.
L7: Assim fica complicado de eu sair pra trabalhar. -beijou meu pescoço-
- Fica então. -sussurrei-
L7: Vamo fazer o Bryan então? -falou risonho-
- Nem que me paguem!! -gargalhei tentando descer do balcão, mas ele impediu-
Nós estávamos como se fosse os primeiros meses do nosso namoro, tava com tanta saudades disso.
L7: Só mais um po, depois tu pode trancar da fábrica. Quero ver meus pivete correndo esse morro de cima a baixo. -me beijou-
Preferi nem responder aquela loucura dele, Arthur recém-nascido praticamente e ele querendo outro filho. Tá maluco!!!
Henri: Aaaah gente, feião isso aí hein -apareceu na cozinha e nós rimos- Sabia que a gente faz comida em cima desse balcão? -falou sério-
L7: Feião o que, mlk? Tu acha que tu foi feito como? -a expressão do Henrique se fechou ainda mais-
- LUCAS!!! -repreendi ele, que me ajudou a descer- Não liga, filho. Quer uma torrada? -fui até ele-
Henri: Agora eu até já perdi a fome! -desviou e saiu da cozinha-
Olhei pro Lucas séria e ele me encarou tranquilo.
L7: O que é? -deu um gole no café-
- Sabe muito bem que o garoto não gosta dessas brincadeiras.. -ele riu-
L7: Ai o problema já não é meu! -me beijou- Tchau, volto pra almoçar hein. Te amo muito!
- Ok, também te amo. Juízo!! -ele piscou e saiu-
Lavei a louça que estava ali, dei uma varrida na casa e arrumei as coisas. Preferi já deixar tudo arrumado pra quando o Arthur acordar dar atenção só pra ele.
Olhei pro relógio e ainda marcavam 08:43 da manhã, não exitei em decidir tirar uma soneca. Entrei no quarto, deitei na cama e logo caí no sono, mas como vida de mãe não é nada fácil, escutei o Arthur chorar. Levantei de pressa e fui até o quarto dele.
- Oi, meu amor. Não poderia ter estendido o sono mais um pouco não? -peguei ele- Vamos tomar um banho logo.
(...)
Estava no sofá amamentando o esfomeado, Gustavo tinha acabado de ir pra boca me deixando sozinha em casa, já eram pouco mais de 10hrs, já já iria começar a fazer o almoço.
Ouvi meu celular tocar, me estiquei pra pegar, não reconheci o número mas atendi.
- Alô! Quem é?
Xx: Bom dia, aqui é a diretora da escola da Heloísa Bartekvihi.
- Algum problema com a minha filha? -levantei-
Meu coração já começou a acelerar.
Xx: Ela desmaiou agora pouco na educação física...
- É O QUE? -interrompi- ONDE TÁ MINHA FILHA?
Xx: Se acalme, ela tá aqui na sala ao lado. Está bem e acordada. Tem alguém que possa vim buscar ela?
- Claro, claro. Vou mandar meu filho ir aí!
Xx: Estarei aguardando, tenha um bom dia. -desligou-
Eu fiquei tonta absorvendo essa informação. Coloquei o Arthur no sofá deitado e liguei pro Gustavo, já que o Henrique está na faculdade e o L7 ficaria nervoso demais pra fazer algo de cabeça fria.
Gusta: Fala, mãe! -atendeu-
- Desce agora e vai buscar a Heloísa no colégio pq ela passou mal! -falei rápido-
Gista: Como assim passou mal? Ela tá com o que?
- Vai buscar ela logo, pelo amor de Deus. E rápido!!
(...)
Só consegui me tranquilizar depois de ver minha filha bem nos meus braços.
- Fiquei tão preocupada.. -acariciei o rosto dela pela milésima vez-
Helô: Vou só um susto, mãe. Queda de pressão talvez!
- Coloca uma roupa leve e deita que daqui a pouco eu vou lá levar alguma coisa pra vc comer, tá? -ela assentiu-
Coloquei o Arthur no bebê conforto e levei ele pra cozinha pra eu ficar de olho nele enquanto preparava o almoço.
- Ai Arthurzinho, que vc me dê menos preocupação que seus irmãos pq eu não aguento não. -falei socando alho- Já tô velha pra passar por esses sustos.
Fiquei conversando com meu neném até que toda comida estivesse pronta, até que foi rapidinho, quando dei por mim os meninos já tinham chego.
Paulinho: Eai, tia. -beijou meu rosto- Como tá a Helô?
Junin: O que aconteceu com ela?
Gusta: Desmaiou na escola..
- Tá melhor! Vou levar comida pra ela agora.
May: Pode deixar que eu levo, tia. Só vim pra ver ela mesmo..
Eu não entendi o que ela quis dizer com isso mas deixei passar.
- Podem ir tirando a comida de vcs aí, vou dar mama pro Arthur!
Fiquei na sala dando peito pro Arthur enquanto ouvia a bagunça dele na cozinha. Olhei o horário e já marcavam 13:39 e nada do L7 chegar.
- Ele disse que vinha pro almoço né?! Vamos esperar.
Escutei a porta bater e me virei pra olhar mas era o Henrique entrando.
- Como foi a aula?
Henri: Uma puta chatisse, não vejo a hora desse semestre acabar logo. -beijou minha testa- Comida tá pronta? -assenti e ele saiu do cômodo-
Terminei de dar mama pro Arthur, coloquei ele pra arrotar e o mesmo logo dormiu. Como já passavam das 14h decidi ligar pro L7 pra ver se ele vinha comer em casa.
Chama, chama e ninguém atende. Tentei cinco vezes e nada, aquilo já tinha me irritado profundamente.
Não que eu desconfie que ele esteja fazendo algo de errado, mas odeio quando ele fala que vai fazer algo e não cumpre. Puta que pariu, que ódio.
Henri: Cadê meu pai?
- Deve tá na puta que pariu ele! -falei curta e grossa-
Gusta: Vou passar um rádio pra ver qual foi.
- Não! Deixa ele lá, por favor.
Coloquei minha comida e comecei a comer quieta, as crianças (pra mim eles sempre vão ser crianças) subiram pra ver como tava a Helô, me deixando sozinha com as minhas paranóias.
Logo terminei de comer e subi, dei uma passada no quarto da Helô pra ver como tudo estava e logo fui pro meu quarto. Deitei e tentei dormir, mas logo um sentimento de angústia me atingiu, eu sabia que tinha alguma errada, e eu precisava saber o que.
Levantei da cama depressa amarrando meu cabelo, coloquei os chinelos e voltei pro quarto da Helô.
- Fiquem de olho no Arthur rapidinho que eu vou resolver uma coisa.
Gusta: Resolver o que?
- Se fosse da tua conta, vc saberia.
Eles começaram a tumultuar e rir.
Paulinho: Tomaaa distraído!! -rimos-
Gustavo fechou a cara na hora, igualzinho ao pai.
- Tô brincando meu filho -abracei ele rindo- Te amo muito, tá? -enchi ele de beijo-
Gusta: Valeu, valeu, mãe, se adianta lá!
Ri saindo do quarto, dei uma passando no quarto do Arthur e meu anjo dormia tranquilamente, desci as escadas, peguei as chaves do carro e saí de casa.
Sinceramente, eu não sabia nem pra onde eu ia, talvez eu só precisasse sair de casa e respirar o ar da rua, não sei. Pensei em ir em diversos lugares mas eu precisava saber do L7, tentei ligar de novo pro fdp e ele não atendeu.
Arranquei com o carro morro acima pela rua principal, dei a volta ao morro e em 5 minutos eu estava na boca, desci do carro e vi olhares pousarem sobre mim.
- L7 tá aí?
Xx: Tá sim dona, mas tá numa reunião importante. -ri-
- Quem é que tá aí? Kiko? -falei debochada- Conheço esse aí não é de hj!
Xx: Só sigo ordens dona, é a ordem foi que ninguém incomodasse até o patrão sair!!
Esse soldadinho de merda tá conseguido me estressar, mas eu sou mãe de 4 filhos, não tenho mais a mesma disposição de ficar discutindo por merda como eu tinha a anos atrás. Uma hora ele vai ter que sair de llá seja como for.
Encostei no carro e fiquei de braços cruzados, minha cabeça já tinha ido na lua e voltado várias vezes e oha que só tinha 10 minutos que eu estava ali.
Escutei o ronco de uma moto conhecida, olhei na direção do barulho e vi o Vt é o PL. Não hesitei em colocar uma bela cara de cu aparente.
Vt: Que milagre é esse tu aqui? Aconteceu alguma coisa?
PL: Pela cara, alguém dormiu de calça hj!
- Ué, L7 tá em "reunião importante" sem vcs?
Vt: Reunião importante? Tava nem sabendo!
- Sabia que nesse angu tinha caroço!!
PL encarou ele sério.
PL: Não é toda reunião que ele avisa a gente, Bia. Relaxa aí!
- É mesmo? -falei irônica- Tá achando que eu sou otária? Manda aquela cara deixar eu entrar nessa porra logo.
Apontei pro rapaz que eu falei uns minutos atrás.
Vt: Kiko tá aí? -o cara negou tranquilamente-
Não sei o que o Vt falou que o cara só leu os lábio dele e acentiu franzindo a testa.
Vt: Pq tu não vai esperar ele em casa? Cadê Arthur? -desconversou-
- Vitor, tá escrito otaria na minha testa? Acho que não né! Vou entrar lá é agora.
Saí do meio deles indo em direção ao escritório, mas logo senti alguém puxar meu braço.
Vt: OU, OU, OU!! Tá maluco, filho da puta? -empurrou o cara fazendo ele soltar meu braço- Quer que o L7 te mate?
Eu estava vermelha de raiva, no ar eu sentia o cheiro de puta e se eu encontrasse alguma lá dentro não sei o que eu faço com o Lucas.
Abri a porta do escritório e vi o Lucas em pé de braços cruzados e uma morena sentada no sofá. A mina tava toda elegante, de salto e tudo, nunca tinha visto ela pelo morro.
Quando o Lucas me viu só faltou os olhos dele pularem pra fora.
- Então essa é a porra de reunião importante que vc não queria que ninguém interrompesse?? Nem pra atender a porra do celular, Lucas? Tá achando que eu sou otária, desgraçado??
Minha respiração tava descompassado.
L7: Bia, não é isso que vc tá pensando.. -passou a mãos trêmulas no rosto pálido-
Ele parecia assustado, não acreditava no que via.
- Ah, é? E eu tô pensando em que? -cruzei os braços- Pq agora tu lê mentes e eu não sabia né?!
A mulher deixou escapar a risada. Nem lembrava mais que ela tava ali, de tanta raiva que eu estava.
Xx: Ela não mudou em nada mesmo né?
- E eu posso saber quem é vc que tá tendo reunião particular com meu marido? -ela riu-
Xx: Tô tão mudada assim que vc não consegue reconhecer a mãe verdadeira do garoto que vc chama de filho?
Na hora eu não entendi muito bem mas parei pra analisá-la e quase caí pra trás. Aquele cabelão preto, aqueles traços marcantes, é claro que era ela!