Bella
Sabes aqueles momentos em que tens uma vontade enorme de agarrar no pescoço de alguém e de o apertar até ficar sem ar? Este era um desses momentos. O Harry era o rapaz mais estúpido à face da terra. Menina do exorcista! Chamou-me menina do exorcista, disse-me que me ia matar com o seu chicote de fogo e depois disse-me que queria fazer sexo comigo. Não conseguia perceber o que é que este rapaz tinha na cabeça.
- Eu quero um pau. Onde é que está o meu pau?- gritou Niall, deitado no chão. Sim, o Niall. Por alma de quem é que o Niall estava com o Harry?
- Ela, ela têm-o guardado na mala do Doraemon.- disse Harry.
- Vocês estão tão bêbados.- disse, surpreendida. O que é que eu ia fazer agora com estes dois?
- Bêbado de amor, princesa.- disse Harry.- Queres casar comigo?
Olhei para ele, franzindo a testa.
- Cala-te.- disse.
- Não. Vou dizer-te que te amo.- disse Harry, agarrando-me pelos ombros. Ele estava bêbado, nada do que estava a dizer fazia sentido.- Quero fazer sexo contigo a toda a hora. Amo-te.
- É assim que amas as pessoas?- disse, dando-lhe um estalo na bochecha.- Acorda para a vida.
Vi que o Niall estava a agarrar na garrafa de vodka e a levá-la até à sua boca. Corri até ele e tirei-lha das mãos.
- Ei! Dá-me isso!- disse ele.
- Esquece isto, Niall.- disse séria. Ele agarrou na garrafa e começou a puxá-la com imensa força.
- Dá-me a vodka!- gritou ele.
- Não.- disse.
- Mas eu quero.- disse, fazendo beicinho.
- Dá a vodka ao meu amigo.- disse e meteu o braço por cima do ombro do Niall.- Ele é um dos melhores amigos que tenho.
- Tu és o melhor.- disse Niall.
- Não, tu é que és.- disse Harry.
- Tu é que és.- disse Niall.
- Não discutas comigo, ou eu chamo o Bob e ficas sem o abacaxi!- disse Harry, enquanto acariciava os pêlos da fraca barba do Niall.
- NÃO, O ANANÁS NÃO.- disse Niall e olhou para mim.- E TU? QUANDO É QUE ME DÁS O PAU? Ainda não me esqueci, ouviste? Nem me vou esquecer.- disse, negando com a cabeça e apontando para mim com o seu dedo indicador.
Ergui as sobrancelhas e neguei com a cabeça também.
- Não tenho pau nenhum, Niall.- disse e o Niall olhou para mim com ódio.- E ISTO ESTÁ CHEIO DE PEDAÇOS DE VIDRO. O QUE É QUE SE PARTIU?
- Partiu-se a retina do olho do Niall, e é por isso que estão aqui pedaços de vidro, mas na verdade ele aleijou-se no joelho.- disse Harry como se fosse a coisa mais normal do mundo. Já não estava a perceber nada.
- Sim.- disse Niall.- Foi isso que aconteceu.
- Isso não faz sentido nenhum.
- Estamos bêbados e vivemos em Fairytopia, nada faz sentido.- disse Harry.
- NADA!- exclamou Niall.
Olhei fixamente para eles. Não tinha reparado que o Harry e o Niall estavam de boxers e que este último tinha a sua gravata à volta da cabeça. Meu Deus, eles ainda se vão cortar com os vidros. Que par de idiotas.
Acendi a luz para se ver melhor, dado que a luz que vinha da janela era escassa e já não dava para ver nada, mas ela não acendeu.
- O que é que aconteceu com a luz?- perguntei.
- Partiu-se por causa do Kamehameha do Harry.- disse Niall.
- Foi brutal. Começou tudo a voar pelos ares.- disse Harry e levantou as mãos.- ASSIM. PUM.
Corri até ao Harry e agarrei no braço dele para o levar para fora da cozinha, para depois levar o Niall que continuava deitado no chão.
- Para onde é que me estás a levar?- disse Harry maliciosamente, mas eu não lhe respondi.- Ah, já sei. Tu queres fazer sexo comigo. Vais adorar, vai ver.- disse ele enquanto tropeçava e se atrapalhava com as suas próprias palavras.- Vai ser a melhor experiência da tua vida. Vai ser tão bom que até vais ficar com tonturas. Vai ser um entusiasmo e uma paixão como tu nunca sentiste antes. Foda-se, já estou a ver tudo a andar à roda.
Neguei novamente com a cabeça. Tinha que tratar de esconder todas as bebidas alcoólicas que haviam nesta casa porque isto fazia-lhe mal, muito mal.
- Cala-te.- disse e atirei-o para o sofá. Ele caiu de costas e olhou maliciosamente para mim.
- Não sabia que tu gostavas de controlar, gatinha.- disse ele. Gatinha?
Fuzilei-o com o meu olhar e cruzei os braços.
- Fica aí.- disse e eu dei meia volta para ir buscar o Niall, mas ele agarrou no meu braço e atirou-me para cima dele, fazendo-me cair no seu colo. Ele envolveu a minha cintura fortemente com os seus braços.
- Fica aqui comigo.- sussurrou no meu ouvido, como se a vida dele dependesse disso.- Toda a gente se anda a afastar de mim, não te afastes tu também.
O meu coração encolheu-se quando ouvi as palavras dele e não me consegui mexer. Foi por causa disto que ele se embebedou? Ele sente mesmo isso? Olhei para os olhos dele e ele fez o mesmo. Perdi-me nos seus olhos verdes, já vermelhos devido a todo o álcool que ele ingeriu, enquanto ouvia os gritos fracos que o Niall dava na cozinha. Senti uma estranha atração. Eu sabia o que era sentir-me sozinha. Não podia dar muita importância ao que um bêbado dizia, mas estranhamente não me queria ir embora. Sentia-me bem ao estar aqui, mas confusa ao mesmo tempo. Porque é que tinha ficado assim de um momento para o outro? Não estava a entender.
O Harry continua a olhar fixamente para mim, como se estivesse a tentar ver algo por detrás dos meus olhos e não conseguisse.
- Não te vais embora?- sussurrou ele, com um certo medo.
- Não.- disse e, sem saber o porquê de o ter feito, porque foi uma parvoíce enorme, juntei os meus lábios aos dele.
O Harry permaneceu paralisado e os braços dele apertaram-me fortemente, mas logo os lábios dele começaram a jogar com os meus da mesma maneira de sempre. No entanto, havia algo mais nos seus lábios, que pareciam estar a precisar deste beijo. Agarrei no rosto dele com as minhas mãos , aproximando-o ainda mais de mim, deixando o sabor do álcool da boca dele inundar a minha. Embebedando-me a mim também, mas não pelo do álcool.
Abri os lábios dele com os meus e meti a minha língua em toda a sua cavidade, encontrando a dele. Meu Deus, nunca tinha beijadp assim ninguém. Em qualquer outra ocasião podia dizer que me estava a aproveitar de um bêbado, mas no caso do Harry isto não era aproveitar-me. Com o Harry nunca era isso, com o Harry tudo era esquisito e confuso.
Não sabia quando é que tinha deixado de ouvir os gritos do Niall, nem quanto tempo tinha estado colada à boca do Harry, fazendo breves pausas para apanhar ar. Acariciei o cabelo dele e ele meteu a sua mão por dentro da minha camisola. Não o afastei.
- Harry.- sussurrei, nem eu mesma sei por que o fiz.
- Mmm.- disse e mexeu-se, metendo-se em cima de mim. - Preferes o Marcel?
Franzi a testa confusa com a pergunta que o Harry sussurrou nos meus lábios.
- O quê?- perguntei sem me afastar dos lábios dele.
- Gostas mais dos beijos dele?- perguntou como um menino pequeno cheio de vergonha, sem desconfianças, somente com tristeza nas suas palavras.
O quê? Ele sabia do beijo? Mas como?
Olhei fixamente para os olhos dele indecisa, mas o olhar dele suplicava-me por uma resposta. Será que eu a tinha? Não tinha a certeza. Sei que não tinha sentido este tipo de íman com o Marcel, mas não sabia, não sabia e isso era frustrante .
- Não.- disse, sem perceber o porquê de ter respondido isso sem ter a certeza da resposta.
Mordi o lábio inferior dele e notei um sorriso que atraiu milhões de pequenas borboletas para o meu estômago.
- Gostas mais de mim?- voltou a perguntar.
- Sim.- disse e voltei a beijá-lo.
Nós encontrávamo-nos aqui, deitados no sofá, um em cima do outro. Ele em cima de mim, como se estivéssemos sozinhos. Só me conseguia perguntar uma coisa: o que é que estava a acontecer comigo? Porque é que estava a sentir estas coisas tão esquisitas? Porque é que eu sentia que tinha caído e que não me conseguia levantar? Porque é que não conseguia deixar os lábios dele se já o tinha afastado tantas vezes?
- Estou a ver que afinal o Harry conseguiu o que queria.- disse alguém e eu rapidamente tentei afastar-me do Harry, mas ele estava em cima de mim sem intenções de me deixar ir embora, ou simplesmente de se afastar dos meus lábios.
- Harry...- sussurrei tentando fazer com que ele me largasse , mas ele não o fazia, por isso empurrei-o, fazendo com que ele caísse para o chão, batendo com as costas. Ele fez uma careta.
- Au.- disse ele.
Inclinei-me para ver quem era a pessoa que estava a observar esta cena e encontrei o Edward, que olhava para nós com um sorriso de satisfação. Outro esquisito. Olhei para o Harry que estava sentado no chão com os olhos fechados.
- Estás bem?- disse.
- Não.- disse Harry.
- Estás bêbado?- perguntou Edward, ao notar o estado do Harry.
- Sim.- respondi.- Bêbado até nas veias.
- Sou a Dora Exploradora.- sussurrou o Harry e para depois se começar a rir.
- Tu és é um idiota.- disse Edward, negando com a cabeça.- Bebeste a minha garrafa de vodka, não foi?
-Sim. - disse Harry. - Partilhei-a com o meu novo amigo.
O Edward olhou para mim confuso e eu encolhi os ombros.
- O teu amigo imaginário?- perguntou Edward.
- Não, o meu amigo Napoleão.
- Foda-se.- exclamou Edward.- Estás cada vez pior.
Tentei levantar o Harry do chão mas não consegui. O Edward foi em direção à cozinha e eu corri atrás dele, deixando o Harry ali.
- Edward, não há luz.- disse-lhe ao ver que ele tentava acender a luz, mas sem êxito.
- O que aconteceu aqui?- perguntou, apontando para um monte de pedaços de vidro partido. Ia para responder mas ele não me deixou.- Bah, não respondas, foi o Harry.
- Amigos!- gritou o Niall e o Edward deu um salto, espantado.
- Merda. De onde saíste?- gritou Edward.
- De Narnia.- disse Niall e eu não consegui conter o riso ao ver a reação do Edward e a maluqueira do Niall bêbado.- Olá, chamo-me Napoleão. É um prazer conhecer-vos, amigos.
Edward levou uma mão à testa e bateu-se a si mesmo, incrédulo.
- Napoleão, não te juntes ao Harry. Ele é má influência, vê o que ele te fez.
Agora sim, não sabia qual era o pior. Se o Edward ou o Niall.
- Trouxeste o meu pau?- perguntou-me o Niall.
- Não.- disse, revirando os olhos.
- PORQUÊ? EU PRECISO DO MEU PAU PARA SER FELIZ E TU NÃO MO QUERES DAR. E EU NÃO CONSIGO SER FELIZ PORQUE NÃO TENHO O MEU PAU. ODEIO-TE.- gritou.- NÃO, O MEU...paaaa...u.- disse, calando-se de repente.
Eu arregalei os olhos. O Edward aproximou-se do Niall e deu-lhe alguns pontapés suaves . Ele não se mexia.
- Napoleão morreu.- disse Edward claramente, ignorando a situação.
Olhei para ele e fuzilei-o com o olhar. Edward, és mesmo idiota.