Capítulo 36 (Parte 1)

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Franzi a testa e deitei-me ao seu lado.

-Como assim não sabes? - perguntei-lhe e ela levou os braços aos seus olhos.

-É que, não... não sei. Confunde-me, e depois.. - deixou de falar.

-Depois o que? - perguntei curioso.

Negou com a cabeça.

-Nada Marcel, nada. Esquece. - disse ela.

-Mas quero saber o que se passa contigo. Não gosto que estejas assim. - disse-lhe, e era verdade. Odiava vê-la mal.

-Estou bem, só quero estar sozinha um bocado. - confessou ela.

-Mas..

-Por favor, Marcel. - voltou a dizer e desta vez assenti.

-Está bem, como queiras. -  disse eu.

Levantei-me e saí dali.

Sentia-me uma merda, uma das grandes. Sabia que o Harry tinha razão, que ela estava confusa por minha causa. Mas eu gostava dela e isso doía-me muito. Porém, também gostava da Paola e sabia que tinha que decidir já, porque eu nunca tinha sido dessas pessoas que querem magoar os outros, e não queria magoar nenhum dos três. Nem ao Harry, nem à Paola, nem à Bella.

***

-Tens tudo aí? - perguntou-me o Harry abrindo a porta do balneário. Assenti e ele sorriu. - Que cara é que achas que o Edward vai pôr quando nos vir na aula?

Sorri.

-Eu acho que nos vai matar. - disse Harry pensativo enquanto percorríamos o corredor e entrávamos na sala em que ia ser o treino. Não estava lá ninguém. - Isto é muito estranho.

-Não está aqui ninguém. - disse eu apertando os cordões das minhas calças. O Harry olhou para mim. - Que foi? Estão-me a cair.

Harry negou com a cabeça e sentou-se no chão. Fiz o mesmo que ele.

-Se ele pedir a alguém para fazer demonstração, fazes tu. - disse Harry.

-E porque é que tenho que ser eu? - disse e ele encolheu os ombros.

-Ora, ora. - ouvimos uma voz familiar nas nossas costas. - Sou eu a olhar para o espelho ou são os estúpidos dos meus irmãos que me vieram chatear?

-Eu acho que é a segunda opção, professor. - disse Harry gozando com ele.

-Que engraçados que estamos hoje, senhor Styles. - disse Edward continuando a brincadeira do Harry.

-Desculpe tê-lo ofendido, professor. - respondeu Harry de volta.

-Treinador. - corrigiu-o este.

-Desculpe, foi muito desconsiderado da minha parte chamá-lo professor. Não voltará a acontecer, senhor Styles.

-Espero que assim seja, senhorito Styles. - disse Edward pondo-se à nossa frente. - Pelo que parece, são os únicos nesta aula, algo que me satisfaz enormemente. - disse ele

Porque é que estão a falar assim?

-Tu, tira os óculos. - indicou-me ele e eu obedeci. - Levanta-te. - fiz o que me mandou. - E tu, estúpido, levanta-te. - ordenou ao Harry.

-Ofendes-me com as tuas palavras. - disse Harry a brincar.

-Cala-te e levanta-te. - disse Edward. O Harry levantou-se. - Coloquem-se um à frente do outro. - obedecemos. - Harry, bate-lhe.

-Espera! - respondeu este. - Deixa-me pôr as luvas, se não aleijo-me.

Edward revirou os olhos e o Harry pôs as luvas.

-Marcel. - disse Edward apontando para a boca . Assenti e pus aquele plástico nojento na boca. - Agora, Harry, tenta atacar. E tu, Marcel, defende-te, mas sem lhe bater.

Harry sorriu de orelha a orelha.

-Gosto disto. - disse antes de me dar um murro na cara. Queixei-me. - Toma outro. - disse outra vez e repetiu a ação. - Foda-se, isto é demais.

-Marcel, põe os punhos à frente da cara para que não te acerte. - queixou-se o Edward. - Pareces um saco de boxe com braços e pernas.

-Deixa estar assim que eu estou a gostar. - disse Harry e deu-me outro murro, fazendo com que um doloroso calafrio me percorresse. Merda.

Levantei os punhos até onde o Edward me disse, mas era inútil. O Harry continuava a dar-me uma abada. Voltou a bater-me e não pude reagir de outra maneira se não atirando-me ao chão e abraçando-me a mim mesmo.

-Marcel, que caralho estás a fazer? Metes mais pena que as crianças de oito anos, e isso é grave. - disse Edward. - Foda-se, levanta-te.

-Não! Ele está a bater-me! - queixei-me e o Harry riu-se . - E sem razão nenhuma, eu não lhe fiz nada.

-É para isso que estás aqui, inútil. - disse Edward e eu neguei com a cabeça.

-Não. - choraminguei, doía-me a cara. - Não gosto deste desporto, é violento e desta maneira é muito difícil defender-me. Tu queres é que ele me parta a cara .

Os dois começaram a rir-se de mim, coisa a que eu não achava piada nenhuma.

-Levanta-te. - disse Edward.

-Não. - neguei.

-Eu bato-te devagarinho, Marcel. - disse Harry. - Prometo.

-Não. - voltei a negar.

-Foda-se, ou te levantas ou bato-te eu. - disse Edward já chateado.

Levantei-me contra a minha vontade e o Edward disse-nos que fizéssemos ao contrário, mas o Harry esquivava-se sempre, sem chegar a receber nenhum murro. Isto era frustrante. Quando acabámos o treino, fomos ao balneário outra vez e o Harry foi tomar banho enquanto eu olhava para a mensagem da Paola com a testa franzida. "Marcel, preciso de ti, agora." Parecia que estava desesperada, ela nunca dizia que "precisava" de mim. Nunca. Isso significava que alguma coisa se tinha passado com ela.

O Harry saiu dos chuveiros e eu entrei rápido, tomando banho e vestindo-me em tempo recorde. A Paola precisava de mim, por isso tinha que me despachar para ir ter com ela.

-Estás com pressa. - disse Harry franzindo a testa.

-Tenho que ir embora. - disse saindo a correr do ginásio, sem sequer me lembrar de que era ele que tinha as chaves do carro, mas já não tinha tempo de voltar para trás, por isso fui a pé, a casa da Paola não era muito longe. Cheguei com o coração na garganta, sem saber se era por tanto correr ou pela raiva e os nervos que me consumiam por dentro, visto que o meu sexto sentido me estava a dizer algo. Já tinha uma ideia do que se teria passado. Toquei à campainha e ajeitei os óculos à espera que alguém abrisse a porta, coisa que demorou apenas uns segundos a acontecer.

E aí estava ela, com o seu cabelo preto apanhado em alto e os seus olhos vermelhos e inchados, fazendo com que o meu coração se encolhesse e quisesse fazer com que ninguém, nunca mais, a fizesse chorar outra vez.

-Marcel... - suspirou e de seguida abracei-a e beijei-a docemente fazendo com que esboçasse um pequeno sorriso.

-Porque é que estás a chorar? - sussurrei enquanto entrávamos em casa. Ela fechou a porta e o seu olhar escureceu-se .

-Voltou a acontecer, Marcel. - disse ela horrorizada.

Não, não, não, não. Não lhe podia ter acontecido isto outra vez, outra vez não. A minha vista desfocou-se pela raiva, mas não fiz mais nada para além de a abraçar ainda mais de força e deixar que chorasse sobre a minha camisola enquanto eu inventava mentalmente uma maneira de fazer esse cabrão pagá-las.

-Sinto-me suja. - soluçou e eu não soube o que fazer. O que é que é suposto fazer quando a pessoa que amas está assim? Como é que é suposto estar quando... - Violou-me.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora