Capítulo 31

8.2K 794 333
                                    

Edward

A Bella saiu da casa de banho embrulhada numa toalha, enquanto algumas gotas de água escorregavam pelo seu cabelo. Suspirava enquanto caminhava devagar até o seu quarto fazendo com que, sem eu querer, algo se acendesse em mim. Como caralho era capaz de andar pelo corredor assim sem mais nem menos? Engoli em seco e ela entrou no seu quarto, sem sequer reparar em como eu a observava com desejo. Sim, sou mal humorado, mas que tipo de homem vê uma rapariga semi-nua com apenas uma toalha e com o cabelo molhado a passear por sua casa sem ter cócegas nas suas partes? Nenhum.

Neguei com a cabeça, tentando afastar todos os pensamentos porcos que me vinham à mente e suspirei mais uma vez antes de baixar as escadas.

Mais uma vez, saí de casa sem tomar o pequeno almoço. Não tinha fome. Acendi o carro e fiquei ali parado por um bocado, faltava muito para que as aulas começassem, mas esta manhã tinha algo importante para fazer, algo que não tinha feito por muito tempo. Tinha vontade de voltar à minha paixão, karaté e boxe. Para ser sincero, preferia o boxe porque podia simplesmente lutar com o adversário, mas a precisão e a concentração que o outro desporto tinha também me agradava, mesmo não achando muita piada ao quimono. Era simplesmente incómodo.

Voltei a girar a chave do carro e saí do estacionamento de minha casa, dirigindo-me até onde tinha combinado com o Patrick, aquele forte homem que me levou a ganhar o campeonato. Todos os troféus que tinha ganho tinham sido graças a ele, e a nova oportunidade que ele me estava a oferecer era mais que um sonho. Ser treinador.

Cheguei ao ginásio e saí do carro para me encontrar com o Patrick, que estava à minha espera na porta.

-Então, campeão? - disse o homem de cinquenta anos animado.

-Bom dia, Patrick. - disse eu com o meu tom habitual.

Ele fez uma careta.

-Tu não mudas, rapaz, continuas frio como sempre.

-Eu sei. - admiti. Não o negaria.

Ele suspirou e abriu a porta do ginásio, deixando-me entrar.

-Bom, é isto o que há. Agora que me vou embora, quem fica a mandar nisto és tu. - disse ele. Assim tão facilmente? - Os treinos estão apontados nesta lista. - estendeu-me a lista e umas chaves. - Essas são as chaves. Amanhã começas às cinco e meia com os meninos pequenos.

Os meninos pequenos? Eu não gosto de meninos pequenos, foda-se.

Assenti.

-Não podes amordaçá-los nem atá-los ao ringue como fazias com os teus colegas. - disse ele.

-Não vou fazer isso Patrick, eu cresci. - disse eu satisfeito.

O homem riu , no entanto, não encontrei a piada.

-Eu sei, por isso é que confio em ti. - disse ele. - Já podes ir embora.

-Já está? - disse eu confuso. - Deixas o ginásio em meu nome e é só isto?

-Sim. - disse o homem. - Mas tem cuidado com o que fazes, este pode ser o inicio de algo muito grande, Edward.

-Vou ter isso em conta. - disse eu, não muito convencido, e saí do ginásio com os horários das aulas e as chaves. - Perfeito, agora tenho que ensinar crianças a dar murros. Se me chatearem demasiado enfolo-os a todos.

Entrei no carro e dirigi-me à Universidade. Estacionei e ainda estava tudo muito vazio. Era cedo, por isso não hesitei em entrar no edifício de artes e meter-me na oficina de desenho, onde teria aulas a seguir. Sentei-me à frente dum cavalete e suspirei frustrado, lembrando-me do desenho que tinha feito à minha mãe e que se tinha perdido. Já agora, gostaria de saber quando pensam voltar da sua "viagem". Porque, vá lá, a "viagem de negócios" estava a durar quase uma vida inteira. Observei a sala vazia e levantei-me de repente ao ver o meu desenho apoiado num dos cavaletes. O que tinha usado no dia anterior.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora