Capítulo 37

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Bella

-Porque é que ela estava com uma mala? - perguntou-me a Gemma sentando-se ao meu lado de novo. Neguei com a cabeça. Não sabia nem queria saber.

Possivelmente não me deveria afetar desta maneira, mas afetava. Sentia que o meu coração se partia quando a imagem deles os dois a subir as escadas com a mala se projetava na minha mente. Parecia que ela iria ficar aqui em casa por uns dias.

Senti que o ar me faltava. Já desconfiava que eles estavam juntos. Mas porquê? Porquê, se ele me tinha beijado e tinha sido um cavalheiro comigo? Porque é que me tinha enganado? Porque é que me fez acreditar que poderia gostar de mim se não o fazia? O Harry tinha razão, o Marcel podia chegar a surpreender. Mas esta não era uma maneira agradável de surpreender alguém. Doía-me pensar que quem eu achava que era boa pessoa era afinal um imbecil.

-Quem é que chegou? - perguntou Harry saindo da cozinha com um pote enorme de iogurte de cereja e três colheres.

-O Marcel. - respondeu a irmã dele e ele franziu a testa.

-Ah... Estava bem? - perguntou. - No ginásio foi-se embora a correr sem dizer nada e deixou-me lá sozinho.

-Estava bem acompanhado. - disse Gemma e o Harry olhou para mim, mas eu não olhei para ele, não queria que ele visse a minha cara de parva decepcionada.

-Quê?- disse um pouco confuso mas depois sentou-se ao meu lado e deu-me uma colher. Peguei nela e no pote de iogurte também. 

-Paola, chama-se Paola. Até parece mentira, nunca pensei que o Marcel fosse o primeiro a trazer uma rapariga cá para casa. - disse Gemma emocionada, claramente sem se aperceber do quanto me magoava com essas palavras. Perfurava-me por dentro cada vez que nomeava o Marcel ou a Paola. E sim, a vontade de chorar por me sentir tão estúpida não se ia embora. Mas não o faria, recusava-me.

-Ah, pois, não sei. - respondeu o Harry friamente, claramente apercebendo-se de como a situação me afetava e de como ele se incomodava por eu estar assim pelo Marcel.

A Gemma franziu a testa e depois olhou para o telemóvel.

-Tenho que ir embora. - disse levantando-se com um sorriso. - O meu namorado chama-me. Já agora, amanhã não venho. Portem-se bem. Não quero que nada se queime outra vez. Ficas de vigia, Bella. - disse ela animada, fazendo com que eu esboçasse um sorriso. - Harry, as mãos longe dela. - disse com tom de mãe.

O Harry elevou as mãos.

-As minhas mãos estão atadas ao ar e não as posso aproximar. - disse ele convencido. Olhei para ele com uma sobrancelha elevada e a Gemma fez o mesmo.

-Essa é uma maneira muito estranha de dizeres que não a vais tocar, mas serve. - disse a sua irmã satisfeita e saiu da sala de jantar. - Adeus! Que corra tudo bem. - disse desaparecendo pelo corredor. Harry e eu ficámos calados até que ouvimos a porta da entrada fechar-se.

Harry suspirou e automaticamente abraçou-me, apoiando a sua cabeça no meu ombro.

-Não eram as tuas mãos que estavam atadas ao ar e que não as podias aproximar? - disse olhando para ele enquanto elevava uma sobrancelha. Ele sorriu de modo brincalhão.

-Era mentira. - disse como se fosse uma criança,  fazendo com que eu sorrisse um pouco. Porém, não conseguia, não com o Marcel e a Paola juntos fechados no quarto e ela com uma mala. - Ei, ei. Que se passa, amor? - disse ele ao ver que a minha expressão se escurecia.

Neguei com a cabeça e levei a colher com iogurte à minha boca. Ele separou-se um pouco de mim, mas sem me soltar, e olhou fixamente para mim. Porém, eu não conseguia tirar o olhar da colher que estava dentro do pote.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora