- Não gosto disso.- disse Marcel indignado enquanto cruzava os braços.
- Como assim não gostas?- disse Harry.- Isto é algo que eu vestiria.
- Por isso mesmo.- disse Marcel.
Ri-me e agarrei numa camisa aos quadrados vermelha, olhei para o Marcel e na verdade combinava bastante com o estilo dele, e não era algo que um avô vestiria. Ainda me sentia incomoda ao pé dele, e era esquisito, porém, apontei para a camisa.
- Olha esta.- disse e ele olhou para mim, pouco convencido.- Esta camisa é adequada ao teu estilo e não é nada antiquada e feia.
O Harry olhou para mim, satisfeito.
- Ele leva essa.- disse Harry.
- Nem me vais perguntar se a quero levar?- bufou Marcel e o Edward bateu-lhe na parte de trás do pescoço.
- Pára de resmungar foda-se, és pior que eu.- disse Edward que trazia consigo um montão de roupa.
Nós já tínhamos ido a 4 lojas e, contra a nossa vontade e as nossas insistências, o Marcel não parecia querer mudar de opinião acerca de mudar o seu visual. Para ele, isto era mais um ataque à sua personalidade, mas nós estávamos decididos a mudar-lhe o visual e, de uma maneira ou doutra, íamos conseguir com que ele se sentisse bem ao ver-se ao espelho sem parecer que tinha viajado até aos anos 50.
Tínhamos esperança que ele ficasse satisfeito ao ver o seu reflexo no espelho com a sua roupa nova.
- Se não me andassem a tentar mudar eu já não me queixava.- disse Marcel. Oh meu Deus, ele quando quer é mesmo teimoso.
O Harry negou com a cabeça e continuou a procurar algo que o irmão pudesse gostar, enquanto eu fazia o mesmo. O Edward começou a mostrar-lhe tudo o que tinha trazido e o Marcel parecia estar a detestar tudo.
- Parece que me meti no teu armário.- disse o Marcel ao Edward e eu aproximei-me deles para ver o que o Edward tinha trazido.
- Marcel, eu não visto estas coisas.- disse Edward, óbvio.
- Ele tem razão.- disse e peguei num casaco que o Edward tinha na mão.- Este é muito giro. Veste-o.
Dei o casaco ao Marcel e este pegou nele, sem vontade nenhuma. Vestiu-o e cruzou os braços, impedindo que nós víssemos bem como lhe ficava.
- Não faças isso.- disse.- Anda.- Agarrei-lhe na mão e ele olhou para mim, incomodado. Eu também estava um bocado incomodada, mas não ia deixar que aquele beijo acabasse com a nossa amizade, por isso estava a comportar -me como se nada tivesse acontecido.
Procurei um espelho e fiz com que ele se visse. Permaneceu parado e observou-se franzindo a testa, mas depois um pequeno sorriso apareceu no seu rosto.
- Não gosto.- mentiu.
- Estás a mentir. Esse sorrisinho denuncia-te. Tu gostas.- disse e ele baixou a cabeça, rindo-se. Meu Deus, ele é tão lindo.
- Não.
- Mentira.- disse e revirei os olhos.- Fica-te muito bem.
-Ok, sim, é verdade. - disse ele revirando os olhos. - Vou levá-lo.
-Finalmente ! - exclamei eu feliz e o Harry aproximou-se de nós.
- Que casaco fixe.- disse Harry e apontou para umas calças.- Gostas?
Marcel assentiu, desistindo. No final, acabámos por levar mais de metade da loja. Fomos a muitas e chegámos a casa com um montão de sacos. O Marcel não ficou muito contente com algumas coisas mas, na verdade, ele nem sequer chegou a experimentar nada. Ele não quis. A única coisa que ele experimentou foi o casaco que o Edward tinha encontrado. O Marcel conseguia ser muito teimoso, como o Harry e o Edward. Esta era uma das características que os três tinham em comum.
Deixámos os sacos todos na cozinha e o Harry começou a tirar tudo de dentro deles. Começou a olhar para tudo o que tinha tirado, sem se importar em deixar tudo espalhado pelo chão.
Agarrou numa camisa aos quadrados azuis e numas calças pretas que traziam uns suspensórios.
-Veste isto e sai. - disse satisfeito e atirou-se para o sofá. Olhou para mim. - Senta-te amor, vai começar o Fashion Show do Marcel.
O Edward também se sentou no sofá e eu imitei-os, rindo-me.
-Isto vai ser interessante. - disse Edward.
O Marcel fez uma cara do tipo "Podiam ir à merda e não voltar, porque não ia ter saudades vossas" e agarrou na roupa. Antes de entrar na casa de banho, levantou o dedo do meio na nossa direção. Os outros dois devolveram o gesto e eu neguei com a cabeça. Homens.
Sentei-me entre o Edward e o Harry, já que era o único lugar livre. O Harry começou a passar a sua mão pelo meu ombro e aproximou-me dele, enquanto o Edward nem sequer olhou para mim, só se deu ao trabalho de se mover para o lado contrário como se eu tivesse uma doença contagiosa. Idiota. Minutos mais tarde, o Marcel saiu da casa de banho com a roupa que nós lhe demos.
- Wow.- disse Harry.
Olhei o Marcel de cima a baixo e, meu Deus, agora parecia o Deus do sexo . As calças eram um pouco mais justas do que as que ele costumava usar, fazendo com que se marcassem as suas perfeitas pernas. Tinha umas pernas melhores que as minhas. A camisa era um pouco larga, mas nada exagerado, e com os suspensórios ficava incrivelmente sexy.
- Meu Deus, agora pareces uma pessoa normal.- disse Edward e o Marcel lançou-lhe um olhar ameaçador.
- Vou tomar isso como um elogio.- disse o seu irmão.
Eu estava enfeitiçada e o Harry deu-me uma cotovelada.
- E tu, sai desse transe .- disse Harry chateado enquanto Marcel corava. Mas é que ele está mesmo lindo.
- Estás mesmo bem, Marcel.- disse e ele assentiu com a cabeça. Olhei para ele outra vez e, para ser realista, o cabelo dele era a única coisa que não estava normal. Levantei-me e aproximei-me dele.- O teu cabelo continua um bocado esquisito.- ele franziu a testa e eu sorri, aproximando-me do cabelo dele.- Posso?- disse e ele assentiu, corado.
É mesmo adorável.
Coloquei as minhas mãos no cabelo dele e mantive o penteado que caracterizava o Marcel. Deixei o cabelo puxado para trás, mas um pouco para o lado. Ele tinha o risco ao lado, por isso, no lado onde ele tinha menos cabelo, despenteei-o e fiz o mesmo com o cabelo da parte de trás, mas deixei-o um pouco firme e esticado na parte onde tinha um remoinho de cabelo.
Ele olhou fixamente para mim e eu senti as minhas pernas a fraquejarem. Ele é exatamente igual ao Harry. Eu sinto exatamente o mesmo quando o Harry olha para mim. Como é que isto pode ser tão confuso? Ele entreabriu os lábios e senti o impulso de o beijar, mas nem maluca o faria. Se eu fizesse isso aqui, ia começar uma guerra com o Harry. Ouvi eles a aclararem a garganta várias vezes nas nossas costas e afastei-me do Marcel.
- Já está, ahm...vou buscar um espelho.- disse e fui a correr à procura de um espelho.
Subi até ao meu quarto com o meu coração na garganta e peguei num espelho que tinha na gaveta ao lado do meu armário. Desci as escadas a correr e os rapazes estavam todos calados, cada um no seu mundo. Aproximei-me do Marcel e dei-lhe o espelho. Ele observou-se e sorriu, satisfeito.
- Gosto.- disse ele e eu sorri.
- Eu sabia.
Harry
- Gostas?- perguntei ao Marcel quando a Bella foi buscar o espelho a correr.
- Do quê?- disse ele.
- Dela.- esclareci.
Ele baixou o olhar, nervoso. Eu sabia, eu sabia que ele tinha alguma coisa com ela. Ninguém me tinha dito nada, mas eu já sabia. Se calhar era o sexto sentido de trigémeo.
- Não.
- És tão mentiroso.- disse Edward, rindo-se.
- Tens alguma coisa com ela?- perguntei-lhe com a intenção de, se ele dissesse que sim, o matar aqui mesmo.
- Não.
- Estás a mentir.- disse Edward, rindo-se da situação.
- Pára de te meter, Edward.- disse-lhe e depois olhei para o Marcel.- Nem sequer lhe toques. Ela é minha. Percebido?- Marcel assentiu.- Se eu sei que lhe tocaste, mato-te.
Marcel assentiu e depois chegou a Bella. Calámo-nos e agimos como se nada tivesse acontecido. Enquanto ela e o Marcel falavam, eu olhei para eles. Na verdade, isto de ela ser tão amável com o Marcel chateava-me muito.
Ela é doce com ele e comigo não. Eu também posso ter culpa mas, por alguma razão, eu sentia-me atraído por ela, e acreditava que até podia chegar ser algo mais do que isso. Eu queria-a para mim, queria que aqueles sorrisos amáveis fossem para mim, não para o Marcel, e que ela me abraçasse sem eu pedir como faz com o meu irmão. Cruzei os braços e não disse mais nada.
***
- Olha, como é que isto se dobra?- disse Edward, pegando numa camisa branca. Revirei os olhos e dobrei-a.
Eu e o Edward estávamos a arrumar a roupa nova do Marcel no armário, já que a Bella nos tinha obrigado.
-Harry, pareces uma dona de casa. - disse Edward, que estava sentado na cama. Lancei-lhe um olhar ameaçador.
-Não sou criado de ninguém. - disse. Ele deitou-se na cama e eu atirei-lhe o casaco. - Ajuda-me.
Ele olhou para mim, sem paciência.
- Nem penses
- Não te cansas de chatear? - disse e ele sorriu maliciosamente.
-Não, isso nunca.- bufei e continuei a arrumar as coisas. Não tinha vontade de perder tempo com isto. Precisava de descontrair e chamei a Stacy, ela ia chegar daqui a nada.
Edward levantou-se, abriu a parte do armário onde estavam os cabides e pendurou o casaco.
- Harry...Está aqui alguma coisa dentro.- disse ele e eu franzi a testa.
- O que foi?- disse e ele apontou para dentro do armário enquanto eu me aproximava.
- Olha ali para o fundo.- disse e apontou para a esquina do armário.
- Não está aí nada.- disse, aproximando-me.
- Está sim.- disse ele e empurrou-me, fazendo-me cair para dentro do armário e fechou a porta com um estrondo.- Está um otário chamado Harry Styles.- ouvi e ele começou a rir-se bastante.
- EDWARD, ABRE A PORTA DO ARMÁRIO.- disse. O Edward devia ter fechado mesmo bem o armário porque não havia maneira de eu o conseguir abrir.- Edward!
- Ficas aí, sedutorzito.- disse Edward rindo-se .Ouvi os passos dele e a porta do quarto a fechar-se.
- EDWARD, EU VOU-TE MATAR.- gritei , dando pontapés ao armário.
Desisti, sentei-me e estive um bocado a pensar. Foda-se, a Stacy vai chegar e eu aqui, fechado num armário. Passado um bocado, ouvi uns passos. O Marcel e a Bella.
-Podes parar de estar assim? - ouvi a Bella.
- Ok, vou tentar.- disse Marcel.
- É melhor esqueceres. Não aconteceu nada.- disse ela e eu franzi a testa. Do que é que eles estão a falar?
-Aconteceu sim. - disse Marcel. - Foi um erro, e agora, sabes, isto..
- Gostaste?- perguntou Bella e eu senti como se fogo estivesse a percorrer as minhas veias. Eles fizeram sexo?
- Sim.- respondeu Marcel.
- Ainda bem.
- Desculpa, não devia ter feito aquilo.- disse Marcel.
- Não te desculpes. Não fizeste nada de mal. - disse ela.
- Mas eu beijei-te e...eu...ahm...não sei, olha, esquece o que aconteceu.- disse Marcel.
O QUÊ?! Aquele cabrão tocou-lhe. Tinha vontade de o estrangular.
- Eu também me aproximei de ti.- disse ela e senti como se estivesse a ficar sem ar.
Ela beijou-o por vontade própria? Isto está a doer-me, porque a mim nunca teve a iniciativa de me beijar.
- Mas é melhor esquecermos isto e que não se volte a repetir.- disse ela.
- É melhor.- disse ele . Ouvi alguém a abandonar o quarto e outra pessoa a sentar-se na cama, suspirando. Esse era o Marcel.
Na verdade, isto tinha sido como um murro. Eu não tinha nada com ela e ela pode beijar quem quiser, mas isso não quer dizer que não me doa. Isto nunca me tinha acontecido. Eu nunca senti nada por ninguém, nunca me apaixonei, não sabia o que isso era. Nunca senti ciúmes... Será que ciúmes são parecidos a esta sensação de fogo a percorrer todo o meu corpo com uma fúria incontrolável?