O Garoto do Diário [ REVISADO]

By EdinhoT

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Minha vida nunca foi uma daquelas que digamos "melhor de todas." Apesar de já ter passado por muitas coisas a... More

Sinopse
Prólogo
Eles têm nojo de mim
Voltando às aulas
Descoberta
Uns dias fora de casa
Best Friends
Carta Part. 1
Carta Part. 2
Sem medo
E&G
Um pouco dele...
...
A Resposta
Minha Infância à Adolescência
Dias bons
Sexta - Feira
Vou esquecê-lo de vez
Só queria ouvir dizer que sim
"Insuportável"
Semana Agitada
Será que é sim?
A Resposta é NÃO
Dia Chuvoso
Revelação/ Superando/
Fim de semana...
Um pouco de mim...
Estou de "mal" com ele
Meu "infeliz" aniversário!
Nota
Surpresa!/Meu feliz aniversário
Dias legais
Quando é que eles vão parar?
Será que ele está apaixonado também?
Manhã louca/ Eu te amo
Sábado
Até quando?
Algum dia vai melhorar? Espero que sim
Todos nós vencemos o mundo!
Quero esquecê-lo de vez
Por que não consigo esquecê-lo? Será que há alguma chance?
Ainda há esperança!
Eu te amo tanto!
Um dia não tão ruim/ Agora esqueço ele
"Segredos"/ Esquecendo/ Feliz/ Briga/ Tédio
Estou muito Feliz!
Eu não consigo esquecê-lo
Nunca esquecerei de você meu amigo!
Alguns acontecimentos daqui do interior...
Quinta Feira
Amuleto/ Eu quero sempre mais
Apenas Um Sonho /Estou Apaixonado!
Dia sem aula
Amigos Para Sempre
Os amigos que tenho...
Segunda Feira
Sem falar com ele
Sonho
Voltamos ao normal
Nossa amizade está pelo um tris
Fim da amizade?
Tudo ficará guardado para sempre na minha memória
Dias passageiros...
A minha vida não está boa/ Está foda pra CARALHO!
Fim da minha história com Gustavo!
My Playlist
NOVO CICLO
Festa Junina/ Arraial
Um outro cara!
Talvez nos encontremos
Dias de prova/ Férias Chegando
Sign of the times
De Volta às Aulas
Minha primeira festa!
Não penso mais nele
Terça Feira
Parabéns Rafaela!
Acreditar
Verão
Pra onde tenha sol
Minha segunda festa!
Ainda estou aqui
Alguns dias aí...!
Tá chegando minha viagem
Enfim, chegou o dia
Minha Viagem Part I
Minha Viagem Part II
Minha Viagem Part III
Minha Viagem Part IV
Minha Viagem Part V
Minha Viagem Part VI
Ele está namorando?
Mais um dia
Eita!
Dia louco
Dia triste
Um fim de semana inteiro na Capital com minha prima
Chegando ao fim...
Último dia de aula
Primeiro dia de prova/ Clima tenso
Última semana/ Apreensivo
Última semana/ Fim das provas
Pela Última Vez!
Ainda estou vivo/ AVISO

Epílogo

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By EdinhoT


Sábado, 02 de Março de 2019

Querida Kitty,
Nos últimos dois meses eu estava resolvendo minha vida. Se você soubesse... minha vida mudou muito, Kitty, desde o início do ano. Voltei aqui porque eu queria que você soubesse como eu estou. Era pra eu ter te contato essa minha nova vida há muito tempo... mas agora não temos tempo para explicação. Agora eu quero te contar tudo. Mas pra isso temos que voltar ao tempo. Tenho que voltar ao meu último dia na escola, voltar quando cheguei em casa...

Ah, quando eu cheguei em casa era uma alegria só. Não havia ninguém em casa. Fiquei vestido com a farda mesmo, e fui contar a novidade pro povo. O meu olho brilhava por aquilo. Era muito gratificante. No dia seguinte, quando acordei por volta do meio dia, uma angústia de saudade me consumiu por inteiro. Acho que nunca tinha sentido aquilo antes. Não sei explicar exatamente, mas era como se algo tivesse tirado de mim. E realmente agora havia sido arrancado de mim. Domingo, o dia seguinte, minha amiga- se é que posso dizer assim- chegou no interior. Falei um pouco dela aqui no início do ano passado. Quando vi ela, até me espantei. Era noite. E eu estava muito mal, Kitty. Ela tinha vindo morar com o marido dela. Botamos o papo em dia. Afinal, tinha ganhado uma amiga de volta.

Dias se passaram. E em 20 de Dezembro do ano passado, minha prima chegaria da Capital. Ela veio. Fiquei muito feliz. A minha felicidade só estaria começando. Um dia antes de ela ter chegado, eu tinha ido num baile da gaiola com minha amiga que havia chegado e nesse dia foi louco, acordei tarde no dia posterior. E quando vi minha prima eu fiquei super contente. Nesse mesmo dia, 20 de Dezembro, iria sair o resultado do vestibular. Fiz a prova da primeira fase e passei. E com isso fui fazer a segunda. E nesse dia sairia o resultado. Fiquei ansioso. Muito ansioso. Afinal, essa seria uma porta para mim. Sair definitivamente do interior era a minha intenção. Pois bem, no final da tarde o resultado enfim saiu. E para a minha tristeza não fui aprovado. Tentei não ficar triste. Nesse meio tempo de antes sair o resultado e depois, conversava com minha amiga Rafaela pelo Whatsapp. Nós estávamos super ansiosos. Acabamos que nenhum de nós passamos. Mas uma amiga da nossa sala passou. Ramila o nome dela. Rafaela disse que esperava que não ia passar. Disse isso também pra ela.

Eu não conseguir responder as questões discursivas da prova, apenas fiz a redação. Era de se esperar. Acabei me tocando que minha primeira chance de conseguir ir embora havia fracassado, portanto eu teria que driblar meus pais pra conseguir falar pra eles que eu queria ir embora, ser independente.

Como eu já havia falado aqui antes, Rafaela já sabia do meu diário e nos últimos dias na escola eu acabei falando pra Gustavo de um suposto diário. Depois do fim das aulas, Rafaela começou a ler. Ela disse que tava adorando. Da forma como eu falava de tudo. Ela tava muito impressionada. Depois de alguns dias depois disso, exatamente no dia 20 de Dezembro, o dia que minha prima havia chegado com o marido dela, o dia do resultado do vestibular, aconteceu uma coisa que eu jamais pensei que pudesse acontecer um dia. Mas acabou acontecendo. E aconteceu. Eu não sei se consigo contar isso para você, Kitty, mas eu preciso, você tem que saber.

Gustavo conversou comigo nesse mesmo dia. Ele sentiu muito por eu não ter passado no vestibular. A gente ficou jogando o papo. Ele tocou no assunto do diário. Ele disse que havia baixado o Watpad. E queria o nome do meu diário ou o link. Eu disse pra ele que não. Pra ele esquecer isso. Ele ficou insistindo. Disse mais ou menos assim "dar logo isso, não vai fazer diferença". Eu continuei a dizer não. Eu sabia que ele não poderia ler isso. Mas não sei, de alguma forma ele conseguiu. Mandou print da tela do meu diário. Perguntei a ele como ele havia conseguido. Mas ele não falou. Pensei comigo "com certeza foi com, Rafaela". Não me tratei de saber mais. Não havia mais volta. Isso era mais ou menos 16hs da tarde. Sair do celular. Fui pra casa da minha vó. Minha prima estava lá.

Instantes depois, se não me falho a memória, por volta das 18hs da noite voltei a ver meu Whatsapp. E vir. Nunca pensei que aquelas horríveis palavras seria escrita pelo meu amigo. Mas eu estava vendo. O perfil dele estava em branco. Consequentemente eu havia sido bloqueado. E "milhões" de mensagens dele. Eu não tenho mais essas mensagens aqui no meu celular. E mesmo que tivesse não botaria aqui. São muito fortes. Para mim foi. Pra você ter uma ideia das coisas que ele escreveu; "você é um psicopata" "por isso ninguém gosta de você" "tu precisa se tratar" "você é louco" "mesmo que eu fosse gay, eu nunca que ficaria com você". Você não entende o baque que eu levei. Eu me deitei ao mesmo tempo. Ficava lendo e relendo aquelas palavras. Aquele não era Gustavo. Ele não era o Gustavo. Eu não conseguia acreditar. Ele havia me bloqueado. Não me deu tempo para explicar nada. Absolutamente nada. Era o fim da minha amizade com o Gustavo e qualquer laço que houvesse ter!!!!!!! 

Eu me pego às vezes pensando nesse dia. Eu só conseguia ficar parado. Imóvel. Gustavo leu isso aqui, e de alguma forma não gostou nenhum pouco. "Ai como eu fui burro. Por que fui falar que existia algum diário"? Mas não era hora de se lamentar. Já havia acontecido. Desde esse dia, 20 de Dezembro, nunca mais soube nada do Gustavo. Se ele está bem ou mal, eu não sei de nada.

Alguns dias após isso, passou uma propaganda da Vivo na Televisão. Era um cover de uma música. O marido da minha prima falou que o nome da cantora era Roxette. A música era realmente linda. Fui no YouTube e achei. A música era realmente dela. E o nome da música era Spending My Time. Achei outras dela. Mas uma me fez abrir uma ferida. O batuque da guitarra que dar início a música me fez estremecer. It Must Have Been Love tem suas primeiras notas cantadas. 

 It must have been love but it's over now.

Deve Ter Sido Amor, mas agora acabou!

Lay a whisper on my pillow.

Deixe um suspiro no meu travesseiro

Leave the winter on the ground.

Deixe o inverno para trás

I wake up lonely, there's air of silence.

Eu acordo sozinho, existe um ar de silêncio

In the bedroom and all around (and all around)

Na cama, por todo lado (por todo lado)

Touch me now, I close my eyes
And dream away.

Toque-me agora, eu fecho meus olhos
E fico sonhando

It must have been love but it's over now.

Deve ter sido amor, mas agora acabou

It must have been good but I lost it somehow.

Deve ter sido bom, mas de alguma forma eu o perdi

It must have been love but it's over now

Deve ter sido amor, mas agora acabou

From the moment we touched 'til the time had run out.

Desde o momento que nos tocamos até nos separarmos

Make-believing we're together.

Faça-me acreditar que estamos juntos .

That I'm sheltered by your heart

Que estou amparado em seu coração

But in and outside I've turned to water.

Mas por dentro e por fora, eu me tornei água

Like a teardrop in your palm.

Como uma lágrima na sua palma da mão

And it's a hard winter's day
I dream away

E isso é um duro dia de inverno
Eu sonho

It must have been love but it's over now

Deve ter sido amor, mas agora acabou

(It must have been love but it's over now)

(Deve ter sido amor, mas agora acabou)

It was all that I wanted, now I'm living with

Era tudo que eu queria, agora estou vivendo sem você

It must have been love but it's over

Deve ter sido amor, mas agora acabou

(It must have been love, the winds blows)

(Deve ter sido amor, o vento sopra)

It's where the water floflui

É onde a água flui

It's where the wind blows

É onde o vento sopra

Ohh!

(It must have been love but it's over now)

(Deve ter sido amor, mas agora acabou)

Fiquei mal por vários dias. Eu não conseguia parar de pensar nele. No que aconteceu. No que eu fiz. No que a gente viveu. No que eu sentir. No que eu estava sentindo. Eu havia acabado com tudo. A minha amizade com Gustavo havia acabado. Todo laço entre a gente tinha posto um fim.

A véspera de Natal havia chegado. A minha família, parte da minha mãe, se reuniu para comemorar uma data tão especial.

Os dias que se sucederam o natal e antecederam o ano novo sofri preconceito por parte da minha vó materna. Ela reclamava do meu jeito de sorrir e falar, e que eu tinha que falar de um "jeito mais homem". Eu não sei porque minha vó estava implicando tanto com isso. Eu sei disfarçar muito bem isso. Mas ora o outra minha prima me defendia. Ela sabe que sou gay. E saia em minha defesa. E momentos que estávamos sozinhos, falei pra ela como seria se minha família soubesse que sou gay. Seria muito trágico. Mas agora, neste momento que estou escrevendo isso para você, estou decidido a contar tudo pra eles. Vai demorar mais alguns dias. Mas estou trabalhando com isso até esse dia chegar. Eu sei que vai ser um choque muito grande. Mas eu irei contar. Ainda não sei como e onde vai ser isso...

Havia chegado a véspera do ano novo. O fatídico dia chegara. 31 de Dezembro de 2018, um dia tão esperado por mim, e acho que para todos. Fiz planos para o ano seguinte. Eu não iria deixar de ser feliz. 2019 teria que ser diferente.

Kitty, eu ainda continuei sofrendo. Você não imagina. Eu não sei o que eu tinha que fazer. Acho que nada podia ser feito naquele momento. Era 03 de janeiro. E eu estava mais que decidido. "Vou mudar minha vida. Preciso sair daqui. Eu não suporto mais". Já havia combinado com minha prima. Eu iria pra casa dela. Eu iria ficar um mês na casa dela. E depois eu tocaria minha vida pra frente. Mas havia um problema nesse caminho que eu queria trilhar: meus pais, e consequentemente, minha família. Eu fiz planos. Eu não sabia como contar. Eu tinha que contar. Mas não tinha coragem. Mas enfim falei. Falei pra minha mãe. E 4 dias antes de eu ir embora minha mãe contou pro meu pai. Você nem imagina, Kitty. Meu pai me infernizou com isso. Falou: como eu ia morar aqui? Cidade grande não é igual onde eu morava. Ele me enchia de perguntas. Eu estava coagido. Mas minha mãe estava ali pra me apoiar. Enfim falei: eu não consigo mais morar aqui, entende. Agora você pode imaginar milhares de coisas que aconteceram dias posteriores àquele  dia. Mas eu estava firme na minha decisão. Eu tinha algo que me reforçava: eu tinha feito a prova do enem 2018 e prometi que iria conseguir uma bolsa na faculdade. Ele usou isso contra mim, sabia. O resultado do enem só sairia 15 dias depois daquele dia. Ele queria que eu esperasse esses dias todos. Mas eu tava firme no que já havia falado. Eu não ia esperar 15 dias, eu não queria mais esperar nenhum dia. Eu tinha que ir. O medo era muito grande.

Um dia antes, um domingo, ( dia 07 de janeiro, era minha viagem) aconteceram várias coisas. Esse dia minha vó e minha tia- mãe e irmã do meu pai- estavam passando o fim de semana lá em casa. E acreditem, foi um fim de semana de muita chuva. E elas tiveram que ficar mas um dia. Mas voltando, um dia antes da minha partida, meu pai discutiu com minha mãe. Eu ouvi o que ele disse e até hoje ainda lembro das palavras que ele falou: "eu não aceito isso, eu não aceito". Fiquei com medo. Mas eu disse para mim mesmo: enfrentarei quem quer que for e com isso me mantive forte em minha decisão.

Tudo parecia que iria dar errado. Minha bisavó me chamou de ingrato e de desgosto. Porque tava abandonando minha família. Aquilo já estava me enchendo. Minha bisavó, mesmo tendo 85 anos, ainda jogou "veneno" pra dar tudo errado. Mas claro, me mantive forte como sempre.

Kitty, não me julgue, por favor! Eu tive que passar por cima de todos eles, a única a me ajudar foi minha mãe. Nem amigos e nem ninguém estava ali pra me apoiar. Mas com a minha fé em Deus, eu fui muito forte.

O dia seguinte chegou. 07 de janeiro de 2019, segunda feira, nunca esquecerei esse dia. Kitty, foi uma alegria e tanto. Na minha última noite em casa chorei muito lembrando-me de tudo que eu havia passado em minha vida, e que finalmente eu estava deixando tudo aquilo para trás. E seguindo um caminho para a minha felicidade.

Foi uma despedida e tanto no dia da minha viagem. Meu pai não falou comigo, você acredita!? Ele não falou, Kitty. Não me desejou felicidade. Não disse nada. Mas não abaixei a cabeça. Eu não iria desistir. E não desistir. Despedir-me da minha mãe. Irmãos. Minha bisavó. E da vizinha que tava lá em casa. Desejaram-me de tudo de bom e que era pra eu tomar cuidado, coisas típicas de família. Entrei no carro. Minha prima e o marido dela também. Dei adeus. Dei adeus a minha família. Dei adeus a tudo. A todo o sofrimento que fui obrigado a viver. Não fiz questões de me despedir de ninguém. Pessoas falsas como aquelas não mereciam meu cumprimento de mãos. Por isso não me despedir. O carro começou a andar. Se você escutar Walk The Moon de Surrender terá uma noção do que eu estava sentindo naquele momento. Enfim, não vi mais ninguém. Ficaram longe da minha vista. Enfim uma nova vida estaria começando a partir daquele dia.

Edson Tinoco, 17 anos, solteiro, signo áries; indo de encontro a independência. Kitty, eu não consigo descrever a minha felicidade nesse dia. Passamos um dia na casa da minha tia e do meu tio. Lá era um sítio. Bem legal de se viver. Mas para mim não. 

No dia seguinte partimos. Enfim, eu estava realmente indo para capital. Imaginei tudo. Tudo. Como seria minha nova vida. O que eu iria fazer, o que eu tinha que fazer. Lembrei de tudo. Do meu ensino médio. Dos meus amigos. Dele. Gustavo. Durante a viagem de mais ou menos 3h30 até a capital. Escutei quase que sucessivamente a música Moss I Apologise.

I miss the life time of insanity

"Sinto falta da vida dos tempos de insanidade"

It's too predictable, reorganised and all-right

"Isso é tão previsível, reorganizada e correto"

I'l give my poetry to charity

"Eu darei minha poesia para a caridade"

'Cause I can't afford, I can't afford to smile

"Porque eu não posso bancar, eu não me dou o luxo de sorrir"

Because we never changed a lot my dear

"Porque nós nunca mudamos o bastante, meu querido"

In too much space we hide

"Em tantos espaços que nos escondemos"

In both ways I apologize

"De todos os modos, peço desculpa"

I'm on my way to infinity

"Eu estou no meu caminho para o infinito"

Take the benefit of all the things I learned

"Aproveitando o benefício de todas as coisas que eu aprendi"

I tie a few knots in my handkerchief

"Eu vou dar alguns nós no meu lenço"

So I recall the things that I have earned

"Então, eu me recordo das coisas que eu ganhei"

I rest in peace and write you my dear

"Eu descanso em paz e escrevo a você meu querido"

You're gonna be all-right

"Você vai ficar bem"

In both ways I apologize

"De todos as formas, peço desculpa"

Because we never changed the locks my dear

"Porque nós nunca mudamos as fechaduras, meu querido"

In too much space we hide

"Em tantos espaços que nos escondemos"

In both ways I apologize

"De todos as formas, peço desculpa"

What once was real becomes a memory

"O que antes era real se tornará uma memória"

We have to face that all life comes to an end

"Temos que encarar que toda vida chega a um fim"

I truly loved you when you thought of me

"Eu realmente te amava quando você pensava em mim"

At the time when you gathered with my friends

"Na época em que você se juntou aos meus amigos"

I rest in peace and write you my dear

"Eu descanso em paz e escrevo a você meu querido"

You're gonna be all-right

"Você vai ficar bem"

In two words I apologize

"Em duas palavras, peço desculpas"

Chegamos era por volta das 17hs da tarde. Era 8 de janeiro de 2019. E minha vida estaria se desenhando a partir daquela data. Dias se passaram e a convivência na casa da minha prima era a das melhores. Dia 18, uma sexta feira, saiu a nota do Enem. A minha nota não foi muito agradável. Mas se comparada a dos meus amigos a minha era uma das melhores. Fiquei apenas atrás de Catarina. Na semana seguinte começava o Sisu. Nesse mesmo fim de semana minha prima e eu fomos pra praia. Saímos super cedo de casa. Eram 7hs da manhã. Chegamos lá umas 9hs. Passamos o dia todo. Chegamos em casa era quase noite. E uma chuva forte 
caiu. Só para reforçar, minha convivência com a minha prima e o marido dela era uma das melhores. Nesse mesmo dia da praia, eu fiz uma pesquisa no google. Nessa busca procurei casas pra alugar. Afinal, eu não iria ficar na casa da minha prima para sempre.

21 de janeiro, o fim do mês se aproximava. Eu estava sem amigos. Ainda estou sem amigos. Eu não me conformava com isso. Tentei de várias formas tentar forçar uma amizade... 22 de janeiro me inscrevi no Sisu. Botei o curso de Administração, porque era o que eu queria. Dias depois, durante a inscrição, eu fiz a segunda opção, Ciências Sociais. Como eu tava falando anteriormente... eu tava sem amigos. E sabe o que eu fiz, Kitty, fiz amizade pela internet. E acredite, foi uma bosta. Me arrependi profundamente. O cara com quem eu batia papo me chamou pra ir na casa dele. Ia ter uma resenha na casa dele, aí fui. Fiquei muito nervoso. Típico da minha personalidade. O nome dele é Pedro. E ele foi me buscar na parada. De longe já se ouvia o barulho do som. Ele me levou pra dentro de casa. Joguei minha mochila em cima da mesa. Ele me convidou pra dormir lá, e eu aceitei. Mas como fui burro. Eu nem o conhecia e aceitei isso. Pois bem, você acredita que momento algum ele puxou papo comigo? A única coisa que ele sabia falar comigo era me oferecer bebida. E claro aceitava. Era cerveja. E pela primeira vez eu gostei de cerveja. Tomei pra cacete naquele dia. Tinha dois amigos dele lá. Os dois consequentemente eram gays. Dava pra ver na cara, o nível de viado dos dois. Um deles me cumprimentou, falei meu nome e ele o dele. Não lembro mais o nome dele. Ah, lembrei, João Vitor. Então, ele tava sentado ao meu lado. Mas não conversávamos. A gente nem se conhecia. Nem tinha essa intimidade toda. E eu não conseguia puxar assunto. Chegou um amigo do Pedro. Não sei quem era. Nem de onde tinha saído, afinal, o Pedro não me apresentou. Só tava lá bebendo com a gente. Então, esse desconhecido, mais o João Vitor na mesa e eu na mesa tomando cerveja. E o Pedro. Não sei. O cara não se sentava hora nenhuma pra conversar comigo. Pra me conhecer. E nem de onde eu havia saído. E eu tava ali com um copo de cerveja na mão tentando entender o que eu havia feito. Minha mochila estava jogada em cima da mesa junto das bebidas, ele nem se importara de guardar em outro lugar. Mas que burro que eu sou. Peguei meu celular pra sair daquele transe. Mandei mensagem pra minha amiga contando o que estava acontecendo. Eu disse pra ela que tava me sentindo sozinho. O João Vitor se levantou e passou a mão em mim. Eu me espantei. Tentei me esquivar, mas já não era mais tempo. Depois ele fez isso de novo, me levantei. E sair pra fora. Aquilo já tava me encomodando. Liguei pra minha amiga. Contei tudo. Disse pra ela que eu queria ir embora. Mas já tava tarde, disse, não adiantava. Liguei pra minha prima. Ela disse que havia saído. Então eu não podia retornar. Tive que ficar na casa do Pedro.

Intantes depois, João Vitor passou por mim. E ficou me segurando. Disse pra ele sair. Ele saiu. E me escondi. Fiquei detrás de umas plantas falando com minha amiga. Passei um tempo ali. Afinal, ninguém ali estava dando a mínima para mim. Depois de um tempo ali nas plantas, começaram a me procurar. Pedro saiu de um lado a outro me chamando, aí eu apareci. Mas não é nada. 

Ele tinha me convidado pra ir numa prévia de carnaval. Disse que ia. Depois minha amiga falou pra eu não ir. E acabei fazendo o contrário. Então, fiquei na varanda ali. Sozinho. O João veio. E começamos a conversar. Ele disse ter 32 anos. E disse que tenho 17. Ele era alto, mas da minha altura, cabelos lisos e a barba por fazer. Ele não era feio. Até que bonito. Mas ele não fazia meu tipo. Afinal, ele tinha 32 anos. Um cara muito velho pra mim. Tinha quase a idade do meu pai. E meu pai só tem 39 anos. Então não dava, pensei. Ele ficava passando a mão no meu pau. E dizia que queria chupar. Dizia que não. Ele insistia. Eu tirava a mão dele de lá. O João Vitor ficava chupando meu pescoço. Aquilo já era o limite. Eu o empurrava. E dizia que não. Ele perguntou: "não quer não?" e eu: "não". Ele então saiu e me deixou ali sozinho. Mas pensa que ele desistiu!? Desistiu não. Mas mais uma vez eu dizia não. Depois ficaram falando que eu e ele estávamos nos pegando. Fiquei puto de raiva com isso.

Eu tava decidido em não ir nessa tal prévia de carnaval. Mas acabei indo. João Vitor foi embora. O outro que não tinha falado comigo, também foi embora. Pedro e eu fomos à festa. Aquela noite seria minha decepção total.

Chegamos à festa. E Pedro nem sequer trocava palavras comigo. Na porta da entrada da festa ele falou com a amiga dele. E eu fiquei ali sem saber a minha reação. Em frente à festa tinha uma praça com uma quadra de esportes. A festa era fechada. Pedro comprou um ingresso pra mim e eu entrei. Nós entramos. Até que o negócio lá tava bom. Ele cumprimentou o seus amigos e eles me cumprimentaram também. Me ofeceram bebida. Era cerveja. Fui bebendo e bebendo. A festa tava rolando. Eu ficava no celular. Gravava as músicas que tocava no paredão e botava no status do whatsapp. E logo minha amiga Catarina mandou mensagem perguntando onde eu tava. Rafaela também. Uma outra amiga que mora aqui na capital também, falou pra eu não cheirar loló. Contei o meu desespero e o medo de tá ali pra Catarina. Afinal, eu tava com medo. Eu não conhecia ninguém ali. Peraí, cadê o Pedro. Pedro sumiu. Pedro sumia sempre. Me deixava ali sozinho. Onde eu tava? O que eu tava fazendo ali? No meio daquele povo estranho. E se acontecesse um tiroteio ali. Uma briga. Sei lá. O que eu iria fazer? 
Comecei a querer a chorar mas não chorei.

 Éramos 8 pessoas numa mesa bebendo. Uma foi logo embora quando cheguei, não sei porquê. Outro casal também foi uma hora depois. Pedro sumiu. O outro casal também foi embora instantes depois. Pedro voltou. Éramos 3 agora. Pedro e o amigo dele saem. Fico sozinho. Já eram mais de 23hs da noite. O DJ já anunciou o fim da festa. O que irei fazer agora? Mais uma música e a festa acabava. Pedro apareceu. A festa terminou. Saímos. Era hora de ir embora. Na verdade, não. Esse outro amigo do Pedro era super gente boa. Fomos pra casa dele. Me ofereceu droga. Mas não quis. Eles nem fumaram, porque a polícia estava fazendo ronda por ali. Só bebemos. Eu não tava mais aguentando beber. Fingia beber. O amigo dele perguntava onde eu tinha vindo e tentava me conhecer, diferente do Pedro. Comecei a falar sobre mim.

 O tempo ia passando... os pais do cara o chamava toda hora pra ir dormir. Afinal, já se passavam da 1 da madrugada. Pedro e eu fomos embora. Não de embora pra casa, fomos pra praça onde tinha um povo bebendo e dançando. E pela enéssima vez Pedro me deixava sozinho. 

Aquela noite foi uma bosta pra mim. Lembrar o dia 26 de janeiro, um sábado, é um tormento pra mim, afs.

Na hora de voltar pra casa- isso já era mais de 2horas da manhã- fomos uma multidão juntos. Tudo amigo do Pedro. Oh pessoinhas insuportáveis, nunca que queria ser amigo daquele povinho. Tudo chato. Não me identifiquei com nenhum.

Resumindo: Pedro pôs um colchão num quarto com ele e dormir lá. Eram 4h30 da manhã. Eu não queria dormir. Só queria que amanhecesse logo e botar o pé fora dali. E foi o que fiz. Amanheceu. Pedro tava dormindo na cama dele. Olhei pra ele, que dormia profundamente. Peguei minha mochila e desci as escadas. Lavei meu rosto. Abrir a porta. De frente a casa dele me posicionei, olhei pro segundo andar que era onde ele estava dormindo, levantei meus braços e mandei uma banana pra ele. Dei de ombros e nunca mais voltei a vê-lo.

Dia 28 saiu o resultado do Sisu. Eu conseguir. Eu passei. Não no curso que eu queria que era Administração, mas sim no curso de Ciências Sociais, minha segunda opção. Fiz minha matrícula. Foi uma loucura. Precisei de muitos documentos. Mas conseguir. 

Agora devo falar que minha convivência com minha prima já tava no nível 100% da paciência. Tinha dias que a gente nem se falava mais. Não era mais como nos primeiros dias. Eu já tava decidido a ir embora de lá. Não suportava mais isso. Falei isso pra ela. 

Minha mãe e bisavó veio no início do mês de Fevereiro pra São Luís resolver umas coisas delas. Ficaram 2 dias. E matei minha saudade. Principalmente do meu irmãozinho. Elas chegaram no dia que fui fazer minha matrícula na universidade. Sair de casa 11hs e só cheguei no início da noite. A universidade era super longe. Com muito nervosismo e medo, quase não conseguir realizar minha matrícula. Fiquei de pendência nos documentos. A moça me deu uma semana pra entregar dois documentos que faltavam: histórico e certificado. E com certeza conseguir. Me tornei um calouro.

Quando tava voltando pra casa, vi mensagens da minha prima no meu whatsapp. Ela dizia que o marido dela tinha falado da minha mudança, sobre eu ir morar sozinho. Minha mãe não concordou com isso. Mas ela nem comentou isso comigo depois. Ela foi embora dois dias depois com minha bisavó e meu irmão.

E foi naquela mesma semana que eu me mudei. Que fui morar sozinho. Foi no fim de semana daquela mesma semana. Dia 9 de fevereiro, sábado.

Minha prima e o marido dela me acompanharam até um certo caminho. No terminal de integração nos despedimos. Olhei pela porta que ainda estava aberta, eles. Acenaram para mim dando um adeus, e eu fiz o mesmo. Virei-me para janela e fiquei olhando para fora. "Agora sim". Uma lágrima saiu.

E é isso. Estou morando "sozinho". Não sozinho, né. Estou morando com um cara, ele é estudante. Aqui onde eu moro, é como se fosse uma república. Pois só abriga alunos. Pelo menos foi isso que vi no anúncio. Aqui é um apartamento. 

Ainda tô sem amigos. Aliás, tenho ele aqui de amigo. Mas a vida vai seguindo. 

Estou com muita raiva. Não vou poder curtir o carnaval. Hoje é 02 de Março, sábado, e o carnaval tá à solta por aí. Mas vou tentar fazer esse feriado o melhor possível. Não posso ficar de braços cruzados.

No fim do mês de março completo 18 anos. Você nem imagina a ansiedade que estou. Espero que chegue logo.

Nos próximos dias, 12 de março, minhas aulas na faculdade irão começar. E, acredite ou nao, eu não estou com nenhum medo de ir. Minha amiga Catarina escolheu o mesmo curso, e iremos estudar juntos. E isso é muito bom. Não sei bem se terei tempo de escrever mais para você, porque estarei muito ocupado tentando ser feliz.

Então, se este for o meu último post, por favor, acredite que está tudo bem comigo, e mesmo quando não estiver, ficará bem logo depois.

E eu acredito que seja assim com você também.

        Com amor, Edson

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