A Única Exceção Do Rei

By AmericaSinger_-

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Uma fuga. Um acordo indecente. Um segredo do passado. Melrise Phalnn tinha apenas 17 anos quando conheceu... More

Aviso
Prólogo
Capítulo 1: O Início
Capítulo 2: Os Livros
Capítulo 3: Na Floresta
Capítulo 4: A visão
Capítulo 5: Doença
Capítulo 6: Conversa com o rei
Capítulo 7: O Beijo
Capítulo 8: Você é a Única Exceção
Capítulo 9: Jardim Encantado
Capítulo 10: Sedução
Capítulo 11: Lascívia
Capítulo 12: Proposta Indecente
Capítulo 13: O Gosto da Liberdade
Capítulo 14: Aos Mares de Lindon
Capítulo 15: Olhos Amarelos, Cabelos Flamejantes
Capítulo 17: Traumas
Capítulo 18: Gritos da Alma//Vagalumes
Capítulo 19: Teus Lábios, Doce Néctar
Capítulo 20: Tarde de Amor, Noite de Entrega
Capítulo 21: Rotina
Capítulo 22: A História de Melrise
Capítulo 23: A Esposa do Rei
Capítulo 24: Reações
Capítulo 25: Desespero e Perda
Capítulo 26: Racionalidade Dói
Capítulo 27: Noivado e a Chegada dos Anões de Érebor
Capítulo 28: Lembranças e (In)Segurança
Capítulo 29: Cidade em Chamas
Capítulo 30: Nós Queremos Guerra
Capítulo 31: A Maior Batalha Vem de Dentro
Capítulo 32: Proposta de Bard
Capítulo 33: Baronesa de Phalnn
Capítulo 34: Retorno à Valle
Capítulo 35: O Nascimento da Cidade de Mín
Capítulo 36: Com Amor, Thranduil.
Capítulo 37: Palavras Vazias
Capítulo 38: O Nascimento de Luzziel Belle
Capítulo 39: Novos Acordos
Capítulo 40: Passagem do Tempo
Capítulo 41: A Seleção do Príncipe da Floresta
Capítulo 42: Felicidade Por Um Fio
Capítulo 43: Um Coração, Dois Amores
Capítulo 44: O chamado de Luzziel Belle
Capítulo 45: Trapaça
Capítulo 46: Véspera de Ano Novo - Parte I
Capítulo 47: Véspera de Ano Novo - Parte II
Capítulo 48: Noite de Festa, Madrugada de Desespero - Parte I
Capítulo 49: Noite de Festa, Madrugada de Desespero - Parte II
Capítulo 50: Uma Falsa Exceção? - Parte I
Capítulo 51: Uma Falsa Exceção? - Parte II
Capítulo 52: Rompimento
Capítulo 53: Filho Pródigo

Capítulo 16: Voando para o Desconhecido

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By AmericaSinger_-

Aiya! Como estão? Muito, muito obrigada pelos comentários dos capítulos anteriores. Vocês são tudo 💚
Sem enrolação nas notas iniciais pois sei que estão ansiosos para ler este capítulo.
*Capítulo reescrito*
Boa leitura!

Thranduil carregou-me em seu colo por um longo caminho até uma das casas longe da festa e dos olhos de pessoas curiosas. Ficara em silêncio por todo o trajeto, escutando os meus soluços intermináveis que não cessaram nem quando tentei forçar a parar o choro. A casa era toda de pedra como a maioria daquele vilarejo, grande, com móveis talhados em madeira escura e cortinas leves que balançavam com o vento. Muito bonita, parecia um palacete a espera de figuras importantes para recebe-los em seus aposentos.

Caminhou até um dos quartos e depositou o meu corpo na cama com cuidado, cobrindo-me com um lençol de linho desta vez. Tentei agradecer com palavras, mas o som da minha voz havia sumido por causa dos inúmeros gritos de desespero abafados anteriormente.

Senti cada músculo reclamar da tensão e doer cada centímetro de mim. Meu peito estava cheio de marcas, e um dos bicos sangrava por causa dos apertões violentos daquele monstro. Chorava sem cessar, perdendo o controle do meu próprio corpo que parecia querer desfalecer ali mesmo.

O rei saíra do quarto por uns poucos instantes, mas foram suficientes para eu me desesperar ainda mais temerosa, implorando intimamente para ele não me deixar ali sozinha. Ele voltara com um pano e um vasilha com um pouco de água morna da cozinha.

— Perdão, isso vai doer. – Ele comunicou enquanto analisava os hematomas. Retirou o lençol para olhar mais a fundo até onde as marcas e machucados iam, se deparando com uma cena lamentável. – Pelos Valar, estás toda machucada.

Ele tocou o meu seio e eu senti a ardência enquanto limpava o machucado. Grunhi ao perceber que não era água pura ali, pois a dor aumentava aos poucos, esquentando o lugar.

— Eu não sou bom com machucados, mas acho que não está muito ruim. – A voz dele, por mais incrível que pareça, me acalmava. Saber que estava viva mais uma vez graças a ele me incomodou por um instante, mas a dor em meu peito tratou de desviar meus pensamentos. – Ele conseguiu... sabe... tirar a sua pureza?

Balancei a cabeça negativamente para ele, percebendo logo após ele suspirar aliviado.

— Ótimo. Mas doí lá? – Questionou e eu mais uma vez neguei. – Certo, então não vou olhar.

O rei elfo me assistiu chorar por todo o momento em que ele passava o pano cuidadosamente por meus machucados, pacientemente. Nada falava, mas me sentia melhor assim.

Quando terminou, caminhou até uma porta adjacente ao quarto e lá ficou mais alguns minutos. Correu do quarto até a cozinha, trazendo consigo baldes de água quente e o ouvi depositar no que era o banheiro, aparentemente.

— Precisa se lavar. – Disse com voz melódica, assenti e ele tomou-me novamente em seus braços.

Thranduil colocara algumas toalhas para acomodar o meu pescoço na borda da banheira. Me deitou nela delicadamente. Senti algumas partes, onde os machucados estavam precisamente, anestesiadas e fiquei feliz por aquilo.

Ele se sentou num canto e passou a me observar. Minha nudez não era novidade para ele e, mesmo que em condições extremas, não me envergonhei de sua pessoa. Mas porque ele insistia em me ajudar com suas próprias mãos? Entendo que como boa pessoa ele pudesse me livrar daquele elfo nojento, mas dali em diante, poderia apenas pedir ajuda para mim a qualquer outro. Contudo, como em seu reino, tomara-me em seus braços e cuidava pessoalmente para que eu ficasse bem.

— Aqui não é um lugar para a senhorita. – Thranduil falou depois de uns minutos quando notou minha respiração desregulada se normalizar. Suas mãos seguravam as minhas na beirada da banheira, o que me fez sentir uma segurança interna. – Mesmo que haja alguns humanos, os elfos não os consideram bem-vindos. Não prosperará neste lugar, nem conseguirá juntar riquezas para conhecer o resto do mundo. Também não viajará em paz, pois há criaturas muito piores do que aquela aguardando uma moça solitária vagando por lugares inabitados e longe dos olhos alheios.

— Pensei... – A foz saíra aguda e bem baixa, mas pelo menos estava voltando. – Que elfos não podiam me tocar sem o meu consentimento.

— Não podemos.— Thranduil comunicou, voltando com a sua voz fria como sempre. – Aquilo não era um elfo.

Assustei-me perante a sua afirmação.

— Elfos não tem barba. E aquelas orelhas? Os olhos faiscantes? Definitivamente ele não era um elfo. – Esclareceu.

— E o que era? – Questionei sabendo que nunca ouvira falar de uma figura que se parecesse com elfos vagando pela terra, mas que não fosse um.

O rei se calou um instante antes de me responder.

— Não conhecemos a sua origem, mas eles têm se infiltrado entre nós a milênios. São ardilosos e costumam carregar alguma característica que conseguimos identificar que não fazem parte da nossa raça. – O rei disse um pouco mais duro dessa vez. – Já tive uma experiência nada agradável com um deles, e prefiro esquecer. Sugiro que faça o mesmo para o bem da sua saúde mental.

Assenti, tentei respirar fundo e me mexer na banheira. Peguei o sabonete que estava ao lado e passei pelo meu pescoço, sentindo o aroma relaxante de essência de camomila. Mas como esquecer que um homem daqueles tentara me machucar? Como deixar uma marca tão profunda como essa sarar, sendo que ainda tremia de medo e, por um momento, desejei morrer de verdade? Me questionei sobre a experiência que o elfo tivera, mas deixei minha mente vagar pelas bolhas de sabão que estouravam lentas na água. Quase adormeci assistindo-as.

— Vamos embora amanhã. – O elfo comunicou e eu saltei na banheira. Por um curto intervalo de tempo me esqueci que ele estava ali. – Você vem comigo. Não há nada aqui para você.

— Eu... não tenho para onde ir. Meu corpo dói, não tenho condições de viajar. – Esclareci. – Acho que é melhor me recuperar e, então, pego rumo para outro lugar.

— Não foi uma sugestão, senhorita Phalnn. Vim até aqui à sua procura para levá-la, e assim o farei.

— Estás me sequestrando? – Tamanho foi o susto ao ouvi-lo. Quem ele pensava que era para fazer aquilo sem me perguntar antes? Eu não o pertencia e certamente não estava mais presa em suas terras para ele fazer o que bem entendesse de mim.

— Não, estou sendo a sensatez que a falta. – Aquilo era inacreditável.

— Espera, está dizendo que viajou meses atrás da minha pessoa? – Indaguei mais alterada do que esperava. – Que absurdo!

— No exato momento em que Tauriel revelara o seu destino, peguei um cavalo e vim. Aquela imbecil de cabelos ruivos não tem conhecimento do quão perigoso é essas bandas para uma moça solitária e bonita como você.

Senti meu rosto corar quando ouvi tal elogio. Mas quis xingá-lo posteriormente, guardando o desejo repentino para não parecer mal educada.

— Pensei que estaria numa cidade mais perto, pelas bandas de Gondor, talvez. Lá há humanos aos montes e se misturar entre eles não seria difícil. Mas aqui, em Lindon é diferente. Não fora difícil encontrá-la, e estava disposto a seguir até a cidadezinha que morava na tarde de amanhã para leva-la daqui. – Não sabia se ficava mais furiosa ou o temia por isso.

— Por quê? – Questionei curiosa. – Uma reles humana como eu não poderia ser importante para um rei elfo tão grandioso como o senhor.

Ele nada falou, deixando a pergunta no ar. Senti meu coração palpitar nervosa.

— Vamos embora amanhã. E nada de protestos. – O rei anunciou novamente, me fazendo bufar em minha raiva.

A noite fora tortuosa. Meu corpo doía e meus sonhos foram tomados pelos olhos amarelos daquele monstro. Contorcia-me, virando de um lado para o outro até sentir a mão de Thranduil tocando a minha pele do rosto, possivelmente tentando ver se eu estava com febre. Fora assim durante toda a madrugada.

O sol ainda não havia se levantado no céu quando ele me acordou. Naquela casa ainda não havia ninguém, possivelmente porquê os elfos estavam ainda na festa que duraria dias. O rei me segurava pelos braços, me ajudando a caminhar até a praia quando, para a minha surpresa, fomos em direção aos cavalos e uma águia gigante.

Thranduil se curvou perante o animal e eu permaneci boquiaberta vendo-o tão de perto.

— Me deve um favor. – O elfo disse em voz calma, retendo a atenção total do animal para si. – Me leve até um lugar e perdoarei a sua dívida.

A gigante ave nada disse, apenas concordou com um balançar de cabeça. O rei voltara-se para mim um pouco mais feliz.

— Até o entardecer estaremos lá. – Comunicou satisfeito. – Não se preocupe, as penas são macias e seu corpo ficará bem acomodado. Sugiro que beba este frasco de sonífero enquanto viajamos para dormir, assim não se assustará.

Ele me entregou um liquido escuro num recipiente minúsculo que cabia como pingente de um cordão.

— E os cavalos? – Questionei, triste por gostar tanto do que ele havia me dado.

— Não se preocupe, ambos encontrarão o caminho para casa. Tem memória de viajem e em alguns meses estarão na Floresta das Trevas novamente.

O elfo ajudou-me a subir na ave. Ela permanecia quieta e silenciosa enquanto tentávamos nos acomodar.

— Não quero ir para o seu reino. – Informei, deixando-o perceber que não era do meu agrado. – Não quero me ver presa em seu castelo novamente. Não o fiz nada para estar me sujeitando a isto.

— Não vamos para o meu reino. – Esclareceu, assistindo os cavalos correrem pela praia e sumirem. – E não é minha prisioneira. Confie em mim.

Dormi a viagem inteira após beber o frasquinho de sonífero. Quando acordei, assisti uma imensidão verde abaixo de nós e, intimamente, xingava o elfo por ter mentido para mim sobre o nosso destino. Mas me calei quando percebi a floresta se tornar menos densa e as árvores multicoloridas tomar conta do meu campo de visão. Forcei meus olhos pelo vasto campo aberto que apareceu em minha frente. O crepúsculo adornava o chão repleto de flores de todas as cores, borboletas amarelas e azuis e cavalos brancos que corriam felizes em seus bandos. Nunca vira algo tão incrível, tão encantador! Nem mesmo o jardim particular do rei comparava-se à perfeição do lugar.

Uma pequena e simples cabana feita de madeira estava escondida atrás de uma enorme árvore com flores em diversos tons de amarelo. Estas que encobriam o teto em forma de V e fizeram do chão um fofo tapete, também adornavam e cobriam parte das flores plantadas perto da janela. Aquela pequena e simples casa era magnífica, tal como todo aquele campo.

A ave se aproximou do local lentamente, tentando não espantar os cavalos que estavam por perto. Enquanto isso, Thranduil observava minha curiosidade se transformar num sorriso encantado. Estava mais do que surpreendida, apaixonada diria.

— Ficarei aqui? - perguntei um tanto feliz com a expectativa quando ele me ajudou a descer da águia.

— Sim, se assim desejar. - Ele disse, retirando algumas coisas que depositara em cima do animal e agradecendo-o com uma reverência. - Seja bem-vinda à sua nova morada.

Entramos na cabana, haviam poucas coisas por lá. Uma lareira na sala de estar, um relógio velho logo acima. Um tapete cobrindo parte do chão, alguns assentos acolchoados e várias almofadas, cortinas vermelhas, feito aquelas do quarto do rei e uma pequena mesa no centro dos assentos. Em um canto da sala, um fogão a lenha feito de pedra e barro com alguns armários rústicos pendurados na parede. No quarto, uma cama e cômodas de carvalho, também adornados por cortinas vermelho-sangue.

— Este lugar lhe pertence? - perguntei após inspecionar os cômodos. - É incrivelmente lindo, porém muito simples para alguém como o senhor. - Observei.

— Achas mesmo que não admiro a simplicidade? - ele indagou. - Mesmo depois de tudo o que fiz por você?

— Uma reles humana...?

— Não se diminua tanto, Ris.— Thranduil disse com um tom de alerta na voz, procurando um local em meio aos assentos e acomodando-se, retirou sua capa verde e depositou numa das cadeiras ao seu lado. - Este lugar já me pertenceu. Agora é de meu filho. - Ele esclareceu.

— Certo. Então, como posso ficar por aqui se não lhe pertence mais? - questionei.

— Há mais de duzentos anos Légolas não põe os pés aqui. Não há com o que se preocupar.

— Se há tanto ele não vem, porque parece que fora habitado por alguém recentemente? – Questionei ao notar algumas peças de rouparia dobradas em cima de uma cômoda.

Thranduil sorriu mais uma vez, tornando o seu rosto amável por um segundo.

— Preparei para sua chegada. - O elfo explicou, deitando sua cabeça com graça no encosto da poltrona. Seus olhos fitaram-me mais uma vez, leves e brilhantes. – Não pretendia mesmo leva-la de volta para a Floresta, e antes que eu partisse à sua procura, vim até aqui e ajeitei algumas coisas. Claro, empoeirou mais uma vez, mas nada comparado ao que estava antes.

O silêncio constrangeu-me. Não planejara nada, como fazia quando estava trancafiada, e não sabia como me portar daquela vez perante a bondade do rei. Havia acontecido tantas coisas nas últimas horas, mas meu corpo demorava a processar tanta informação ao mesmo tempo. O rei estava disposto a me salvar, mais uma vez, e me dar um pouco de paz. Talvez ele estivesse certo sobre viajar sozinha, e enquanto tentava não deixar minha lembrança ser tomada pela angustia da noite anterior, senti meu peito arder confusa e cheia de remorso.

— Perdoe-me. - pedi a ele, sentindo meu rosto esquentar no ato pela completa vergonha que sentira e meus olhos arderem lacrimejados.

Thranduil apoiou seu dedo indicador em meu queixo e levantou minha cabeça até meus olhos encontrarem-se com os dele. Analisou cada centímetro de minha face em busca de verdade em minhas palavras.

— Não gosto de vê-la assim. - ele admitiu. - Prostrada diante mim e entristecida. És tão cheia de vida, menina. Não é minha propriedade, nem minha serva, muito menos faz parte do meu reino. - O elfo juntou minhas mãos com as dele e me ajudou a levantar. - Eu que lhe peço perdão. A partir de agora, todas as decisões tomadas serão suas. - Ele comunicou, levantou sua mão direita ao seu coração e abaixou sua cabeça graciosamente.

O rei depositou um pouco mais dos galhos que estocara antes de minha chegada na lareira, deixando-a mais viva. Pegou as velas que estavam ao seu lado e acenderam-nas uma a uma, espalhando pela casa em cantos estratégicos. Ao fim, tudo ficara ainda mais encantador. A noite estava calma e não haviam vestígios de nenhum outro ser racional por ali além de nós dois. A calmaria fez meus pensamentos desacelerarem e tomar conta do meu corpo. Eu seguiria o seu conselho e esqueceria meu desalento da noite anterior, mas tudo ainda doía externa e intimamente.

Me banhei tomando cuidado com os hematomas e vesti um vestido azul que Thranduil havia trago para mim. Tivera o cuidado de me preparar diversas vestimentas, algumas bem simples, mas os vestidos cheios de pedras e fios de ouro que usara em seu reino estavam lá.

O rei retirara suas vestes molhadas após correr até uma cachoeira que havia por ali e buscar água ainda na sala, exibindo seu corpo tão alvo quanto o seu rosto, e jogando-as ao chão, fora em direção ao quarto seminu retirar o que faltava e se trocar. Colhi as pesadas vestimentas, estas que exalavam um cheiro curioso de folhas silvestres. Me peguei sentindo teu aroma por um instante, levando suas roupas à minha face. Como uma criatura poderia cheirar tão bem?

Coloquei-as estendidas na janela e fiquei observando-as como se o próprio elfo estivesse ali.

Fui para o centro da sala, e sentei-me ao chão, procurando conforto a uma das largas almofadas encostadas em uma das paredes. À mesa, uma garrafa de vinho cheirava bem, frutas fresquinhas recém colhidas por mim numas árvores próximas da casa, lembas e carne seca. O rei, já vestido em seus trajes habituais, sentou-se ao meu lado, abrindo a garrafa e depositando seu conteúdo em duas taças finas de cristal. Ele entregou-me uma delas, e em silêncio, passara a comer o pão.

Coloquei o líquido vermelho em meus lábios, exagerando na quantidade que engolira, sentindo o ardor e queimação provocado pela fermentação da bebida e engasgando desgraçadamente, fazendo Thranduil rir como nunca havia visto antes.

— Nunca bebera vinho? - ele perguntou, ajudando-me a limpar os pingos que se espalharam em minha face.

— Não senhor. Não podia experimentar sequer um gole, pois estava a trabalho. Contudo, o cheiro doce me enganara. – Disse, sentindo a garganta quente falhar as palavras. – Também não tinha condições de comprar a minha própria bebida, e meus pais... bem, eles também não.

— O quão pobre era? – O elfo questionou, passando o guardanapo delicadamente em meu rosto.

— Pobre a ponto de ir dormir apenas com chá de café no estômago. Por vezes, era tudo o que tínhamos para comer. – Esclareci, encarando-o entristecida.

O rei fitou-me surpreso. Seus lábios entreabriram-se numa expressão de pena.

— Sinto por isso. Mesmo de posse do seu sobrenome, juro que não procurei saber quem és. Prometo que não deixarei algo faltar a você, se desejar ficar aqui por algum tempo. - O rei bradou, deixando seus dedos deslizarem por minha face, procurando meus olhos.

Senti as mãos do elfo irem de encontro com meus cabelos, alisando-os delicado, fazendo-me aproximar de seu rosto involuntariamente. A ponta de seu nariz encontrara-se com o meu, e senti seu hálito quente numa forma tentadora para um beijo. Suas mãos passaram a acariciar minha bochecha com delicadeza, enquanto seus tentadores lábios chegavam mais perto dos meus.

—Thranduil... - sussurrei um pouco antes de sentir a sua respiração entrecortada. – Eu não consigo...

Notas Finais:

Mais um capítulo completamente diferente. O que acharam? Palpites?Lembrando que os comentários podem estar completamente confusos.

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