Minha avó fica bolada quando eu faço caras e bocas, me xinga toda.
Néia: Brinca mesmo, vocês não sabem aproveitar a vida, só fazem merda!
Mayane: A vida se aduba assim num é?! -debocho; ela puxou meu cabelo- Ai droga!!
Já estava dando a hora d'eu ir embora, mas eu estava tão bem acolhida no colinho de vó que a vontade de ir era zero, tomei um café rápido com cuscuz quentinho e parti pra casa. Clarisse chegou juntinho comigo, troquei de roupa e fiquei a vontade na sala assistindo um filme.
Clarisse: Mãe, meu pai perguntou se pode vir aqui me ver?
Mayane: Tem que ser hoje, pode ser outro dia não?
Clarisse: Pai, minha mãe mandou perguntar se tem que ser hoje, se não tem outro dia? -Dizia gravando áudio.
Aí que garota lenta, lerda!!!
Mayane: Pode Clarisse, que saco! -respondo novamente- E fique os dois lá no quarto, por favor!
George parece que não tem o que fazer, quer vir aqui num sei pra quê com chuva, frio, plena segunda-feira, apesar de que nessa semana que passou eles não se viram. Se vier com aquela ladainha dele, eu vou expulsar.
Não demorou nem meia hora ele já estava aqui, liberei o porteiro e continuei aonde eu estava, num levanto para absolutamente nada.
A campainha soou.
Mayane: CLARISSE, ABRE A PORTA PRO TEU PAI. -berro; veio correndo toda eufórica.
George: Boa noite, May!
Mayane: Boa. -Respondo seca, sem nem o olhar.
Ficaram os dois conversando à beça na sala e eu só vi o filme por ver que entender eu não consegui mais. Serafim me ligou e eu saí de perto pra atender, fui indo para a cozinha.
Início de ligação
Mayane: Oiie. -Digo assim mesmo.
Serafim: Está aonde?
Mayane: Tô em casa amor, por quê?
Serafim: Como eu chego aí? Manda a localização.
Mayane: Ãnh? -Falo apreensiva- Vai vir aqui?
Serafim: Vou né cara.
Mayane: Hummm, vou te mandar mas... -caguejo receosa de contar- O pai da Clarisse está aqui.
Serafim: Como é que é? Fazendo o que?
Mayane: Ele chegou ainda agora sem dizer, provavelmente me pediu quando chegou
Serafim: Você está de muita intimidade com esse cara Mayane, qual foi?
Mayane: Serafim, eu não posso proibir não, a filha dele mora comigo.
Serafim: Não interessa pô. -Diz num tom grosseiro.
Mayane: Você tem cada uma, que ideia! Se é para você dar show, eu vou desligar agora. -Digo berrando já.
Serafim: Vai desligar o caralho, já está toda errada já e ainda quer tirar marra, agora tu ver...-Dizia na maior naturalidade.
Mayane: QUEM TEM MARRA É PUTA!! -exclamo- Minha vida não gira em torno da sua não, meu bem!
Serafim: Já é cara, já é, manda logo essa localização aí.
Mayane: Vou mandar porra nenhuma também, não tô afim de confusão não!
Serafim: É o quê?? Tá bom então, tu que sabe.
Fim de ligação
Mesmo queimando em raiva, soltando fumaças pelas ventas mandei a porra da localização. Homem incompreensível do caramba, assim não dá né?!!
Voltei para a sala e Clarisse dando altas risadas com o pai dela, são coisas que não pode e nem vai mudar, ninguém tem esse direito. Claro que é algo para ser combinado com coerência para que não seja prejudicial para ninguém, mas ninguém vai poder interferir nisso até porque eu não vou permitir; já passei por isso e sei quão pica é ficar longe do filho.
Isso é o que Serafim não entende, devia ter tido outro filho que aí os dois passariam pela mesma situação, mas eu iria ficar PUTA! Porém nada iria poder ser feito, eu ia ter que engolir quietinha.
Ohh! Que vidinha mais complicada essa minha!