Narração: Mayane
Mês da minha princesa, quero que saia tudo do jeitinho que ela deseja, já escolheu o tema da festa e tudo quer até que eu e o pai nos fantasie igual, socorro! Optei por fazer na pista para ser viável para ambos, Serafim sugeriu fazer lá na favela e o George quis que fosse na PH, como eu SOU à mãe eu que escolho. Seria até uma sacanagem fazer em Bangu, puro afronta com a cara do Gê, até iria ser legal vrr a cara dele, mas eu ágio politicamente correta. Ruim vai ser ter que levar no sorriso a corja dessa família paterna de Clarisse, que nem entre eles se dão bem, se suportam; tudo pela felicidade da minha filha, só por isso, pelo menos um dia na vida.
Sorri ao ver as rosas que chegaram ainda pouco, num buquê lindo e ainda veio com um bilhetinho.
"Do seu amor
Seu eterno admirador!!"
Mais é tão canalha, que chego a sentir amor! Ele é uma figura, vou te contar...
Coloquei num jarro com água e deixei na sala, num cantinho reservado. Além de perfumar o ambiente, deixa com uma visão linda!
Vitória: Flores de novo? Está podendo. -Falou brincando.
Mayane: Admirador brasileiro esse, quase vinte anos já. -Falo sorrindo.
Vitória: Quem tem sorte tem! Do jeito que eu sou, é capaz de me enviarem só os espinhos.
Mayane: Para com isso garota, pensar assim que trás má sorte.
Vitória: Mais num é?! Os homens de hoje em dia não são mais assim não tia.
Mayane: Sempre tem um, e é esse que você vai achar quando você menos esperar.
Vitória: Se Deus quiser! Fui, beijos.
Mayane: E ele quer!! Vai com Deus!
Me levantei do sofá e acordei a Clarisse, quase meio dia e ela dormindo ainda.
Mayane: Não estuda mais não?
Clarisse: Amanhã eu vou mãe, por favor!
Mayane: Toma vergonha nessa cara Clarisse, te passo para o turno da manhã já já.
Rapidinho levantou, boladexx com bico de George. Boto logo terror.
Almoçamos e desci pra deixa-la no transporte, vizinha Flávia também esperava.
Flávia: E aí mulher voltou de viagem?
Mayane: Férias né meu amor! -Digo rindo- Cheguei, voltei para casa.
Flávia: Abandonou a vizinha e só quer saber de Bangu.
Mayane: Para de graça, tá?! Vai lá em casa mais tarde, por volta das seis estou chegando.
Flávia: Está bem.
Peguei o carro e fui na casa da minha avó, saudades já.
Mayane: Bença minha veia. -Digo beijando sua mão.
Tive que almoçar de novo um mocotó maravilhoso, quentinho na panela de barro me esperando.
Mayane: A senhora até sente né, aí faz comida gostosa.
Néia: Pra você ver... E ai minha filha, como está?
Conversamos bastante, até pedi umas opiniões dela sobre essa volta minha com Serafim e ela só esclareceu o que eu já pressentia.
Néia: Num é ele que você realmente ama? Quer opinião de quê? Não estraga minha filha, estávmaravilhoso assim, aí você vai pedir opinião alheia e vai quebrar a cara.
Mayane: Claro que não! Sabe que eu sou muito bem resolvida, perguntei a senhora porque é minha avó.
Néia: Já te falei o que eu acho e o que verdadeiramente é! Agora que você deve tomar cuidado e ficar por perto, você deve; o olho grande das pessoas interfere em tudo e até faz mal.
Mayane: Ah mais eu não quero morar lá não vó, chega de favela.
Néia: Seus caprichos sempre te fazem se dar mal, quando tua mãe não queria, você não saia de lá nem para ir a escola...
Mayane: Era diferente, eu não sabia como era morar numa comunidade.
Néia: E agora sabe, você não quer medir esforços e esquece quem ele é, ele não vai ficar se arriscando não May... Ai ai, vamos ver até quando vai durar esse namorico à distância de vocês.
Mayane: A senhora é boba! -Digo sorrindo bem sem graça.
Néia: E o preto? Ele tem que tomar cuidado! Você não impede a Clarisse de ver ele não né?
Mayane: Eu não, ele tem todo direito de vê-la.
Néia: Isso aí, ainda bem que ele tem à ela porque coitado, ô família negativa essa dele.
Mayane: Valem nada, quero distância!
Néia: Vocês vão se aproximar ainda mais, escuta bem o que eu tô falando.
Mayane: Ai, começou a senhora... Afasta essa gente do meu caminho, tá repreendido!
Néia: Eu falo para você fazer suas coisas e você não quer, aí acontece esses lelê, ele vai precisar muito de você e se você não o ajudar, você quem vai pagar.
Reviro os olhos e respiro fundo, não sou obrigada a nada!!