Quando Hoseok abriu a porta do apartamento, Taehyung estava na sala, assistindo televisão e só olhou para os dois suspirando. Jungkook estava com uma sacola enorme nas mãos, cheia de ursinhos e brinquedos, que provavelmente ganhou durante os jogos.
— Ajudaram os funcionários a limpar? — o Kim perguntou.
— O Jungkook quis comer espetinho de cordeiro e a gente teve que encontrar um lugar aberto que vendesse — Hoseok respondeu. — Ele ficou falando que os filhos iriam nascer com cara de cordeiro, e a culpa seria minha.
— E seria! — o Beta gestante exclamou. — Eu estou grávido, então deveria reclamar, hyung. Já estou treinando-o para quando o Taehyung estiver grávido... E cadê o Jimin?
— Dormindo — Taehyung saiu do sofá. — E sua irmã também está dormindo, Hoseok.
— Ótimo — ele sorriu, sabendo que teria descanso, porque Jungkook tinha tirado sua energia toda. — Eu vou tomar um banho.
— É... Jungkook... — o Ômega chamou. — Eu vou te levar para o quarto em que Jimin está dormindo.
— Ah, ok — balançou a cabeça, seguindo com Taehyung para um pequeno corredor onde ele já sabia que tinha um banheiro e, possivelmente, outro quarto. — Como vocês demoraram a chegar e ele estava cansado, eu o coloquei para dormir no quarto de hóspedes — Taehyung disse. — Eu procurei uma roupa minha, a maior que eu achei, e deixei em cima da cama. A calça eu sei que vai caber, pois temos a mesma altura e eu sou mais largo, só que não sei se a blusa caberá por causa desse barrigão, mas acho que não tem problema dormir sem blusa ao lado do Jimin, né?
— Claro que não! — deu de ombros. — Mas obrigado — Jungkook abriu a porta, entrando no quarto, vendo Jimin dormir.
Ele queria tanto pular em cima do Park e contar tudo o que tinha ganhado lá, porém só colocou a sacola com brinquedos em cima de uma cadeira que tinha ali, pegando as roupas e a toalha, que Taehyung tinha deixado para ele.
Jungkook terminou de tomar banho e voltou para o quarto, deitando-se ao lado de Jimin na cama. Seu namorado parecia dormir profundamente, e mesmo que quisesse muito contar como tinha sido o passeio com Hoseok, Jungkook apenas aproximou-se mais do corpo menor, dando um beijinho de leve na testa do Park.
— Eu amo você também — ele lembrou-se do bilhete. — Muito, meu anjo.
No meio da noite, quando tudo estava no perfeito silêncio e num clima gostoso de dormir. Jungkook foi acordado com os bebês se mexendo e virou-se para Jimin que dormia largado na cama.
— Chim — Jungkook cutucou o outro. — Acorda, Jimin!
— O-oi... — falou de olhos fechados e morrendo de sono ainda.
— Seus filhos...
— Aham — o Park se aproximou de Jungkook, ainda sem abrir seus olhos, colocando a mão sobre o ventre do namorado, fazendo um carinho para acalmar seus bebês e fazer com que Jungkook conseguisse dormir de novo. — Você... Está bem?
— Ótimo — Jungkook fechou os olhos, encostando sua cabeça com a de Jimin. — Daqui dois dias estaremos em um lugar calmo, feliz e sem preocupações com nada.
Ele respondeu baixo, sorrindo ao lembrar-se que finalmente voltaria para Tóquio e continuaria o resto da sua gravidez ao lado de pessoas que amava.
+ + +
Jimin estava na dispensa do seu trabalho, arrumando uns produtos que tinham chegado, até que seu chefe chegou no local, o chamando e falou:
— Jimin-ssi, eu não sabia que já tinha arrumado outro namorado.
— Eu? — falou incerto, olhando para o sr. Choi. — Eu não arrumei outro namorado.
— Ah, não? — o homem ficou confuso. — O seu novo namorado veio pedir para você sair mais cedo, pois sua mãe está passando mal.
— O quê? — Jimin arregalou os olhos, não entendo nada o que estava acontecendo. — Minha mãe?
— Pode ir — Choi disse.
— Mas...
— Pode ir — cortou o seu funcionário. — Mas vai fazer hora extra no final de semana.
Jimin saiu correndo até o vestiário, trocando de roupa, já tendo uma leve intuição de quem seria. Claro que deveria ser Jungkook que, novamente, foi ali para conseguir alguma coisa com ele. E não deu outra. Quando saiu da lanchonete, o Jeon estava distraído mexendo no celular e foi correndo até o Beta.
— Como você diz para o meu chefe que namora comigo? — Jimin cutucou o ombro de Jungkook, morrendo de raiva.
— Oi, lindo — Jungkook tentou abraçar o mais velho, porém o Park desviou. — Vamos ali na praça tomar um sorvete, e ter uma visão privilegiada de crianças gritando e correndo?
— Jungkook, você não pode me tirar do meu horário de trabalho apenas para dar em cima de mim! — brigou. — Eu ganho por horas trabalhadas, sabia?
— Quanto você ganha por hora? — o Jeon perguntou. — Eu te pago pelas horas que passará comigo e não sairá no prejuízo.
— Me tratando como um objeto?
— Claro que não, hyung! — ficou indignado.
— Eu não quero que me pague nada ou você vai se aproveitar disso e me levar pra sua casa.
— Eu quero levar você para minha casa todos os dias, não precisa ser pago — Jungkook aproximou-se de Jimin, pegando na cintura do rapaz. — Vamos ali.
— Vou para o ponto de ônibus, isso, sim.
— Te acompanharei até lá.
— Não há necessidade — o mais baixo começou a andar rápido, porém foi alcançado por seu colega. — Eu sei onde é o ponto.
— Eu também sei — Jungkook não se abalou, aproveitando para pegar na cintura do Park de novo e deslizar até o quadril.
— Oh, caralho! — reclamou, não sabendo como se sentir com aquele todo que, no fundo, ele tinha gostado. — Não me toque desse jeito!
— Desculpe — Jungkook riu, pois Jimin pediu de maneira fofa. — Posso te levar em casa se quiser.
— Não precisa, eu vou sozinho.
— Quer sair comigo? — eles se entreolharam.
— Não.
— Quer sim, eu vejo isso nos seus olhos.
— Ah...
— Você sabe que eu não vou deixar de te perguntar isso.
— Quando eu sentir que você não quer sair comigo para transar, eu aceito — Jimin tentou dar uma resposta mais positiva, a fim de deixar o Jeon menos chato.
— Ih, já vi que é impossível! — o mais novo balançou a cabeça, colocando a mochila, que antes estava em sua mão, em suas costas e saiu de perto de Jimin, atravessando a rua.
— Jungkook, você sabe que eu não quero te deixar triste, né? — Jimin saiu atrás do dongsaeng, enquanto ele parava em uma árvore no começo da praça. — No entanto, certas coisas que você quer, não vão acontecer e já está se tornando chato essa sua perseguição comigo. Eu só queria que você me ouvisse um pouco. A última coisa que eu quero no mundo é te decepcionar ou te deixar triste de verdade, sabia? Só que você não pode chegar no meu trabalho dizendo ser meu namorado e pedindo para eu sair mais cedo.
— Tá bom — respondeu, olhando para o ponto que queria ir, que dava para o outro lado da cidade, onde morava. — Foi mal, hyung! Eu só não vou dizer que não vai acontecer de novo, pois minha cara de pau, quando se trata de você, é maior.
— Eu sei, mas tente não fazer de novo — tentou pedir de uma forma bem fofa para que convencesse o Jeon.
— Eu tento, só que eu não consigo acreditar que você namora. Ah, Jimin, por favor — Jungkook virou-se para encarar o outro. — Você é totalmente diferente de uma pessoa que namora, mas tudo bem.
— Eu ter tido uma nude vazada não é prova o suficiente que eu namorava, e ainda não namorava uma boa pessoa?
— Está vendo? Se namorasse comigo, suas nudes nunca vazariam, pois elas estariam guardadas em um santuário — falou como se fosse tudo o que Jimin precisasse para ser feliz, depois sorriu. — Sonhei com você, sabia?
— Ah... Eu tenho medo de perguntar, mas como foi?
— A gente estava transando dentro de um carro e você me dava chupões pelo meu corpo e gemia para eu ir mais rápido.
— Não sei qual é esse fetiche que tem comigo, mas me sinto sexy — respirou fundo.
— Estava lindo enquanto gemia para mim — Jungkook foi se aproximando do corpo do mais baixo. — Você deve ser uma delícia todo molinho e pedindo para aumentar a velocidade.
— Olha — Jimin riu por conta da fala de seu colega. — Não vou acabar com seus sonhos. Ótimo que sonhou isso, então você pode me deixar em paz.
— Obrigado, porém só me deu mais vontade de provar — ele olhou para os lados. — Eu vou embora, não aguento mais criança gritando no meu ouvido. Eu só aguentaria se quisesse tomar um sorvete comigo.
— Não me incomodo com isso.
— Eu me incomodo.
— Não gosta de crianças?
— Depende da criança — sorriu. — Algumas eu gosto bastante, com outras sou neutro e outras eu quero meter o soco, mas aí eu lembro que não posso.
— Você é mais criança que as próprias.
— Claro que não!
— Claro que sim.
— Eu sou um homem feito e responsável!
— Um homem bem mimado como uma criança no supermercado, né? Aquelas que se jogam no chão, porque a mãe não compra o danoninho.
— Você é o meu danoninho que eu sei que minha mãe não vai me dar para eu comer — respondeu sem vergonha alguma. — Eu só não vou fazer um show para minha mãe, pois ela é capaz de me matar se souber que passei três anos atrás de alguém, não me dando valor alguém.
— Me passa o número dela para eu contar.
— Só se eu fosse suicida, e não tô nesse ponto ainda.
Jimin ficou calado e sorriu, olhando bem nos olhos brilhantes e curiosos de Jungkook. O mais novo não perdeu tempo antes de passar a mão nos cabelos de Jimin, aproximando-se mais um pouco e perguntando:
— Agora é a parte que você percebe que está apaixonado por mim e me dá um beijo, né?
— Claro que não — Jimin começou a dar risada, segurando o rosto de Jungkook. — Ah, meu Deus!
— Aproveita que já está perto e me beija logo — foi direto ao ponto, já o que Park estava lhe olhando fixamente sem dizer uma palavra. — Eu sei que quer.
— Errou — Jimin ficou com a bochecha rosada, pois tinha sido "pego".
— Eu já te vi pelado — Jungkook tentou fazer graça.
— Acho que metade de Seul já me viu pelado — rolou os olhos, tentando levar aquele fato de uma maneira mais leve.
— Eu sou a única pessoa que importa, hyung — o Jeon foi se aproximando de Jimin. — Você não acha que mereço um beijinho? Afinal, você está solteiro e não tem nenhuma desculpinha esfarrapada para não beijar o cara mais gostoso que seus olhos tiveram o prazer de ver.
— Pode ser que eu não queira beijar o cara mais gostoso que meus olhos já viram — se fez de difícil.
— Admitiu ou é deboche? — perguntou com a esperança de uma resposta satisfatória para ele.
— O que seu coração diz?
— Não sei, não falo a linguagem de "tum tum tum", mas sabendo como você é comigo, deboche nítido.
— Hehe — Jimin forçou uma risada verbalizada, mostrando toda sua insatisfação com as coisas.
— Eu... — Jungkook pegou o pescoço do menor, aproximando-se mais de seu hyung. — Eu tenho certeza que não vai se arrepender.
— Já que é assim, eu aceito o beijo — Jimin finalmente tinha dado uma resposta positiva para o que o Beta queria.
Quando estava bem próximo do rosto de Jimin, finalmente a poucos centímetros de beijar aquela boca que tanto sonhou um dia, o nome de Jungkook foi chamado por uma voz masculina e ele se separou.
— Você não disse que iria me ligar? — o homem disse, aproximando-se dos dois.
— Eu? — Jungkook apontou para si, como se não lembrasse de nada. — Eu nem te conheço!
Jimin ficou com raiva, afastando-se de Jungkook, sem dizer nenhuma palavra. Era sempre assim, e Jungkook não ia mudar o seu jeito imbecil com ele.