"Fui deixada nesta sala sozinha
Alguém me diga o que está acontecendo
Baby, você já se foi
Eu estive mentindo para você e chorando por você todos os dias
Baby, você era meu amante
Traga-me outra taça de vinho
Irei pintá-la de azul com minhas lágrimas
Eu irei permanecer bêbada e esperando você toda noite
Não, não, isto é terrível
Eu gostaria de dizer que não me arrependo
Oh, não, isto é tão doloroso"
What You Gonna Do, Anna Tsuchiya.
Fonte: Sagara Kotomi.
De todas as pessoas que podíamos encontrar, por que tinha que ser ele? Lee Soo Man. Só de vê-lo me fazia querer vomitar. Tive o impulso de sair correndo e, depois, quando ele me convidou para ir a sua casa tão tranquilamente alegando que eu era um mal agradecido, desejei socá-lo com todas as minhas forças, exatamente em seu nariz. Mas eu não era uma pessoa capaz de agir dessa maneira, muito menos com Sehun ao meu lado. Eu não queria que ele soubesse o que eu tive de fazer no meu passado.
Me dava tanta vergonha pensar que Sehun podia saber do que fiz com Soo Man. E por minha culpa, arruinei o seu aniversário.
Sehun, às vezes, era como uma criança. Quando combinamos que eu faria um bolo para ele, disse que ninguém nunca tinha feito algo em seu aniversário. Me pareceu muito difícil de acreditar, mas ele parecia tão empolgado escolhendo confetes de milhares de cores para colocar sobre a cobertura de chocolate, que acabei me convencendo. E eu, na minha pressa em fugir de Soo Man antes que me comprometesse com algum comentário, acabei deixando tudo jogado no corredor e fugi dali como uma alma a quem o diabo quer arrebatar.
Obviamente Sehun ia se irritar, mas como eu podia explicar isso? Eu tinha me livrado da situação com o pai de Jongin, mas isto estava além de mim.
Sem dizer uma palavra, me concentrei em olhar pela janela enquanto nos aproximávamos da minha casa. E quando Sehun me pediu para descer do seu carro, eu não consegui fazer nada, porém, uma vez sozinho, eu não pude parar de pensar nele, então tomei coragem e fui até a sua casa na qual ele me deixou entrar com seu rosto completamente inexpressivo.
Talvez eu estivesse sendo um incômodo... Eu não conseguia afastar esse pensamento da minha cabeça, mas ainda assim, decidi ficar.
Cozinhei qualquer coisa, enquanto, ele, sentado em seu sofá, assistia uma corrida de carros na televisão. Quando o chamei para jantar, ele disse que não tinha fome e foi tomar banho. Sehun estava muito irritado. Era a primeira vez que eu o via tão irritado.
Eu consegui comer apenas um pouco antes de limpar a cozinha. Desliguei a televisão e quando entrei no quarto, Sehun já estava deitado apesar de ser cedo. Fui tomar uma ducha também, e demorei muito mais do que o normal. Eu não sabia como encarar Sehun se ele me pedisse explicações, e não sabia como me redimir pelo seu aniversário. Eu me sentia realmente mal.
Saí apenas quando tive um pouco de coragem de me juntar a ele debaixo dos lençóis.
— Lamento por ter sido assim — eu disse enquanto beijava a sua orelha. — Prometo fazer um bolo pra você.
— No próximo ano?
— Amanhã mesmo.
— Amanhã não é o meu aniversário — disse ele.
Sehun, às vezes, era como uma criança. O beijei na boca.
— Feliz aniversário, Sehun. Eu te amo. Eu te amo de verdade. Acima de bolos e de celebrações, eu te amo.
Sehun me encarou com esse jeito impassível que deixava tudo difícil de imaginar o que ele estava pensando. Em seguida, ele se posicionou sobre mim e tomou o controle absoluto da situação, do meu próprio corpo que eu entregava a ele sem reservas para que ele aproveitasse, para que ele sentisse o quanto este covarde o amava. Tentei mudar as posições várias vezes, mas ele me impedia.
Sehun deslizou sobre o meu peito, sugando e mordendo o meu mamilo esquerdo com tanta força que chegou a doer. Eu tinha certeza que ficaria um marca durante vários dias. Suas mãos apertavam a minha pele com muita força e seus dentes me arranhavam em cada canto como se uma fera estivesse me saboreando.
Sehun só me tocava com muita paixão, essa é a verdade, e nossos encontros sexuais não eram brincadeira nenhuma; mas em geral, ele sempre tentava cuidar de mim, sempre era delicado. Só me machucava em algumas ocasiões e por causa do tamanho do seu membro, o qual ele não tinha controle; no entanto, com as suas mãos, com a sua boca... nunca tinha me causado dor antes. Era eu quem acabava rasgando a pele das suas costas com as minhas garras, mas agora...
— Sehun, ah! Você está me machucando — avisei. No entanto, ele não fez menção de parar. — Isso dói! Ah! Espera, Sehun — pedi quando ele continuou me mordendo.
Me debati em sua cama, mas Sehun só me prendeu mais sobre ela e me mordeu com mais afinco.
— Pare com isso!!! — gritei e o empurrei com todas as minhas forças. Sehun pareceu surpreso uma vez que eu consegui afastá-lo para continuar reclamando. — Você não parou!
— Por que eu pararia?
— Eu pedi. Várias vezes.
— Você sempre pede, e logo diz que não.
— Você me machucou, Sehun! — eu disse, empurrando-o.
— Pensei que você estava gostando.
— Você não consegue diferenciar uma queixa de prazer de uma de dor? Você é um...! Aaaargh! — grunhi irritado antes de me levantar e me trancar no banheiro. Tomei uma ducha rápida para me acalmar e limpei bem o meu corpo. Me olhei no espelho e tinha marcas por todo lado. Idiota. — Vou para casa. — Eu disse quando saí.
— Luhan, é madrugada.
— Vou chamar um táxi — respondi caminhando para fora do quarto, mas ele se apressou e me parou. Já estava usando pijama.
— Como vou saber quando você reclama de dor ou de prazer? Eu não sei, okay?! Eu não sei.
— Sehun, você está irritado comigo e me machucou de propósito. Você foi grosseiro. E não é como se tivesse me causado uma dor irreparável, mas eu não gostei do modo como você me tratou. E quero ir pra casa.
— Luhan... — ele me segurou — Me desculpe. Você tem razão, eu fui rude, eu estava irritado. Eu não queria te machucar de propósito, mas... Eu não fui cuidadoso como sempre. Eu não pensei em você, fui egoísta.
— Eu sabia! — exclamei. — Não importa o quão irritado você está, você não pode me tratar assim.
Ele se sentou, apoiando-se em mim, para que eu caísse em seu colo e voltou a me pedir perdão.
E porque Sehun soava verdadeiramente arrependido, porque era o seu aniversário e porque eu havia feito muita merda várias vezes antes,eu decidi perdoá-lo. Mas deixei muito claro à ele que se ele voltasse a ser tão rude na cama, eu não transaria com ele nunca mais.
Eu estava começando a me preocupar, eu não queria arruinar a relação bonita que tínhamos, mas nos seguintes dias, como num acordo mútuo, deixamos tudo isso para trás e voltamos à interação carinhosa de sempre. Sehun, inclusive, se ofereceu para passar em meu trabalho, e eu aceitei, feliz. Eu planejava assar o bolo nessa noite.
Jongin saiu comigo e Sehun o cumprimentou antes de me dar um demorado beijo nos lábios.
— Vocês são tão felizes juntos que me dá inveja. — disse o meu amigo, fazendo-me sorrir.
Claro que éramos felizes. Tivemos os nossos problemas e superamos. Éramos um casal firme depois daquilo... Ou era isso o que eu pensava.
— Conheci o seu pai outro dia, Jongin. Vocês são muito parecidos. Ele parece ser mais novo, também.
Senti que o chão se desvanecia sob os meus pés.
— Meu pai?
— Sim, Luhan nos apresentou.
— Meu pai está em Santa Mônica. Ele não vem aqui desde o Natal.
Sehun e Jongin me olharam esperando uma explicação lógica.
— Lee Soo Man — eu disse a Jongin. — Sehun conheceu Lee Soo Man, mas esses dias fiquei falando sobre os nossos pais, e acho que ele acabou confundindo a informação. Sehun é um pouquinho distraído.
— Oh, claro, exatamente. Era Lee Soo Man. Sou tão idiota — disse Sehun cheio de sarcasmo. — Eu confundo e esqueço tudo. Qualquer dia apresento Luhan como meu amigo e não como meu namorado. Não é mesmo, amor?
Ambos sorrimos e Jongin riu um pouco confuso, porém, aceitando toda a ação.
Meu amigo era suficientemente inocente para suspeitar de alguém com quem eu me envolvesse. Me odiei pelo o que eu estava fazendo com os dois: Jong e Sehun.
— O pai de Jongin me dá dinheiro em segredo — soltei enquanto entrávamos na minha casa.
— O quê? Por quê?
— Ele faz isso em troca que eu conte à ele tudo sobre Jongin... Tem sido assim há muito tempo, por isso Jongin não pode saber das poucas vezes que o pai dele me visita. Dessa vez, Erick ficou sabendo que Jongin está morando com aquele cara, Kyungsoo. Ao que parece, a esposa dele lhe contou quando eu não tinha falado nada a respeito, então ele estava chateado na visita passada. E não é para menos: seu filho enfiou um louco grávido em casa e ninguém lhe contou nada. E eu o entendo, ele só quer protegê-lo. Não me olhe assim, Sehun. Erick nem tentará fazer nada contra Jongin ou Kyungsoo. Ele só quer saber o que está acontecendo.
— Se é algo tão inofensivo como você diz, então, por que Jongin não sabe?
— Ele não concordaria que seu pai ficasse sabendo de muitas coisas, porque os dois têm uma relação distante.
— Bom, então, você deveria respeitar isso. Jongin é o seu melhor amigo, não é verdade? É como se você o traísse. Você gostaria que ele estivesse contando para os seus pais tudo o que você faz comigo em troca de dinheiro?
Quando analisei desse jeito, me pareceu realmente horrível.
— É diferente, Sehun!
— Por que, merda, é diferente?
— Porque eu preciso de dinheiro e ele não! Sem esse dinheiro, eu não poderia viver sozinho, entenda!
— Você está traindo o seu melhor amigo por um pouco de dinheiro para o seu apartamento, você está mentindo para os seus pais sobre o tipo de pessoa que você é, você está me fazendo mentir sobre o tipo de pessoa que eu sou quando encontramos algum conhecido seu. Luhan... isso é uma merda. Estou francamente decepcionado com você — disse antes de ir embora.
— Eu também... estou decepcionado comigo.
Tínhamos nos tornado isso: o tipo de casal que facilmente dizia adeus para sempre; e no entanto, no dia seguinte estávamos juntos de novo, porque nossas dificuldades eram grandes, mas a necessidade de nos ver, era maior.
Queríamos estar juntos apesar de tudo, queríamos vencer todos os segredos. Damos as mãos por cima de cada coisa que era melhor não enxergar. Damos as mãos em silêncio.
Fonte: Meziyar.