Filhos da Tormenta - Aquele V...

By ThallesCavalcanti

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Uma ilha paradisíaca. Uma maratona de festas. A nata da nata ao redor do globo se reúne, durante um mês intei... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Beach Party
Capítulo 10
Festival of Colors
Capítulo 12
Fairytale
O Primeiro Ritual
Neon Party (Parte I)
Neon Party (Parte II)
Capítulo 17
Drink Party
Capítulo 19
O Segundo Ritual
Wonderland
Capítulo 22
White Party
Capítulo 24
Neverland
Pleasure Party
O Terceiro Ritual
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Firework Party
Capítulo 32
Glossário

Capítulo 3

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By ThallesCavalcanti


– Como você me achou? – Mateus perguntou num misto de surpresa e medo.

– Corta essa! – Eu o interrompi, automaticamente imobilizando todo seu corpo – Eu faço as perguntas e você responde.

– Eu não quero briga... – Ele dava sinal de que começaria a chorar.

– Você foi imobilizado por um feitiço meu. – Eu avisei – Se tentar quebrá-lo com magia eu vou perceber e prometo não ter a menor pena de te matar!

– Por favor, não me mata... – Ele disse aflito – Foi sem querer, eu juro, eu... Eu...

– Não se faz de idiota! – Eu o adverti – Acho bom começar a se explicar e rápido.

– Eu não queria te atacar, tá bem!? – Ele se apressou em dizer – Eu não controlo isso. Só acontece! Sempre foi assim...

– Você não sabe o que é!? – Eu perguntei curioso, notando que minha intuição não apontava qualquer sinal de mentira.

– Você sabe? – Ele perguntou esperançoso.

– Quem é você, Mateus? – Eu perguntei perplexo.

– Mateus Silva. – Ele parecia ter um nó na garganta – O menino assustado que sempre achou que foi abandonado por ser o que é, que nunca entendeu o que é, que sempre teve medo de contar a alguém e ir parar num hospício.

– Você é um bruxo, Mateus. – Eu respondi cauteloso – Um muito poderoso. Seus pais provavelmente também eram.

– Bruxo? – Ele riu cético – Pelo menos eu não sou um alienígena...

– Você sabia sobre nós? – Eu perguntei.

– Eu senti que a Alice tinha algo diferente... – Ele deu de ombros – Tive a sensação de que ela me traria respostas... Mas eu não sabia o que tava procurando. Definitivamente não sabia o que eu sou...

– Isso foi sua intuição... – Eu dei de ombros – Ela da uma clareza aos bruxos que seres humanos não têm.

– Intuição? – Ele pareceu não entender.

– Droga... – Eu me espreguicei. Completamente exausto com toda aquela conversa. É como conversar com uma criança...

– Pelo menos crianças não enganam adultos. – Ele brincou – É sempre o caminho contraio...

– E ainda assim bruxos fortes o suficiente podem enganar outros bruxos... – Eu disse ao nada.

– Eu sou mais forte que você? – Ele se atreveu a perguntar.

– Não se engane... – Eu gargalhei – Eu sou o mais forte entre os meus amigos e muito mais forte do que você!

– E agora? – Ele se encolheu onde estava.

– Você é um de nós, né!? – Eu dei de ombros – E com o seu poder é perigoso que você ande sozinho por aí. Talvez eu possa te ensinar algumas coisas.

– Você é um cara legal, no final das contas. – Ele sorriu.

– Na verdade só vou te manter perto pra caso seja preciso te matar. – Eu respondi seco – É mais fácil assim.

– Outra ameaça de morte, ótimo!

– Eu vou te soltar! – Eu avisei – Mas nem pense em fugir, ou fazer gracinhas! Se você se comportar eu posso te contar um pouco da história de quem você é.

– Eu não vou fugir... – Ele respondeu sincero – Não depois de tanto tempo tentando descobrir quem eu sou.

– Coisas incomuns aconteciam ao seu redor? – Eu perguntei – Objetos se movendo sozinho, pessoas se ferindo quando você estava irritado ou magoado...

– Teve essa vez, na escola... – Ele disse após alguns minutos de silêncio –Tinha esse garotos que sempre me importunavam... Eles estavam me imprensando na parede, doía muito... Eu gritei para que eles se afastassem enquanto tentava empurrar eles...

– E eles voaram na direção contraria. – Eu entendi.

– Algumas coisas explodiam quando eu ficava com muita raiva. E às vezes meus machucados sumiam do dia pra noite. – Ele respondeu pensativo.

– Mateus... – Eu voltei a falar – Acho que está na hora de uma aulinha básica sobre magia. Eu vou te contar uma história e você vai aproveitar o por do sol pra relaxar e me ouvir com muita atenção, tá bem?

Okay.

– Há muito tempo atrás, e só Deus sabe quanto tempo isso quer dizer, todos os seres humanos praticavam magia! – Eu expliquei – Eram poucos, muito poucos, mas TODOS eram capacitados a isso. O grande problema é que a maioria dessas pessoas usava mágica para benefício próprio, movidos pela avareza, luxúria, inveja e ira. Foi uma época sangrenta... Matava-se por muito pouco. Feitiços eram usados e desperdiçados o tempo todo. Todos iam se tornando cada vez mais preguiçosos e a vida tornou-se algo vazio e de pouco valor.

– Mas a história do mundo... – Ele pareceu confuso.

– Você ficaria surpreso do quanto do mundo é manipulado, escrito e feito por nós. – Eu me diverti – Mas enfim... Relatos afirmam que isso é datado da época que antecedem muito o nascimento de Cristo, mas não se sabe a exatidão e a veracidade disso. O que importa é que um grupo de feiticeiros, bruxos, ou como você quiser chamar, desejou fazer algo sobre isso. Sobre esse mundo de valores dos quais discordavam. E bom, eles eram muito mais fortes... Por quê? Bem simples! Eles não eram preguiçosos, usavam magia para o necessário, treinavam seu poder e o faziam crescer cada vez mais. Então eles resolveram sobrepor sua vontade à da maioria e fazer tudo aquilo parar.

– Puritanos... – Mateus resmungou.

– Eles eram um total de dezesseis. Eles uniram um circulo mágico, algo que é muito difícil de fazer, mas que aumenta em proporções extraordinárias o poder dos bruxos que pertencem ao mesmo.

– Em quanto? – Mateus perguntou como uma criança curiosa.

– Segundo os livros pega-se o poder do bruxo mais forte do circulo e multiplica-o pelo número de membros do circulo. No caso da história, o poder deles se tornara dezesseis vezes maior que o do bruxo mais poderoso que integrava o circulo. – Eu expliquei – E então eles realizaram um feitiço. Não apenas nos outros seres humanos, mas neles mesmos... Selaram o poder de todo ser humano do planeta com sete selos... O feitiço era muito forte, custou à vida deles, mas por possuir tamanha força se perpetuou de geração em geração, tirando de todo o ser vivente o poder que lhes era de direito.

– Mas nós temos poderes... – Ele disse com um sorriso malicioso.

– Esses bruxos não queriam destruir esse poder – Eu expliquei – Não queriam que a magia acabasse, queriam que só a possuísse quem realmente merecesse e por isso criaram formas para que uma pessoa pudesse restaurar sua magia, ou parte dela...

– Espera... – Mateus parecia confuso – Então você quer que eu acredite que todo ser humano tem poder mágico e apenas não sabe disso?

– Exatamente. – Eu respondei sério – Acredite ou não, todos têm magia dentro de si, uns mais, outros menos, mas ainda assim todos.

– Mas como as pessoas podem não saber? – Ele perguntou.

– Chegamos à parte que envolve os selos mágicos. – Eu voltei a falar – Que são: Vida, Sangue, Morte, Água, Terra, Fogo e Ar. Sabendo que restaurar a magia deveria ser difícil, mas que seria necessário um ponto de partida, os feiticeiros tomaram a seguinte decisão: O selo da vida se romperia logo que o ser humano nascesse. Essa foi a decisão que eles acreditaram ser mais sensata, por acreditar que uma nova geração trazia novos valores. O poder que esse selo libera se intensifica quando a mulher dá a luz, por exemplo, o que inclusive explica a ligação formada entre mães e seus filhos. É ele também que gera a nossa intuição! E, vai por mim, com o tempo ela pode se tornar quase infalível. Nunca vi a do Klaus falhar...

'O único defeito desse poder – Eu continuei – É fazer uma diferença mínima na vida de um bruxo. Ele por si só não muda quase nada e é por isso que tantas pessoas não percebem que tem algum poder. Quem tem apenas o Selo da Vida rompido é incapaz até mesmo de realizar feitiços. O que nos leva ao selo que realmente interessa, o Selo de Sangue. Segundo a história esse selo tem de ser rompido através de meditação profunda, de busca de conhecimento e iluminação...

– Eu deveria estar tomando notas? – Ele riu de nervoso.

– Mas esses métodos só podem romper um selo de sangue pela metade! – Eu prossegui sem lhe dar atenção – Ninguém pode romper seu próprio selo por completo, ainda que qualquer ser humano possa romper ele pela metade. E uma vez que consiga isso, você tem parcialmente seu poder restaurado, mas infelizmente limitado, tanto em força quanto em quantidade...

– E o que isso significa? – Mateus perguntou confuso.

– Que se você usar demais, uma hora ele acaba. – Eu respondi – Pessoas com apenas meio selo rompido são extremamente limitadas e por isso as chamamos de semi-bruxos. Mas existe um pequeno detalhe! Caso você descenda de pais que usufruíram de magia durante a vida, você nasce com seu selo parcialmente rompido, que se rompe por completo quando você completa quinze anos. O que resulta em poder ilimitado nos quesitos força, quantidade e qualidade. Com o selo completamente rompido você pode usufruir de magia por toda a vida.

'Esse selo é responsável pela maioria dos feitiços e pela força deles. Levitar objetos, velocidade sobre humana, mover coisas, trancar portas e todo feitiço desse tipo está diretamente ligado a esse selo. E ele aumenta drasticamente o potencial de poder em relação aos poderes selados pelos outros selos.

'É bem simples entender como esse selo funciona! – Eu continuei – Quando ambos os pais nunca usaram magia seu selo nasce inteiro, se apenas um deles usou, tendo selo semi-rompido ou completamente rompido, você nasce com seu selo semi-rompido! Entretanto se ambos os seus pais usaram magia na vida, você nasce com o selo semi-rompido, podendo mais tarde rompe-lo por completo... Mesmo que ambos os pais sejam apenas semi-bruxos...

– Se eu estou certo... – Mateus disse pensativo – E estou me baseando no que você disse... Você é o único dos seus amigos com o selo completamente rompido, certo?

– Errado. – Eu me diverti – Todos eles são sangues-puros. Somos de famílias tradicionalmente bruxas. O que aumenta ainda mais nosso poder. O seu erro foi se esquecer dos outros cinco selos.

– Eu disse que deveria tomar notas... – Ele soou um pouco mais descontraído.

– Bom... – Eu voltei a falar – Existe ainda o Selo da Morte. Ele é responsável pelos feitiços de ataque. Ele se rompe em dois casos, mas o que realmente lhe importa saber é que o mais eficaz deles é a morte. Esse selo se rompe no exato momento em que você morre.

– Que útil! – Mateus debochou.

– Eu o tenho rompido – Eu disse sorrindo – Eu sou o único a ter esse selo completamente rompido.

– Mas... – Mateus disse boquiaberto antes de ser interrompido.

– Sim... Precisa-se morrer para que ele se rompa. – Eu gargalhei. – Não que isso importe no momento. Essa história é longa, e tudo que você precisa saber é que, felizmente ou infelizmente, eu fui salvo por magia. Mas caso você sofra uma experiência de quase morte, esse selo se rompe pela metade, assim como aconteceu com o Klaus e aparentemente com você... Se rompido por completo ele aumenta em dez vezes o poder de cada selo rompido de um bruxo, no seu caso ele aumentou apenas cerca cinco vezes mais!

– Ótimo! – Ele riu sem humor – Então eu quase morri...

– Continuando... – Eu desviei do assunto claramente delicado – Existem ainda os selos derivados dos quatro elementos: Água, Ar, Fogo e Terra. Esses se rompem conforme você pratica magia com determinado tipo de elemento. Existem outras formas de quebrá-los, mas essa é a forma mais usada e também é a mais segura. Todo bruxo nasce com afinidade a certo elemento, eu, por exemplo, tenho afinidade com fogo. Essa afinidade quer dizer que eu nasci com mais facilidade para utilizá-lo, para quebrar esse selo e para dominar esse poder por completo. Conforme você aprende a controlar esse tipo de poder – Eu disse – Você pode moldar o elemento a sua vontade... Você pode unir dois ou mais elementos e criar novos... Como usar o ar e a água para formar gelo.

– Eu tenho três selos rompidos? – Ele me perguntou sério.

– Dois e meio. – Eu corrigi – Mas eu tenho os sete, mantenha isso em mente.

– Tudo bem... – Mateus disse conformado – Eu acho que entendi tudo. O único problema é que talvez ainda não esteja convencido.

– Cabe a você acreditar e decidir se quer entrar ou não no nosso mundo – Eu respondi calmo – No seu mundo...

– E se eu achar que vocês são todos loucos e quiser ir embora e nunca mais voltar? – Mateus perguntou olhando para o chão.

– Já não tem nada mais te segurando. – Dei de ombros – Você pode ir quando quiser. Depende de você acreditar. Ainda tem muita coisa você precisa aprender, o que inclui controlar seu poder. Mas... Por hora, vai para casa, descansa, amanhã é outro dia e com tudo mais claro, você decide o que fazer.

Mateus ficou me olhando em silêncio por alguns minutos, antes de se levantar apressado e ir embora sem nem se despedir, provavelmente com medo de que eu mudasse de ideia. Voltei ao apartamento e expliquei a situação para os outros bruxos apreensivos na sala.

– Você enlouqueceu? – Andrew berrou pela segunda vez.

– Ele tem o direito de ir. – Klaus me defendeu.

– E nos revelar ao mundo!? – Cassidy perguntou irritada.

– Se ele nos revelar, ele estará se revelando. – Klaus respondeu – Ele é muitas coisas, mas não é burro.

– E se ele estivesse mentindo!? – Carlos perguntou – E se ele era realmente um bruxo poderoso?

– Impossível! Ele é mais fraco que o Theo. – Klaus respondeu – Ele saberia se Mateus estivesse mentindo.

- Um dia alguém mais poderoso que o Theo vai aparecer por aí e toda essa confiança cega que vocês têm nele vai fuder com tudo. – Carlos disse irritado antes de sair porta afora.

– Chega! – Eu precisava por um fim naquilo – Já deu por hoje!

– O que isso quer dizer? – Alice perguntou.

– Chega disso tudo! – Eu respondi – Eu quero descansar! Estou indo para o meu quarto dormir até amanhã, quando eu mesmo vou até a casa dele resolver tudo isso!

– Mas ainda é cedo! – Alice protestou.

– E eu não dormi nada essa noite... – Eu respondi sincero.

– E a reunião sobre Herádia? – Javier questionou com voz de decepção.

– Vocês podem aprender a resolver as coisas sem mim. – Eu respondi seco – E no final das contas a ilha pode esperar, meu sono não. Fiquem a vontade, façam o que achar melhor. A casa é de vocês.

E sem olhar para trás eu fui pra cama e apaguei.

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