"Eu te darei tudo
Dê-me um pouco de atenção
Tudo o que quero é você e eu sempre
Me dê carinho
Eu preciso da sua perfeição
Você me faz tão bem
Você me faz gaguejar."
Stutter, Maroon 5.
Fonte: Desconhecida.
Eu era um garoto magro e pequeno que estava cheio de sonhos, e quando reflito sobre isso, acredito que ainda continuo sendo completamente deste jeito. Junto com a minha família, fugimos da China quando eu era criança, eu não entendia muito bem o novo idioma do país que nos acolheu, mas ainda assim, consegui me tornar amigo de Jongin, um garotinho travesso que morava perto de casa; ele era quatro anos mais novo do que eu, mas qualquer coisa era melhor do que brincar sozinho.
Quando Jongin chegou à sua adolescência, expôs a sua preferência pelo sexo masculino nas questões do amor. Ele foi muito corajoso. Esse garoto saiu do armário num grande momento, não só para a sua família como para o colégio e todo o bairro. No início foi realmente duro, as negociações com os seus pais, o desprezo de quem ele acreditava serem os seus melhores amigos, as críticas e olhares severos de algumas pessoas da comunidade, os cochichos e eu... Eu o invejava tanto! Porque eu também era homossexual. Eu soube disso ao completar quinze anos quando comecei a ter fantasias sexuais com o meu elegante e jovem professor de música. Nunca nenhuma garota me atraiu desse jeito. No entanto, eu não tinha coragem para anunciar ao mundo e andar por aí com uma pulseira com as cores do arco íris como o fazia o louco do Jongin. Meus pais eram muito rígidos, e ainda tenho certeza de que se eu seguisse o exemplo de Jongin, eles teriam me expulsado de casa. Então me mantive em silêncio, mas em troca, eu sempre estive lá, apoiando o meu herói secreto. A Kim Jongin, quem nunca me decepcionou.
Tempos depois, esse demente começou a sair com um homem mais velho e deixou toda a sua família louca. Ele me contava todas as suas histórias, e logo eu ia para casa me masturbar, fantasiando que a sua vida era minha, e algumas vezes eu terminava chorando, me deprimia demais ter que ficar calado.
Eu havia me formado na escola e ajudava os meus pais em seu pequeno restaurante sem pensar em uma carreira, porque não tínhamos recursos econômicos suficientes para isto. As pessoas me viam como um bom garoto, sempre focado em fazer o bem, o mensageiro dos idosos da comunidade, o que ajudava os pais sem contestar, o amigo inclusive dos rebeldes marcados (como Jongin), o que sempre respondia os cumprimentos com um sorriso e uma palavra amável, mas ninguém sabia quem eu era de verdade.
Você teria vendido a sua alma ao diabo para sair dali.
Eu só era bom desse jeito, porque esperava que se meus pais um dia descobrissem o meu segredo lembrariam-se de que apesar disso, eu havia sido o filho perfeito, e desse modo me perdoariam por ser gay. Mas eu desejava estar longe para abrir as minhas asas multicoloridas e poder voar sem machucar ninguém. Por isso, quando tive a oportunidade de ir embora de casa, nem sequer pensei duas vezes.
Jongin havia ingressado em uma universidade na capital e seu pai veio me visitar, muito preocupado. Eu tinha fama de ser o bom garoto do bairro e também de melhor amigo de Jongin. A proposta foi muito clara: Eric me ofereceu ajuda para conseguir um emprego na capital se eu me dispusesse a informá-lo sobre os passos de seu filho sem que o mesmo soubesse. No início me pareceu algo estranho, mas Eric me explicou que sendo o seu filho um autêntico descuidado, ele temia por Jongin simplesmente enlouquecer e largar os seus estudos, portanto, esta só era uma maneira inocente de cuidar de Jongin. Eric falou de um modo tão conciliador que cheguei a pensar que o seu verdadeiro plano era me ajudar a sair daquele lugar, de me ajudar a estender as minhas asas... Então, eu aceitei.
Fui empregado como assistente de um dos publicitários da "Publicidade Gold", e o salário que eu ganhava dava para pagar um pequeno e feio apartamento. Mas mês após mês, o senhor Eric começou a depositar razoáveis quantias de dinheiro em troca de ligações esporádicas onde eu contava sobre as coisas que Jongin fazia na universidade. Coisas simples, como: como ele ia nas aulas e quais eram as suas notas; ou se ia a festas e se estava namorando alguém. Tudo isso era um segredo para o meu amigo.
No início, eu me sentia muito culpado, mas o senhor Eric nunca se intrometeu em nada, então, depois de um tempo pensei que ele somente se tratava de um homem muito super-protetor. Me pareceu amável, já que ele e Jongin não eram muito próximos, e no final aí estava, o amor paterno expressado de uma maneira estranha. Maneira que certamente a mim beneficiava.
Os anos passaram, e eu cada vez me apaixonava mais por essa cidade em que Jongin me levava às suas festas universitárias, onde eu podia me envolver com garotos, e na noite seguinte trocar ideias.
Agora eu tinha os meus próprios romances! E era maravilhoso. O único problema era o meu chefe... Eu acho que se devia a minha origem chinesa, porque esse bastardo do Lee Soo Man era um fodido racista. Ele me mantinha o dia inteiro imprimindo, enviando cartas, atendendo ligações, servindo-lhe café, comprando presentes para a sua esposa, comprando presentes para as suas amantes, cobrindo-lhe o traseiro a cada vez que fugia e, também, eu tinha que chupá-lo quatro vezes até agora. Não o pé, e sim o seu... já sabem, chupá-lo.
Eu gostava da vida na cidade, eu tinha economizado o suficiente para começar a estudar administração de empresas em uma universidade particular, e eu já estava com o meu segundo ano completamente aprovado, faltavam apenas três. E sei que eu já não tinha idade para andar perdendo tempo, e se eu não chupasse aquele velho asqueroso, ele me expulsaria a chutes porque havia uma fila de assistentes muito mais qualificados do que eu procurando emprego nesta mesma empresa. Eu não podia perder este cargo! Toda vez que ele me pedia isso, eu o fazia e quando eu ficava sozinho, vomitava.
Maldito velho, como eu o detestava!
Às vezes, eu cuspia em seu café como vingança. Mas, mesmo com todas as coisas ruins, eu queria continuar ali.
Certa vez, voltando de uma ordem de Soo Man, o carro encalhou na frente do "Hard Rock Beer", eram oito da noite e soltei um palavrão, porque só eu trabalhava como um escravo fora das horas de trabalho. Chovia muito também. Olhei o meu celular e ele estava sem bateria. Murmurei muitas maldições contra o meu superior, e logo decidi entrar no bar em busca de um telefone. Foi então que eu o vi pela primeira vez: o homem mais lindo do mundo. Tocando na frente de um punhado de pessoas que nem sequer prestava-lhe atenção. Certamente sua voz era... não era linda como ele, mas não importava. Quer dizer, se ele cantasse bonito, deixaria de ser um ser humano e se tornaria um anjo e eu não queria isso porque os anjos não beijam meros mortais, e eu desejava um beijo dele.
Voltei ao bar mais duas vezes e me sentei mais perto do palco para assisti-lo como um bobo. Quando ele terminava o seu show, eu voltava para casa; porém, na última vez que fui e ele desceu do palco com os seus passos seguros me olhou e me chamou gesticulando com o seu dedo indicador, eu olhei para ambos os lados, mas não havia ninguém perto de mim, voltei a olhá-lo mais uma vez e ele repetiu o gesto. Apontei para mim mesmo, todo idiota com o meu próprio dedo, perguntando "eu?", e ele assentiu com um sorriso torto, então me levantei e... Saí correndo.
Não me julguem. Eu não contei tudo.
O "Hard Rock Beer" era um bar de motoqueiros, homens rudes e barbados, com piercings e tatuagens, e, mesmo que o cantor dos meus sonhos não tenha barba, ele tem os outros dois, e como tem!
As tatuagens estavam desenhadas sobre a sua pele branca como perigosas obras de arte; e no centro da sua língua, brilhava uma bolinha prateada que reluzia quando ele gritava notas estranhíssimas. Seus olhos estavam escurecidos com maquiagem preta e ele parecia um vampiro metaleiro.
O vocalista da banda Ohorat, possivelmente havia notado o cara de terno que o encarava como um idiota na primeira mesa, e agora ele pensava em dar uma bofetada no gay e expulsá-lo para deixá-lo em paz de uma vez.
Era melhor eu fugir e viver de sua lembrança.
Ah pouco tempo, Lee Soo Man se aposentou, e em troca de um boquete, aceitou recomendar o meu amigo Jongin, para assumir o seu cargo. Foi um boquete muito bom, não só porque era o último, e sim porque me ajudaria a ter o meu amigo por perto se eu conseguisse o satisfazer... Então eu me animei e até consegui engolir o seu sêmen.
Se você sente nojo ao imaginar isso, pois imaginem o nojo que eu senti quando o fiz...
Eu queria o meu amigo por perto, mesmo que ele nunca saiba como eu conseguira isso.
Assim foi como acabei sendo o secretário e assistente de Kim Jongin, o novo publicitário da "Publicidade Gold". E como Jongin era extremamente inexperiente, não davam a ele bons projetos, apenas coisas simples, por isso, eu tinha quase nada para fazer e passava muito tempo fofocando pela empresa. Notei que um dos publicitários, Taemin, não deixava de comer o meu amigo com os olhos, então eu fiz Jongin notá-lo e pronto, entre esses dois não havia uma conversa que não fosse um flerte.
Os dois lindos estavam me divertindo!
E me ocorreu uma ideia genial: a melhor maneira de voltar àquele clube para ver o meu anjo tatuado, era na companhia dos meus guarda-costas, e seria a oportunidade perfeita para os dois ficarem.
Eu era um homem desesperado!
E eu os convenci, mas quando enviei uma mensagem para Taemin dando-lhe o nome do lugar, ele se desculpou com qualquer coisa. Eu deveria suspeitar, porque Taemin era um desses meninos brilhantes e sofisticados, portanto, o bar de motoqueiros e ele não se encaixavam em nada; mas consegui arrastar Jongin comigo.
Assisti ao show ao lado do meu amigo, e quando a banda encerrou, vi o vocalista me chamar novamente. Dessa vez tomei coragem para caminhar até ele, sabendo que se algo desse errado, Jongin chamaria a polícia.
Uma vez que eu estava na sua frente, ele me olhou de cima abaixo me fazendo sentir incomodado; exalou a fumaça do seu cigarro e me perguntou:
— Não vai sair correndo dessa vez?
— Me desculpe... tinha algo queimando — me desculpei fazendo piada.
— Sim, esse algo era eu que estava queimando por te conhecer — me respondeu. E, OH POR DEUS, O QUE HÁ COM ELE? Ele não pode me dizer algo assim, e esperar que eu não pule em cima dele. — Qual é o seu nome?
— Eu? É-é-é, Luhan — ele me deixava parecendo um idiota. Ele era tão lindo e cheirava a sexo e rock and roll.
— Sou Oh Sehun — disse me estendendo a mão. A apertei com firmeza. — Vem comigo? — Eu concordei logo depois de procurar Jongin com o olhar, e encontrá-lo dançando sozinho por ali.
Bendito Jongin! Nem ali disfarçava a sua excentricidade homossexual.
Sehun me levou até a parte de trás do bar antes de atravessarmos o corredor dos banheiros, não havia muitas pessoas ali, eu o seguia sem poder deixar de olhar o seu traseiro, porque Sehun tinha uma bunda perfeita, e eu me perguntava como lhe cabia essas calças tão apertadas sem rasgá-las.
— Disse que queria me conhecer? — perguntei para quebrar o vazio do silêncio.
— Claro. Não são todos os dias que se veem homens vestidos a rigor aqui no Hard Rock Beer.
— Oh, isso é porque eu só venho depois do trabalho.
— Você é gay, Luhan? — ele perguntou, uma vez que estávamos a sós na parte traseira do bar. Ele foi tão direto que me deixou gelado, e eu não soube como responder. — Você me olhava como se quisesse me comer, por isso pergunto.
Sua voz era grossa e algo como rouca, mas, às vezes, com um tom infantil. Eu não sabia se ele pensava em me matar ou o quê.
— Eu não vou te comer — me apressei em dizer —, mas... mas sim... — admiti reunindo toda a minha coragem.
Ele exalou a fumaça do seu cigarro mais uma vez antes de jogá-lo no chão, em seguida me empurrou contra a parede e me beijou na boca. Oh Sehun até agora havia sido a coisa mais excitante da minha vida. Ele tinha gosto de cigarro e sexo.
Me apoiei em seus ombros para que ele não pudesse se afastar de mim; ele desceu as suas mãos e apertou minhas nádegas com força. Gemi alto e quando me ouviu, também fez o mesmo. Então, me atrevi e também apertei o seu traseiro... foi como estar no mesmo céu (claro, se não contássemos o fedor de xixi na parede). O piercing na sua língua deslizou pelos meus dentes sem chegar a me machucar.
— Passe essa noite comigo, Luhan — me pediu entre beijos.
— Não posso, sinto muito. Eu não estou sozinho, vim com o meu melhor amigo e agora ele deve estar preocupado... eu o deixei sem companhia.
— Eu não gosto de desculpas. — grunhiu.
— Não é isso! Ele se chama Jongin, e está lá dentro, mas... se você quiser, eu posso vir outro dia sozinho.
— Amanhã?
— Amanhã está bom.
Voltou a me beijar e enfiou a língua dentro da minha boca antes de voltar para dentro do bar. Por lá, encontrei Jongin e logo o vi beijando outro cara. Eu ri muito disso. Ele estava com um cara de baixa estatura e cheio de tatuagens. Jongin me brigou tanto por tê-lo levado a um bar de motoqueiros e agora estava beijando um deles! Na frente de todos!
Que sem vergonha!
— Tem certeza de que não pode vir comigo? — perguntou Sehun. — Parece que o seu amigo já tem com quem ir embora.
Jongin estava saindo do bar, mas com certeza ia atrás de um lugar tranquilo para beijar; ele não iria embora com esse desconhecido, porque meu amigo não é assim, apressado, e bem, eu achava que ele gostava do Taemin... então ele só fazia aquilo para me dar um tempo com o meu garoto.
Passei um tempinho com Sehun e conheci os seus companheiros de banda: Kim Minseok, que me pediu para chamá-lo de Xiumin, e Kim Kibum, que também me pediu que o chamasse diferente: Key.
Quando saí para buscar o meu neguinho, porque eu já estava preocupado com a sua ausência, o vi babando na calçada por um cara que lhe jogava beijos de dentro de um táxi, e ele, idiota disse na frente de Sehun que havia se apaixonado.
Eu não acreditei nele, porque quem se apaixonou nessa noite foi eu.