Feliz dia das mães para mim que tem esse tanto de filho espalhado pelas histórias. E para a sua mãe também! Que nem imagina as p0tarias que a filha lê na internet. :B
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Naquela tarde, eu estava sentada sobre os degraus da escada em frente à casa, passando os dedos pelo pescoço nu.
Ainda não conseguia entender a hesitação em pegar a correntinha, em usá-la de novo. E só consegui pensar sobre aquilo durante o dia inteiro. E, também, na fotografia antiga que eu tinha encontrado.
Buscava bolar teorias para a história daqueles dois garotinhos, tentando achar algum sentido e explicação para o calafrio que eu sentia sempre que me lembrava do rosto de Harry naquela foto.
Eu podia ter ficado perdida em pensamentos por mais algumas horas se Niall não tivesse se sentado ao meu lado no degrau.
Respirei fundo e olhei para ele, sentindo um agrado satisfatório por ver um sorriso bobo em seus lábios. Era incrível ver meu amigo feliz daquele jeito.
— Oi, ruivinha.
— Vem sempre aqui? – dei uma piscadinha, fazendo-o rir.
— Não flerte comigo, mocinha... Sou um cara comprometido agora – brincou, mas eu conseguia sentir a satisfação em seu tom por finalmente poder falar aquilo.
Niall era louco por Maya há meses. Eu imaginava o quanto estava feliz por enfim estarem juntos.
— Quem é a garota sortuda?
— Eu sempre esqueço o nome dela, mas sei que é gostosa.
Abri a boca e dei-lhe um tapa, arrancando uma gargalhada.
— É tão bom ver você assim – elogiei, colocando as pernas em seu colo, observando-o com ternura.
Niall riu e pousou as mãos nos meus joelhos, apertando-me carinhosamente.
Eu não sabia como era aquela sensação de satisfação. Imaginava que nunca saberia. Meu sorriso murchou e Niall, sendo meu melhor amigo, não deixou aquilo passar.
— Você está feliz? – frisou, arqueando as sobrancelhas.
Desviei o olhar para as cercas, estreitando a vista por conta do sol.
— Confusa.
Ele estalou a língua e continuou massageando as minhas pernas, sabendo que não podia descer as mãos até os meus pés. Eu teria um ataque se ele fizesse isso, morria de cócegas.
— Harry? – adivinhou.
— Sempre.
— Eu sei que ele pode ser difícil às vezes...
— Você já disse isso – apontei, impaciente. Não saber o que estava acontecendo me deixava aflita, eu odiava me sentir assim. — Por que não me conta algo diferente?
Niall mordeu os lábios, hesitante. Quando desviou os olhos azuis dos meus, eu soube que não me contaria nada.
— Eu não posso.
Puxei as pernas do seu colo, sentando-me direito para focar a atenção em Niall.
Eu não queria que ele traísse o amigo e me contasse seus segredos, mas precisava que ele me desse alguma coisa... Qualquer coisa! Algo que me ajudasse a entender Harry.
Eu sentia que a minha "relação" com Harry estava se complicando a cada segundo. O beijo bêbado era apenas um indício de que eu estava perdendo o controle. E Niall me devia aquilo, afinal, era meu amigo também.
— Eu sei que você não vai me contar o que houve... Mas pode ao menos me dizer como ele era antes de tudo isso?
Ele me fitou, franzindo a testa à medida em que seus olhos perdiam o foco... Como se estivesse revivendo memórias em sua mente.
Passou a mão pelos fios loiros e sorriu nostálgico.
— Leal – escolheu a palavra. — A maior qualidade dele sempre foi sua lealdade... Não importava quando era que eu precisasse dele ou para que eu lhe ligava... Ele sempre aparecia, sempre estava lá por mim. De um jeito que eu não pude estar quando ele precisou – abaixou a voz, incomodado. Niall riu pelo nariz e balançou a cabeça. — Ele sempre teve dom para se meter em encrencas... Uma vez ele convenceu Zayn, Brian e eu a invadirmos a piscina de um vizinho e tivemos que sair correndo quando o cara soltou o cachorro para nos pegar... – riu divertido. Eu teria rido também, se não tivesse prestado atenção em um detalhe importante.
— Você conhece Zayn? – arregalei os olhos. — Harry conhece Brian?
— Nós estudamos no mesmo colégio.
A ideia de Harry conhecer Brian me incomodou. Não gostei de imaginá-los juntos, amigos, próximos... Só de imaginar uma conversa dos dois sobre mim, eu estremeci.
— Ele afastou todos os amigos que tinha... Por que não você?
— Porque eu não estava lá para ser afastado – esclareceu. — Brian e eu passamos na mesma faculdade e fomos embora... Quando voltei a falar com Harry, ele já estava... Assim.
— Melissa, sua presença está sendo solicitada na sala – Liam se juntou a nós, jogando-se preguiçoso em meu colo.
— Ah, pesado! – fiquei sem ar e tentei empurrá-lo.
— Você sabe que eu não gosto quando fala assim... O nome é fofo – fingiu um tom ofendido.
— Você e sua fofura podem, por favor, sair de cima de mim para eu conferir o que a sua namorada quer comigo? – pedi, conseguindo respirar quando ele se levantou, rindo da minha cara.
— Nossas patroas mandaram a gente fazer alguma coisa aqui fora enquanto elas têm uma reunião de emergência lá dentro – dirigiu-se a Niall.
— Garotas são esquisitas.
— Vocês são esquisitos – brinquei, virando-me para a porta.
— Ei, Mel... Acho que elas querem falar sobre Harry.
— O quê? Por quê?
Liam riu da minha confusão.
— Ahn... Eu não sei, talvez tenha algo a ver com vocês dois quase se comendo no bar ontem?
— Você viu isso? Elas viram? – cobri a boca, dando passos para trás, como se me afastar dele fizesse a vergonha diminuir.
Niall olhou de mim para Liam.
— Você e Harry? É sério? – não escondeu a empolgação com a ideia.
— Nada aconteceu!
— Não parecia isso de onde eu estava olhando. E sim, todo mundo viu. Vocês não foram muito discretos. É por isso que eu digo, banheiros de lugares públicos são os meus melhores amigos – deu um tapinha no ombro de Niall.
Minhas bochechas ficaram ainda mais vermelhas e evitei olhá-los nos olhos.
— Eu não... Nós não... – tentei esclarecer, mas fui interrompida.
— Mel, relaxa... Ninguém está te julgando! E, mesmo se estivessem, você não deveria se importar. Vive um pouco! – Liam encorajou, dando-me uma piscadinha esperta. — Se é algo que você quer fazer, vá em frente. Se ele pisar na bola, eu acabo com ele. Acho que dou conta de Harry.
Mordi o lábio, hesitante enquanto olhava para Niall, encontrando um sorriso aberto em seus traços.
— Eu nem preciso dizer o que eu acho sobre isso, certo?
— Bom, eu vou... – cocei a garganta, ainda um pouco constrangida. — Vou entrar agora – dei as costas, escutando os dois rirem e começarem a sussurrar algo incompreensível à medida em que eu me afastava.
Estreitei os olhos quando me aproximei da sala, notando uma travessa de pipoca, três barras de chocolate e uma garrafa de vinho aberta.
Era o ritual que fazíamos quando surgia alguma novidade sexual no nosso grupo. Eu nunca havia sido o foco daquelas reuniões por motivos óbvios. Nem mesmo quando perdi a virgindade com Brian. Então fiquei confusa com aquela iniciativa.
— O que é isso? – sentei-me entre as duas.
— Conta tudo! – Maya comandou, animada, dando palminhas no ar.
— É grande? É grosso? – Sky começou a perguntar alto, mal contendo a empolgação. — Ele sabe usar? Você gozou? E o beijo? Muito molhado? Muito seco? Você ficou por cima? Por favor, diz que sentou na cara dele!
— O que você... – tentei, mas as duas não conseguiam me deixar falar.
— Diz que vocês usaram camisinha!
— A cama está inteira? Sua calcinha está inteira?
— Tempo! Tempo! – interrompi, calando as duas. — Vocês estão achando que eu transei com Harry? – ofeguei quando elas assentiram rapidamente, observando-me como dois filhotes de cachorrinho. — E essa seria a reação de vocês?
Maya abriu ainda mais o sorriso, nem tentando disfarçar a sua felicidade enquanto pegava um pedaço de chocolate.
— Bom... Eu não sou gosto do cara, não aprovaria um romance entre vocês. Mas ele parece ser bom no negócio e você merece se divertir, está de férias! Você sabe, casualmente – Sky respondeu, pegando um punhado exagerado de pipoca e enfiando na boca. — Se a única coisa boa que ele tem a oferecer é sexo, por que não? Sexo é bom, amiga. Você merece sexo.
— Isso não seria o mesmo que usá-lo? – Maya deixou no ar.
Sky não se abalou.
— Ele não tenta esconder que tipo de cara é: casual. Já deixou bem claro o que quer da Mel e o que não quer. Sem contar que já é um cara bem grandinho e definitivamente não seria a primeira relação descompomissada dele.
— Bom, eu amo a ideia! – Maya ignorou o tom de Skyler, fazendo-me erguer as sobrancelhas. Ela me olhou com falsa inocência e deu de ombros. — Qual é o problema? Eu sou team Harry.
— Nada aconteceu – repeti o que disse aos meninos, respirando fundo antes de pegar um pedaço de chocolate.
— Nada? – a loira apertou os olhos, desconfiada.
Eu abri a boca para confirmar, mas a cena de Harry sobre mim enquanto eu o puxava pela blusa e colava nossas bocas surgiu à minha mente e eu não consegui dizer nada.
— Você hesitou – Maya apontou para mim, dramática, passando a olhar para Sky. — Ela hesitou!
— Talvez eu o tenha beijado...
— Talvez?
— Eu o beijei, ok?
As duas deram gritinhos que quase me fizeram rir, agindo como se eu tivesse perdido o BV.
— E aí? – Maya se ajeitou na roda, deixando o copo no chão para me dar total atenção.
— Não foi bem um beijo... Foi mais um selinho. Eu tentei beijá-lo de verdade no bar, mas ele não deixou... Disse que queria que eu estivesse sóbria.
— Ele disse isso? – Sky franziu o cenho, puxando os lábios para baixo, impressionada. — É quase... digno. Não acredito que ele cumpriu a obrigação – não escondeu a surpresa. — Isso é triste, né? Ficamos impressionadas quando um cara faz o mínimo.
— Eu disse que ele podia surpreender – Maya abraçou as próprias pernas.
Eu não estava gostando de todo apoio que ela estava dando a Harry... Ela era minha amiga e deveria ficar sempre do meu lado. Com isso em mente, procurei quebrar a ilusão que ela havia criado.
— É, mas isso foi antes de ele simplesmente invadir o meu banho essa manhã, sem o menor respeito!
— Ele não fez isso... – Sky abriu a boca, deixando algumas pipocas caírem.
— Fez! – confirmei, frustrada. — Eu não sei, é confuso... Uma hora ele é quase gentil e parece uma pessoa diferente. Mas no segundo seguinte ele é um ogro desnecessário.
— Quase como se estivesse tentando compensar – Maya analisou.
— Como assim?
— Acho que ele se força a ser um idiota quando percebe que está sendo uma cara legal... Para manter um equilíbrio. Mas por que ele faria isso? – suspirou, tão perdida quanto eu.
Coloquei um pedaço de chocolate do tamanho da minha frustração na boca.
— Conte-me se descobrir.
Ficamos pensativas por um tempo. Maya tentando analisar Harry, e Sky recriminando-o por ter entrado no meu banho. Mas, por ter simplesmente citado o ocorrido, eu não conseguia mais parar de pensar sobre aquilo.
— E agora eu sinto... Essas coisas.
— Que coisas? – Maya se interessou, saindo do transe em que sempre entrava quando cismava em avaliar alguém.
Hesitei, passando as mãos pelo rosto.
— Melissa, nós não vamos te julgar. Conta! – Sky incentivou, pegando na minha mão.
Respirei fundo e sentei direito, brincando com uma mecha do meu cabelo de um jeito forçadamente casual enquanto contava o que andava passando pela minha cabeça.
— Eu me peguei pensando em como seria se eu... – mordi o lábio, sentindo o olhar das duas em mim. — Deixasse rolar... Eu tenho essa sensação, sabe? De calor o tempo inteiro! E as pernas ficam tremendo, um nó se aperta na barriga e tudo o que eu consigo fazer é imaginar... coisas.
— Conte mais – Maya pediu, sem ao menos piscar.
Quando torci o nariz, Sky me apoiou.
— Nada do que você está sentindo é errado, Melissa. Se estivesse desconfortável por estar nos contando, eu entenderia e respeitaria seu espaço. Mas eu te conheço! Sei que só está com medo de ser julgada, mas não está fazendo nada de errado! – repetiu, segura. — Isso é normal, é humano, pelo amor de Deus! Você é só mais uma garota com necessidades, Mel. Explore isso! Coloca para fora!
Dei de ombros e comecei a me sentir mais à vontade, conseguindo falar com mais naturalidade.
— Coisas como... – ri da minha bobagem, balançando a cabeça antes de concluir. — Como ele faria para fazer tudo aquilo caber dentro de mim.
Senti as bochechas esquentarem, mas não baixei o olhar dessa vez. Elas abriram a boca e me encararam como se eu fosse um experimento químico.
— Você o viu pelado? – Sky se surpreendeu.
— Eu não disse que ele invadiu o meu banho?
— Mas não disse que ficou encarando o cara! – ela retrucou, permitindo que um sorriso safado decorasse suas linhas.
— Eu não pude evitar! Ele estava ali, à minha frente! O que eu podia fazer? – tentei me defender.
— Você podia não ter olhado – Maya alfinetou, brincalhona.
Bufei e peguei um pouco mais de pipoca, mastigando incomodada.
— Então quer dizer que é grande? – Sky se assanhou.
— Vocês acham que ele tem algum problema? Não parecia ser normal... – ponderei, comparando o tamanho de Harry com o de Brian inevitavelmente.
Assustei-me quando elas explodiram em gargalhadas.
— Parem de rir de mim!
Sky engasgou e tomou um pouco de vinho para melhorar sua situação. Já Maya passou a mão pelos olhos lagrimejados e me respondeu divertida.
— Dsculpe! Mas não, amiga. Ele ter um pau grande não é um problema, é uma solução.
Apertei os lábios e mordisquei a bochecha por dentro, abraçando as pernas enquanto permanecíamos sentadas no meio do chão da sala.
Fingi que não estava sentindo um calor infernal subindo por mim por estarmos tendo aquela conversa íntima.
— Você percebeu que está mais excitada falando sobre ele, um cara que você nem beijou direito ainda, do que quando tivemos que praticamente te obrigar a falar um pouco sobre Brian? – Sky observou.
Sim, eu tinha percebido. E aquilo me incomodava!
— Não.
— Certo – estreitou os olhos, conhecendo-me bem demais para acreditar naquilo.
— E agora eu sinto esse incômodo entre as minhas pernas o tempo inteiro e eu não sei o que fazer! – contei, exasperada.
Elas trocaram mais um olhar cheio de significados e Sky pegou uma das minhas mãos, chamando meus olhos para os dela.
— Sabe qual é o nome disso? Tesão reprimido.
Olhei para Maya, procurando alguma explicação.
— Você tem que se aliviar, Mel – ela deu de ombros, sorrindo doce.
Puxei a mão de volta, torcendo o nariz para o que elas estavam sugerindo.
— Eu não posso ceder a ele! Harry é gostoso e desperta a minha curiosidade em várias coisas... Mas é um canalha! Pelo menos a maior parte do tempo – resmunguei, só para fazer com que as duas começassem a rir de novo. Rolei os olhos, sem paciência. — O quê? O que foi agora?
— Você não precisa do Harry para se aliviar, bobinha – Maya corrigiu.
Abri a boca, um pouco confusa, mas finalmente entendi o que elas estavam falando quando a voz de Sky ecoou na minha cabeça:
— Você pode fazer você mesma.
Eu não consegui fechar a boca, acabando por arrancar mais gargalhadas. Mas daquela vez eu não fiquei com raiva ou ofendida pela reação das meninas frente à minha ingenuidade, estava ocupada demais pensando sobre o que elas tinham dito.
Perguntava-me se aquela era uma boa ideia. Se ajudaria a aliviar a tensão que eu sentia. E só havia um jeito de descobrir a resposta para aquelas perguntas.
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