A semana não tem assas, mas ela voou. Segui bem legal, regrada de felicidade e amizade dos meninos. Jonathan tem feito parte da minha vida como meus irmãos. Estou amando a idéia de ter cinco homens no meu pé; meus irmãos, Jona e papai.
Hoje, sexta-feira estou escalando escambito de tão animada que estou. Ir ao shopping com o cartão de credito do pai é uma maravilha, vou tentar não passar do limite. E amanhã é o meu aniversário, então estou dominando tudo que posso.
— Olá, boa tarde – diz a meiga vendedora da Marina. — Em que posso te ajudar?
— Boa tarde, quero ver um vestido tipo bonito e simples – faço um gesto com a mão. — Entende?
Ela dá uma risadinha e me leva pra outra parte da enorme loja.
— Qual seu nome, linda?
— Jéssica, e o da senhora?
— Pelo amor de Deus Jéssica, sou nova pra ser senhora – ela diz com cara fechada, depois ri. Oxê! — Me chama de Mary.
— Ok, Mary!
Ela me traz um monte de vestidos, cada um mais lindo que o outro. Como iria escolher só três entre cinco vestidos incríveis? Todos eles iam ficar totalmente caros, com certeza.
— Quer saber, pode passar, vou leva-los.
Comprei-os, e ainda uma saia de couro e uma blusa. Na loja de sapatos comprei uns quatro pares, e a última compra foi um sanduíche bem grande, porque estou com fome e porque meu estômago merece.
🌙
Chego em casa exausta. Tomo um banho, lavo os cabelos e hidrato, uso uma roupa confortável e penso em pegar o violão. Marcos me ensinou umas notas, preciso praticar pra aprender. Mas em vez disso, atendo o celular que toca as alturas.
— Olá! – digo empolgada.
— Oi.
— Mas que desanimo é esse? – pergunto, ele parece muito cansado, nem parece ele.
— Como sabe que sou eu?
— Meu bem, eu converso com você por sete meses, amanhã faz oito. Acha mesmo que não conheço sua voz?
— Hum! Sinto-me bem em saber isso. Tudo bom?
— Claro que sim. E você? Parece desanimado.
— Estaria melhor se estivesse ai, estou no tédio aqui.
Oh não! Se ele soubesse como me quebra no meio quando diz essas coisas, provavelmente iria parar de dizer.
— Pois é né! Seria bom – ele só dá uma risadinha, aquela risadinha que... JESUS! — Então, agora você tem com quem conversar. Senti saudades de você.
Confesso, e logo que meu rosto esquenta, sinto vergonha.
— Também senti sua falta. Onde se meteu a semana toda, te liguei na quarta e ontem. Sabia?
Tá explicado o desanimo, eu não atendi ele. Mas eu nem vi nenhuma ligação.
— Não tive muito tempo, e ainda tive prova. Só não entendo porque meu celular não tem nenhum registro seu. Nem de quarta e nem de ontem.
— Deve ser porque seu irmão apagou, eu falei com ele. O Tiago.
— Cachorro – digo chocada.
— O quê?
— Não, é você não, é ele – digo rápido. — O que ele te falou?
— Nada de mais, você esta ocupada?
— Não, acabei de chegar do shopping. Agora me diga o que conversaram, não fuja do assunto.
— Foi uma conversa normal, nós nos conhecemos. Fico feliz que vocês estejam se dando bem.
— Estamos muito bem, graças a Deus e a você. Conta-me as novidades?
— Vou fazer uma viagem amanhã.
— Vai pra onde? Você poderia vim me ver – e lá estava eu iniciando meus dramas, dando lugar as pequenas crises de desespero.
— Eu vou quando puder, estou louco pra te ver.
— Também quero muito te ver, te abraçar – digo, e de repente a linha ficou muda, só ouvia a respiração dele. — Ei, eu conheci uma menina no avião, eu te contei?
— Não tudo, pode começar.
— Então...
Conto todos os detalhes.
— Quero que me mande às fotos anjo.
— Espera ai – entro no whatsapp pelo computador e mando as fotos. — Pronto. Está enviado. E falando em enviar, eu comprei o seu presente.
— Você levou mesmo a sério?
— Lógico, de qualquer forma eu ia trazer algo pra ti.
Ficamos em silêncio mais uma vez, isso está começando a acontecer com muita frequência.
— Anjo? – chama.
— Oi, estou aqui.
— Sobre aquele cara, o Christian, como anda as coisas?
— Bem diferente. Perdoei-o e assim, ele tenta se aproximar de mim sempre, mas não permito ele avançar muito. Eu conheço suas intenções, não é nada de mal, só que já é tarde de mais. Ele quer tentar algo sabe, mas eu estou em outra.
— Hum! Então você esta em outra, me fala sobre isso.
— Ah não! Vamos falar de você. Diz-me; já namorou? Gosta de quem? Vamos lá – digo já cansada de falar de mim, e a fim de entrar naquela “zona”.
Na verdade quero ouvir mais dele. Será que ele gosta de mim? Ou me ver só como uma amiga virtual? Se bem que...
— Ok. Já namorei, mas não deu certo porque não era dá vontade de Deus. E sim, eu amo uma garota incrível aí.
Lá vem.
— Por que não deu certo? Quer dizer, o que aconteceu exatamente?
— Ela me traiu com meu ex melhor amigo, na minha casa, depois de descobrir alguns fatos sobre mim.
— Nossa – garota idiota, quem perdeu foi ela. — Você esta fazendo mistério, por quê? Conta-me, ou você não confia em mim? Eu te falei tudo, não só pra você falar da sua vida, mas estou curiosa sobre você.
— Não acho que seja o momento certo para te contar Jéss. Eu confio em você, só que... – além de dizer tudo com a voz arrastada, ele ainda deixa a frase no ar.
— Quando será o momento certo? Espero que...
— Jéss, ei espera. Não fica chateada, eu confio em você, só não que...
— Ok Isaque, quando for o tempo você fala. Tchau.
Esperei ele dizer mais alguma coisa, mas não disse, então desliguei e joguei o telefone longe. Joguei-me frustrada na cama e ali fiquei. Poxa! Eu confiei tudo, pra ele dizer não é o momento. Estava bom de mais pra ser verdade.