The Daughter Of The Reverend...

By 50Tonsdeari

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As lutas estavam sendo vencidas e os objetivos sendo alcançados, Lauren estava em Nova York com suas amigas... More

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Lauren Jauregui's Point Of View

Ali estava eu, olhando para o nada e pensando em absolutamente tudo. O mundo não me enchia mais a vista e tudo, de repente se tornou tão vago. As pessoas caminhavam por Nova York apressadas, o vazio lhes preenchiam a alma e sentada ali no gramado verdinho do Central Park eu pude perceber que eu havia me tornado como elas. O vazio preenchia-me a alma.

Eu estava em Nova York há uma semana, Veronica e eu já havíamos discutido e agora falávamos apenas o básico uma para a outra.

"Seu amor foi embora e você nem se importa." Foi o que ela disse.

Mal sabia ela que, meu amor havia sumido junto com os meses, simplesmente evaporou com a falta de notícias e a decepção.

Todas insistiam em dizer que Camila era o meu amor, mas eu me negava a acreditar naquilo, não existia mais amor entre nós duas, talvez até existisse, mas não havia reciprocidade. Eu me recusava ama-la.

Veronica, Lucy e Keana apareceram por ali e se aproximaram, havíamos combinado de nos encontrar às 4:30PM.

Aquele dia em específico eu havia passado o dia procurando um emprego, não suportaria passar toda tarde e noite naquele apartamento.

As garotas se aproximaram de mim e sentaram ao meu lado.

- Como foi o seu dia, Laur? - Indagou Lucy.

- Corrido, mas eu consegui arrumar um trabalho na lanchonete perto da Universidade. - Respondi e a garota sorriu.

A distância entre a Juilliard e New York University era mínima, Veronica, Keana e eu íamos buscar Normani, Dinah e Lucy sempre, o casal 'Norminah' se recusava a ir no mesmo carro que Lucy e Veronica, diziam que as duas não conseguiam ficar com as mãos longe uma da outra, estavam sempre se comendo dentro daquele carro sem se importar com o trânsito.

Observei as três garotas por um momento e pude notar que Keana ainda tinha aquele olhar vago, a garota tentava me fazer ficar bem, mas eu sabia o quanto ela também estava mal. Ela amava Taylor.

- Como você está se sentindo hoje, Keeks? - Indaguei e a garota sorriu.

Aquele era um apelido de infância que eu havia criado para ela.

- Eu estou bem. - A francesa respondeu.

Keana sempre fora de extrema importância em minha vida, ela foi a primeira menina que eu beijei, a primeira que eu transei e agora era minha cunhada. Ela sempre seria minha cunhada.

Ficamos ali por um longo e tranquilo momento, alguns casais sentavam naquele gramado para fazer um piquenique, jogar conversa fora ou até mesmo namorar. O Central Park definitivamente era bonito.

Veronica e Lucy entraram em sua bolha paralela e eu admirei, achava lindo a maneira que elas enfrentavam as dificuldades para ficarem juntas.

O plano de Veronica era cursar artes visuais em alguma Universidade de Miami, mas ao saber que Lucy estava indo em busca de seus sonhos em Nova York, ela não pensou duas vezes para mandar sua carta de recomendação para diversas universidades de Nova York.

- Jauregui. - A voz melodiosa ecoou me fazendo levantar.

Ariana estava ali, um pequeno sorriso estampado nos lábios e de braços abertos. Minha pequena, literalmente, estava ali.

- Ari! Eu senti sua falta. - Minha voz embargada denunciou minha emoção.

Acolhi a garota em meus braços e as lágrimas rolaram por minha face.

- Eu também senti sua falta, Laur. - A voz fina saiu contra o meu pescoço.

Ariana sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida, foi ela quem me ajudou quando meus pais me espancaram a primeira vez, foi quem me defendeu e me protegeu quando não havia ninguém por mim. Aquela garota, já não tão garota assim, era meu anjo da guarda.

Antes que eu pudesse contar como tudo havia acontecido, pude ver lágrimas se formando aos cantos daqueles olhos castanhos, eu sabia que ela sentia falta de Chris, ele sempre fora acima de namorado, um amigo para ela.

- Eu... Eu não perdoei ele, Lauren. Christopher se foi e eu não consegui o perdoar por desistir de tudo o que ele havia conquistado. Ele estaria feliz aqui, mas agora ele partiu e eu não posso perdoar ele porque ele me deixou quando eu mais precisava dele, eu precisava do meu amigo para me aconselhar. - A pequena chorou.

Me doeu vê-la quebrada daquela forma.

- Eu não sabia o que fazer sozinha aqui, Liz está no México, ela precisou deixar tudo de lado para cuidar da mãe que está com câncer. Eu não podia simplesmente ir com ela, me vida inteira se fez aqui e eu não posso deixar isso. - Continuou.

A distância sempre fodia tudo!

- Você sabe como sobreviver com a distância, Ari. Você já fez isso uma vez e agora não vai ser diferente. Vocês vão superar! - Falei ao acariciar as madeixas agora loiras.

A baixinha sorriu em meio às lágrimas e as covinhas apareceram em seu rosto me fazendo sorrir junto.

- Tudo vai ficar bem, Ari. Sempre fica tudo bem. - Falei com sinceridade.

Apesar de eu não acreditar muito naquilo, as coisas não ficaram bem desde o final de outubro do ano passado, como uma avalanche tudo ia desmoronando.

Ariana havia voltado para Miami a mais ou menos três meses atrás, apenas para uma visita que se estendeu por quase três semanas, Chris e a garota saíram apenas como amigos, a baixinha estava namorando com Liz e Christopher aceitou aquilo numa boa, desejou felicidades e disse que apoiaria a garota no que ela precisasse. Naquele momento Ariana precisava dele e ele estava morto.

Morte, essa simples palavra nunca havia me machucado tanto como agora, eu odiava a morte, a dor, o amor, e tudo que me fizesse sentir algo.

Avisei as garotas que eu e Ariana iríamos andar um pouco e elas apenas assentiram.

Juntas, eu e a baixinha caminhamos até o bar mais próximo dali. O ambiente era simples, mas bastante sofisticado. O assoalho de madeira entrava em contraste com as paredes de tom marrom, havia um sofá de couro no canto da parede e alguns bancos próximos ao balcão. A música que saía pelos pequenos caixas acoplados no teto aos cantos das paredes me fez rir, Don't Cry do Guns N' Roses era o que ecoava pelo caixa, aquilo deixava o meu humor mórbido.

- Whisky, por favor! - Pedi ao barman.

Como de costume, Ariana optou por vinho tinto, a garota sempre fora uma amante daquele líquido, sendo branco ou tinto. Para ela, vinho servia para todos os  momentos, poderia ser servido em um jantar de comemoração ou simplesmente para afogar as mágoas.

- Don't you cry tonight - Sussurrei para mim mesma.

Aquela noite eu não iria chorar, me proibia de derramar mais lágrimas e eu também sabia que aonde quer que Camila estivesse ela também não choraria aquela noite. Eu odiava o fato de ter essa conexão com ela, odiava porque isso me trazia dores passadas e lembranças sombrias. Eu definitivamente odiava sentir algo completamente indefinido por ela.

Desde que eu cheguei aqui a única coisa que eu soube sobre Camila foi que ela voltou para o México, aquilo era o suficiente para mim, ela foi sensata  o suficiente para saber que o que eu estava falando era verdade.

A última vez que eu e a latina havíamos nos comunicado foi um dia antes dela se internar e dois dias depois eu recebi sua primeira e única carta. Se o intuito de Camila era que eu a esquecesse, bom, ela quase conseguiu. Foram noites seguidas de um choro tão dolorido, eu não entendia o porquê dela me deixar em todo esse tormento, Camila havia me deixado como segunda opção por longos seis meses, seis fodidos meses. Me agoniava não saber como ela estava, doía, chegava a ser uma dor sufocante porque o que eu sentia por ela era completamente inexplicável; o que eu sentia, apenas eu. Atualmente não existia mais nada dentro de mim, Camila se tornou responsável por uma de minhas dores, na verdade ela era a dor mais constante que existia em mim, antes do acidente aquela sensação de ser esquecida já estava em meu peito. Se em algum momento eu amei Camila de verdade, aquele amor tornou-se raiva, mágoa e revolta.

Cinco meses atrás eu me vi completamente sozinha, meus pais estavam em um projeto da igreja e passavam boa parte do dia ali, Taylor estava feliz e com Keana na maior parte do tempo, Chris estava em Palm Beach e ficaria ali por mais um mês. Todas as minhas amigas estavam fazendo os devidos preparativos para quando chegassem em NY e eu, há cinco meses atrás, estava pensando em Camila e em como ela estava se saindo. Eu torcia para que ela ficasse boa logo, mas agora aquilo já não influenciava em minha vida, eu continuava torcendo para que ela ficasse boa, mas dessa vez, que ficasse boa longe de mim.

Ariana degustava o líquido na tonalidade roxa com vontade. Eu já tinha bebido meu whisky e outra dose já estava sendo servida para mim. Os três cubos de gelos iam derretendo gradativamente.

-

Estávamos dentro daquele bar faziam quase três horas, eu já havia bebido mais coisas, incluindo um drink da casa que eu não fazia ideia do que era feito.

Ariana ria e chorava à toa, eu não estava muito atrás.

- Por que você mandou Mila voltar, Lauren?! Aquela garota é louca por você! - Exclamou Ariana.

- ELA ME ABANDONOU, ARIANA! - Gritei exaltada.

- Abandonar é ir embora sem olhar para trás e se Camila não te mandou mais cartas eu sei que ela tinha motivos. Eu conheço aquela garota a anos, Lauren, e eu sei que quando ela ama ela faz de tudo para fazer a pessoa feliz. Ela fez isso para Drew e eles eram apenas amigos! Você nem sequer deixou que ela se explicasse e simplesmente a mandou voltar para o México! - Fez uma pausa. - A morte da sua família, ainda que dolorosa, não justifica o fato de você ter sido uma filha da puta com ela! Camila não tem culpa do acidente e muito menos de ter sido sua família ali. Acorda, Lauren! A raiva que te cegou é a mesma que está fazendo você perder a pessoa que você ama! - Continuou Ariana.

- Você não sabe o que eu estou sentindo, Ariana! Absolutamente não! Eu a mandei voltar porque aquilo doía demais em mim! Você não estava na minha pele quando eu vi minha família ser enterrada, você não estava na minha pele quando eu os vi assim que cheguei em casa e você não estava na minha pele quando eu a vi parada em frente a minha casa com aquele maldito olhar de pena! Então você não tem direito nenhum de me julgar pelas minhas atitudes. Eu não a amo mais, Ariana! Eu não amo mais ninguém porque tudo o que eu tinha se foi! Eu não estou com raiva, para falar a verdade eu não estou sentindo mais nada e sabe o pior? Eu odiava estar sentindo tudo porque me machucava, porém não estar sentindo nada machuca ainda mais! A única coisa que restou em mim foi um vazio, Ariana. - Encarei a loira. - Até que você viva o que eu vivi você não saberá o inferno pelo qual eu estou passando. Passar bem. - Terminei.

A última coisa que eu fiz foi jogar uma nota de cem dólares em cima de balcão e me retirar dali.

Meus passos se mantiveram lentos devido a minha tontura, minha visão estava ligeiramente turva graças às doses de whisky que eu havia bebido, o efeito das bebidas estavam vindo com mais intensidade do que da última vez que eu bebi, talvez aquilo estivesse decorrente do drink que o barman me ofereceu.

Com certo cuidado eu atravessei a enorme avenida e mais uma vez me vi sentada no gramado verde do Central Park, a noite estava chegando e junto a elas vinham as estrelas e a lua.

Deitei-me naquele gramado e calmamente observei o céu repleto de estrelas, aquela era definitivamente uma das melhores visões naturais que alguém poderia ter.

As pessoas olhavam para o céu quando estavam felizes, olhavam para o mesmo quando estavam tristes e se sentiam perdidas, mas aquela maravilha deveria ser observada todos os dias por todas as pessoas desse mundo.

A Lua Nova brilhava no céu intensamente, aquela conjunção entre o sol e a lua trazia a colaboração para aquela fase.

Lembrar do Sol e da Lua trazia à tona minha história com Camila. A garota rebelde que veio de outro país, a latina sempre tivera uma personalidade forte e foi exatamente aquilo que me encantou, ela simplesmente batia o pé e insistia até conseguir o que queria, foi assim que aconteceu com o nosso primeiro beijo, nossa primeira briga e outras diversas coisas. Lembro-me perfeitamente de quando ela ficou revoltada por Jacob ter traído minha irmã, ela disse que iria atrás de Hailey e bom, ela foi. Eu nunca vi aquele ser tão delicado com tanta raiva como naquele momento.

A voz harmoniosa se fez presente em meus pensamentos me causando arrepios, "Eu te amo, Lo." Era o que ela dizia, eu sorri, sorri porque aquelas três simples palavras sempre aqueciam meu coração quando saíam por entre os lábios carnudos da latina.

O brilho distante da lua vinha se aproximando de mim e a medida que isso acontecia o rosto de traços latinos se fazia presente, o sorriso de lado e os cabelos ao vento. A imagem de Camila estava ali em minha frente e eu quis toca-la.

As batidas decompensadas do meu coração fizeram com que eu percebesse algo tão óbvio para todos.

Eu poderia negar aquilo para Deus e o mundo, mas lá no fundo eu sabia e não podia continuar me enganando, eu a amava, mesmo que pouco, eu amava Camila e aquilo me sufocaria e me mataria rapidamente.

- Eu a amo! A traga de volta para mim. - Falei para aquele satélite natural.

E apenas à lua escutou, apenas ela foi ouvinte da minha súplica.

OoO

O dia ensolarado clareou o meu quarto graças as pequenas frestas da janela, as coisas em NY aconteciam como em filmes, os pássaros cantavam alegremente em minha janela e ao abrir a mesma eu pude perceber que logo ao lado havia um pequeno ninho com filhotes piando, seria uma cena realmente linda se não fosse o fato daqueles pequenos seres estarem inutilmente tentando cantar.

- Eu não falo a língua de vocês. - Resmunguei baixinho.

A ressaca intensa veio acompanhada do meu mau humor matinal, minha cabeça latejava e os sons daquele apartamento estavam tão altos, era possível ouvir perfeitamente o som dos meus passos, os pássaros cantando, Lucy e Vero conversando na sala, os sons eram tão agudos que me deixaram tonta.

Com certa dificuldade eu segui até o banheiro, as roupas amarrotadas ainda da noite passada me fizeram lembrar de tudo o que acontecera, desde o momento em que eu entrei no bar, até o momento em que Veronica me encontrou deitada no chão.

Depois de olhar o estado catastrófico em que eu estava retirei as roupas e segui em direção ao box, a água fria ia me despertando aos poucos e a medida que meu cabelo era molhado pela água me fazia sentir mais leve. Nada melhor do que um bom banho de água fria para tirar a ressaca.

Com uma toalha ao redor da minha cintura eu saí do banheiro, meu cabelo ainda estava completamente molhado, se Keana aparecesse em meu quarto naquele momento ela iria me matar e gritar "Se enxuga direito antes de sair do banheiro! Não é você que enxuga essa porra!" A francesa era extremamente exigente e mandona e quando se juntava com Lucy ficava ainda pior, eu e Vero éramos as que mais sofriam por sermos tão desleixadas com as coisas.

Sequei meu cabelo com a toalha e troquei de roupa rapidamente, aquela manhã eu optei por usar uma calça jeans preta e um cropped também preto de mangas cumpridas xadrez vermelha e preta, nos pés eu havia calçado um all star.

Penteei os cabelos e saí do quarto encontrando as três garotas que moravam ali comigo preparando o café da manhã.

- Bom dia. Fiz café para você. - Lucy se pronunciou para então me entregar a xícara.

- Bom dia, Lu, e obrigada. - Respondi com um pequeno sorriso.

Veronica depositou um beijo em minha testa e seguiu em direção a sala novamente, nós ainda não estávamos nos falando direito, mas ela sempre fazia questão de demonstrar que se importava.

Tomei um gole do meu café e observei a morena sentar em um banco na varanda, o cavalete estava posicionado ao sentido contrário vento evitando que o mesmo pudesse atrapalhar sua pintura. Veronica colocou a xícara de café ao seu lado para em seguida pegar o pincel e mergulhar sua ponta no pote de tinta vermelho, aos poucos os detalhes da enorme tulipa ia se formando, o vermelho foi substituído pela cor laranja e a mesma foi usada para fazer o contraste daquela flor. Veronica amava desenhar paisagens.

Keana se aproximou de mim.

- Ariana passou aqui hoje cedo para perguntar se você havia chegado bem. Vocês discutiram? - Indagou a francesa e eu apenas assenti.

- Ela tentou me fazer enxergar a realidade e eu não lidei muito bem com aquilo. - Encarei a garota de olhos claros.

- Você nunca soube lidar com a realidade, Lauren. Essa é a verdade. - A garota disse distraidamente. - A partir do momento em que você percebeu que o mundo não era como em um conto de fadas você decidiu criar o seu próprio mundo, com altos e firmes muros, ninguém poderia te machucar ali, o problema começou quando você cresceu e tentou inutilmente continuar nesse mundo. Então Camila apareceu e construiu uma enorme ponte, ela chegou até você e te trouxe para a vida real, é isso que o amor faz, Laur, ele constrói pontes e não muros. Agora ela voltou para o lugar dela e você se cegou novamente, os muros estão te impedindo de encarar a realidade. - Keana me encarou.

Nossos olhares sempre se entendiam, aquilo acontecia desde que nós éramos mais novas, ela sabia de tudo, de tudo o que eu não conseguia dizer, de todos os meus pensamentos, mas além de saber, Keana entendia como eu estava me sentindo com aquilo.

- A Ponte continua lá, ao redor de todos esses muros que você construiu ao longo dos anos, apenas atravesse e volte para a realidade. Nós sentimos sua falta. - Foi tudo o que ela falou antes de se retirar.

Lucy observava a namorada atentamente e aquilo me fez sorrir, a garota amava Veronica, mas ela era completamente fascinada pela arte da morena.

- Vá conversar com ela, Lauren. Você sabe que ela sente falta de falar com você, Veronica fala pelos cotovelos o tempo inteiro e vê-la tão calada me deixa agoniada. - Lucy falou.

Concordei com a cabeça e segui em direção a garota que agora estava com um dos pincéis presos entre os dentes.

- Preparada para mais um dia com aqueles professores? - Indaguei e ela pareceu sair do transe.

- Ohh, eu nunca estarei preparada para aqueles professores mal humorados que não transam a séculos. - Falou Veronica e eu gargalhei.

- Mas a Emma é bem humorada e gostosa também. - Salientei.

- Gostosa demais! Com todo respeito, amor. - Veronica falou e Lucy assentiu com os olhos semi cerrados.

Vero e eu continuamos a falar sobre a Srta.Watson e todas as suas qualidades, aquela mulher era realmente uma obra de arte, mas para a decepção de muitos naquela Universidade ela era casada.

As oito e meia da manhã nós saímos do nosso apartamento e encontramos as demais e Troy nos esperando no lobby do prédio.

- Eu não vou dirigir hoje! - Afirmei assim que me aproximei do pequeno grupo.

Meu carro havia chegado de Miami a quatro dias atrás e eu sempre fazia de tudo para não dirigi-lo, aquilo tinha se tornado uma tarefa cansativa demais para mim.

Eu poderia definir cansativo como algo extremamente apavorante, era isso que eu sentia ao colocar aos mãos sobre o volante, pavor. O medo de colocar a vida de todos em risco me atormentava a ponto de me fazer passar mal, era como se todos os meus sentindos se perdessem, meu corpo travava completamente e a imagem do acidente da minha família começasse a passar por minha cabeça,  não, eu não estava lá no momento do acidente, mas as imagens tão reais passavam diariamente em minha cabeça como em um filme repetido e eram exatamente essas imagens que me faziam pensar como eles se sentiram naquele momento, o que passara pela cabeça deles. Perguntas sem respostas.

O destino insistia em me deixar sem resposta para a maioria das coisas em minha vida.

Entrei no carro acompanhada das meninas, Keana era a responsável por dirigir aquele dia, na verdade sempre era ela.

- Coloca Beyoncé aí! - Normani exclamou.

Todo dia nós escutávamos um álbum diferente da Beyoncé, às vezes Norminah adorava colocar uma música no repeat, era impressionante o fato delas não ficaren desanimadas depois de ouvir a mesma músicas vezes seguidas.

- FEELING MYSELF, OH FEELING MYSELF. - As garotas gritaram o refrão sem parar.

Eu apenas observava, não conseguia ter aquela disposição tão cedo.

O caminho até a Juilliard foi consideravelmente rápido, por volta das nove e dez da manhã eu e Keana já estávamos estacionando no campus da NYU.

Veronica estava logo atrás, Ally e Troy provavelmente já deveriam ter chegado e estavam em suas respectivas salas.

Esperei a morena Veronica sair do carro, a garota tinha uma enorme pose de bad girl, o óculos rayban aviador preto semelhante ao meu contrastava com a pele bronzeada dela.

Alguns olhares carregados de segundas intenções eram direcionados a nós três, Keana parecia não se importar com aquilo, Veronica continuava em sua pose prepotente, enquanto eu apenas caminahava tranquilamente. Eu costumava pensar achar que os olhares do colegial eram constrangedores, mas os da Universidade eram ainda piores, tirando o fato das pessoas elogiarem você invasivamente, assobiando e chamando de gostosa. Universidade é realmente uma coisa de louco.

- Eu adoro toda essa atenção, me sinto uma celebridade. - Veronica falou e eu acabei rindo.

Aquela garota tinha um ótimo senso de humor.

- Lucy vai adorar ainda mais. - Keana falou e a outra engoliu em seco.

Toda pose de bad girl era desfeita quando o assunto era Lucy Vives, Veronica era boba pela outra e fazia de tudo para vê-la feliz, mas para Lucy  a única coisa que ela precisava para estar feliz era sua namorada e amigos, a garota não se importava com as coisas banais do mundo, muito pelo contrário, o que atraía Lucia eram as coisas mais simples, como o pequeno barbante dourado que Vero havia colocado em seu dedo quando elas completaram um ano de namoro, a morena esquecera do pequeno detalhe de comprar uma aliança de compromisso. Sempre esquecida.

Entramos na NYU e naquele dia em específico Vero e eu teríamos aulas de filosofia, arte, semiótica e estética. Os corredores estavam sempre lotados de gente e ali as pessoas realmente corriam para chegar em suas respectivas salas, aquele era o verdadeiro significado de corredor.

Vero entrou no "auditório" fazendo mais barulho do que o normal e para nossa sorte a primeira aula ainda não havia começado. Sentamos no meio e As conversas aleatórias rapidamente fluiu entre nós.

- Você já conseguiu se decidir se prefere pintar ou fotografar? - Indagou Vero.

- Ainda não, mas eu acho que isso se tornou um meio termo para mim, às vezes eu amo fotografar, mas às vezes eu preciso expressar como eu me sinto através da pintura. - Respondi.

A garota pareceu pensar um pouco sobre aquilo.

- Quando você fizer uma exposição coloca pintura e fotografia, vai fazer sucesso e ser algo completamente inovador. - A garota se animou.

Veronica tinha um grande sonho de um dia ser uma artista de sucesso juntamente a mim e assim nós marcamos a história da arte. Na maioria das vezes eu acho que ela acaba extrapolando o limite de "sonhar", mas ela bate o pé e insiste que não existem limites para sonhos, você apenas deseja e se esforça para que aconteça.

A primeira aula começou e para minha tristeza era semiótica, céus! Eu mal havia começado o curso de artes visuais e já odiava aquele homem, o Sr. Wilson era arrogante, insuportável e ainda falava cuspindo, o velho já deveria estar beirando a casa dos setenta.

- Bom dia. - O homem se pronunciou.

Essa foi a primeira e última coisa educada que ele falou aos alunos, as seguintes palavras foram sobre a história da semiótica, a ignorância que ele usava para responder uma simples pergunta fazia com que todos, absolutamente todos ficassem quietos, mesmo sem entender nada.

Naquela aula em específico Veronica dormia na cadeira confortável do auditório, ela realmente adorava tirar um cochilo nas aulas dele.

As pinturas que cobriam as paredes me chamavam mais atenção do que a voz cansada daquele homem.

Depois de aproximadamente uma hora e quarenta minutos Sr. Wilson saiu da sala e nós também, a próxima aula seria filosofia e aquilo fez Veronica acordar, ela adorava debater sobre os diversos filósofos e suas teorias, entramos na segunda sala e o assunto daquele dia seria ética.

Mary Carter era uma excelente professora de filosofia, deveria ter por volta dos quarenta anos, era alto e de cabelos cacheados.

A mulher explanou sobre ética de forma ágil fazendo com que o conhecimento passado fosse adquirido sem nenhuma dificuldade, os debates que se faziam presentes ali era completamente homogêneo, pessoas de todos os jeitos colocavam suas ideias e opiniões perante ao restante dos universitários.

-

Depois de todas aquelas aulas Keana e eu estávamos indo buscar as meninas na Juilliard, aquele lugar era extremamente movimentado o tempo inteiro, pessoas corriam de um lado para o outro com seus instrumentos, partituras, livros e muitas outras coisas.

Aquilo era tão engraçado para mim, uma pessoa pode até ser conhecida, mas em NY ela passa completamente despercebida, as pessoas estão ocupadas demais para olharem em sua volta e reparar em outras pessoas, em NY nós sempre passaremos despercebidos, ali você pode ser quem você realmente sem se importar com que os outros irão achar porque estamos falando de NY, a cidade que nunca dorme e que te liberta.

Desci do carro e esperei as garotas se aproximarem do mesmo, de longe pude ver Ariana com um violão preso entre as costas e alguns papéis em sua mão, pensei em chamá-la, mas ela parecia apressada demais.

Dinah, Lucy e Normani apareceram e rapidamente se juntaram a nós, sem que muitas palavras fossem ditas elas entraram no carro.

A dor de cabeça que eu senti ao acordar havia voltado e com mais intensidade, por esse motivo as outras decidiram não ligar o som do carro.

O caminho até o prédio foi de aproximadamente vinte minutos, com rapidez nós subimos e as únicas coisas que eu fiz antes de descer novamente foram tomar um banho e um analgésico.

Seria o meu primeiro dia trabalhando naquela lanchonete e eu sabia que seria cansativo.

Mas eu estava em NY e precisava me adaptar ao ritmo da cidade.



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Voltei!!!!

Espero que gostem e depois conserto os erros.

Eu espero que 2018 seja um ano de conquistas, realmente espero! Não aguento mais essa vida de trouxa sjsjsk

Eu avisei que voltaria no próximo ano, que no caso começou hoje, não aguentei ficar tanto tempo sem postar.

Feliz 2018, amores!

Até a próxima att.

Bjú!

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