Teenage Kicks

Von userjiminie95

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Harry era o nerd, Louis era o punk. Os dois juntos eram bagunça. Sim, é a típica fanfic clichê que todo mund... Mehr

Teenage Kicks
Capítulo I - Holmes Chapel, Cheshire
Capítulo II - Pânico
Capítulo III - Professor Nicholas Grimshaw
Capítulo IV - O começo do começo
Capítulo V - British Tea
Capítulo VI - Insegurança
Capítulo VII - Apreensão - Zoa - Fail
Capítulo VIII - Gota Dágua
Capítulo - IX Verdade ou Desafio
Capítulo X - Gemma
Capítulo XI - Preparativos
Capítulo - XII CAOS
Capítulo XIII - Fundo do poço
Capítulo - XIV Ímpeto
Capítulo XV - Merry xmas
Capítulo - XVI Confissão
Capítulo - XVII Na hora certa
Capítulo - XVIII Retorno
Capítulo - XIX 1000 words
Capítulo - XXI Babycakes
Capítulo - XXII Artifício
Capítulo - XXIII
Capítulo - XXIV O irlandês
Capítulo - XXV Desabafo
Capítulo - XXVI sex xxx
Capítulo - XXVII Paixão
Capítulo - XXVIII Surprise!
Capítulo - XXIX
Capítulo - XXX Apreensão
Capítulo - XXXI O nerd e o punk

Capítulo - XX Preconceito

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Von userjiminie95

Louis permaneceu um bom trajeto em silêncio, enquanto ambos andavam lado a lado pela avenida movimentada. Harry não entendeu muito bem o porquê do silêncio, sendo que há algum tempo Louis havia deixado de andar com os fones de ouvido em sua companhia, o que descartava a possibilidade dele estar concentrado em algum riff de guitarra ou letra de música.

- Lou? – chamou o mais novo, lançando um olhar interrogativo ao mais velho.

- Oi? – respondeu Louis, parecendo um tanto surpreso ao ouvir a voz de Harry.

- Tá tudo bem? Você não disse uma palavra desde que saímos de casa. – questionou, tomando cuidado no tom empregado. Louis sempre fora imprevisível e Harry sabia exatamente o cuidado que precisava ter com ele. Qualquer má interpretação podia virar uma tempestade, e tudo o que o garoto de cabelos encaracolados menos precisava era de outro mal estar.

- Ah, desculpa, eu me desliguei! – respondeu Louis, meneando o rosto. Levou as mãos até a face, respirando profundamente antes de soltá-las, voltando-se a Harry. – Eai? Tá frio né?

Harry permaneceu em silêncio, encarando-o sem dar nenhuma resposta. Sentia uma aflição crescer em seu peito, além de uma inegável dúvida que martelava em sua cabeça.

- Lou, quero que seja sincero comigo. Você passou o dia tão animado, combinamos de vir ao cinema e ao invés de você estar parecendo curtir a minha companhia, está distante, isolado nesse seu mundinho particular. Desculpa se te fiz alguma coisa sem perceber. Não quero que fiquemos "estranhos" um com o outro. Por que está tão calado? – Harry cessou os passos, mantendo as mãos aquecidas dentro dos bolsos do casaco. Voltou o rosto ao de Louis, mirando os olhos azul-esverdeados com seus verdes. A respiração quente ganhava forma de vapor ao verter por seus lábios ligeiramente arroxeados, indicando o quão baixa a temperatura estava.

Louis, ao se ver obrigado a pausar a caminhada, levou as mãos até a toca que  cobria seus cabelos, retirando-a e colocando-a novamente, ajeitando os fios da franja para o lado. Coçou a nuca, esboçando certa preocupação no rosto, o que afligiu ainda mais o amigo a sua frente.

- Vem cá... – sussurrou o punk, abrindo os braços.

Harry arregalou os olhos, sem saber muito bem como proceder. De todas as ações repentinas que podia esperar de Louis, aquela fora a mais inusitada.

Após alguns instantes de completa inercia, Harry deu dois passos em direção a ele, sendo puxado assim que chegou ao alcance do amigo.

Louis o apertou com cuidado contra si, enfiando uma das mãos nos cabelos molhados do mais novo, afagando-os. Harry ofegou de leve ao sentir o corpo de Louis rodeá-lo daquela forma, mantendo-o aquecido em seus braços. Deitou a cabeça no ombro dele, aspirando o perfume que se desprendia das roupas, e por fim acabou fechando os olhos.

- Desculpa, eu tava "viajando" mesmo, foi mal...- sussurrou Louis, com os lábios rentes ao ouvido do nerd.

Harry se arrepiou assim que sentiu a respiração quente do amigo bater contra sua pele, encolhendo-se instintivamente.

Louis riu da reação dele, beijando-o na testa antes de soltá-lo.

- Vamos continuar o caminho, senão vamos pegar fila pra entrar. – sugeriu o mais velho, observando as horas no visor do celular.

Harry assentiu, agora menos inseguro. Até mesmo um sorriso havia delineado seus lábios.

Após chegarem ao cinema, Louis começou uma "brincadeira" um tanto fora de hora – ou ao menos era assim que Harry a julgava – a qual consistia em ficar enrolando os dedos nos cabelos parcialmente secos do garoto, moldando os cachos para que tomassem forma novamente.

Por certo que a 'brincadeira' estava sendo notada com estranheza e até curiosidade por parte das outras pessoas da fila, o que deixava Harry extremamente constrangido.

Por que Louis havia inventado aquilo agora?! Será que ele não percebia que os outros estavam pensando "coisas" sobre ambos?

Sim, "coisas"! Justamente aquilo que, talvez, Louis não estivesse dando à mínima. E de fato, ele não estava.

- Lou, não acha que já mexeu demais nos meus cabelos? – questionou Harry, com a voz ligeiramente abafada, já que estava com a cabeça baixa, de modo em que sua boca ficasse colada ao cachecol em seu pescoço.

- Não. – respondeu prontamente, continuando a enrolar os dedos nos cachos do outro.

- Mas eu acho que é melhor você parar, a gente já vai entrar e depois você continua! – disparou o mais novo, e num surto de coragem, levou a destra em direção à mão de Louis, removendo-a depressa de seus cabelos.

- HEY! – berrou o punk, chamando a atenção de todos a sua volta. – Me deixa! – ralhou, puxando a mão de forma brusca.

- Não! – protestou Harry, olhando envergonhado para os lados. Tentava ser o mais discreto possível em suas palavras. Mas de quê adiantaria, se Louis praticamente se esgoelava em suas respostas?

E quando foi, novamente, remover a mão de Louis de seus cabelos, levou um tapa certeiro nos dedos.

- Ai! – resmungou, revirando os olhos, adotando agora uma careta.

- Não tenho medo de cara feia. – respondeu Louis, assim que notou a carranca voltada a si.

Quando a fila finalmente andou e Harry pode chegar até o balcão da lojinha do cinema, deu graças aos deuses por não ter mais que ficar concentrado em um único lugar, sendo alvo de olhares e comentários sussurrados. Será que Louis não se tocava do que havia feito? Seria o punk tão "tapado"?

O nerd fez suas compras, enquanto Louis, ao seu lado, resolvera ficar, aparentemente, de mau-humor, se fazendo de difícil, o que já era previsível.

O punk fizera questão de ignorar todas as questões lançadas por Harry, permanecendo com as mãos nos bolsos. Só foi se manifestar quando Harry havia seguido em direção à sala, comprando o que queria na loja.

Como haviam reservado duas poltronas juntas, pouco depois que Harry havia se acomodado, Louis havia chego, jogando-se na cadeira ao lado. Deram sorte da sala estar parcialmente vazia, o que garantia o uso das poltronas do lado para deixarem os baldes de pipoca, doces e refrigerantes.

Louis abraçou-se com o saco de doritos, passando a comê-lo feito um ogro. Harry sentiu a provocação, mas nem deu muita bola, já que era justamente atenção que o outro parecia querer com aquela atitude.

O punk só parou de comer quando viu a embalagem chegar ao fim, isso quando ainda faltavam cinco minutos para que o filme começasse.

Harry ria dos comentários maldosos que Tony Stark dirigia ao seu robô, alcunhado injustamente de "idiota", enquanto Louis bebia seu refrigerante em silêncio, lançando olhares ao mais novo.

Apesar do filme estar o entretendo, Harry não podia deixar de lançar alguns olhares discretos ao punk, tentando observar o que ele fazia. Pegou seu balde cheio de pipoca, e o voltou em direção a Louis, tentando "hastear a bandeira branca" daquela forma.

- Quer pipoca, Lou? – questionou num sussurro, evitando dirigir o rosto ao dele.

Enquanto Harry esperava pela recusa do outro, fosse em forma de um sonoro "não" ou de um silencioso ignorar, sentiu as mãos frias de Louis tocarem seu rosto, causando um arrepio repentino. Voltou o rosto ao dele imediatamente, bem a tempo de ter os lábios esmagados pelos do mais velho.

Fora inútil tentar salvar o balde de pipoca que acabou indo ao chão. Por sorte ainda havia caído em pé, o que garantia grande parte da pipoca intacta em seu interior.

Como se a pipoca importasse naquele momento...

Louis puxou o corpo de Harry pra perto, enquanto mantinha os lábios unidos aos dele, sem partir o beijo. O envolvia pelas costas, sem forçar o corpo dele a se dobrar muito, já que ainda estava bastante dolorido. Harry correspondia ao beijo, sentindo-se seguro, já que haviam pegado um lugar bastante discreto e vazio, o que garantia certa privacidade. Só não esperava que Louis fosse beijá-lo durante o filme.

Enquanto o beijava, Louis aproximou uma das mãos das de Harry, entrelaçando os dedos nos dele. O beijo se cessou com uma ligeira mordida da parte de Harry, que aparentemente parecia ter realmente pegado gosto pelo ato de morder o lábio inferior do punk.

Após o beijo, ambos os adolescentes se recompuseram em suas devidas poltronas. Harry puxou de leve a mão da de Louis, mas o punk a segurou com força, indicando que não a soltaria por nada.

O nerd arqueou as sobrancelhas, um tanto surpreso com a atitude do outro. Sentiu uma estranha sensação de felicidade mesclada com empolgação tomar conta de si, causando certa euforia interna. Respirou fundo, mantendo-se de mãos dadas com o punk enquanto tentava –inutilmente – prestar atenção no filme.

E a pipoca permaneceu esquecida no chão.

-x-

Quando a sessão terminou, Louis relutou em deixar a mão de Harry, mas acabou cedendo quando sentiu que o garoto não parecia muito à vontade de sair de mãos dadas dos assentos. Harry ainda precisava de algum tempo, e Louis sabia disso.

O mais velho disfarçou após deixar que Harry desentrelaçasse os dedos dos seus, passando a batê-los contra a calça a fim de se livrar dos resquícios de pipoca.

Sua vontade era de passar o braço pelos ombros do mais novo e puxá-lo para perto de si. Podiam muito bem voltar assim pra casa. Qual o problema? Mas Harry ainda estava confuso com aquilo tudo, ou ao menos era assim que Louis pensava sobre o garoto dos cabelos encaracolados que tanto gostava.

- Quer ir pra casa ou prefere dar um rolé pela avenida?

- Você quem sabe Lou. Tem algo em mente?

- Nada, mas não queria chegar em casa tão já. Quero ficar mais um pouco contigo.

Harry sorriu em resposta, voltando os olhos verdes expressivos aos azuis-esverdeados de Louis.

- Vamos dar no pé, Hazz... Podemos ir ao Burguer King e depois voltamos pra casa. Aproveitamos pra bater-papo lá, que tal? – propôs o punk, tendo como resposta um sorriso ainda mais largo do amigo.

Caminharam com as mãos nos bolsos, os dois. Lado a lado, pareciam ter combinado a hora de trocar as pernas enquanto andavam. Comentavam uma coisa ou outra sobre o filme, até chegarem a lanchonete.

Louis havia achado o final uma verdadeira merda, já Harry achou bonito da parte do Tony ter abandonado o chamado "hobby" por sua Pepper.

- Hazz, ele podia conciliar as duas coisas! – justificava Louis, enquanto abocanhava seu lanche.

- Lou, a Pepper tava magoada com ele e preocupada. Pensa bem, ele é o amor da vida dela e estava sempre correndo risco de vida! Ela quis preservá-lo assim! – argumentava Harry, enquanto comia sua porção de batatinhas, preferindo deixar o lanche para depois.

- Foda-se ela! Ele era o Iron Man! Ele podia ter dado um jeito, encontrado um meio de fazê-la entender. O mundo precisa dele! Egoísmo seria se ele se negasse a ajudar a humanidade por um par de seios! – resmungou Louis, tomando um grande gole de coca-cola.

- Que par de seios?! Ele AMA ela Louis, ele não quer só comer ela e jogar ela fora como ele fez com as outras mulheres! Ele mudou, as pessoas mudam, não sabia? – justificava o mais novo, um tanto acalorado, já que Louis era um cabeça-dura, difícil de entender alguma coisa que fosse contra o que ele pensava.

- Ama? Ama nada, Harry! Ele podia ter ficado com a botânica que era bem mais gostosa que a Pepper, aff... Mas nada, nada justifica o fato dele ter deixado de ser quem ele era! Ele vai ser o que agora? Um retardado que fica dentro do laboratório, feito o Hulk quando não tá "Opzão"? Que droga! Quero só ver a merda que vai ser o Avengers II! – implicava o mais velho, apanhando uma batatinha, mergulhando-a no catchup.

- Claro que ele ama, se não amasse, ele[...]

Mas Harry não conseguiu continuar seu argumento. Louis havia sido mais rápido em enfiar um punhado de batatas lambuzadas de catchup em sua boca, calando-o.

- Olha só, você fica bem mais agradável com a boca ocupada com alguma coisa. – afirmou o punk, servindo-se de algumas batatinhas.

Harry franziu o cenho, mastigou as batatas que foram empurradas em sua boca e as engoliu, tomando um gole do refrigerante em seguida.

- Hm, boca ocupada com alguma coisa...- prosseguiu Louis, olhando para o teto com ares pensativos. Repentinamente, começou a gargalhar, lançando olhares cobiçosos ao mais novo.

Mas Harry não estava lá muito para brincadeiras, ainda mais as brincadeiras tendenciosas de Louis. Tratou de erguer a mão esquerda, com o dedo mediano em riste, e quase o enfiou contra os olhos arregalados do amigo.

- Hey! – exclamou o punk, gargalhando em seguida. – Cadê o seu senso de humor, Hazz?! Relaxa!

Harry preferiu ignorar aquilo, antes que acabasse tomando birra de Louis e as coisas acabassem mal. Sabia que se um atrito maior fosse gerado, quem sairia perdendo era ele próprio, ou ao menos era o que o nerd imaginava.

- Desculpa? – pediu Louis, esticando a destra em direção ao rosto do amigo. O mindinho em riste indicava o quão sarcástico ele estava sendo. – Tem que dar dedinho, senão vou entender que você não quer mais ser meu amigo. – explicou Louis. Provavelmente havia tirado aquela idiotice de alguma brincadeira das irmãzinhas.

- Até que ponto você vai continuar agindo feito um imbecil, Louis? – questionou o mais novo, recusando a oferta do tal "mindinho".

- Até o ponto em que eu achar conveniente. – sussurrou o mais velho.

Repentinamente, guiou a mão à nuca de Harry, forçando-o para frente. Colou os lábios contra os dele, roubando um beijo ligeiro.

Harry sentiu-se sem chão, precisando até mesmo se apoiar no tampo da mesa para não cair. Olhava constrangido para os lados, procurando encontrar pares de olhos julgando a atitude de Louis. Por sorte, ninguém ali parecia muito interessado no que estava acontecendo na mesa alheia.

- Nunca mais faça isso, entendeu?! Nunca mais! – ralhou baixinho, feito um general. O indicador em riste apontava em direção ao rosto do punk.

- Nunca mais o que?! Têm vergonha de mim agora? – questionou o mais velho, recostando-se contra a confortável poltrona.

E Harry simplesmente não foi capaz de bolar uma resposta boa o suficiente para explicar qual o problema.

Amava Louis, mas não se sentia preparado para que o resto do mundo assistisse demonstrações de carinho com ele. Eram garotos afinal! Garotos normalmente não beijam garotos, não andam de mãos dadas com garotos. E se algum amigo, algum vizinho, algum parente os vissem?

- Olha... – sussurrou, após uma longa lufada de ar. As palavras, ainda incertas, não ajudavam em nada o garoto de cabelos cacheados. Não queria insultar Louis ou fazê-lo tirar conclusões erradas. De contrapartida não podia simplesmente lançar à mesa que estava, de fato, o amando. Seria idiota demais, além de quê, aquela discussão toda sobre Tony Stark e Pepper lhe avisava para que tomasse cuidado com o que fosse falar. Não era bem vergonha o que sentia, e sim medo. Medo do julgamento das outras pessoas.

- Esquece Hazz. – interrompeu Louis, balançando a cabeça. O sorriso ameno instalado em seus lábios não transmitia sarcasmo, ironia ou decepção. Ele parecia... simplesmente "normal".

- Podemos conversar depois? – insistiu Harry, mesmo sem saber o que poderia dizer depois.

- Podemos. Vamos terminar nosso lanche. Acabou ficando tarde e se eu não te entregar na sua casa até a meia noite, sua mãe me mata. – brincou o punk, voltando a comer seu próprio lanche.

Harry fez o mesmo, e apesar de não gostar daquele silêncio constrangedor que se instalou ali na mesa, o achou preferível a uma possível resposta com sentido errôneo, a qual podia inevitavelmente arruinar o que até então tinha com Louis.

-x-

Durante o caminho de volta para casa, o mesmo silêncio constrangedor que havia dominado quase todo o início do passeio, se fez presente, trazendo incômodo não só para Harry, como também para Louis.

O problema não era a falta de acordo a respeito de Tony Stark, sua namorada, sua armadura ou qualquer outra coisa relacionada ao filme. Que Tony e Pepper explodissem junto das quarenta e duas armaduras de ferro! O problema era mais palpável do que se parecia, e incomodava-os tanto quanto uma pedra dentro do sapato.

Quando Harry resolveu tentar dialogar, os dois já estavam em frente as suas respectivas casas. O mais novo não sabia ao certo por onde começar. Na verdade, só tinha em mente que, daquela forma, não podia findar aquela noite.

- Lou... – chamou, levando a mão ao rosto baixo dele, sentindo o quão sua bochecha estava fria. – Desculpa, tá? – pediu baixinho, num sussurro infantil.

Louis forçou um sorriso, assentindo. Queria que tudo ficasse bem, apesar de estar ligeiramente incomodado com o amigo.

Harry pedia desculpas, Louis parecia aceita-las. No entanto, nenhum dos dois sabia o porquê de pedir desculpas ou o porquê de se desculpar. Era estranho, diferente e terrivelmente incômodo.

- Hazz... – Louis sussurrou, voltando os olhos aos do mais novo.

Agora fora a vez do punk se surpreender com o colar de lábios que se deu em seguida. Harry havia tomado a iniciativa de um beijo pela primeira vez.

Cansado de se censurar, o punk tratou de enlaça-lo pela cintura, puxando-o para bem perto de si, enquanto correspondia ao beijo, buscando transmitir carinho em seus atos.

- Eu gosto de você, Lou... – sussurrou o mais novo, deslizando os lábios úmidos pela bochecha de Louis. Levou as mãos à nuca dele, afagando os cabelos macios do punk.

Louis sorriu, roçando ambos os narizes, até se satisfazer ao colar a testa na dele. – Eu não quero que você se sinta constrangido, receoso, perturbado. Sei lá Hazz, eu te entendo, mas não consigo[...]

Harry o silenciou com um novo beijo, desta vez mais curto que o anterior.

- Você não precisa justificar nada, Lou... sério mesmo. – afirmou o nerd, voltando os olhos aos dele.

Louis respirou fundo, e foi guiando-se, abraçado ao amigo, em direção à porta da casa dele. Já era tarde, aquela conversa teria que esperar.

- Amanhã nos vemos, já são 23h55. – avisou o punk, soltando-se dele com muito custo.

Harry sentiu o peito comprimir ao sentir os braços de Louis o abandonar, mas não reclamou. Não teria cabimento reclamar, sendo que em cinco minutos deveria estar em casa.

- Tudo bem Lou. Até amanhã então... – sussurrou, acenando ligeiramente com a mão. Caminhou até o capacho da porta, abrindo-a devagar. Voltou o rosto para trás, mais uma vez antes de deixa-lo ir.

- Até amanhã Hazz... – Louis se despediu, com as mãos já devidamente escondidas nos bolsos.

- Até amanhã Lou... – sussurrou em resposta, dirigindo um sorriso a ele, o qual fora prontamente correspondido.

Após Harry fechar a porta, Louis soltou um longo suspiro. Retirou a touca dos cabelos, bagunçando-os com os dedos. Ao chegar em sua casa, o garoto abriu a porta do hall de entrada, atravessando-a silencioso, já que os pais e as irmãs deviam estar dormindo naquele horário.

Quando se virou para seguir caminho rumo às escadas, foi surpreendido pela voz da mãe que vinha do meio da escuridão da sala.

- Tem um tempinho pra gente conversar, Boobear?

-x-

Louis retirou o casaco pesado, deixando-o pendurado em um cabide, logo na entrada da casa. Caminhou em passos preguiçosos até o sofá, onde se jogou ao lado da mãe, apoiando a cabeça no colo dela. Na penumbra da sala, Jay apreciava o momento particular com o filho, afagando-o nos cabelos. O silêncio se instalou entre eles por alguns instantes, até a mãe decidir tomar à dianteira.

- Filho, você sabe que eu gosto de ir direto ao ponto, sem falar que amanhã eu tenho que acordar cedo pra comprar os últimos ingredientes pra ceia da virada do ano e tudo que eu mais quero é deitar e dormir.  – disse ela, após falhar miseravelmente em conter um longo bocejo.

Louis riu baixo, arqueando a cabeça para trás. Apesar da escuridão, as luzes do jardim, além da iluminação da rua, deixavam o rosto de Jay parcialmente iluminado.

- Olha filho, eu tenho percebido que a amizade entre você e o H têm ficado bastante forte ao longo dos meses, e acabei percebendo que alguma coisa parece estar querendo "nascer" desse laço. Estou correta?

Louis permaneceu encarando-a por alguns instantes, antes de assentir afirmativamente.

- A questão é que eu andei conversando com a Anne, esses meses todos, desde que a gente voltou a conviver bastante. Ela me falou muito sobre o H, sobre como ele era recluso, inseguro em relação às pessoas, e apesar de ser genial no colégio, não tinha amigos, não tinha um convívio normal com as pessoas da idade dele, sabe? – continuou a mãe, tentando se fazer entender ao filho. Jay não gostava de rodeios verbais, mas precisava preparar o território antes de estabelecer seu ponto sobre o relacionamento do próprio filho com o filho da melhor amiga.

- Olha mãe, desde que eu e o Hazz passamos a ser amigos, eu sei até qual o par de meias favorito dele, então não venha querer me explicar esse tipo de coisa sobre ele, porque eu já sei de tudo isso, beleza? – respondeu o punk, usando seu usual tom jocoso, o que lhe rendeu um puxão de cabelos. – Hey!

- Pare de ser mal educado Louis! Eu não terminei de falar, então faça o favor de permanecer calado. – bronqueou Jay, voltando a pousar a destra nos cabelos do filho. – Eu vi você e o H se beijando agora, antes de você entrar em casa, e já faz um tempo que eu "saquei a sua", como você mesmo diz.

Louis arqueou uma das sobrancelhas, encarando-a.

- Então você passou a me "stalkear"?! Com que direito? – questionou com ar de petulância, franzindo o cenho.

- Eu já mandei ficar quieto, não mandei? – respondeu a mãe, adotando certa rigidez no tom vocal. – Continuando... nós dois sabemos do seu "passado", não sabemos?

Louis revirou os olhos, respirando fundo. Levou ambos os braços ao rosto, cobrindo-o. Por que aquela conversa agora?!

- Eu só quero te pedir pra tomar cuidado dessa vez. Pra ver se o que você está fazendo é realmente o que você quer. Tanto pra você, quanto pra ele. Sabemos que o Harry já passou por situações complicadas e que tudo o que ele menos precisa e merece é sofrer outro baque. Por isso, Louis, eu quis conversar com você, de mãe pra filho, sem pressão ou alguma coisa do gênero. Eu só queria te pedir pra pensar muito bem no que você está fazendo com esse garoto.

Louis descobriu o rosto, passando a encarar os olhos da mãe, tão claros quanto os seus, apesar da escuridão torna-los escuros.

- Eu entendo perfeitamente aonde a senhora quer chegar, mãe. Mas se vai querer me dar sermões baseada no que já está morto e enterrado, adianto que tá perdendo seu tempo! Não é porque errei no passado que vou errar desta vez. – justificou-se, erguendo o corpo, até se sentar endireitado ao lado da mãe.

- Eu sei que você mudou e sou grata por essa mudança! Não estou dizendo que você vá fazer, mas Louis, convenhamos, até o começo do ano passado eu tive que atender vários telefonemas daquela pobre garota que você simplesmente resolveu abandonar. E assim como ela, também vi aquele garoto, Stan era o nome dele? Ser mais um dos que você resolveu "encantar" e depois pular fora. Isso sem contar os que não sabiam o telefone de casa, não é? Sabe Louis, você está em uma fase onde nos sentimos donos do mundo. Afoitos pra experimentar tudo de todos, mas vá com calma com esse garoto, por favor! – pediu a jovem mãe, enquanto penteava os próprios cabelos com os dedos.

- Tá bom, eu não vou querer me justificar porque a senhora tem razão quanto a isso. Eu vacilei, eu realmente fui idiota com algumas pessoas, mas isso não vai voltar a se repetir, beleza? – explicou-se o filho, esboçando certo desconforto.

- Sinceramente eu não sei. Eu não faço ideia do que você realmente pretende. Eu só te fiz um pedido, e peço que acate. Só isso. – pediu Jay, levantando-se do sofá.

Louis levantou-se junto dela, mantendo-se parado em sua frente.

- Dessa vez é diferente mãe. – afirmou, encarando-a firmemente.

Fora a vez de Jay arquear as sobrancelhas, mirando-o.

- Diferente como? Qual a diferença? – questionou, cruzando os braços.

- A diferença, é que dessa vez é pra valer. Eu tô apaixonado pelo Hazz e tudo o que eu mais temo nesse mundo é que ele não me queira perto dele.

A mãe esboçou nitidamente surpresa diante daquela revelação por parte do filho. Nunca havia ouvido Louis falar algo do gênero, ainda mais naquele tom tão convincente. Seus olhos atestavam a veracidade de suas palavras.

- Está? E quanto a ele? – questionou Jay, um tanto desconcertada com a revelação do filho.

Mas Louis deu de ombros, meneando o rosto, parecendo esgotado.

- Eu não faço a menor ideia, mãe. Ele parece gostar de mim, mas não gosta da ideia de estar junto de um garoto, se é que me entende. A sociedade afeta ele. O Hazz tem vergonha que eu toque nele em público. – afirmou, e por seu tom ligeiramente nervoso e perdido, Jay sentiu-se impelida a abraça-lo. E assim o fez, beijando-o na testa.

- Tenta entender que isso tudo é muito novo pra ele, filho. Não só pra ele, como pra família dele. A Anne nem desconfia que o filho é gay, ou bi... enfim...

- Só a Gemma sabe, e ela me deu bons conselhos sobre o Hazz. Ela têm sido uma grande amiga. – confessou Louis, deixando um tímido sorriso cobrir seus lábios.

- Mas só ela, não?

- Sim, pelo que me disse. E pediu pra eu ter paciência com o Hazz. Ele é muito novo, muito bobo, muito ingênuo. Mas eu já sabia de tudo isso, e mesmo assim fui sentir o coração bater mais forte por ele. – respondeu, dando de ombros em seguida – coisas da vida!

- Vou te confessar que gostei da ideia de ter o filho da minha irmã-amiga de infância como genro. – piscou Jay, puxando Louis para um novo abraço, seguido de um beijo. – Bom filho, era só esse o recado. Não quero que o maltrate, e vá com calma com ele. Harry gosta muito de você.

Louis assentiu sorridente, achando a atitude da mãe engraçada. Jay nunca fora o tipo de mãe que chamasse pra conversar sério, ou coisas do gênero, o que tornava a situação curiosa.

Após Jay subir as escadas, Louis seguiu até a cozinha, serviu-se de um copo d'água gelada e depois subiu até seu quarto. O punk estava trocando de roupa quando ouviu o celular vibrar. Ao apanhar o objeto, apertou o visor para que pudesse ler a mensagem que havia chego.

Gemma: Oq vc fez com meu irmão? H está sorrindo feito uma garotinha e cantarolando Sugar Baby Love pela casa. Tem noção do quanto isso é engraçado? :'D xxx.

E Louis sorriu, meneando o rosto. Há quanto tempo não se sentia daquele jeito?

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