A Voz da Escuridão.

Oleh guiguiroseira

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[Obra registrada na Biblioteca Nacional.] Um garoto de 8 anos é sequestrado e morto na pequena cidade de... Lebih Banyak

A Voz da Escuridão.
Ato 1 (1988).
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Ato 2 (2009 - 2014).
Parte I
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Parte II
SÁBADO
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DOMINGO
1
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5 (i)
5 (ii)
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SEGUNDA-FEIRA
1
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AVISO: Comemoração.
TERÇA-FEIRA
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14 (I)
14 (II)
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18 (I)
18 (II)
QUARTA-FEIRA NEGRA (I)
1
2 (I)
2 (II)
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PARTE III
Quarta-Feira Negra (II)
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8 (I)
8 (II)
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15 (I)
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PARTE FINAL
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EPÍLOGO
1
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4
FINAL
Nota do Autor.
Comemoração Concurso StoryTeller.
A VIAJANTE. LANÇAMENTO: 12 DE MARÇO.

23

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Oleh guiguiroseira


Eles vieram com suas viaturas barulhentas, as sirenes gritando como gralhas assustadas. Sophia ergueu o rosto para o teto cheio de lençóis do porão ao ouvir o som.

- Seus amigos – disse Pietra. Ela tentara se levantar, e não tinha dado muito certo: agora ela estava caída com a parte de cima do corpo na mesa e as pernas inertes esparramadas pelo chão, como se tentasse realizar um número bizarro de contorcionismo. – Eles se atrasaram.

- Quase sempre se atrasam – disse Sophia. – Espero que tenham trazido algo para arrebentar essas algemas.

- Espero que tenham trazido ambulâncias.

- É, isso também.

Não que uma ambulância fosse ser de muita ajuda para Benny. Ele continuava no colo de Sophia, a garota embalando-o devagar, balançando-o para frente e para trás como ele próprio fizera com ela em tantas noites insones.

- O que vai acontecer agora, Sophia?

Sophia suspirou.

- Vão levar você para um hospital – disse. – E depois vão fazer um monte de perguntas.

- E quanto a ele? Quer dizer... ele fugiu. E se...

- Ele vier atrás de você outra vez? – Sophia já tinha considerado aquela possibilidade. Não: aquela verdade. O assassino – a coisa – não iria desistir. – Não se preocupe com isso, Pietra. Você terá proteção dia e noite até que eu pegue esse cara.

- Você vai pegá-lo? Mesmo?

- Farei o possível.

Pietra franziu a testa, e a mente de Sophia, que recuperava aos poucos a boa e velha forma de sempre conforme a droga deixava seu organismo, capturou um pensamento estranho vindo de Pietra. Era algo um pouquinho triste e difícil de definir, porque a própria Pietra sentia-se confusa quanto àquilo. Ainda assim, era bonito. Muito bonito.

Perdão.

- Eu passei esses anos todos odiando você – disse Pietra. – Achei que você tivesse me abandonado. E você por aí, salvando vidas. Devo ser a pessoa mais egoísta do mundo.

A garganta de Sophia fechou-se. Ela não estava preparada para ter aquela conversa, não agora. Não com Chapman morto em seus braços e com o sangue dele secando em sua jaqueta e calças. Ela tornou a erguer o rosto para o teto do porão, escutando as viaturas. Pareciam ter estacionado.

- Sophia?

- Falamos sobre isso depois, Pietra – disse Sophia. – Agora vão levar a gente.

O primeiro policial a descer no porão foi o chefe Cohen. Veio devagar, um homenzarrão com o rosto assustado como o de uma criança com medo do escuro, os grandes ombros curvados e uma arma nas mãos. Ele parou na metade da escada e olhou em volta, de Pietra para Sophia e, por fim, para Chapman no colo da garota.

Sophia esperou que ele dissesse alguma coisa, mas quando ele permaneceu em um silêncio estarrecido, ela apontou com a cabeça para Pietra.

- Ela precisa de uma ambulância.

Cohen olhou Sophia, boquiaberto. Dava para ver o suor escorrer brilhante por sua testa. À luz vermelha do porão, o chefe de polícia parecia suar sangue, como se fosse Cristo com a coroa de espinhos.

- Uma ambulância – repetiu Sophia.

- Nós... temos ambulâncias lá em cima – ele disse. – Onde ele está?

- Ele escapou. Faz cerca de meia-hora, talvez um pouco menos.

Cohen pegou o rádio na cintura e pediu para os policiais na escuta começarem uma busca nas redondezas.

- Vocês não vão encontrá-lo – disse Sophia. Cohen soltou o botão de falar no rádio e encarou-a. – Ele já está bem longe daqui.

- E quem é você?

Sophia deitou a cabeça nos cabelos de Chapman e fechou os olhos. Estava exausta.

- Não importa – ela disse. – Não importa quem eu sou.

***

Usaram uma serrinha elétrica para abrir a algema. Desceram com uma maca e deitaram Sophia nela, apesar da garota ser perfeitamente capaz de andar. Um paramédico veio e examinou rapidamente seu ombro baleado e o toco vermelho onde antes ficava sua mão. As ataduras saíram com um barulho encharcado, revelando uma cratera negra e rosa de pele cauterizada.

- Ele arrancou – disse Sophia para o paramédico. – Com um facão.

Pálido, o paramédico terminou de desfazer o curativo feito pelo assassino e tirou bandagens novas da bolsa que trazia a tiracolo.

- Vamos cuidar de você. Prometo.

Sophia procurou o chefe Cohen. Encontrou-o parado em frente à mesa do porão, onde Pietra estava deitada antes que a levassem dali em outra maca. Ao lado dele, um sujeito da perícia usando um traje de borracha procurava por evidências.

- Policial Cohen? – chamou Sophia.

Cohen virou-se para ela. Pobre homem, havia tanta tristeza em seu rosto que Sophia sentiu um aperto no peito.

- Pietra está bem?

- Levaram-na para o hospital – disse Cohen, baixinho. Parecia com medo de acordar algo naquele porão. Algo que seria melhor deixar dormindo. – Assim como vão levar você.

- E Norman? O agente Grimmes? Ele é meu amigo.

As sobrancelhas de Cohen arquearam-se um pouquinho, e ele colocou as mãos na cintura.

- Eles também o levaram para o hospital – disse Cohen. – É um bom amigo esse o seu. Ele me ligou e explicou como chegar aqui. Disse-me para trazer uma equipe médica porque eu com certeza iria precisar de uma – observou o paramédico passar algo no ombro baleado de Sophia, uma pomada que fez a garota se encolher de dor. – Pelo visto ele tinha razão.

- Ele vai ficar bem? – perguntou Sophia.

- Grimmes? Talvez. Perdeu muito sangue. As coisas para ele não estão boas, como se diz, mas...

- Certo, chega de papo – disse o paramédico. Com a ajuda de um colega, eles levantaram do chão a maca em que Sophia estava deitada. – Temos que levá-la.

O chefe Cohen assentiu e deu um passo de lado para que os paramédicos pudessem passar com Sophia. Ela, no entanto, usou a mão que lhe restava para agarrar o braço de Cohen.

- E Chapman?

Cohen suspirou fundo e cobriu a mão dela com a dele.

- Deixe que a gente cuida do corpo do agente Chapman, filha – ele disse.

- Você não entende. Ele é importante pra mim. Já falaram com a Lívia?

- Quem?

Sophia fechou os olhos e inspirou fundo.

- A esposa dele. Já falaram com ela?

- Oh. Não, ainda não. Mas fique tranquila, a notícia será dada da melhor maneira possível.

Como se houvesse uma boa maneira de dar uma notícia daquelas.

Sophia soltou-o e deixou que os paramédicos a levassem para cima. Subiram com ela a escada, e a última coisa que a garota viu antes de sair do porão foi aquela luz vermelha desaparecendo. Poucas vezes na vida se sentiu tão aliviada quanto no momento em que deixou para trás aquele crepúsculo rubro e insano – era algo semelhante ao que experimentara ao acordar na casa dos Walker após se desintoxicar da heroína e descobrir que as vozes em sua cabeça tinham parado de falar. Começou a chorar, pensando consigo mesma que lágrimas de alívio brotam da mesma fonte que aquelas de felicidade.

Transferiram-na da maca para uma cama de ambulância. Antes que Sophia pudesse protestar, o paramédico enfiou uma agulha de soro em sua mão esquerda. Ela fez uma careta.

- Desculpe – ele disse, depois pegou em uma gaveta de alumínio uma seringa cheia de um líquido transparente.

- Não – Sophia afastou-se dele. – Não.

- É só algo para você dormir – ele disse. – Você está em choque, seu corpo tem que descansar.

- Não, não quero. Não me espete com essa coisa. Por favor.

O paramédico olhou-a, assentiu e enfiou a agulha em uma pequena rosquinha na bolsa de soro, apertando o pistão. O líquido transparente misturou-se com o soro.

- Pronto – ele disse.

- Obrigada.

Ela começou a se sentir sonolenta quase que imediatamente. Quando o paramédico guardou a seringa de volta na gaveta, as pálpebras de Sophia já pesavam como se fossem feitas de chumbo. Ela piscou, e foi necessário um grande esforço para abrir os olhos de novo.

- Durma.

Quem falou foi o paramédico, mas quem se debruçou sobre Sophia na cama de ambulância foi Chapman. Ele acariciou os cabelos negros dela e sorriu.

- Durma, garotinha. Não há do que ter medo. Pode dormir.

E, sem medo, Sophia dormiu.

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