Por trás do gelo [Em revisão]

By juleaina

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PLÁGIO É CRIME! Independentemente da sua idade, é um ato totalmente desprezível e ilegal. Dê orgulho a si mes... More

Prólogo
Capítulo 1 - Despedidas nunca são fáceis
Capítulo 2 - Próxima parada: cama!
Capítulo 3 - Novas aventuras nem tão desejadas assim
Capítulo 4 - Iniciação oficial em uma nova cidade
Capítulo 5 - Primeira festa, primeiro erro
Capítulo 6 - Pegadinhas do Universo
Capítulo 7 - Que os jogos comecem
Capítulo 8 - Meninas também sabem trocar pneus
Capítulo 9 - A advocacia está no DNA
Capítulo 10 - Machistas não passarão
Capítulo 11 - Existe amizade entre cães e gatos
Capítulo 12 - Memórias ruins aparecem a qualquer hora
Capítulo 13 - Partidas de hóquei são ótimas para fazer novas amizades
Capítulo 14 - Nunca dê o primeiro gole
Capítulo 15 - Quando as coisas começam a fluir
Capítulo 16 - Quebre regras pela sua melhor amiga
Capítulo 17 - Barmans nem sempre são confiáveis
Capítulo 18 - Por um bem maior
Capítulo 19 - Espírito competitivo masculino
Capítulo 20 - Sequestros são menos assustadores em filmes
Capítulo 22 - Passeios noturnos
Capítulo 23 - Madrugadas são ótimas para compartilhar segredos
Capítulo 24 - Mudamos de acordo com nossos hormônios
Capítulo 25 - Caixa de mentiras
Capítulo Extra, por Apolo - Autocontrole
Capítulo 26 - Piranhas na piscina
Capítulo 27 - Dando o sangue
Capítulo 28 - Família
Capítulo 29 - Há oceanos entre nós
Capítulo 30 - Surpresas de aniversário
Capítulo 31 - Nem toda surpresa é agradável
Capítulo 32 - Às vezes nem pizza melhora o dia
Capítulo 33 - Avalanche de azar
Capítulo 34 - Bolas de vôlei atraídas por cabeças avoadas
Capítulo 35 - Quando o dia começa uma merda, mas acaba maravilhoso
Capítulo 36 - Pedidos de desculpas seguidos por novas interações
Capítulo 37 - O grande dia

Capítulo 21 - Jogue como uma garota

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By juleaina

Na semana passada, enquanto eu corria pela praia de manhã cedo com a maresia batendo na minha cara, eu podia sentir alguém me observando.

Depois de passar por consultórios psiquiátricos durante anos, você aprende que coisas assim podem ser só alucinações criadas pela sua cabeça conturbada. Então eu apenas ignorei a sensação e continuei meu trajeto até levar o maior susto da história.

Eu quase matei Valentim com os cadarços do meu tênis. Quase.

Devo dizer que sou estupidamente fácil de se assustar, só que segundo o meu antigo psiquiatra, isso era bastante comum e normal em vítimas de abusos sexuais. É algo sobre o seu subconsciente estar ligado e desconfiado vinte e quatro horas por dia e tal.

Assim, quando aquela sacola de pano velho foi colocada na minha cabeça, eu quase enfartei.

Meu coração pulou ao ritmo de System of Down fazendo participação especial em um show de Avenged Sevenfold. Eu juro que, se depois daquilo, tentassem me assustar, meu velho coração não aguentaria o impacto.

A primeira reação espontânea do meu corpo foi entrar em estado estático, mas graças aos poderes de Ares, não durou muito tempo e eu despejei todo o conteúdo do meu conhecimento de palavreado pesado para Kevin.

Eu esperava que surtisse algum efeito e alguma alma bondosa destinada ao Elísio tivesse a capacidade de me libertar daqueles trogloditas. Sinceramente, estava sendo muito fácil eles conseguirem me levar.

Digo, tudo bem que a West Coast é uma escola grande como Nárnia, mas tinha que haver pelo menos uma pessoa vagando sem rumo nos corredores que pudesse me ajudar. Tipo, não é todo dia que um grupo de meninos sai carregando uma garota com os pulsos amarrados e a cabeça tapada.

— Olha, Brise, se você não calar a merda da sua boca nós vamos ter que te amordaçar – reconheci a voz de Kevin bem próxima a mim, ele devia estar ao lado do cara que me carregava como um saco de batatas. Gritei e xinguei pelo menos trinta e duas gerações daquele idiota.

Nem mesmo quando pararam abruptamente e colocaram sabe-se lá o que sobre o pano com cheiro de mofo para amarrar a minha boca, eu me arrependi.

— Veja se tem alguém vindo, Stefan – o garoto que me carregava nas costas falou com outra pessoa. Cravei minhas unhas em suas costas e o ouvi gemer de dor, abençoada seja Sally e o seu talento manicure. — Filha da puta!

— O que foi? – apesar da minha capacidade investigativa ser um lixo, eu tinha certeza que estavam em três quando ouvi a suposta voz de Stefan.

O cara que eu havia perfurado a carne com as unhas parou repentinamente e me transferiu para outra pessoa.

— Sabe, Brise, você não vai jogar hoje, por que não poupa as suas energias e se comporta como uma boa garota? – Kevin falou, revelando ser meu novo carregador.

Porque eu não fui uma boa garota nem no útero da minha mãe, e não vai ser para um bando de estupidos que eu vou ser. Pensei, amordaçada.

— Aaron mandou irmos logo, não tem ninguém no estacionamento – o cara que eu machuquei disse.

Ah, merda.

Eles não podiam me trancar no armário do zelador ao invés de me levarem para longe da escola? Longe de ajuda?

Respire fundo, Brise. Você é uma mulher autossuficiente e vai conseguir se livrar dessa, você só precisa se acalmar.

Kevin me jogou dentro de um carro e meu pensamento outrora otimista havia se desintegrado em pó.

— Muito bem, Bris – Kevin começou. Infelizmente ele não pode ver a minha cara de desprezo ao ouvi-lo me chamar pelo meu apelido. — O plano é o seguinte: nós vamos te levar para a casa do Victor e você vai ficar lá até o jogo acabar, certo? Se você prometer se comportar nós compraremos um BigMec para você. Nós nunca fazemos isso, mas você é bonita demais para passar fome.

Eu quis vomitar na cara dele na hora, que tipo de história era aquela essa? Argh, eu tinha que pensar em alguma coisa. Logo.

Já estávamos andando há algum tempo quando finalmente tiraram aquela mordaça do pano da minha cabeça.

— Seu grande filho da puta! – rosnei ainda com a cabeça tampada. — Eu vou matar você quando eu sair daqui!

Ouvi risadas no carro, aparentemente estar em uma posição desfavorável e de vítima diminui a intensidade de ameaças homicidas.

— Para uma pessoa tão pequena, você até sabe ser brava – a voz de Stefan falou.

— Qual é a merda do problema de vocês? Sabiam que as chances de eu morrer sufocada são altíssimas? – mais risadas preencheram o lugar.

Em algum momento, um dos babacas colocou uma música qualquer e eu faltei vomitar. Além de grandes covardes eles também tinham péssimo gosto musical.

— Vem cá, vocês não vão jogar não? – perguntei, reprimindo a vontade de dizer que eu também iria, era só uma questão de tempo.

— Claro que vamos – Kevin disse e logo o carro parou. — Só vamos deixar você aqui e iremos para a sua escola.

Novamente fui pega como um saco de legumes e levada para algum canto que eu não fazia a mínima ideia de onde era.

Sei que foi Kevin que me levou até o porão porque o Cara das costas arranhadas havia dito que não me levaria nem por imposição alienígena e Stefan havia ficado dentro do carro, possivelmente com o motorista.

— Escute, esse é o Victor – tiraram o saco asqueroso de mim e eu pude ver com meus próprios olhos o garoto moreno de olhos escuros e várias sardas no rosto. Devido à minha posição sentada em uma cadeira, o cuspe que eu joguei em direção ao rosto de Kevin pegou em sua jaqueta verde do seu time. — Que mira de merda a sua, hein? Se eu soubesse que você era tão péssima assim nem teria me dado ao trabalho de sequestra-la.

— Vai rindo enquanto ainda tem dentes, seu otário. Quando eu me livrar dessas cordas o seu dentista vai ter dinheiro suficiente para viajar o mundo – rosnei, irritada.

O tal Victor riu.

— Ela tem senso de humor, Kevin. – Victor abriu um sorriso. — E é bem gata também.

Franzi as sobrancelhas com nojo em sua direção.

— Já você parece ter caído em uma piscina de soda cáustica, babaca – retruquei.

Dessa vez ele e Kevin gargalharam.

Eu jurei por Noel Gallagher que eu daria um murro na cara dos dois assim que tivesse a chance.

— Eu já estou indo, Whitford – Kevin subiu os primeiros lances de escada, mas antes de sair totalmente do porão ele virou-se para mim. - Pode deixar que lembraremos de você quando o seu time não for escalado para as nacionais.

Dito isso ele me deixou sozinha com Victor.

Ele estava ocupado montando seu vídeo game em uma televisão que havia lá, então eu pude sugar todos os detalhes daquele cômodo,
principalmente aqueles que me ajudariam a dar no pé.

Era um lugar relativamente simples, haviam caixas empilhadas, um sofá velho de frente para a televisão e uma porta pequena entreaberta perpendicular à escada.

— Então, Victor... Quanto você quer para me desamarrar e me deixar ir embora? Prometo esquecer que participou disso e te poupo a surra que vou dar nos outros – ele riu e disse que eu era hilária. Não custava tentar.

Durante dez minutos fiquei observando-o jogar Mário World no videogame, de repente seu celular tocou e, enquanto ele respondia a mensagem de alguém, eu senti a lâmpada de Newton ascender sobre a minha cabeça.

O celular de Apolo!

Como eu pude esquecer? Eu o tinha colocado no bolso do casaco do time e fechado com o zíper. Se eu tivesse muita sorte e os Cosmos não estivessem irritados por eu ter ignorado seus avisos, ele ainda estaria aqui e eu poderia bolar um plano.

Com o cotovelo, pressionei minhas costelas e senti o peso do celular debaixo do tecido. Agora eu só precisava ter minhas mãos soltas.

Eu era formada em todas as temporadas de Três Espiãs Demais, deveria ser fácil conseguir desamarrar as minhas mãos com a ponta de madeira quebrada da minha cadeira. Mas, o que os bastidores não contam, é que é uma tarefa difícil para cacete.

Plano B, essa era a sua deixa.

Ele surgiu assim que eu vi os raios solares apontando para a porta do banheiro.

— Victor – chamei, no entanto eles estava demasiado concentrado e não me deu bola. — Victor!

Ele me olhou irritado.

— O que você quer?

— Quero ir ao banheiro, você pode me desamarrar? – pedi com a voz mais melosa que eu podia e apertei os lábios.

Victor ponderou um pouco e suspirou antes de assentir e suspirar.  Quando ele soltou as cordas do meu pulsos, saltei para o banheiro e o tranquei em seguida.

Tirei o celular de Apolo do bolso e quase o deixei cair, tamanho era o meu nervosismo. Acontece que eu não contava com a senha de seis dígitos ou com o identificador de digitais do mesmo.

Mordi a língua para não grunhir em frustração e tentei me acalmar. Haviam no mínimo cinquenta chamadas perdidas no celular dele, a maioria de Gregory.

Para os resquícios de sorte que eu tinha, o celular de Apolo era um iPhone, o que significava que se eu deslizasse o dedo na chamada perdida, automaticamente estaria ligando para quem a efetuou. No caso, Gregory.

— Bris? BRISE, É VOCÊ? – tive que tirar o aparelho do ouvido caso eu não quisesse passar o resto da vida escutando por aparelhos.

— Espere um minuto, não desligue – sussurrei, rezando para que ele tivesse entendido.

Dei descarga e sai do banheiro.

— Você sabia que eu tenho diabetes? – falei alto, tanto para Greg quanto para Victor escutarem. O dono da casa pareceu não se importar muito com a minha confissão. — Sabia que diabéticos têm crises caso o nível de insulina esteja baixo? Pois é, cara, desmaios, convulsões e tal – prossegui, aproveitando que tinha conquistado sua atenção. — Eu não como nada desde ontem à noite. A probalidade de eu ter um ataque é alta, você não teria algo para eu comer não?

Ele bufou e deu pause no jogo, levantando-se em seguida.

— Eu também tenho intolerância a lactose e alergia a glúten, então, por favor, tenha cuidado – sorri docemente.

— Fresca – ele murmurou e revirei os olhos. Peguei o celular logo quando ele saiu, trancando a porta.

— Greg? Você ainda está aí?

Demorou poucos segundos até que ele pudesse responder.

— Você tem diabetes? E alergia a glúten? Bris, e se você passar mal antes de acharmos você?! – sua preocupação quase me fez sentir culpa por ter inventado tudo aquilo.

— Não, seu tonto! – escutei vozes ao fundo e continuei. — Olha, não tenho muito tempo. Kevin me sequestrou e agora eu estou na casa de um tal de Victor. Falta quanto tempo tempo para o jogo começar?

— Já era para ter começado, mas estamos dando um jeito de enrolar até acharmos você – coloquei a mão no peito, emocionada por eles estarem fazendo isso por mim. — Apolo está tentando achar a casa de Victor pelo GPS do celular, nos dê alguns minutos e já chegamos aí, certo?

Desliguei antes de respondê-lo, pois ouvi a porta ser destrancada.

— Foi a única coisa que achei dentro das suas exigências, alteza – Victor disse antes de jogar-me uma maçã.

Comi a fruta nervosamente, esperando o momento pelo o qual os meninos iriam tirar-me dali. Parei de mastigar quando notei Victor olhando fixamente para mim.

— Perdeu alguma coisa, idiota?

— Só a razão imaginando o quão gostoso deve ser beijar essa sua boca – respondeu pervertido.

Céus! Que cara nojento!

Victor levantou da poltrona velha e sentou-se ao meu lado no sofá. Ele veio para cima de mim com os olhos fechados e a boca entreaberta, o que me fez retomar a consciência e empurra-lo para longe.

— O que você está fazendo?!

— Você sabe que quer tanto quanto eu, linda.

Tentei levantar e dar o fora, mas Victor segurou meus braços, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao seu. Ele ainda tentou beijar-me a força, mas cuspi na cara dele.

Antes que Victor pudesse ter qualquer reação, a porta foi derrubada e Apolo desceu as escadas rapidamente. O Maddox pegou Victor pela camisa e depositou um murro na cara dele, causando um leve sangramento em sua narina esquerda.

— Você está comendo ela, Maddox? – Victor teve a cara de pau de perguntar.

Apolo deu uma joelhada em seu estômago e o largou no chão.

— Onde está meu celular, Whitford? – perguntou ofegante. Revirei os olhos e o entreguei. — Vamos, Greg está lá fora nos esperando.

Já estávamos quase na porta quando eu segurei o braço de Apolo, fazendo-o parar.

— Espera.

Desci as escadas e me ajoelhei até onde Victor estava sentando com a mão apertando a bochecha.

Sorri antes de canalizar toda a minha força no punho direito e depositar outro murro eu mesma em seu rosto.

— Isso foi por ter me chamado de fresca – soquei sua cara novamente. — Isso por ter tentando me beijar, e sabe-se mais o que, quando eu não queria.

Levantei e olhei para ele com nojo, cuspindo em sua cara.

— E isso é por ter insinuado que Apolo estava me "comendo". Você é nojento.

Cheguei até Apolo e sorri antes de puxa-lo porta afora. Pelo espelho do hall de entrada, pude vê-lo olhando para mim e sorrindo.

Eu também estava sorrindo por dentro, contudo, no momento eu tinha coisas mais importantes a fazer.

Tipo pegar a cara de Kevin e usar de disco no jogo.

<•>

Em menos de dez minutos Gregory estacionou o carro nos arredores da nossa escola. Durante o trajeto eu senti meu coração ter um ataque pela segunda vez no dia. Corremos feito loucos até chegar ao vestiário, onde o resto do nosso time nos aguardava para minha surpresa, angustiados.

Stuart foi o primeiro a me ver e a correr em minha direção, abraçando-me e levantando em seguida.

Tentei não grunhir para o seu gesto carinhoso e cumprimentei o resto do pessoal.

— Já chega, nós ainda temos que jogar, lembram? – Apolo bufou.

Revirei os olhos, junto com o time todo.

— Ele tem razão, pessoal – falei indo para o meu armário para pegar meus equipamentos. — Cinco minutos e eu estarei pronta.

Dez minutos depois estávamos na quadra, aguardando enquanto Hank gritava com o treinador dos Ducks. Ele exigia que os envolvidos no meu sequestro fossem punidos e proibidos de jogar. Não deu em nada, infelizmente, mas eu já me sentia grata pelo treinador ter ao menos tentado.

Apolo, que estava com Hank e havia lhe informado que cheguei, veio em nossa direção e mandou-nos para nossas respectivas posições na quadra.

— Você está bem para jogar, Whitford? – Apolo virou-se para mim, perguntando com a voz abafada pelo capacete protetor.

— Nunca estive melhor, Maddox.

Um minuto depois a partida começou.

Apolo tomou vantagem e invadiu o território inimigo comigo e Gregory ao seu encalço. No entanto, Kevin parecia voraz em cada movimento seu, tanto que deu uma forte cotovelada em Apolo antes de pegar a puck e avançar para nosso lado.

Greg acenou para mim e eu comecei a correr atrás dele, só que do nada um garoto surgiu ao meu lado, marcando-me como se fosse minha sombra. Apesar de ter um carrapato grudado em mim, não me preocupei tanto, uma vez que Justin e Stuart estavam na defesa dessa vez.  Mas, mesmo com as habilidades dos meus companheiros de time, Kevin conseguiu driblar nossa segurança com passes impecáveis para os seus atacantes, marcando o primeiro ponto do jogo.

Grunhi e voltei para a posição inicial, assim como o resto do pessoal. Quando o juiz apitou e lançou o disco, Kevin tomou a dianteira e correu novamente para o nosso gol, junto com seus fiéis cães de caça. Dessa vez, Justin colocou-se em sua frente e conseguiu interceptar o disco, conseguindo transferi-lo para Stuart que me lançou em seguida.

Corri em disparada e mal podia respirar enquanto ia rumo ao gol. No entanto, duas muralhas ergueram-se na minha frente, impedindo-me de avançar. Pela visão periférica, vi que Gregory estava tentando vir em minha direção, mas também estava sendo marcado. Arrisquei olhar para trás e vi que tanto Stuart quanto Justin estavam logo ali.

Estávamos próximos ao gol adversário e talvez tivéssemos uma chance. Lancei por debaixo das minhas pernas e foi uma questão de tempo para os meninos conseguirem marcar mais um ponto.

Voltamos para a posição inicial no mínimo umas cinquenta vezes. Kevin e sua trupe não brincavam em serviço, não que eu quisesse admitir, mas eles estavam ganhando de cinco pontos a frente, então dava para concluir certas coisas.

Depois de Kevin empurrar Apolo com seu taco e pegar a puck, ele estava crente de que iria conseguir marcar mais um gol, mas essa era uma atitude típica de prepotentes que subestimam seus adversários. Quando Stuart trouxe o disco para si, Kevin faltou explodir bem ali. Stu repassou o disco para Greg que estava livre, alguns segundos depois o placar aumentou para nós.

Quinze minutos depois, estávamos empatados e com o total de dois minutos de jogo para ganharmos ou não. Eu estava tão nervosa que começaria a roer as unhas se não estivesse usando as luvas. Apolo pediu tempo e nós nos reunimos em volta dele onde o resto do time e Hank ficavam.

— Temos menos de dois minutos para esfregarmos na cara deles que eles são uns merdas e que nem mesmo sequestrando um de nós eles podem ganhar – disse. — Ideias?

Bufei. Nem ele e aparentemente o time inteiro, tinham alguma ideia e o nosso tempo estava quase acabando. Eu tinha que pensar em algo.

— Greg – chamei e todos olharam para mim. — Você lembra quando estávamos treinando com os meninos e como Noah conseguiu ganhar da gente nos últimos segundos?

Ele franziu as sobrancelhas e assentiu, parecendo meio receoso do rumo que eu iria seguir.

— Você acha que nós conseguimos? – perguntamos.

— Nós não treinamos isso aqui – Apolo manifestou-se. — É arriscado demais, é tipo dar um tiro no próprio pé.

Respirei fundo e o ignorei.

— Talvez – Greg murmurou.

—Escutem – falei alto. — Eu não passei quase uma hora em cárcere privado para morrer na praia. Não temos tempo e nem ideias melhores. É o tiro no escuro ou é aceitarmos que perdemos.

Quando ninguém mais disse nada e Apolo deu voz para que eu explicasse meu plano, senti a adrenalina presente em cada parte do meu corpo.

Talvez nós tivéssemos uma chance afinal.

O juiz mandou que voltássemos para nossas posições iniciais e deu início à partida.

A primeira parte do plano era Apolo conseguir interceptar o disco para ele, e graças aos deuses do Olimpo, ele havia conseguido. Logo depois, com uma rápida olhada para o lado, ele jogou a puck para Greg que estava um pouco mais atrás dele. Por sua vez, Gregory passou o disco para Justin enquanto todos nós da frente dávamos cobertura para ele.

Não era fácil distrair tanto percentual de testosterona, mas nós até que estávamos no saindo bem.

Kevin, no entanto, estava possesso. Seus movimentos eram furiosos e destemidos, prontos para matar quem invadissem seu espaço. Vê-lo correndo em minha direção foi um tanto quanto assustador. Tentei desviar dele e estava sendo mais difícil do imaginei. Eu teria que tirá-lo da minha cola rápido, uma vez que estávamos perto do gol e dando início para a fase final da nossa estratégia.

Greg percebeu que eu tinha problemas e correu para o meu lado, tentando distrair Kevin e seus impulsos assassinos. Do fundo, ouvi quando Justin deu o sinal e jogou o disco para Stuart. Ele era uma parte importantíssima do plano, já que possuía a mira certeira e veloz.

Ainda tentando livrar-me de Kevin, percebi quando Apolo passou a possuir a guarda da puck. A partir daí, era uma questão de segundos até que minha atuação fosse ser necessária.

Atrai Kevin para as grades de proteção e quis beijar Gregory quando ele percebeu a minha intenção e o imprensou na mesma. Livre de suas garras, pude seguir para o gol, agarrando o disco logo quando Apolo o lançou para mim. Faltava menos de um metro quando uma cara tão grande como os outros atacantes colocou-se na minha frente.

— Daqui você não passa, Whitford – mesmo com toda a algazarra vinda das arquibancadas, reconheci o cara que recebeu minhas unhadas.

Avancei furiosamente em sua direção, lançando o disco tão rápido que ele mal pôde pensar quando o mesmo atravessou suas pernas enormes e adentrou o gol, marcando o ponto de vitória.

Demorou alguns segundos até que eu fosse esmagado pelos corpos musculosos do meu time. Eles me colocaram em seus ombros e começamos a gritar como se tivéssemos, de fato, ganhado as nacionais.

Em meios aos gritos de comemoração e abraços, vi quando Kevin tirou seu capacete, chutando-o para longe. Abri passagem e desviei de todos, indo de encontro com os Ducks.

Kevin estava conversando com alguns membros da sua equipe quando se deu conta da minha aparição, fechando a cara imediatamente.

— O que você quer? – rosnou.

— Isso – acertei meu punho em sua cara, sentindo meus próprios ossos estalarem. O que aliviou minha dor foi ver que seu nariz sangrava e não estava em seu local de origem.

Doeu mais nele do que em mim, disso eu tinha certeza.

Agora sim eu me sentia uma vitoriosa!

~*~

GRL POWER!!!!!!

Demorei para postar porque meu celular quebrou, e é por ele que eu escrevo :(( Enfim, vejo vocês no próximo capítulo, não esqueçam de votar, faz toda a diferença!!!

Essas são as minhas redes sociais, vocês podem me encontrar no twitter como @/mypussydelrey ou no instagram como @/juleaina

Com amor, Juliana.

04/10/2016; 01:18.
Editado e reescrito: 07/09/2018

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