A Esquizofrênica

By RebeccaAUGM

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Lucy, uma adolescente de dezesseis anos que vive em uma clínica de reabilitação desde os seis anos de idade... More

Minha prisão.
Minhas ataduras.
Meu jardim - Parte I.
Meu jardim - Parte II.
Minha ferrugem.
Meu acordo.
Meu pôr do sol.
Minha surpresa.
Meu medo.
Meu problema.
Meus defeitos
Meu pai
Meu grito
Meu aroma.
Minha nova dor.
Minha visita.
Meu cadeado.
Minha discussão.
Minhas cócegas.
Mais que isso.
Minha sorte.
Meus Remédios.
Regressando.
Minha mãe.
Minha ligação.
Pequeno troféu.
Sanidade.
Meu sol.
Frankie.
Meu encontro.
Meu.
Minhas cores.
Pronta.
Começando a entender.
Minha mudança.
Especial.
Vozes.
Penumbra.
Meu sedativo.
Minha chuva.
Minha boia.
Minha família.
Minha destruição.
Minhas gramas.
Minha hora.
A verdade.
Meu furacão.
Acabou?
A Esquizofrênica.

Meu mundinho

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By RebeccaAUGM

Os cabelos negros ricocheteavam o ar quando saiu enfurecida da sala com cheiro de lavanda; Lucy apressou o passo em direção ao jardim. Ainda não era tarde e se tivesse sorte chegaria um pouco antes do sol se pôr.

Muitos não sabem, quer dizer, ninguém sabe, mas o fato de Dank gostar desse fenômeno natural que ocorre todos os dias antes do entardecer não é apenas prestigio a bela paisagem, mas também prestigio a algo que acontece por dentro, dentro dela.

Sentou-se escorada em uma árvore e olhou para o horizonte esperando algo acontecer que possa acompanhar o que acontece dentro de si.

Nos primeiros dias que passou na reabilitação, sentava-se para observar o sol se pondo e falava ''Tchau'' toda vez que a grande bola de fogo ia embora. O ato se repetiu todo santo dia, mas agora sem a despedida. Decidira que a partir do dia que sua mãe deixara de lhe visitar nunca mais se despedir de ninguém. E verdadeiramente Lucy nunca mais se despediu, por que afinal de contas nunca mais permitiu se apegar a ninguém.

— Você está me seguindo? — o garoto perguntou chegando perto da menina que estava escorada na árvore, fazendo-a desviar o olhar do horizonte para fita-lo.

— Você enlouqueceu? — franziu o cenho.

A face do menino enrijeceu-se.

— Por quê? Qual o problema de enlouquecer? — extravasou. — Você devia parar. — bufou, balançando a cabeça e sentando no gramado na frente da menina.

Dank suspirou encostando a cabeça no tronco da árvore e com isso desviando o olhar do menino. Enquanto olhava o tom alaranjado que começava a tingir o céu, Frankie continuava observando seu rosto.

— Parar com o que? — soprou, sentindo os últimos raios de sol atingirem em cheio seu coração, fazendo-o entrar em chamas.

Oh.

— Parar. — deu de ombros.

A garota de cabelos escuros o olhou e seus olhares se encontraram. Ah.

Nas pupilas esverdeadas de seus olhos estava escrito: Pare.

Lucy desviou o olhar, porém Frankie continuou admirando-a.

A garota estava tão linda! Seus cabelos pretos levemente ondulados emolduravam-na o rosto e pareciam capturar os raios de sol, os enrolando, brilhando, refletindo o pôr do sol. Seus olhos escuros estavam castanhos claros, vidrados no fiapo de sol que ainda restava; os espelhos de sua alma, os refletores de sua tristeza. Sua pele branca era terna, a mesma acariciava os olhos de Frankie que agora se encontravam varrendo-a com os mesmos. Seus lábios secos eram chamativos, porém estavam descansando um sob o outro, cansados de sibilar pedidos de socorro e gritar para alguém abrir a porta que a trancava em um quartinho escuro que fora jogada pela doença. A garota estava dura, parecia morta. Mas dentro dela algo estava bem vivo.

Gritando.

Chorando.

Chamando pelo pai.

Frankie se levantou ainda olhando para menina.

— Desculpe.

A esquizofrênica olhou para o menino que parecia ler sua alma. Oh.

— Não. — entreabriu os lábios pesados, quase tendo que fazer esforço para realizar tal coisa. — Fica.

— Por quê?

— Por que eu estou enlouquecendo. — seus olhos estavam lubrificados.

O sol se foi e suas lágrimas chegaram.

Em silêncio Frankie sentou-se no lado da menina, sem toca-la fisicamente, mas ansiando isso.

— Estão dizendo que sou louca. — depois de longos minutos sussurrou no ouvido do garoto como se estivesse lhe confidenciando o maior segredo do mundo. Como fizera com sua mãe.

O menino sorriu.

— Estão dizendo que sou louco. — repetiu o gesto.

Segundos.

Minutos.

Seus olhares confidentes e complacentes segurando um ao outro.

Por fim Lucy olhou para o horizonte, o céu alaranjado, e sibilou:

— Tchau.

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