Estava com Berta na cozinha, então a pressiono para ver se descubro algo.
-Berta,você quer me contar alguma coisa?
-Ah menina,eu quero.
-Então conta,me conta o que aconteceu comigo,eu mereço saber.
-Anne,minha garota, eu descobri que as coisas estavam estranhas recentemente.
-Como assim?
-Sabe,um tempo antes de você sofrer o acidente uns amigos seus vieram aqui.
-Que amigos?
-A sua amiga bonita,um rapaz que agia como namorado dela e um outro com carinha de rockeiro.
Sara,Henrique e Rafael.
-Berta,o que eles vieram fazer aqui?
Ela olha para baixo tentando escapar da pergunta ou torcendo para o chão abrir e a engolir.
-Falar com a sua avó.
Minha garganta fica seca e paro de mexer na comida.
-O que mais você sabe?
-Ah,depois o que todo mundo sabe é que você ficou muito mal e se cortou - ela olha para o meu braço - Voltou da escola e bebeu muito,pegou o carro do seu pai e sofreu um acidente.
-O..obrigada.- me levanto meio tonta.
Ando devagar para o quarto de hóspedes apoiando nas paredes.
Abro a porta que range ao meu toque, quantos anos aquela casa tinha?
O quarto havia sido mobiliado recentemente, mas as paredes e as janelas não mentiam. Abro a minha bolsa e pego meu celular. Eu estava sem mexer nele desde o acidente,então o coloco no carregador e o ligo,talvez tivessem pistas nele.
Tudo parecia uma questão de talvez. Talvez as pessoas que eu amo me sequestraram. Talvez eu tenha sofrido um acidente. Talvez..meu pensamento para abruptamente e me vêm uma ideia.
Desbloqueio o celular e mando mensagem para minha avó dizendo que eu já estava na casa dela,depois para Sara,Henrique e o Rafael.
********
Minha avó chega por volta das 14 horas. Eu já não tinha nenhum plano ou tinha?
A chamo e digo que preciso conversar com ela.
Mais ou menos nessa mesma hora chega o Rafael com a Sara e o Henrique. Sorrio e os levo junto com a minha avó.
Arrasto todos para o meu quarto,eu não sabia o que esperar,então já tinha colocado uma faca presa no meu calcanhar e outra na minha cintura. Deixei meu celular gravando toda a conversa.
-Anne,o que você está fazendo - fala irritado Rafael.
-Deixa ela - responde Sara.
-Olha,eu preciso que vocês sejam honestos comigo.
-Minha querida nós sempre somos. Eu sempre sou - minha avó sorri ao dizer isso.
-Sério? - solto uma risada - Eu lembro de tudo e não estou falando do acidente de carro.
Encaro Rafael e eles se olham,mas é minha avó quem fala.
-Não sei o que você está falando querida.
-Não sabe? - dessa vez encaro Sara, ela tinha que ceder. - Tudo bem se querem mentir.
-Anne - Sara começa a falar e minha avó a olha.
-Sara,vai mentir pra sua melhor amiga? - falo esperançosa.
Berta entra e sorri para mim.
-Anne,nós viemos visitar a sua vó e ficamos conversando com ela.
-Calada. - minha avó a olha feio
-Sara - Rafa a olha - Se você não contar eu mesmo conto.
Henrique olha para baixo e depois para mim.
-Nós fizemos um combinado, então o Rafa te encontrou e te fez entrar no carro com a gente. - ele para e pensa um pouco - Sua avó queria te mostrar que você sabe ser forte.
-Foi tudo para o seu bem querida - ela me olha tentando acreditar no que disse.
-Sério? Isso é uma loucura.
Berta fica do meu lado.
-Vocês são os piores. Que merda foi essa com a menina? - ela olha para a minha avó - A menina te amou a vida toda e esse foi o seu melhor pra fazer ela ser forte?
-Berta..
-Fica quieta Dolores.
Encosto na parede. Berta estava furiosa mesmo.
-E você garota? Ela é a sua melhor amiga,eu senti que você não queria. Então se não queria batesse o pé e se negasse.
Ninguém ousa dizer nada. Ela se vira para o próximo alvo, Henrique.
-Garoto - ela levanta o dedo para ele - Se sua namorada não queria,você deveria ter ficado ao lado dela. E mesmo se ela quisesse, isso não é coisa para se fazer.
Agora seria Rafa,eu me mantinha séria, mas por dentro ria da cara deles.
-E qual é a sua? Ela era a sua namorada, confiava em você.
-Berta - falo tocando em seu braço.
Ela me olha e volta a falar,mas dessa vez com todos.
-Vocês tem merda na cabeça? - ela me olha - Se quiser matar todos e jogar por aí eu te ajudo.
Penso na ideia por uns instantes. O que eu deveria fazer agora?