No outro dia,fiz questão de ser a primeira a acordar por alguns motivos e o principal era: ele não poderia me ver acordando. Francamente,não consigo ser muito bonita quando acordo. Então levantei com cuidado e fui ao banheiro,me arrumei e andei pela casa. Eram oito horas ainda e pelo que parecia eu era a única a estar levantada.
A sala estava exageradamente bagunçada,haviam garrafas,sacos de salgadinho,copos descartáveis e papéis estranhos por todos os lados. Os recolho tentando manter o silêncio, depois sigo para a cozinha e me livro do lixo.
O que fazer agora? Um café.
Reviro os armários em busca do coador.
-Anne.
Meu coração acelera com o susto. Me viro devagar. Lá estava o Rafa,seus cabelos longos desgrenhados e o rosto um pouco amassado,mas ainda sim,estava fofo.
-Oi?
-Você levantou cedo.
-Olha quem fala.
Ele assente com a cabeça e sai andando meio tonto para o banheiro.
Na noite anterior ele me contou parte de sua história e eu contei sobre a minha.
Rafa,era filho único de um casal bem de vida. Tinha boas histórias sobre viagens e escolas.Mas também tinha algumas não tão boas sobre a morte do seu vô e o afastamento que teve com seu pai. Sua cor favorita era amarelo (a qual eu não gosto muito) e ele adora animais.
Ele volta se rastejando do banheiro e me abraça.
-Bom dia -fala me dando um beijo na bochecha.
-Bom dia -sorrio- Ei,onde fica o coador de café?
-Anne,está atrás de você.
*************
Onze horas,todos já estavam acordados e bagunçando de um lado para o outro. Para minha surpresa a Ester não falo nada nem pra mim e muito menos para a Sara.
O dia estava quente e parecia que independente de quantos ventiladores estivessem ligados eu sempre estava derretendo. Sento no sofá sujo de areia e abro o livro "Como falar com um viúvo?" que havia visto no dia anterior. Sinto o vibre do meu celular e deslizo a mão para o bolso do meu shorts e o puxo.Sem ler o nome atendo.
-Annelyn!
-Alô?
-Annelyn,onde você está?
-Quem é?
-Seu pai Annelyn,volta agora com o meu carro!
Merda. Ele nunca me ligou e logo agora era pra isso.
-Pode ser aqui alguns dias?
-Hoje. -e desliga
Olho para a tela inconformada.Eu estava em um lugar ótimo,pra quer ir pra casa?De qualquer jeito eu teria que resolver isso.
**********
Por volta de umas quatro horas nós quatro já estávamos no carro voltando para casa. Rafa havia deixado a chave da casa com a prima e eu expliquei toda a curta situação para eles.Tudo ficou em silêncio por um bom tempo.
-Ei,vamos fazer uma pausa?
-E ir pra onde Rick? -Rafa falou mexendo no retrovisor.
-Tomar sorvete.
-Rafa,para de mexer ai e Rick,quando chegarmos na cidade passamos na sorveteria -falo tentado parecer tranquila.
-Okay.
Uma musiquinha calma tocava na minha cabeça enquanto a gente ia conversando sobre política e escola.
Até que eu simplesmente não estava mais ali e pensei sozinha sobre o que era o Universo e o nosso valor.Repeti o texto já decorado de o Pálido Ponto Azul:
"Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, "superastros", "lideres supremos", todos os santos e pecadores da historia da nossa espécie, ali - num grão de poeira suspenso num raio de sol."
Como somos pequenos.
Uma Santa
By LuhMonteiro3
Duas amigas adolescentes,que com identidades falsas resolvem cometer as maiores loucuras,mas tudo tem consequ... More