5inco | ✓

Oleh nicolescreve

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(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que... Lebih Banyak

Sobre amores e amizades:
Central de informação ao leitor:
Personagens:
Playlist:
Introdução:
1: Bem vindo ao Basso
2: Conversas estranhas
3: Saia justa
4: Retornos
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
5: Kia e Lia, Lia e Kia
6: Revanche
7: Blecaute
8: Flash, Mozart, Snow e Zeus
9: Conspiração
10: Espelho de classe
11: Quem não cola...
12: OTP
13: Metáfora
14: Qual é o time?
15: Choque de realidade
16: Escolhas
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
17: Dia do chiclete
18: Anna em: o retorno maldito
19: Ariel
20: Carrossel
21: Augusto é o coelhinho
22: Ciúmes
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS: AUGUSTO MARQUES
23: Surtando
BÔNUS: RODRIGO CASTRO
24: Olha a explosão
25: Maravilhosa confusão
26: Fim?
27: Bad blood
BÔNUS: THOMAS BASSO
28: Novas sensações, doces emoções
29: Só diga sim, sim, sim
30: Fofoqueiros
31: Sem chance
32: Descobertas
33: Perto
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS ESPECIAL: DIA DO AMIGO
34: Compatibilidade
35: Raiva
36: Cartas na mesa
BÔNUS: FELIPE ALVES
THE ARTISTS AWARDS
37: Família
38: Adeus para a foto
39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro
40: Respiração cachorrinho
41: Surpresa? Surpresa!
43: Sentimentos x distância
44: Até o fim...
Agradecimentos:

42: 5inco

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Oleh nicolescreve

"É hora de dar tchau. ── Maria Luísa."

É difícil fazer a sua e tentar colocar nela tudo que vai precisar para começar uma nova fase da sua vida em outro lugar, sem sua família e sem seus amigos.

É difícil fechar essa mala.

É difícil sentar com meus cachorros, gato e tartaruga e me despedir deles.

É difícil olhar para o meu quarto e saber que ele não vai ser mais o meu quarto por algum tempo. Que aquele cantinho, que sempre foi o meu refúgio, vai ficar esperando pela minha volta e que ela vai demorar para acontecer.

É difícil sentar na mesa com a minha família, almoçar e saber que aquele vai ser o último almoço que vou ter com eles por algum tempo.

É difícil, sim, é muito difícil, me privar de viver tantos momentos com eles porque tomei a decisão de ir para outro estado e cursar o curso dos meus sonhos, mas, ao mesmo tempo que tudo isso pode ser difícil e até mesmo sacrificante, é gratificante. Porque não estou fazendo isso só por mim; é por eles também.

É difícil me despedir do meu irmão mais novo logo agora que o conheci, mas é um momento feliz o ver em pé, sem nenhuma tubulação, sem nenhum hospital. É Cícero ali, saudável, feliz e sorrindo para mim. Palavras nunca vão conseguir expressar o sentimento que sempre me atinge em cheio toda a vez que vejo Cícero sorrindo, vivendo um dia após o outro e se recuperando de tudo o que passou. Então dizer tchau para ele por algum tempo era talvez o tchau mais difícil, mas eu sabia que ele teria nossos irmãos e a família dele por perto.

Não é difícil me despedir de alguém que deveria ser o meu pai. É apenas um momento impessoal onde ele diz que deseja toda sorte do mundo para mim e, então, sem mais nada a ser dito entre nós, eu apenas abraço o meu irmão uma última vez e volto correndo para o carro dos meus pais. Sem abraço, sem beijos, sem apertos de mãos, sem nada.

É muito difícil me despedir de todas as minhas tias e tios emprestados. Tem muito choro, muito abraço e mil recomendações que eu escuto porque sei que em todo aquele cuidado e zelo, existe apenas um sentimento escondido por trás de tudo: o de amor. Eu chorei muito com eles e acho que meu estoque de lágrimas acabou...

Até que eu cheguei no aeroporto e encontrei com todos os seus amigos, esperando por mim para a tão esperada hora de despedida. Começo a chorar antes mesmo de sair do carro, antes mesmo de alcançar qualquer um deles e então descubro que não, o meu estoque de lágrimas ainda não acabou e ele parece longe de acabar naquele dia.

O dia da despedida oficial.

O dia que achei que iria demorar muito para chegar, mas que, na verdade, chegou tão rápido quanto um piscar de olhos. Em um dia, eu estava simplesmente indo com a minha mãe para Porto Alegre, entregar os documentos na faculdade, ajustando todos os detalhes para minha estadia e depois voltei para casa, com um tempo limite para ficar, mas achando que esse tempo poderia ser quase eterno. Mas o momento não é eterno. Ele é, na verdade, muito efêmero.

Então, em uma manhã, eu simplesmente abri os olhos e a realidade me atingiu. O dia havia chegado. Estava na hora de colocar as últimas coisas nas malas, certificar que tudo estava certo e... Ir. Simplesmente ir, mas não facilmente ir. Nunca é fácil ir.

Não é uma despedida eterna, eu sei, mas não é como se eu pudesse ir embora e simplesmente não dizer tchau para ninguém. Nunca faria alguma coisa como aquela. Dizer tchau é difícil. Talvez uma das coisas mais difíceis que eu já tenha feito na vida, inclusive.

Dizer tchau para Pedro Ferreira é fácil, de certa forma, mas é porque não existe qualquer coisa difícil com Pedro. É tudo engraçado e sempre vai ser assim. Então, quando eu digo tchau para ele e o abraço apertado, a única coisa que ganho como resposta verbal é um:

- Juro que se você manchar a minha camiseta preferida do League Of Legends de rímel vou mandar ela para você lavar lá no Sul. - e no meio de tantas lágrimas, Pedro consegue arrancar um sorriso de mim e me abraça ainda mais apertado, beijando a minha testa antes de me soltar.- Até mais, Maluzinha. Vou sentir a sua falta, mas ainda bem que existe uma coisa chamada skype e que você vai poder ver a minha beleza sempre que sentir a minha falta.

Balanço a cabeça de maneira positiva e Pedro volta a me abraçar uma última vez, tão apertado quanto da primeira e as lágrimas voltam com força total. Poderia ser fácil me despedir de Pedro, mas isso não queria dizer que não seria tão doloroso assim.

Deveria ser "fácil" dizer tchau para Bruna e para Júlia também, mas não é.

É um momento repleto de lágrimas, abraços e promessas e mais promessas sendo sussurradas entre nós três. Momentos que nós passamos juntas durante todos esses anos de amizade são passados na minha cabeça e deixo que todas aquelas lembranças boas me dominem. E são essas lembranças que preciso levar comigo agora que estou indo embora. Assim como eu desejo que elas fiquem com as mesmas lembranças durante o tempo que vamos ficar separadas.

Vai ser diferente, eu sei que vai, mas Bruna e Júlia nunca vão deixar de ser as minhas melhores amigas. Foram elas que estiveram comigo em todos os momentos, fossem eles os de alegria ou de tristeza. Abrir mão de melhores amigas como essa seria a maior burrice de todos os tempos. Eu as levaria comigo fosse para onde eu fosse. Sempre.

Elas não quiseram ficar para me ver embarcando.

Júlia disse que seria demais para ela aguentar naquele dia e preferia se despedir de mim ali, antes que eu entrasse no aeroporto e embarcasse. Ela disse que, segundo a sua lógica, ao me deixar na porta do aeroporto a sua mente não estaria ainda raciocinando que eu estivesse indo embora. Por mais que meu coração já saiba disso, prefiro deixar pra começar a chorar novamente só quando a minha cabeça se der conta disso. A abracei uma última vez, chorando como se fosse a última vez que nos veríamos e fiz a mesma coisa com Bruna.

─ Vou cuidar da Júlia e ela vai cuidar de mim, mas quem vai cuidar de você lá, hein? ─ B disse enquanto nos abraçávamos. ─ Só promete que nada vai mudar entre a gente e que vamos nos ver sempre que pudermos.

Nada vai mudar entre a gente e vamos nos ver sempre que uma oportunidade surgir. ─ limpei algumas lágrimas que insistiam em cair dos seus olhos e beijei sua bochecha. ─ Eu prometo isso e você sabe que cumpro com as minhas promessas.

E com muitas coisas ainda a serem ditas e muitas lágrimas reprimidas, Júlia e Bruna permaneceram ali, esperando a volta dos seus namorados enquanto eu ia. A imagem das duas ficando para trás fez com que meu coração fosse comprimido dentro do meu peito. Quem diria que dizer tchau machucava tanto.

Dizer tchau para Marco foi difícil também.

Enquanto eu escutava todas as suas recomendações e conselhos, a única coisa que conseguia fazer era o olhar com muita admiração e carinho. Quem deveria estar ali, fazendo o papel que Marco representava na minha vida deveria ser Guilherme, mas por suas decisões e escolhas, Marco havia entrado em nossas vidas e era o meu verdadeiro pai. E, pensando dessa maneira, algo de bem Guilherme fez pela gente.

Porque eu não conseguia imaginar a minha vida sem Marco.

Eu não conseguia imaginar Marco sendo qualquer outra coisa para mim do que o meu pai.

─ Você entendeu tudo o que eu disse? ─ ele perguntou.

Mas eu simplesmente neguei com a cabeça e me atirei em seus braços, o abraçando com força.

─ Sinto muito por não ter escutado, mas estava com a cabeça em outro lugar. Vou sentir a sua falta demais, Marco. Obrigado por ser meu pai. E por ser o melhor pai do mundo.

─ Obrigado por me deixar ser seu pai, Malu. ─ ele disse, afagando as minhas costas de maneira terna. ─ Amo você e sempre vou estar torcendo pela sua felicidade e sucesso.

E então era a hora de me despedir das minhas irmãs mais novas e eu soube ali que não estava nada preparada para dizer tchau para Lia e Kia. Existia alguma coisa que me impedia de derramar mais lágrimas enquanto eu me aproximava delas; talvez o fato de que eu não queria as ver chorando naquele momento.

Nós nunca nos despedimos antes.

Se eu sempre tive Bruna e Júlia, eu também sempre tive Lia e Kia.

O máximo de tempo que já ficamos distantes umas das outras foram por duas semanas. E, agora, eu ficaria longe delas durante alguns meses já que apenas voltaria para casa nas férias do meio do ano.

─ Quem vai ser a nossa babá agora que você vai ir embora? Felipe é uma péssima babá, você sabe... ─ Lia brincou, ajeitando seu cabelo atrás da orelha e olhando para cima, tentando segurar as lágrimas.

─ O Pedro é meio irresponsável, mas ele pode ser a nova babá de vocês, eu acho. ─ dei de ombros, sorrindo. ─ Ele pode até ensinar vocês a jogarem LOL e mais um monte daquelas jogos que ele ama... E tem o Thomas e o Rafael também... E a Júlia e a B.

Lia deu uma risada e Kia deixou que um pequeno sorriso surgisse em seus lábios, mas logo tratou de o esconder novamente e desviou seu olhar para longe. Eu sabia que estava sendo difícil para ela lidar com tudo isso, mas também sabia que Kia era muito forte e iria conseguir lidar com tudo isso uma hora ou outra.

Me ajoelhei na frente das duas e as puxei para perto de mim.

─ Preciso que vocês cuidem do Flash para mim e preciso que uma de vocês tente ensinar para o Mozart que meias não são comestíveis. ─ sorri. ─ Mas, acima de qualquer coisa, preciso que vocês cuidem da mãe, do Marco e do Felipe... E do Cícero, é claro. ─ apertando minha mão, Lia sorriu com os olhos brilhando enquanto Kia permanecia inacessível. ─ Vocês conseguem fazer isso enquanto eu estiver fora?

Lia, como sempre, foi a primeira em concordar com os meus pedidos.

Kia, por outro lado, continuava olhando para longe.

─ Kia, eu... ─ comecei, mas não tive a chance de terminar.

Os braços da minha irmã mais nova se enrolaram no meu pescoço e sem nada a dizer, Kia me abraçou com força e começou a chorar. Mordi a bochecha, segurando a minha vontade de derramar lágrimas e a abracei com um único braço. Com o outro, continuei a segurar a mão de Lia e a trouxe para mais perto ainda.

─ Preciso dizer tantas coisas para você antes que você vá embora, Malu... Me desculpa por ter dito que odiava você naquele dia e me desculpa por mentir para você e me encontrar com Guilherme. ─ ela falava tudo muito rápido. Chorava, fungava e falava tudo ao mesmo tempo, e apenas me apertava contra ela. ─ Me desculpa por ter discutido com você naquele dia e me desculpa por...

─ Ei, está tudo bem, Kia. Eu também preciso pedir desculpas por te sido tão rude com você quando descobri sobre o Guilherme. ─ a interrompi, pedindo desculpas também. ─ Só fiquei com medo de ele machucar você e acabei sendo horrível com você.

─ Você só estava preocupada.─ ela disse.

A afastei minimamente para olhar em seus olhos.

─ Já passou, K. E está tudo bem. ─ disse. ─ Agora preciso saber se você vai ajudar a Lia a manter tudo em ordem por aqui.

─ Vou sim. E vou sentir muito a sua falta.

Nós vamos. ─ Lia reforçou.

Nos abraçamos com força uma última vez antes que minha mãe dissesse que ainda precisávamos fazer o check-in e eu ainda precisava me despedir de algumas pessoas. Antes de soltar Kia e Lia de vez, beijei cada uma na testa e elas me apertaram um pouco mais.

─ Tchau, Malu. ─ elas disseram juntas.

─ Tchau. Amo vocês.

As gêmeas e Marco ficaram para trás enquanto minha mãe e eu fomos fazer o check-in. Ela iria comigo para Porto Alegre e passaria alguns dias, depois voltaria para casa, mas dona Jane precisava ter a certeza de que eu ficaria bem instalada e de que tudo estaria certo na minha nova casa.

─ Eu já me despedi das suas irmãs e do Marco e vou entrando, ok? Mas não demora, Malu. ─ ela arrumou sua bolsa no ombro e fez um carinho no meu rosto. ─ Sei que vocês cinco precisam se despedir sozinhos e vou dar essa privacidade que vocês precisam.

Assenti, sabendo que o momento que eu mais queria retardar naquele dia havia chegado. O momento de dizer tchau para Augusto, Felipe, Rafael e Thomas.

─ Porque é tão difícil dar tchau, hein? ─ perguntei mesmo sabendo que minha mãe não possuía essa resposta.

─ Eu não faço ideia, mas sei que sempre é difícil.

Observei ela entregando sua passagem e documentos para o responsável e então ela sumiu das minhas vistas, deixando claro que logo mais quem deveria fazer o mesmo seria eu. E então era a hora de me despedir dos garotos.

Eles estavam sentados nos bancos que o saguão possuía, parecendo extremamente ansiosos e não ansiosos para aquele momento. Eu sabia que me despedir deles seria uma das despedidas mais difíceis do dia e, por isso, os deixei por último. No fundo, eu não queria dizer tchau para nenhum deles.

Rafael foi o primeiro a me perceber de pé na frente deles e também foi o primeiro que me abraçou apertado.

─ Você nem foi ainda e já estou sentindo saudades.─ ele disse e eu apertei meus braços ainda mais ao seu redor. ─ Vou começar a contar os dias para a sua volta desde agora.

─ Eu já estou contado, pode apostar.

Era muito difícil dizer tchau para Rafael, soltar Rafael e ir sair dos seus braços, mas eu precisava me despedir dos outros garotos. E, tecnicamente falando, nós meio que nos despedimos na noite passada já que ele dormiu lá em casa e toda uma sessão choro e "não quero dizer tchau" aconteceu entre nós.

Tinha alguma coisa de diferente em dizer tchau para Rafael.

Não era pelo fato de sermos namorados, mas sim pelo fato de ele já ter ido embora uma vez. E, agora, era minha vez de ir. Esse fato até me fez rir na noite passada, mas agora... Agora não possuía a mínima graça. Eu ficaria longe dele agora que nós finalmente havíamos nos acertado. De uma maneira ou de outra, parecia que alguém que queria que ficássemos separados.

Obviamente, isso não iria acontecer.

Existe uma coisa chamada relacionamento a distância, Malu. ─ foi o que ele disse na noite anterior antes de voltar me abraçar. ─ Não vou desistir de você por causa de alguns quilômetros de distância.

─1.570,5. ─ foi o que eu disse quando nos separamos no aeroporto.

─ O que? ─ ele me encarou confuso.

─ É esse o número que vai nos manter distantes por algum tempo.

Ele sorriu um pouquinho e me beijou longamente, nem um pouco preocupado com Augusto reclamando que queria ter a sua chance de se despedir de mim e nem com Thomas que estava reclamando sobre ter virado um candelabro em pleno aeroporto. Rafael apenas... Me beijou.

O beijo de despedida que ele disse que me daria quando o momento chegasse.

─ Podia ser mais. ─ Rafael sussurrou contra os meus lábios, abri meus olhos apenas para o encontrar me encarando de pertinho. ─ Eu te amo e vou sentir saudades.

─ Eu amo você e vou sentir muitas saudades.

Talvez outro beijo de despedida fosse acontecer naquele momento, mas Augusto, como o bom sem paciência e ótimo quebra momentos que era, apenas se enfiou entre Rafael e eu, o empurrando para longe de mim e me abraçando apertando.

Ri um pouco antes de o abraçar forte também.

Era e não era difícil dizer tchau para Augusto já que ele estaria embarcando daqui dois dias com o seu destino sendo o Sul também. Não o veria todos os dias da semana, mas ele havia prometido que daria um jeito de ir me visitar um final de semana sim e, no outro, eu deveria ir até onde ele estaria morando. Dessa maneira, nós não sentiríamos saudades um do outro.

O que não era verdade já que eu estava acostumada a ver Augusto todos os dias, mas eu o veria mais do que veria os outros garotos. E, isso, já era melhor do que ficar sem Augusto também.

─ Vou ver você antes de ir para Pelotas, mas já estou sentindo a sua falta.

─ E eu que ainda nem fui e já estou sentindo a sua falta? Você está aqui, me abraçando e eu já estou sentindo saudades... ─ o afastei um pouco e beijei seu rosto. ─ Você é o melhor amigo do mundo, Augusto.

─ Ei! Eu escutei isso. ─ Thomas, que era o próximo para a fila de abraços de despedida, reclamou.

─ Um dos melhores amigos do mundo. Melhorou? ─ consertei a minha frase.

Thomas remexeu os ombros, dizendo que não se importava, mas no fundo eu sabia que ele se importava sim. Abracei Augusto uma última vez e então me atirei contra Thomas, o pegando completamente de surpresa e quase nos fazendo ir ao chão.

─ Jurei que nós íamos cair agora. ─ disse, rindo.

─ Segurei você antes que uma tragédia acontecesse. ─ ele brincou, me abraçando apertado e me levantando um pouco do chão. ─ Vou sentir a sua falta, Malu.

Eu não queria mais chorar, mas aquilo se tornava impossível estando na situação que eu estava. Esses garotos... Eu os conheço desde sempre! Eles são meus melhores amigos desde que eu me entendo por gente e vários altos e baixos podem ter acontecido na nossa amizade, mas aquilo só provou que ela é verdadeira. Eu os perdi e os reencontrei e não estava nada preparada para perder novamente.

Ao mesmo tempo que queria ir para Porto Alegre, queria ficar com eles.

─ Vou perder você de novo e não estou nada preparada para isso.

Deixei que meus pensamentos criassem vida e atingissem Thomas.

─ Você não vai me perder, Malu. Não vai não. ─ ele me afastou para que pudesse olhar diretamente nos meus olhos. ─ Vamos fazer isso dar certo, não vamos? Amigos a distância, cara! Vai dar tudo certo, eu sei que vai.

E, de alguma maneira, eu também sabia que iria dar certo.

Éramos amigos verdadeiros, no fim de tudo.

─ E o melhor ficou para o final. ─ brinquei enquanto Felipe me acolhia com os seus braços.

─ Agora você entende o motivo de eu não ter conseguido me despedir?

Eu o entendia agora.

Doía dizer tchau e era muito triste fazer isso.

─ Entendo, mas continuo achando você um idiota por ter ido embora daquela maneira. ─ resmunguei. ─ Vou sentir a sua falta, Felipe. Cuida de tudo, por favor. E fica de olho Guilherme porque... Você sabe.

─ Eu sei. ─ Felipe beijou meus cabelos antes de me soltar. ─ Vou ser o irmão mais velho que eu sempre deveria ter sido.

Formamos um círculo no saguão do aeroporto.

Um círculo meio torto e que poderia parecer defeituoso para quem olhasse de fora, mas que eu sabia que era completamente perfeito para quem estava o formando. Aquele círculo só ficava completo quando todos nós estávamos nele. Assim como a nossa amizade.

Nós éramos peças de um pequeno quebra-cabeça que se complementavam perfeitamente.

Olhando para aqueles garotos e relembrando de tudo que nós já havíamos passado juntos, mais lágrimas me dominaram. Mas os dominaram também. Estávamos os cinco naquele momento chorando; de saudade, de felicidade e porque estávamos mais uma vez juntos.

E porque sempre estaríamos juntos.

- Porque estamos chorando dessa maneira? Não é como se eu fosse passar três anos fora e sem dar sinal de vida para nenhum de vocês. - limpei o rosto, tentando conter as lágrimas quando me dei conta do que havia falado. - Meu Deus, não acredito que fiz uma piada sobre isso.

De alguma maneira, mesmo que aquele fosse um momento triste, nós sorrimos uns para os outros e então voltamos a nos abraçar.

Quando meu celular vibrou no bolso da minha calça, eu soube que era uma mensagem da minha mãe e que eu deveria realmente me despedir dos garotos. Talvez eles tenham percebido isso também já que, em comum acordo, diminuímos a força do nosso abraço e o desfizemos.

Então ficamos apenas ali, olhando um para os outros.

E eu sabia que deveria ser eu a me despedir.

- Vejo vocês nas férias. - os abracei uma última vez, sentindo as lágrimas molharem meu rosto mais uma vez. Beijei o rosto de cada um deles e os abracei novamente e, por fim, disse a palavra que eu estava tentando evitar de qualquer maneira pronunciar: - Tchau.

E aquele foi, definitivamente, o tchau mais difícil do dia.

Não existiam mais palavras para serem ditas naquele momento; tudo o que precisávamos falar um para os outros já havia sido dito neste ano ou havia sido deixado nas entrelinhas. Então, ao invés de falarmos, eu apenas queria abraçar eles e guardar aquele momento no meu coração.

Poderia ser a nossa despedida, mas aquele nunca seria o nosso fim.

Antes de encontrar esses quatro garotos, eu era como um quebra-cabeças incompleto. Eu sabia que poderia ser completa de alguma maneira, mas também sabia que faltavam algumas peças específicas para que aquilo acontecesse. O que eu não sabia, antes, era que aquelas peças seriam Augusto, Felipe, Rafael e Thomas.

Acho que tudo isso nunca foi sobre o amor ou apenas sobre mim.

Foi muito maior.

Foi sobre Júlia e Bruna e de como elas são pessoas incríveis e merecem o mundo;

Foi sobre a minha mãe e de como ela sempre esteve presente em todos os momentos: fossem eles os felizes, ou os difíceis;

Foi sobre as minhas irmãs mais novas que podem ser iguais por fora, mas são completamente diferentes por dentro;

Foi sobre Marco e todo o sentimento de cuidado e zelo que ele sempre teve com a gente, mas que aflorou nesse último ano em níveis jamais imaginados;

Foi sobre Augusto que sempre foi o melhor amigo que uma pessoa pode ter, sempre disposto a estender a mão e fazer piadas em todos os momentos;

Foi sobre Felipe que errou, errou e errou mais um pouco, mas que talvez tenha percebido e esteja tentando crescer;

Foi sobre Thomas que parecia ser a pessoa mais segura do mundo, mas que acabou descobrindo ser um tanto quanto inseguro e conseguiu superar isso;

Foi sobre Rafael finalmente conseguir expor tudo que sentia e lidar com esses sentimentos depois de anos.

Mas, acima de qualquer coisa, tudo que aconteceu nesse ano foi sobre apenas uma coisa. Uma coisa que sempre esteve presente na minha vida e que eu possuía a certeza que iria me acompanhar até o fim dela.

Foi sobre amizade.

Sobre a nossa amizade e como coisas podem acontecer no meio do caminho.

Foi sobre superação e lágrimas.

Perdas e ganhos.

Descobertas e brigas.

Sobre apostar todas as fichas ou nunca tentar.

Foi sobre aprender a perdoar e ser perdoado.

Foi tudo sobre nós cinco.

Foi sobre amor, mas, acima de qualquer coisa, foi sobre amizade.

É e sempre será sobre amizade.

Sobre a nossa amizade.

E foi justamente com essas descobertas que eu me despedi do Rio de Janeiro. Foi justamente esse momento que eu resolvi guardar na minha memória para lembrar de tudo que já tinha acontecido com todos nós.

Nós cinco ali, naquele aeroporto.

#

AI MEU CORAÇÃO NÃO TÁ SABENDO LIDAR COM ESSE CAPÍTULO 😭😭😭😭

EU

TO

BEM

MAL

Gal, dá pra acreditar que faltam apenas dois capítulos para o fim??? EU NÃO TO SABENDO LIDAR COM ISSO!!!!

Eu amo esse capítulo 💜 Ele foi uma das primeiras ideias que tive nessa história e acho que consegui passar bem tudo o que queria passar com 5inco nele. Foi como a Malu disse e eu reforço: 5inco nunca foi sobre só a Malu e o Rafael ou sobre só tudo que cercava eles. 5inco foi sobre eles cinco e sobre todas as outras coisas que a Malu citou.

Ok, preciso parar de falar porque quanto mais eu escrevo aqui mais a vontade de chorar aparece em saber que o próximo capítulo é o penúltimo e ai... 😭😭😭 Já era, to chorando HUAHAUAAH

Entrem no grupo do facebook pra me verem sofrendo e postando spoilers desses dois últimos capítulos ahahahaha

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Um beijão, gal💜

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