BÔNUS: RAFAEL CUNHA

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"Sou da opinião que quando duas pessoas se gostam devem ficar juntas. ── Felipe. "

Nunca fui o tipo de cara que liga para a opinião de terceiros.

Só que também nunca foi o cara que agia sem pensar e apenas para machucar alguém, mas já fiz isso. Então dizer que eu não ligava para o que terceiros diziam podia ser algo falho também.

O ponto foi que passei a meio que me importar com a opinião de terceiros depois do Pedro vir falar comigo que eu era a segunda pessoa mais babaca da face Terra por ter beijado uma garota na frente da Malu já que ela ficou com ciúmes e praticamente quebrou o braço dele. Ele também disse algo sobre eu ter que o indenizar pelo quase trauma no braço e me chamou de trouxa de novo por ter feito aquilo na frente da Malu sabendo dos sentimentos dela por mim. Pedro falou muito. Muito mesmo. E eu só fiquei escutando e tentando entender em que momento eu tinha beijado alguém naquela festa.

Perguntei para ele isso, sobre que pessoa eu havia beijado na festa e ainda por cima na frente da Malu, e ele disse algo sobre uma garota loira na minha frente e que estava falando muito próxima de mim. Disse também que nem tinha visto nós dois até o momento em que percebeu que a Maria Luísa olhava com muita atenção para um ponto e nos viu por lá. Daí ele me chamou de babaca e de covarde e eu deixei Pedro sozinho para ir atrás dela.

Ela não podia realmente achar que tinha beijado alguém depois do que aconteceu no parque.

Só que ela realmente acreditava que algum beijo havia rolado. E eu precisava desfazer esse ─ e mais milhares ─ de maus entendidos rápido. De preferência naquela madrugada.

Maria Luísa se remexeu mais uma vez ao meu lado e eu suspirei. Já estávamos fazendo isso há algum tempo já que eu ─ pelo visto ─ tinha esquecido como de começar a falar. Sei lá, essa conversa já vinha sendo adiada ao longo de três anos e sempre ficava para outra hora, por qualquer motivo. Eu não tinha medo de sentir tudo o que eu sentia pela Malu, mas verbalizar os meus sentimentos.... Aquilo me assustava demais.

Quando o clima começou a ficar pesado demais mesmo, tomei a coragem necessária para iniciar a conversa. Pena que da maneira errada e trazendo à tona justamente o assunto que, pelo visto, Malu não queria falar.

─ Eu não beijei aquela garota. Não teve beijo! Sério, não teve nada!

Se eu soubesse que tocar naquele assunto fosse a deixar tão irritada e toda vermelha de raiva, eu não teria começado. Juro por Deus, mas eu não sabia e aquele tópico foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. Teríamos que falar sobre aquilo em algum momento daquela madrugada. Maria Luísa simplesmente não podia pensar que eu fosse realmente beijar uma pessoa depois de tudo.

─ Foi por isso que você me trouxe para casa? Para ficar falando sobre isso? ─ a voz dela saiu extremamente grossa e Malu cruzou os braços, me lançando um dos olhares mais gelados do mundo. ─ Se não se importa, eu vou entrar e dormir. Achei que a conversa fosse ser outra. Essa noite começou maravilhosa, mas terminou me causando uma enorme dor de cabeça... Belo aquecimento para o aniversário, viu?

─ O que aconteceu?

─ Thomas não estava bem.... Eu não sei o que aconteceu com ele e a Júlia, mas me deixou preocupada. ─ ela deixou os ombros caírem novamente. ─ E, sendo sincera, você e aquela garota.... Eu sei que não sou nada sua e nem tenho o direito de sentir ciúmes, mas você simplesmente não pode falar todas aquelas coisas que disse no parque e depois bei...

─ Eu não beijei ninguém e nem tinha a intenção de beijar alguém naquela festa, Maria Luísa.

Não sei o que as minhas palavras causaram nela, mas com certeza não foi a reação que eu esperava já que Maria Luísa se levantou furiosa e ficou me encarando de cima. Às vezes eu desejava saber o que ela estava pensando apenas para solucionar momentos como esse. Ela não podia acreditar que eu tinha beijado aquela garota. Não depois de tudo. Não era justo comigo.

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