BÔNUS: FELIPE ALVES

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"Todo mundo pode errar, sabe? O problema é continuar persistindo no erro ou jogar a culpa para cima de outra pessoa. Você pode errar quantas vezes quiser, mas admita, assuma e tente corrigir. Errar é humano... Ser covarde, não. ──Thomas."

Naquele dia em especial, acordei mais perdido em lembranças do que qualquer outro dia.

E com o peito pesando de uma maneira nunca antes sentida.

Talvez fosse a tão famigerada culpa que todos falaram que um dia iria me atingir em cheio.

Ou talvez apenas fosse a premonição de que o dia seria péssimo.

E ele realmente foi péssimo.

Um dos piores do ano, com certeza.

Cícero ainda continuava isolado e as poucas notícias que tínhamos eram dadas por Martha que nos contava absolutamente tudo. Mas, de toda a forma, era angustiante ainda ter Cícero isolado e estar com as mãos amarradas. Nós já havíamos feito tudo que estava no nosso alcance, agora nos restava esperar. E essa era a pior parte de todas: esperar.

E Martha... Martha estava sendo incrível com todos nós, mesmo que ela não fosse nada nossa. Além da nova mulher de Guilherme. Martha, a nova mulher de Guilherme. Guilherme, quem deveria ser meu pai. Quem diria que ele teria uma família, não é mesmo? Eu nunca diria tal blasfêmia, mas a verdade é que Guilherme possuía uma família. Uma nova família. Bom... Que ele fizesse certo dessa vez, certo?

Cícero continuava no hospital, o clima tenso dentro de casa ainda continuava, Thomas poderia falar comigo, mas eu sabia que ele apenas estava fazendo tal coisa por conta da situação. E ainda tinha Maria Luísa no meio dessas coisas todas. Maria Luísa... A única pessoa que me compreendia e que fiz questão de ser um verdadeiro idiota. Nem mesmo com ela eu poderia contar naquele momento. A verdade é que eu não poderia contar com ninguém naquele momento. Afastei todos.

Existe uma linha tênue entre estar prestes em estragar tudo e em estragar tudo; eu nunca exitei em ultrapassar essa linha.

Sou impulsivo, faço e falo coisas sem pensar e sempre acho que a culpa é de outra pessoa.

Mas no fundo, no meu íntimo, eu sei que a culpa sempre é minha.

Fui eu quem fez com que Thomas desistisse da nossa amizade.

Fui eu quem afastei a minha irmã.

E fui eu quem colocou Júlia em situações péssimas.

Tudo minha culpa e culpa da minha impulsividade.

Ou, talvez, imaturidade?

Poderia ser também.

Caso Cícero não precisasse de mim nessa história toda... Qual seria a minha utilidade nisso tudo? Ser aquele que vai embora e volta depois de três anos, carregando consigo todas as confusões possíveis dentro da mala? Ser a pessoa que estraga tudo? O impulsivo que faz tudo levado a emoção? O idiota que não dá valor a uma verdadeira amizade? O babaca que resolve jogar a culpa sobre a irmã mais nova? Seria eu, Felipe Alves, o vilão de tudo?

Talvez...

A resposta para as minhas perguntas eu nunca teria.

Assim como nunca poderia voltar no tempo e tentar consertar todas as besteiras que fiz.

Amizade é uma coisa muito delicada e frágil; Thomas nunca iria me perdoar pela traição.

Eu fui um verdadeiro Judas com ele. O escutei falando sobre Júlia, sobre seus sentimentos por ela e sobre o relacionamento deles e ao invés de ter sido sincero quando Thomas me perguntou uma única vez se eu ainda sentia algo por ela, eu omiti a verdade. E o que fiz após isso? Isso mesmo: corri até Júlia pedindo por uma segunda chance. E após esse momento? Tentei a beijar em um hospital.

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