Eu estava me sentindo culpada.
Sentada no banco de trás do táxi, indo em direção ao estúdio, meu pensamento não saía de Camila e de todos os acontecimentos recentes. A paisagem de L.A passava rápida e o taxista escutava alguma música que eu não fazia ideia. Eu quebrei o contrato. Quebrei o contrato que tinha com Camila de exclusividade, e agora me sentia como se a tivesse traído, mesmo que nós não fossemos um casal. Eu agi no calor do momento, me deixando levar pelo desejo irreverente por Normani e a decepção que senti por causa dos últimos acontecimentos entre Camila e eu. Minha vida andava extremamente confusa e eu não tinha ideia do que fazer, não sabia se contava pra Camila ou deixava em segredo. O táxi para em frente a entrada da Universal, e entrego o dinheiro para o taxista, saltando do carro e me preparando para o encontro com Camila.
Ando a pé até lá, vendo alguns rostos conhecidos e logo estou no estúdio 4, tendo olhares curiosos do pessoal. Drake está sentado em sua cadeira, conversando com um dos atores coadjuvantes. Eu mal abro a boca e ele já está falando:
— Está atrasada Jauregui. — Diz calmo, dispensando o ator e virando seus olhos azuis pra mim.
— Er... — Gaguejo, pensando em uma desculpa.
— Não quero ouvir, Lauren. Atrase-se mais uma vez e eu esqueço da recomendação de Camila e te boto no olho da rua. Por falar nela, ela está no camarim e disse que assim que você chegasse era para ir vê-la. — Me despeço de Drake com um aceno de cabeça envergonhado, indo até o camarim de Camila. Seu nome está na porta dele e ela está fechada. Bato na porta.
— Entre. — Ouço sua voz falar por detrás da porta.
No momento em que piso no camarim, tenho uma visão maravilhosa. Camila usava um short jeans curtíssimo e estava só de sutiã vermelho, um colírio. Tento parecer discreta e não afetada por seu incrível corpo.
— Hey. Fiquei sabendo que queria falar comigo. O que foi? — Me sento em um sofá, do lado dela, e olho para seu inexpressivo rosto.
— Foi sim. Queria olhar nos seus olhos antes de tudo.
— Antes do que?
— Antes de cogitar a ideia de você estar quebrando nosso contrato com minha melhor amiga. O que fazia na casa de Normani tão cedo?
Seus olhos castanhos parecem me fazer um exame de raio X, procurando respostas em meu corpo. Engulo em seco com suas palavras, e ouvi-la falar assim me deixou duplamente culpada. — Fomos olhar o meu treinamento. Lembro que no contrato exige que eu tenha uma boa forma, e eu andei comendo umas porcarias, então fui atrás dela. Só isso.
Ela parece visivelmente relaxar com minhas palavras, que eu tentei passar naturalidade, e me sinto mal, com vontade de enfiar minha cabeça dentro da privada e depois me ajoelhar ao pés dela. Camila suspira, pegando minha mão, fazendo desenhos invisíveis nela. — Eu sei que as vezes sou meio grossa, mas quero que você entenda que isso é novo pra mim. Tudo isso que eu estou senti... — Ela se interrompe, me olhando e vejo desespero em seu olhar. Ela está novamente me pedindo desculpas, sendo que a única pessoa que devia estar fazendo isso nesse ambiente sou eu.
— Olha, tudo bem tá? Eu te entendo. Seu trabalho é estressante, nós somos pessoas diferentes, mas você se lembra daquele dia que fui em sua casa e você me pediu desculpas? Que iríamos resolver tudo isso? — Meus dedos passam em seu lindo rosto e ela se inclina, aproveitando meu carinho. Ela era tão linda... e tão maravilhosa.
— Não sou uma pessoa romântica, Lauren. Não sou uma pessoa que namora, que faz coisas em casal. Eu não sou assim.
— Eu sei. Mas quero tentar. Quero fazer esse contrato dar certo, Camz. — Ela abre um pequeno sorriso ao ouvir o Camz. Faço o mesmo.
— Gosto que você me chame de Camz.
— E eu gosto de ver o efeito que isso causa, quando lhe chamo assim baby girl.
Ela abre um sorriso, um sorriso de verdade, e novamente me vejo novamente presa nela, encantada por seus raros e perfeitos sorrisos. Eu não poderia ficar longe dessa garota agora, nem que quisesse. Mesmo que ela fosse uma estúpida comigo, eu sou apaixonada por ela e isso era algo que sempre iria acontecer. Camila sobe em cima de meu corpo, deixando suas pernas em volta de mim, suas mãos em meu pescoço. Tento ignorar o nó no estomago ao lembrar que há alguns minutos sua amiga estava assim no meu colo. A latina se inclina em minha direção e seus lábios capturam os meus delicadamente. Meu coração acelera, sinto meu ar se perder, tudo que acontecia a cada vez que seus lábios se conectavam com os meus. Nossas línguas dançam em uma sincronia perfeita, e sinto meu coração se ajeitar. Sinto uma felicidade me corroer e esqueço de tudo. Ela finaliza o beijo dando uma mordida em meu lábio, me olhando intensamente.
— Posso te perguntar uma coisa, Camz? — Passo minhas mãos em seu quadril, em uma carícia.
— Pode.
— Por que saiu com Shawn Mendes na terça?
Ela franze as sobrancelhas. — Shawn e eu somos amigos, Lauren. Não temos nada, só amizade, entre aspas. Ele pode ser bem grudento quando quer, e como veio a Miami, praticamente me arrastou para um jantar. Não houve nada.
Sinto um alívio enorme ao escutar isso, que aquele ser não tocou na minha garota. Minha garota. Um pouco possessivo demais, mas ela não precisa saber que eu pensava isso dela. Alguém bate na porta e diz que Camila tem que terminar de fechar alguns detalhes de uma cena, e ela suspira, saindo do meu colo e pondo uma blusa vermelha fina de algodão. Me levanto, olhando seu corpo em uma admiração silenciosa. Eu nunca ia me acostumar com a ideia de ter essa garota pra mim. Nem que fosse um pouco.
— Quer ir na minha casa hoje depois do expediente? — Solto sem pensar, vendo ela se virar pra mim, surpresa.
— Pra que? — Minhas bochechas coram e fico com vergonha de dizer minhas intenções.
— Ah... hum... eu queria passar um tempo com você. Só nós. Sem sexo, nem nada. Só aproveitando a companhia da outra, mas acho que foi besteira.
Camila abre um genuíno sorriso, chega perto de mim, suas mãos acariciando meu rosto. — Eu vou adorar ir na sua casa. — Abro um enorme sorriso, e sem conseguir me conter lhe dou um rápido selinho.
— Até mais tarde então, Camz.
Saio do camarim, com o coração pesado de culpa, mas feliz por poder passar um tempo com a pessoa que eu mais admirava nesse mundo.
(...)
Fomos liberadas mais cedo do estúdio, já que Drake disse que o filme estava todo fechado, e agora seriam feitos ajustes técnicos. Isso quer dizer que acabou as filmagens e todo mundo estaria livre. Eu não veria mais Camila todos os dias e admito que fiquei triste com isso. Camila parecia aliviada, e eu entendo, afinal ficar seis meses filmando um filme desgastante não era fácil. Saímos do estúdio as 16 horas, mais cedo do que esperava, e assim eu poderia passar mais tempo com Camila, que seguia meu carro nesse momento. Ela estava no Volvo e eu estava indo pra minha casa, lhe mostrando o caminho. Chegamos ao meu apartamento rapidamente, e entramos logo, não queríamos que ninguém visse Camila ali. Ally havia me ligado, querendo saber da minha noite, mas fiquei calada, não queria falar nisso por enquanto, e ela disse que Dinah e ela iriam jantar fora hoje. Eu teria mais tempo com minha latina.
Quando entramos em meu apartamento, e Camila passa os olhos por ele todo, avaliando, morro de vergonha. Minha casa não era a metade da dela e estava até bem bagunçada. Havia alguns livros meus e de Ally espalhados pela sala, e um dos tênis de Dinah jogado no chão. Camila passa seus olhos para as nossas fotografias, o casal Dinally em vários lugares de Kentucky, e também aqui, fotos de Amber, o casamento de Zach e James, fotos minhas na fazenda dos meus pais e fotos de toda a nossa turma de Louisville.
— Seus amigos são bonitos. — Ela aponta uma foto que em estava eu e todos os meus amigos de Louisville, inclusive uns que ainda estavam lá, parados em frente a escola, usando uniformes de futebol americano. Eu amava essa foto.
— Obrigada. Vem, quero te mostrar o meu quarto. — Pego em sua mão, a arrastando para o meu quarto. Na hora em que abro a porta, seus olhos arregalam. Putz, eu esqueci das fotos!
Camila anda por todo o cômodo, tocando suas dezenas de fotos que havia presas no meu quadro. Seus olhos estão inexpressivos, olhando para seu poster de Lost Stars e as revistas. Engulo em seco, olhando para a parede. — Você era uma fã minha... — Sussurra.
— Sim. Na verdade, ainda sou. — Ela volta seu olhar pra mim, e posso estar louca, mas parece um olhar admirado.
— Isso é maravilhoso... você... meu deus... — Camila parece não saber o que dizer e me responde com um afoito beijo, me agarrando e deixando sem ar.
— Mas o que... achei que você acharia isso loucura, que iria me achar doente.
— Longe disso. Eu adorei.
Meu coração acelera e tomo seus lábios novamente pra mim, demostrando todo meu afeto nele. Nos soltamos e deixo minhas mãos em sua cintura, tendo seus dedos infiltrados em meus cabelos, os acariciando. A pego no colo e ela dá um gritinho, rio, nos levando pra minha cama e nos deitando. Como a cama não era grande, ficamos muito coladas, mas não acho ruim, assim posso ter minhas mãos nela. Sua perna está entrelaçada a minha, minhas mãos em seu quadril, quase na bunda, nossos olhos ligados. Nossa conexão era palpável e eu sentia um frio no estômago ao ter seu olhar atencioso em mim. Ela nunca me olhou desse jeito. Dou beijinhos em sua bochecha e queixo, e ela mantém suas mãos em minha cintura, seus olhos fechados. Paro e a fico olhando, admirando aquele ser tão lindo. Ao ver Camila ali, tão entregue, tão inocente, meu coração se enche de culpa e mágoa, e me sinto um lixo. Eu sou um monstro. Mas que merda eu fiz? Por que me deixei levar? Eu deveria ter resistido. Mas a partir de hoje eu iria me dedicar exclusivamente a Camila, Normani e eu seríamos amigas, por mais que eu sentisse uma atração por ela. Camila era meu foco, sempre foi. Eu a desejo mais do que tudo e mesmo que tivéssemos uma relação diferente, eu não me importo.Quero ficar do lado dela.
Camila abre os olhos, e me encara intensamente, e me dá um beijo. Sua língua me envolve, meu corpo esquenta e subo em cima dela, colocando minhas mãos ao redor do seu pescoço, tendo as suas em meu quadril e logo depois minha bunda. Ela enfia a mão dentro do meu jeans, e a aperta, me fazendo dar um gritinho em seus lábios, fazendo ela rir. Camila estava risonha hoje. Beijo seu pescoço, dando mordidinhas leves e ela continua com a mão em minhas nádegas, as apertando, me incentivando a beijá-la cada vez mais.
— Acho melhor pararmos. — Ela me afasta, fazendo-me olhar nos seus olhos, ainda em cima de si.
— Extrapolei né? Desculpe, mas é que você é irresistível. — Rio, deitando por cima de seu corpo, meu rosto em seu pescoço e suas mãos sobem do meu jeans, indo até o meu cabelo. O seu cafuné era bom. Tão bom que adormeci e nem percebi. Quando acordei o sol já não entrava pela janela e estava tudo escuro. Eu havia saído de cima de Camila, e agora estava deitada ao seu lado, enquanto ela dormia. Ela ressonava baixinho e estava linda. Passo os dedos em seu rosto, delicadamente, mas ela acorda.
— Eu dormi? — Diz com uma voz fofa de sono, coçando seus olhos, ficando mais fofa. Dou um beijo em sua bochecha.
— Dormiu, amor. E eu também. — Percebo que a chamei de amor, e coro, tendo um sorriso de Camila. Ela estava feliz, assim como eu.
— Já é tarde né? Eu tenho que ir embora. Suas amigas logo vão chegar em casa. — Ela se levanta da cama, se espreguiçando e a observo. Me levanto também.
— Você quer comer alguma coisa? — Questiono, enquanto estamos paradas na sala, seu corpo entre o meu. Estávamos tão grudadas hoje e eu estou amando.
— Não. Vou jantar com meu empresário, Hermes, e ele não gosta que eu me atrase ou coma pouco. Quem sabe um outro dia. —Ela pega sua bolsa e vamos até a portaria. Antes dela sair, faço um carinho no seu rosto e beijo sua bochecha.
— Até mais, babygirl.
— Até mais, sweet.
Ela me dá um selinho e sai. Hoje com certeza foi um dos dias mais perfeitos da minha vida. Tomo um banho demorado, relaxando e novamente pensando em tudo, imaginando como seria encarar Normani depois de hoje. Quando Dinah e Ally chegam já são nove da noite e eu estava jogada no sofá de casa, vendo Gothan, com um grande prato de sanduíches na minha frente. Dinah se joga em meu colo, me mordendo e beijando, depois roubando meu sanduíche. Ally se senta na poltrona e Dinah fica no meu colo.
— Como foi seu dia, Laur? — Ally me pergunta.
— Foi bom.
— Claro que foi bom amor, afinal, ela passou a noite transando com a Normani. — Dinah debocha, e coro, sabendo que dessa vez era verdade.
— Amor, deixa de ser indelicada. — Ally repreende Dinah, que ri, apertando minhas bochechas.
— Lion, você cresceu tão rápido. Estou feliz que encontrou alguém pra te suportar.
— Cala a boca, Jane. Você tem sorte por ter a Ally. Ela é demais pra você.
A cutuco e Dinah me dá um tapa, logo me abraçando forte. Assim que era nossa relação, entre tapas e beijos. Dinah me irrita mas eu não conseguiria viver sem ela. Ally olha para nós com os olhos brilhantes, e todas nós acomodamos no sofá, decidindo ver um filme. Faço mais sanduíches, e brigadeiro, e nos sentamos na sala. Dinah e Ally se enroscam, e fico no colo das duas, minha cabeça e um pedaço no meu tronco apoiado nelas, recebendo muito carinho e cosquinhas. Eu amo passar um tempo com elas, me fazia me sentir leve e lembrar dos tempos do colégio. Enquanto vemos o filme meu celular vibra, era uma mensagem de Camila.
~Camila 22:28 Espero que durma bem essa noite mon cher, e que sonhe comigo.
~Lauren 22:29 Eu irei Camz. Tenha um bom sono. P:S: sempre sonho com você, todos os dias.