23 de Fevereiro 2016 - II
Zayn
" Podes respirar de alívio. " assim o fiz. " Mas... " fodasse. " O vosso filho tem uma grande probabilidade de nascer prematuro. " soltei um pequeno suspiro e voltei a sentar-me. " A Zoey, tem de se manter calma, não convém estar constantemente irritada, isso apenas lhe faz mal a ela e ao bebé. " eu sei disso.
" Podemos ir vê-la? " questiono, o médico assente e eu rapidamente me levanto.
Depois de ele me indicar o número, caminho até às escadas visto que o elevador estava a ser ocupado pelos enfermeiros. Subo até ao segundo andar do hospital, e procuro pelo o número 254, assim que a placa azul entra no meu campo de visão, um leve sorriso surge nos meus lábios. Porém eu sei, o que tenho de enfrentar por de trás daquela porta branca. Meto a mão na maçaneta, e assim que abro ligeiramente a porta, posso ver Zoey com o seu olhar fixo na janela do pequeno quarto, entro em silêncio e fecho a porta sem fazer barulho. Não quero que ela me mande embora, logo no primeiro segundo.
toquei na sua mão um pouco mais pálida que o habitual, e nenhum olhar me foi dirigido. " Desculpa... " sussurro. Deixo de sentir o contacto da sua mão, e baixo a cabeça.
" Porque é que quando tudo corre bem, algo tem de acontecer? Consegues explicar-me isso? " perguntou num tom abatido. " É sempre assim Zayn, estamos bem, como já estamos mal uns dias depois. " fungou. " Eu pensei que seria diferente, namorávamos, estávamos no bom caminho. E depois t-tu vais para... " suspirou negando levemente com a cabeça. " E agora o nosso filho que... "
sentei-me na cama, e peguei nas suas mãos. " Eu juro-te que não te traí, eu não seria capaz. " asseguro, tentando trazer o seu olhar azul ao meu. " Por favor olha para mim. " peço e ela nega levemente com a cabeça.
" Eu só quero que saias daqui, eu quero estar sozinha. " neguei levemente com a cabeça, mesmo que ela não tenha visto. " Eu não entendo, o teu problema. Sempre que estamos bem, tu estragas Zayn, simplesmente destróis tudo o que esta bem entre nós. " doeu ouvir o que ela disse. No entanto eu sei que ela esta revoltada, com tudo o que esta a acontecer. É muita coisa apenas para uma pessoa só, ela tem demasiado peso nas costas, sendo ela uma rapariga sensível e fraca, começa a ser difícil lidar com os problemas. " Sabes a dor que eu senti, quando vos vi deitados na nossa cama? Porra, doeu tanto! Ainda por cima no meu aniversário, o aniversário que eu pensei que seria perfeito. Pela primeira vez, e porquê? Porque eu estava feliz, o meu namorado estava a fazer-me feliz... " soluçou. " E quando chego, tudo o que eu tinha em mente para este dia foi abaixo. E olha onde é que eu estou agora, no hospital. Onde acabei de saber que a minha gravidez de risco, começa a ficar ainda mais arriscada, e se eu não tiver o devido cuidado irei sentir a dor de perder um filho mais uma vez, onde acabei de saber também que se esta gravidez existe uma probabilidade de 99% do meu bebé nascer prematuro. " desabafou tudo bastante sufocada, pelas suas próprias palavras. " O que é suposto eu fazer? "
Não tinha como responder ao seu discurso, nem mesmo à sua questão. Sinto-me bastante culpado, por tudo aquilo que aconteceu, no dia que deveria de ser perfeito para ela, mas no entanto só trouxe desgraça atrás de desgraça. Largou as minhas mão e passou as mesmas pelo o rosto. Dói demasiado ver a pessoa que ama-mos num estado, como o dela. Ela está tão vulnerável, tão triste, tão fraca, magoada... e isso tudo devesse a mim. Sou sempre eu que a faço chorar, sou sempre eu que a meto desta forma. Sou o homem que deveria fazê-la sorrir mais do que tudo, mas no entanto sou exatamente a porcaria do contrário. É suposto eu fazer o quê? Sou demasiado egoísta para a deixar ir, tenho medo que ela vá e nunca mais volte. Eu deixei um amor fugir uma vez, e eu não quero ver outro a partir, sendo que este é mais forte, eu não quero também sentir a dor do mesmo. Porra, porque é que tudo corre mal na minha vida?
" Eu não sei o que dizer, se não um desculpa pelas merdas que faço. " murmurei olhando as minhas mãos, esperando que as suas agarrassem as minhas. " Diz-me como é suposto ser um bom namorado? Eu quero sê-lo mas não consigo, pois vou sempre fazer algo que te irá magoar. "
Nenhuma resposta me foi dada, levantei a cabeça e pude vê-la a olhar-me atentamente enquanto que os seus olhos, se encontravam cheios de tristeza e dor. A sua boca esta entreaberta e a vontade de a beijar, e abraçar é maior que a minha própria pessoa. Tenho necessidade de lhe mostrar que tudo poderá correr bem, porém sei que não sou capaz de lhe fazer bem.
humedeceu os lábios e suspirou. " Simplesmente não podes, tu és como és, e infelizmente eu amo-te assim. " não sabia se haveria de sorrir, ou ficar chateado com a sua afirmação. Ela esta infeliz por me amar? Eu não a entendo, ela diz que a faço feliz e depois já não faço? E depois sou eu, que sou difícil de entender. " Posso pedir-te um favor? " brincou com os seus dedos, e olhou-me atentamente.
" Acho que sim. "
" S-Será que podes pedir, à Grace para vir para cá? " Deus, como o seu tom de voz foi fraco. " Eu preciso de alguém que me entenda, preciso de alguém que me consiga por calma apenas com uma palavra amiga. " e a Grace é a pessoa indicada para fazer isso, aquela amorosa mulher vê a Zoey como uma filha. Lembro-me de ver a desmotivação dela nos quatro dias que a rapariga desapareceu.
" Irei fazê-lo. " afaguei o seu rosto, e os seus olhos fecharam-se. " Eu amo-te. " sussurrei beijando a sua testa.
Negou levemente com a cabeça, e por minutos a única coisa que ouvimos foi o seu choro, que mesmo sendo abafado era doloroso. Tenho a noção que este choro, não é apenas por causa dos acontecimentos de hoje, mas também de anteriores. Eu próprio sei o quão sufocada ela se sente, porém não desabafa, ela guarda as coisas para si, e quando chega ao seu limite ela apenas não se controla e deita tudo cá para fora.
" Eu tenho tanto medo... " admitiu. " Tenho medo, das coisas que poderão acontecer daqui para à frente. Tenho medo de te perder, de vos perder... " sussurrou. " Tenho medo, que nunca consiga ser a pessoa que eu tinha em mente, à uns messes atrás. Tudo mudou na minha vida, coisas boas, más... e porra metade delas são más, e cada uma mais dolorosa que a outra. "
acariciei os seus cabelos. " Eu não sei o que dizer. "
levantou a cabeça, e olhou as suas mãos. " Sabes? O meu maior medo, é perdê-lo... " apontou para a barriga. " A cada dia que passa, eu lembro-me do meu aborto, e cada vez que me lembro, as imagens são cada vez mais... eu não sei. São tão dolorosas. " engoli em seco. " Eu tenho pesadelos com esta gravidez, eu acordo todas as noites e tento perceber o que se esta a passar comigo, eu acordo todos os dias com o medo de já não o sentir na minha barriga, eu não quero passar por tudo isto novamente. Tu não sabes o quão bom é quando eu percebo, que um dia da minha vida correu bem para ambos, saber que ele esta bem e que eu também. Mas depois tudo se volta a repetir, o medo volta, as inseguranças... tudo volta. " olhei cada movimento seu. " E se um dia destes, ele não aguentar mais? "
" Não penses nisso. " peço já afectado com as suas palavras. Sinto-me um idiota, por nunca ter dado conta dos seus pesadelos, sinto-me até egoísta.
" É verdade. " protestou. " Eu estou tão farta. " grunhe.
Abracei o seu corpo com cuidado, e a sua cabeça pousou no meu peito. Noutra altura, ela iria empurrar-me e como sempre dizer: " Eu não te quero ver nunca mais! " e eu até preferia essas palavras rudes, do que tudo isto. Acarinhei o fundo das suas costas, e beijoquei várias vezes o seu coro cabeludo, tentando acalmar o seu choro e também tentar transmitir-lhe um bocado de segurança.
" Vai tudo correr bem. " encostei as nossas testas, e passei o meu polegar por debaixo do seu olho limpando os vestígios de lágrimas.
soltou um pequeno soluço. " Não está, tu traíste-me. " relembrou.
" Não podes dizer, uma coisa que nem sequer tens a certeza! " quase que berrei. " Nem eu tenho a certeza, do que fiz na porcaria daquela cama. "
" Como não? " indagou cruzando os braços.
" Porque eu não me lembro, ela provavelmente drogou-me! " falei um pouco alto. " Eu não te trai, porra Zoey, qual era o motivo de eu fazer isso? "
" Eu estou grávida. "
dei uma pequena gargalhada. " E? Mesmo tu estando grávida, a minha vontade de estar contigo seja sexualmente ou amorosamente, não diminui. Continuas a ser a mesma, a única rapariga com quem eu quero estar. " vi que um sorriso se rasgou nos seus lábios, mas foi por pouco tempo. " Porra, para com isso. "
" Ugh! Eu não consigo. " ri tal como ela. " Eu amo-te demasiado, e merda! Eu odeio-te por isso também. " sorri. " Por favor, nunca mais me faças isto. "
" Eu prometo. " dei um pequeno beijo nos seus lábios. " Agora descansa. " assentiu levemente com a cabeça, e deitou-se na cama. " Eu vou ficar aqui. " avisei e a mesma concordou com a cabeça.
" Obrigada. "
" Não é um favor, é a minha obrigação ficar contigo aqui. " ela sorriu largamente e fechou os olhos.
Meti as mãos no bolso do casaco, e retirei do mesmo a pulseira que havia comprado no dia antes do seu aniversário. Peguei na sua mão e pousei-a na minha perna metendo a pulsei pouco depois no seu pulso. Os seus olhos abriram-se de imediato viajando logo, para o acessório agora no seu fino pulso. Vi um sorriso rasgar-se nos seus lábios, o que também fez com que eu sorrisse.
" É linda! " comentou observando a pulseira com pendentes, esticou os braços na minha direção e antes de abraçar soltei uma breve risada. " Obrigada! " os seus dedos brincaram com os pequenos cabelos da minha nuca. " Tenho fome. "
neguei rindo e sentei-me direito novamente. " E o que queres comer? " indaguei movimentando as sobrancelhas em simultâneo. Revirou os olhos e brincou com o pendente que tinha nele escrito: " mom ", soltei um sorriso e pousei a minha mão em cima da sua barriga, acariciando a mesma. " Fico feliz por teres gostado. "
" Quero comer, comida. " olhei-a como se fosse óbvio e o seu riso invadiu os meus ouvidos. Dou graças a Deus, por Laura não ter conseguido o que queria. " Fizeste a escolha perfeita! " inclinei a cabeça para o lado e atentamente olhei os seus olhos azuis. " Desculpa, as coisas que disse à pouco. "
" Daqui a pouco, vem uma enfermeira trazer-te a comida. " enrugou o nariz e balançou a cabeça negativamente. " Eu sei que fiz, eu faço sempre. " mais uma vez revirou os olhos. " Porque é que achas que eu tenho a namorada perfeita? " as suas maçãs ganharam um tom mais avermelhado e eu tive de rir.
" Nisso tens toda a razão, eu sou perfeita. Ninguém pode negar! " falou convencida. " Eu não quero comida de hospital, Zayn é horrível. "
" Eu sei, mas eu não te vou buscar doces. Se é isso que queres. " fez uma cara de enjoada e eu encolhi os ombros apenas. " Temos de começar a cortar nos doces. "
" Pois claro, viras-te pai agora. " refilou.
" Daqui a nove messes serei, por isso vou começar a treinar com a mãe. " riu sem graça.
" Estas a querer dizer, que eu sou uma criança? "
" Longe disso. " respondi com o meu tom carregado de ironia.
" É a sério?! " questionou indignada. " No entanto não te queixas, quando estou debaixo de ti meu grande estúpido. " tal como eu ela ficou chocada, com as suas palavras. " Q-Quer dizer... e-eu... " ri alto e ela virou a cara.
" Tu acabas-te de dizer, aquilo que eu ouvi, e que tu ouvis-te?! " negou freneticamente com a cabeça. " Tu estas a sair da casca. "
" Cala-te! " gritou. " Eu não disse nada, tu é que percebeste mal. " o seu rosto estava ainda mais vermelho que à uns minutos atrás. " Vai dizer a alguém, que eu estou com fome! "
" Só vou, porque sei que tens de alimentar o meu mini Z. " mandou-me o dedo do meio. " Isso é uma grande falta de educação. "
" Vai! " ordenou e eu rapidamente me levantei.
" Indo! " imitei o seu tom de voz, e morena gargalhou.
Sai rapidamente do quarto, e fui para a receção dizendo a Marie a Louis que poderiam ir ter com Zoey, e em seguida fui à procura de uma enfermeira, ou enfermeiro. Desta vez tudo irá correr bem, nada poderá estragar. A Laura esta finalmente longe de nós, e fora das nossas vidas.