Já fazia vinte e quatro horas que estávamos em Hogwarts,e as coisas pareciam ter ficado ainda mais pesadas,Draco estava preocupado com a nova tentativa de assassinato,e eu estava de olho em tudo e em todos,como se aguarda-se alguém nos lançar uma maldição a qualquer momento.
— A encontraram Lynx,olha — Draco fala baixinho.
Então eu olho para o jornal em sua mão, e vejo a grande foto de Amélia Bones estampada na primeira capa.
— Achei que demorariam mais para irem atrás dela — Falo com um suspiro.
— Não tem nenhuma notícia da casa dos Weasleys aqui — Draco fala mais baixo ainda,já que estávamos caminhando pelos corredores.
— Mas com certeza os aurores estão cientes do ataque,Nymphadora Tonks estava lá — Falo dando de ombros.
— Talvez eles não queiram chamar atenção com isso — Draco conjectura.
— Acho que não precisamos nos preocupar,olhe para o Weasley ali,a família dele ficou praticamente desabrigada,seu melhor amigo foi atrás sozinho da Bellatrix Lestrange, e hoje ele está com a namorada como se o mundo bruxo estivesse sendo abençoado pelas fadas madrinhas do fim do arco-íris — Falo apontando com a cabeça.
— Esses dois me dão nojo — Draco fala fazendo uma careta.
Então caminhamos mais um pouco, nos afastando dos alunos nos corredores.
— Você tem certeza que não quer que eu vá com você para a sala de poções ? — Pergunto nervosa.
— Eu mesmo criei esse veneno,só quero testar mais uma vez e ter certeza que está tudo em ordem,então vou deixar a bebida batizada com o Slughorn, como se tivessem entregado errado,então ele entregará pessoalmente para Dumbledore — Draco repassa seu plano.
— Tome cuidado para que ninguém te veja — Falo segurando sua mão com força.
— Você pode dar umas voltas pelos corredores, e depois ir para a biblioteca, como se estivesse em um dia normal, então nós nos encontramos no salão comunal da Sonserina e fazemos uma sala lá,tudo tranquilo — Ele diz com confiança.
— Eu com certeza posso fazer isso — Falo com um aceno de cabeça.
Então Draco me dá um abraço rápido, e sai em direção à sala de poções do Severus, já que nesse momento ele está dando aula de defesa contra as artes das trevas.
Eu não aguentei ir perder tempo na biblioteca, então dei mais uma volta pelos corredores, e acabei vendo o Potter ir em direção à sala de poções,onde o Slughorn acabava de liberar alguns alunos,o que de certa forma era bom,assim Draco tinha mais tempo de entregar o pacote sem que ninguém o visse,já que Slughorn não ficava
Com isso eu fui em direção à entrada do salão comunal da Sonserina e fiquei esperando Draco lá.
— Como foi ? — Pergunto assim que Draco se senta ao meu lado.
— Ninguém me viu,pode ficar tranquila —Ele diz com um pequeno sorriso.
Com essa confirmação,a noite transcorre de modo realmente tranquilo,no jantar nada de estranho acontece,e seguimos novamente para o salão comunal da Sonserina e de lá para o nosso quarto.
— O padrinho mandou um recado, ele quer você amanhã bem cedinho na sua sala,quer sua ajuda com uma poção — Draco avisa.
— Vou começar a cobrar — Falo com um suspiro.
— Pelo menos você não tem que fazer Aritmância — Draco suspira.
— Eu te avisei que não iria voltar esse ano para essa matéria, ela é incrível, mas ocupa muito tempo — Falo revirando os olhos.
— Eu tinha que conseguir mais alguns pontos nela — Ele choraminga.
— Bem,você sabe,a professora Vector é uma tirana,ela não dá pontos extras — Falo segurando o riso.
— Essa mulher daria uma ótima sargento de guerra — Draco concorda.
— É melhor irmos dormir então, amanhã vou ter que acordar uma hora antes do normal — Falo bocejando.
Draco apenas concorda com a cabeça, e se junta a mim na cama.
Eu me levanto primeiro que Draco, e vou direto para o banheiro, não quero acordá-lo,então me arrumo por lá mesmo.
Fico um bom tempo me olhando no espelho com o uniforme da Sonserina,guardando esses últimos momentos no meu Palácio mental, porque eu nunca irei usá-los novamente,o que é extremamente triste, porque entrar na casa de Salazar Sonserina foi um dos meus maiores orgulhos,e vir para Hogwarts foi um momento feliz, apesar de ter recebido a notícia que também seria noiva.
Chega a ser engraçado, já se passaram seis anos desde essa notícia, e dois anos que Draco e eu nos casamos,o tempo está passando rápido demais ou somos nós, que estamos em constante medo e apreensão que não aproveitamos nada ?, acho que o último, já que desde o final do quarto ano, ninguém mais sabe o que é ter paz de verdade, estamos sempre olhando para a nossa retaguarda,e protegendo nossa frente.
Limpo qualquer resquício de lágrimas,e termino de ajeitar meu cabelo,eu não preciso da fúria do Severus por chegar atrasada,na verdade eu odeio atrasos tanto quanto ele, então faço tudo o mais rápido possível, mas dedicando um tempo especial ao meu cabelo,que é a única coisa que sempre arrumo manualmente.
Quando sai do banheiro,Draco ainda estava dormindo,agora abraçado ao meu travesseiro, o que me arranca um pequeno sorriso sincero, já que a única coisa boa de tudo isso, foi a família que papai e eu recebemos com o meu noivado e o de Draco, antes era tudo tão triste e solitário, até papai se tornou mais feliz e brincalhão.
Acabo afastando logo esses pensamentos do papai também,antes que a saudade e a preocupação me façam agir que nem uma Grifinória idiota e prepotente,então saio o mais rápido possível do nosso dormitório.
Os corredores estavam completamente vazios ainda,claro,todos deveriam estar dormindo, assim como eu também,o que me faz bocejar novamente, e me repreender por ter esquecido de tomar uma poção energética antes de sair,mas também não tem problema, eu posso pegar uma com o Severus.
Mas antes que eu pudesse bater na porta do seu quarto e escritório particular, a porta se abriu e a professora Mcgonagall passou por ela,seguida do Severus.
— O que faz aqui uma hora dessa ? — Mcgonagall perguntou arqueando uma sobrancelha.
— Não sabia que você tinha virado a chefe da casa Sonserina — Falo também arqueando uma sobrancelha.
Pronta pra colocar ela em seu devido lugar,já que a nossa querida vice-diretora e professora adora ser rígida e autoritária com todos, menos com os Grifinórios,e é por isso que eles se acham a melhor casa de Hogwarts, sendo que parecem uns selvagens, nunca estão com os uniformes arrumados e passados, andam fazendo baderna e falando alto, os modos à mesa são atrozes e nojentos,e chego a cogitar a ideia que muitos nem tomam banho de manhã, muito menos a noite.
Mcgonagall pode ser uma bruxa exemplar em alguns aspectos, mas como diretora de casa ela é horrível, odiaria estar sob o seu comando,e nem quero imaginar como é a torre da Grifinória, mesmo que seja muito fácil,deve ser tudo bagunçado, com vários alunos gritando e berrando que nem os Weasleys, uns tentando estudar que nem a Granger, e outros completamente perdidos como o Potter, que deve ser arrastado pelos dois lados e acaba não fazendo coisa alguma.
Sem contar o mar de vermelho e amarelo que deve ser o lugar, não deve ter nada de sutil ali, tenho certeza que a Mcgonagall nem faz uma reforma no ambiente todo ano, igual Severus faz, sempre com uma surpresa nova para os alunos novos e antigos,nem visita o salão comunal para ver se os alunos estão vivos e se precisam de algo.
Com essa reflexão rápida, acabo de perceber que eu realmente detesto a professora Minerva Mcgonagall.
— Lynx — Severus me repreende. — Ela está aqui porque eu mandei que viesse Minerva — Severus diz de modo sério.
O que faz Mcgonagall concordar com a cabeça e crispar os lábios, ela também não parece ir com a minha cara, mas isso vem desde o primeiro ano, então nosso desgosto uma pela a outra é mútuo.
— Vamos então, não temos tempo — Ela diz a contra gosto.
Então ela começa a andar e Severus e eu a seguimos.
— O que está acontecendo, Seve ? — Pergunto baixinho.
— Mais uma vez seus presentes foram extraviados,Slughorn deu o hidromel como um drink para o Potter e o Weasley, mas por sorte,só o Weasley tomou,e o Potter conseguiu evitar o pior — Ele fala baixinho enquanto revira os olhos.
— Draco vai surtar quando souber — Falo baixinho.
— Aquele paspalho do Slughorn — Severus rosna. — Como ele oferece a bebida de outra pessoa para seus próprios convidados.
Eu apenas trinco os dentes,essa será nossa última tentativa de assassinato,vamos usar o plano B,o armário já está funcionando de qualquer maneira,então a invasão está praticamente no jeito,vamos ter que matar Dumbledore diretamente.
Antes que chegássemos a enfermaria, eu transfigurei um pergaminho e uma pena,iria ter que fingir anotar tudo sobre a condição do Weasley, já que certamente chamaram o Severus para tentar descobrir o que tinha na bebida.
Quando chegamos à enfermeira, Dumbledore e Slughorn já estavam lá, e nós comprimentaram de forma rápida.
— Severus,senhorita Lynx — Dumbledore diz com um aceno de cabeça.
— Alvo — Severus diz com um aceno.
Eu só o comprimento com um aceno de cabeça,assim como Slughorn.
Assim que entramos,notamos já a presença do Potter, da Weasley fêmea e da Granger ao lado do cabeça de cenoura, que permanecia desacordado,sendo monitorado pela madame Pomfrey.
— Raciocínio rápido o seu de usar bezoar Harry — Dumbledore diz olhando do Potter para o Weasley. — Deve estar muito orgulhoso dele Horácio — Dumbledore finaliza.
— Ham ? Assim,sim,muito orgulhoso — Professor Slughorn diz meio abalado.
— O professor Snape que deve se sentir orgulhoso, afinal ele vem falando dos benefícios do bezoar desde o primeiro ano — Falo de modo sério.
O que faz todos me olharem.
— Sim,acho que finalmente poções entrou um pouco em minha mente — Potter diz com um aceno de cabeça.
— Acho que podemos concordar que as atitudes do senhor Potter foram realmente heróicas,mas antes,devemos pensar o porquê delas serem necessárias em primeiro lugar — Mcgonagall diz olhando para Dumbledore.
— Sem dúvida — Dumbledore diz indo até Slughorn. — Isso se parece com um presente Horácio, não sabe quem te deu ?
Slughorn só responde com um balançar negativo de sua cabeça.
— Tem um cheiro muito sutil diga-se de passagem... De alcaçuz e cereja,quando não misturados com veneno — Dumbledore fala cheirando a bebida.
— Na verdade eu tinha a intenção de dar a garrafa de presente — Slughorn diz.
— A quem eu posso saber ? — Dumbledore pergunta,enquanto passa a garrafa pro Severus cheirar também.
— Para o senhor,diretor — Slughorn fala abaixando a cabeça.
O que faz a todos ficarem em um silêncio sepulcral,e eu olhar de rabo de olho para a garrafa nas mãos de Severus, e depois para Slughorn com certa raiva.
— Onde está ele...
Escutamos alguém gritar,e logo a garota Brown surgiu correndo,e empurrando a todos da frente dela, fazendo eu quase cair,se não fosse pelo Potter me segurar com um pequeno sorriso, ao qual eu retribui com apenas um aceno de cabeça.
Severus, que tinha sido empurrado também, a olhava com adagas nos olhos, mas a garota estava completamente alheia ao perigo.
— Onde está ele ? Onde está meu Won Won — A insuportável perguntou.
O que fez a todos nós a olharmos com um certo nojo disfarçado.
— O que ela está fazendo aqui ? — Brown perguntou,claramente olhando para a Granger.
— Eu que te pergunto — A Granger disse se levantando.
O que fez novamente nos olharmos de uma,para a outra.
— Acontece, que eu sou a namorada dele — A Brown diz se aproximando.
— E eu sou... Amiga — A Granger diz meio sem graça.
— Não me faça rir,já não se falam a semanas — Brown retruca. — E agora você só quer fazer as pazes,porque de repente ele ficou interessante.
Eu firmemente seguro o meu riso,mas ainda sim dou uma engasgada,o que faz Potter me olhar com um arquear de sobrancelha,ao qual eu retribui com um dar de ombros.
— Escuta,ele foi envenenado,sua destrambelhada,e fique sabendo que eu sempre achei ele interessante — Granger disse indignada.
Então escutamos o Weasley fazer um barulho.
— Ha,viu,ele sente a minha presença... Não se preocupe Won Won,eu estou aqui — Brown diz daquele jeito irritante,se aproximando ainda mais do Weasley.
— Her... Her... Hermione — O Weasley diz com a voz fraca.
O que faz todo mundo que está presenciando essa cena patética,ficar ainda mais desconfortável,principalmente em ver a Brown sair correndo e chorando.
— Haa,tão jovem para sofrer as desilusões do amor — Dumbledore diz depois que ficamos todos em um silêncio muito constrangedor.
O que finalmente me fez rir,e até mesmo o Potter, que estava com uma cara de velório o tempo todo.
— Agora que não vamos ter mais interrupções... Lynx dá uma olhada no Weasley — Severus diz com um aceno de cabeça.
O que faz eu perder completamente o sorriso.
— Eu não sou enfermeira Seve — Falo séria.
— Mas é muito boa com poções, mais que o senhor Potter — Severus diz arqueando uma sobrancelha, e fazendo uma expressão de " Faz o que eu estou mandando logo,isso também é culpa sua "
— Por favor — Potter fala me olhando com uma cara de cachorro sem dono.
O que me faz suspirar baixinho.
— Com licença — Falo arqueando uma sobrancelha para a Weasley fêmea, que se levanta a contra gosto,mas ainda sim permanece calada.
— O que deram pra ele ? — Pergunto a ninguém em especial.
Puxando o outro braço do Weasley e medindo sua pulsação.
— Eu dei o bezoar — Potter diz.
— Madame Pomfrey só fez análises no seu corpo,ela disse que ele só está inconsciente — Granger termina.
Eu abro seus dois olhos,e com a minha varinha, faço um luminos bem fraco, somente para medir seus reflexos,posso sentir a todos me olhando,o que me faz ficar meio desconfortável, principalmente porque essa é a primeira vez que toco no Weasley, e não quero fazer isso novamente nunca mais.
— Acho que ele teve uma concussão, talvez fosse bom que a madame Pomfrey fizesse algo mais detalhado... Pelo que vimos, ele deve esta tendo alucinações também, deve haver resquícios de veneno na corrente sanguínea dele,então mais uma vez,seria bom que madame Pomfrey fizesse algo mais detalhado,já que o Potter só deu bezoar em seu estado bruto — Falo me afastando.
— Pretendo ser uma curandeira ? — Dumbledore pergunta com um pequeno sorriso.
— Por Merlin, não... Mas gosto de ver os efeitos de poções em seres vivos,e tentar descobrir antídotos — Falo dando de ombros.
— Você testa poções em pessoas ? — Mcgonagall pergunta arqueando uma sobrancelha.
— Em ratos — Falo também arqueando uma sobrancelha.
— São seres vivos — Ela retruca.
— Detalhes — Falo dando de ombros.
— Qual o seu problema ? — A Weasley fêmea pergunta.
— Muitos historiadores fazem isso, como vocês acham que sabemos que uma poção de regeneração vai dar certo, sem testar antes ? — Pergunto indignada.
— São animais — A Weasley bate o pé.
— Sim eu sei,e acredite,eu preferiria mil vezes testar em um humano... Mas vocês sabem, isso não é bem visto — Falo com um sorriso cínico.
O que a faz bufar,e o Slughorn arregalar os olhos,e Dumbledore dar quase um sorriso.
— Já chega... Lynx já fez bem mais pelo Weasley do que a enfermeira da escola,se quiserem seguir as recomendações dela.bem,se não... Esperem o Weasley acordar,e descubram se tem alguma sequela — Severus diz irritado.
— Obrigado Lynx — Potter diz com um aceno de cabeça.
Eu apenas lhe dou um pequeno sorriso, e um aceno de cabeça.
— Certo,muito bem,vamos todos sair,o senhor Weasley está sendo muito bem assistido — Dumbledore fala.
Então vou para o lado de Severus, e começo a segui-lo para fora da ala hospitalar.
— Vou chamar a madame Pomfrey...
Escuto o Potter dizer.
O que me faz sorrir, já que posso imaginar a cara de descontentamento da Weasley fêmea,pelo Potter ir fazer o que eu disse,e se um Weasley está triste,então um Malfoy está muito feliz.