GOLDWING

By melwhowrites

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"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais... More

introduction
dedicatória
chapter 1
chapter 2
chapter 3
chapter 4
chapter 5
chapter 6
chapter 7
chapter 8
chapter 9
chapter 10
chapter 11
chapter 12
chapter 13
chapter 14
chapter 15
chapter 16
chapter 17
chapter 18
chapter 19
chapter 20
chapter 21
chapter 22
chapter 23
chapter 24
chapter 25
chapter 26
chapter 27
chapter 28
chapter 29
chapter 30
FLASHBACK - In The Midnight Hour
chapter 31
chapter 32
chapter 33
chapter 34
chapter 35
FLASHBACK - Let The Angels Commit
chapter 36
chapter 37
chapter 38
chapter 39
chapter 40
chapter 41 - Sometimes a Fantasy
FLASHBACK.- Us.
chapter 42
chapter 43
chapter 44
chapter 45
chapter 46
chapter 47
chapter 48
chapter 49
chapter 50
chapter 51
chapter 52
FLASHBACK - Melodrama
FLASHBACK - iris
chapter 53
chapter 54
FLASHBACK - illicit affairs
FLASHBACK - My Little Love
chapter 55
chapter 55.5
nota da autora

epílogo

74 2 1
By melwhowrites

"Me deparo no jardim da minha casa, observando o verde brilhante da relva, a parede do barbecue toda riscada com lápis de cor. As flores que Ella tinha plantado no infantário não perdiam o brilho, apesar de não ser primavera. Via frequentemente Mia e Eleven deitadas no telhado de barriga para cima, o que me fazia questionar as verdadeiras habilidades de um gato. O livro que eu lia há semanas, Ensaio sobre a Cegueira, descansa em cima de uma mesa feita de madeira pintada com respingos de tinta, a mais recente obra de Harper para a publicidade da minha nova coleção de roupa.

— Amor?- oiço, atrás de mim. — Está na hora de ir.

— Tem certeza? Eu amo ver isso aqui. E além disso, o Henry ainda está na escola.

— Não se preocupe, o Fred fica com Ella e Amy vai na escola em um instante. Você precisa de preocupar menos.

— Certo.- eu respondo.- Os exames?

— Aqui.- diz o moreno, mostrando uma capa enorme com eles.- Daje, Greg está esperando.

— Pensava que ele tinha trocado de turno... Não era o Michael?

— Houve um resgate qualquer, ele teve de trocar. Pronta?

— Sempre pronta.

Entrar dentro daquele carro já era familiar para mim. Já são quase 5 meses disso. Toda a semana.

Chegando ao local, a minha cadeira já me espera. O staff guarda sempre a minha manta, os meus snacks favoritos. Pego no meu livro outra vez, enquanto não chegam para me administrar o tratamento.

— Tudo bem?- o meu amor me pergunta, enquanto me agarra forte.- Gostou dessa bandana?

— Sim, tem uma elasticidade boa.- sorrio. — Onde comprou?

— Foi minha mãe, em Milão.

— Saudades de Milão.- suspiro.- Quando Talia vai lá de novo? Eu preciso de mostrar umas ideias. Dam?

— Desculpa.- ele diz, colocando os seus óculos. — Ainda não falei com ela. Eles estão muito ocupados com a nova coleção. Você vai amar.

— Se eu estivee viva para ver isso, certo?

— Não diga disparates. Você é forte.

— Só os exames de hoje irão dizer alguma coisa...

— Seja o que for, temos de ser corajosos, ok?- eu aceno.

As horas passam devagar em um lugar que toda a gente está morrendo lentamente. Essa sessão iria ser mais longa, estava prevista para acabar às 7 da noite. Via o líquido sair da máquina, pinga por pinga, e quase adormecia só a observar. Um tempo depois chega Raquel, que estava de saída.

— Victoria de Angelis, à sala 16.- oiço a voz automática a dizer.

Vou lentamente no passo que eu sei, agarrada nos braços do meu amor. Entramos naquela sala, mais uma vez, esperando tudo ou nada. A força que os meus pés tinham nunca mais voltou a ser a mesma. Agora caminhava com muito esforço, após reaprender a fazer isso.

— Voltou, não voltou?- eu pergunto, vendo o olhar vazio da doutora.

— Eu lamento.

Pousei a minha cabeça nas minhas pernas, na busca de alguma coisa. Estava tudo tão bem, depois da cirurgia, das primeiras rondas de tratamentos.

— É um glioblastoma. Um tipo de tumor, que, é agressivo. E...

Um tumor. Mais outro. Eu não sabia se poderia aguentar muito mais.

— É operável?- pergunta logo Dam.

 — Sim, é. Dá para ver que é recém-formado, não tem mais de 3 meses. Precisa de ser tratado, urgentemente. Queria vos perguntar se há a possibilidade de vocês viajarem para conseguir tratar isso em um bom sítio.

— O...Onde?

— No Centro de Tumores Cerebrais da UCSF. Fica em São Francisco. Tenho colegas lá, com décadas de experiência. 

— Certo... Quando podemos começar o tratamento?- Damiano pergunta

— Eu já escrevi a carta de recomendação, posso mandar a qualquer momento.

— Então mande--

— Espera, Dam. Eu tenho que pensar nisso.

— No que você está pensando?- ele me pergunta, assim que chegamos ao carro de novo. 

— Damiano...

— Eu não entendo, você quer melhorar, certo?

— Damiano.- eu repeti, com a voz mais elevada.- Eu já perdi o meu cabelo, meu útero, a minha carreira, uma filha, e oportunidades que não se recusam. Eu não quero ficar vivendo essa vida onde o cheiro de antiséptico é mais familiar do que o de casa, onde me sinto menos mãe ou pessoa ou artista a cada dia que passa. 

Vi ele olhar para o tabliê, aquele olhar vazio. Desde que descobrimos essa doença que me retirou dos palcos e de ser uma pessoa feliz, ele tem sido o que é otimista. Eu a vejo como uma contagem decrescente final, para o meu fim. Tenho quase 40 anos, me sinto cansada de viver lutando durante uma doença invisível e gastando o meu dia a dia nisso.

— Isso quer dizer que você...

— Eu quero me deixar ir."

-

— Esse documentário é baseado em uma recolha de informação entre 2044 e 2046, com algumas pausas e episódios relatados no diário de Victoria, que disponibilizou alguns excertos e mesmo doente permitiu semanas de entrevista no hospital. Um grande obrigado a todos os que aceitaram fazer as entrevistas que complementaram esse trabalho, e a Leonardo Grillo, Giovanna Ricci, Anja Larsen, Harper David e Damiano David pelo trabalho árduo de fazer este trabalho pedido por ela mesma possível. 

Em memória de Victoria de Angelis, que faleceu serenamente em Copenhaga aos 46 anos por consequência de um câncer de colo do útero e de problemas associados.
Deixou no mundo o seu marido Damiano David e os seus filhos Harper 'Harp' de Angelis David e os gêmeos Bella e Henry de Angelis David, de apenas 5 anos de idade, a 7 de janeiro de 2047. — digo, acompanhando o rascunho melhor que tinha escrito.

Eu tinha apenas 17 anos quando a minha mãe começou a me levar para reuniões do Aria Project. Eu não tinha a mínima ideia, mas ela queria que eu a substituísse. Henry e Ella tinham apenas dois anos quando descobrimos o câncer da nossa mãe. Em momentos que deveriam ser passados brincando em casa, eram trocados por esconderijos debaixo de camas de hospital. No dia em que Leo me sugeriu que eu participasse dessa recolha de informação para o documentário, eu senti uma conexão inexplicável. 4 anos depois, 2 depois da minha mãe falecer, assumi o papel de diretora criativa em uma produção que não teve nome até às primeiras semanas de rodagem, mais tarde definido como o mesmo nome da sua primeira coleção independente na indústria em que mostrou mais as suas capacidades. Em análises mais profundas, descobri que foi desenhada à volta de uma metáfora de uma pessoa demasiado pura e autêntica para o mundo dar conta de olhar. Essa descrição vos lembra alguém?

Ela, que muitos conhecem como vencedora de Grammy, de Oscar, de VMA, de AMA, e de infinitas outras, me criou para aceitar o lado obscuro do exterior tal como o meu interior, e a nunca ter receio em ser frágil e advocar pelo o que era meu. Muitos conheceram Victoria de Angelis, mas eu e as suas pessoas mais próximas tiveram o privilégio de conhecer o seu coração.

— Alguma opinião, Harp?- me pergunta Élodie, uma das editoras.

— Tá incrível.- Henry diz, ao chegar à sala, atrasado como sempre.- Onde o pappà foi?

— Não me pergunte.- Ella reclama, como sempre. Os dois gêmeos que já não se suportavam em pequenos tinham a personalidade muito igual, e os mesmos pequenos cachos castanho claros à frente do rosto.

Meu pai entra na sala, e com uma voz aveludada diz:

— Goldwing. Dia 28 de abril nos cinemas. Vocês têm que me deixar dizer isso com essa voz, por favor.

— Seria legal, mas pessoas importantes estão nos esperando ali em baixo.- titio Leo diz, suspirando.

— Você sabe que eu não me importo nem um minúsculo caralho de como as pessoas me vêm, certo?- ele responde, com a audácia do costume.

— É claro que a gente sabe.— eu digo.— Mas é melhor irmos andando, dentro de minutos teremos câmeras captando o mais fino detalhe de cada um de nós.

E assim fomos.

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