Assim que me aproximei de Lex ele segurou minha nuca e encostou sua testa na minha.
-Esta bem?-perguntou preocupado.
Assenti.
-E você?-ele assentiu também.
Nos afastamos e eu olhei para as mulheres.
-Vamos tirar vocês daqui, mas não podem contar pra ninguém o que viram e ouviram, entenderam?-elas assentiram.
-Lia, temos que ir, não sei se Gabe vai segurar aquele louco por muito tempo.-ele trouxe todo mundo? Eu precisava ir ajudá-los! André é poderoso de mais em posse da magia negra.
-Vamos!-chamei todos para fora dali seguindo o corredor para a parte dos fundos, por onde Lex tinha entrado, era possível ver isso pelo rastro de bestas no chão.
-Espera!-disse uma das humanas, olhei para trás vendo-as abrir espaço para que eu enxergasse a menor delas, parecia ser uma adolescente ainda. Loira e cheia de sardas no nariz.-Por favor, ele levou minha irmã, ela ainda deve estar lá.
Olhei para ela sentindo pena da garota, a irmã dela já deve estar morta.
-Sinto muito, mas sua irmã está...
-Não! Eu vi! Ele levou ela viva para o frezeer do laboratório.-olhei para Lex que sustentou meu olhar.
O que faço?
Em seus olhos estava escrito que devíamos tentar, mesmo que estivéssemos sem tempo.
-Quanto tempo tem isso, garotinha?-perguntou meu companheiro se abaixando ligeiramente.
-Uma hora mais ou menos.-respondeu prontamente.
Respirei fundo.
Lex se voltou a mim.
-Vamos mandá-las para um lugar seguro e depois de pegar a tal humana seguimos pra fora.-mordi o lábio inferior.
Me voltei a elas novamente.
-Se escondam em um dos laboratórios especificos e esperem eu chamar para que saíam.-elas assentiram e se dispersaram rápido, quase nem esperaram eu terminar de falar.
Me virei para o homem mais bonito que eu já tinha visto.
-Não mesmo, nem me peça para ir protegê-las ou algo do tipo. Vou ficar aqui com você.-sorri de lado ao notar sua perseverança em me ter ao seu lado.
Agarrei sua mão.
-Não ia te mandar atrás delas.-me aproximei beijando rápido seus lábios, o que o pegou de surpresa, mas o fez abrir um sorriso sacana.
-É muito bom ter você de volta.-disse sorrindo.
-Mas ainda precisamos sair, vamos.-puxei ele em direção ao laboratório principal que era no fim do corredor. Assim que chegamos eu passei pelas macas e equipamentos e me voltei ao frezeer que não era apenas uma geladeira gigantesca.
Era uma porta de metal, igual a dos freezers mesmo, mas que guardava uma sala toda refrigerada onde ficava muitos corpos, mortos e... vivos.
-O que tem ai?-perguntou Lex ao notar minha hesitação.
-Nada de bom.-respondi receosa.-Mas confie em mim.-ele acariciou minha mão sorrindo.
-Eu sempre confiarei em você.-não pude deixar de sorrir de volta. Era bom tê-lo ao meu lado.
Que nunca mais a gente se separe.
Respirei fundo assentindo e então forcei a porta a abrindo, ela estava destrancada.
"Claro, quem seria o idiota que iria trancar uma porta que guarda algo que ninguém quer enfrentar?" Perguntou Michelle.
A ignorei.
Assim que entramos já foi possível enxergar alguns corpos cobertos em cima de macas, o chão estava com uma fumaça branca que dominava alguns pontos na parede.
Me virei para Lex fazendo um sinal para pedir silencio.
Ele assentiu soltando minha mão e caminhando pelo local de maneira fugaz.
Olhei para a porta aberta vendo a marca de pequenos punhos, os dedos fechados faziam uma ondulação nas paredes, vi até alguns riscos fundos feitos pelas minhas unhas e garras.
"-Você foi uma garota má!-dizia tio Alan com raiva.
-Não tio! Por favor! Eu prometo que vou obedecer!-minha eu mais nova gritou esperniando.
11? Talvez 12 anos?
Ele parou de me arrastar pro laboratório e me segurou firme ficando semi abaixado na minha frente, a altura do seu rosto estava na altura do meu.
-Você pensou que podia simplesmente fazer o que bem entende?-perguntou, a feição assustadoramente séria.-Qual foi a minha ordem?-perguntou.
-Matar os filhos de Hura.-falei cabisbaixa.
-E o que você fez, Susane?-perguntou ele, seus olhos vermelhos de raiva.-O quê fez?!-perguntou mais alto me sacodindo e assustando.
-Eu dei o bebê a uma senhora.-falei segurando o choro.
Ele assentiu.
-Isso mesmo, eu disse para matar todos!-bradou.-Agora você será castigada para lembrar a nunca mais me desobedecer.-ele voltou a me puxar em direção ao laboratório.
-Não tio! Por favor!-pedi enquanto ele me arrastava em direção ao fundo do laboratório.
Ele se agachou novamente abrindo a porta do frezeer onde guardava os corpos.
Ele tinha um bom controle sobre sua transformação, vi quando transformou sua mão e acertou minha bochecha abrindo um corte, no entanto não gritei, tinha me acostumado a dor.
Menos a dor de receber diversas injeções.
O sangue escorreu pelo meu rosto e pingou manchando minha blusa.
-Nunca mais ouse ir contra minhas ordens.-ele me jogou dentro do frezeer e trancou a porta por fora.
-NÃO! TIO! POR FAVOR!-pedi socando a parede com toda minha força.
-Se eu fosse você faria silêncio, minhas criações odeiam ser acordadas por criancinhas assustadas!-falou rindo e depois disso ouvi seus passos se afastando.
Não... não!
Laurien? Michelle? O que faço?
Arranhei a porta com força, minhas unhas começaram a sangrar.
Alguns passos e rosnados atrás de mim foram ouvidos.
'Se esconda! Você precisa se esconder.' Laurien respondeu com urgência.
'Ou podemos simplesmente dá vazão aos nossos poderes e explodir esse lugar.' Sugeriu Michelle fazendo minhas mãos formigarem apesar do sangue que se espalhava.
'Não Susane, já matamos inocentes de mais! Nada de matar.' Engoli seco.
Se eu não os matasse, eles iriam me devorar.
Respirei fundo.
'Não se você se esconder, rápido! Ainda estão longe.' Laurien me alertou e eu logo corri procurando um lugar pra me esconder."
Aquela foi umas das piores noites da minha vida, passei o tempo todo, em alerta sem conseguir relaxar um só segundo.
Tio Alan não sabia que eu conseguia me curar tão rápido quanto os lobos, por isso ele ainda não usava o pó de prata e por isso as marcas iniciais não marcaram meu corpo.
Respirei fundo encostando a porta para as criaturas não verem a luz e andei pelo meio das macas.
Mais a frente tinha corpos de bestas pendurados em ganchos no alto, alguns deformados, alguns pedaços de corpos em armários transparentes.
O ar que expeliamos virava fumaça fria pelo lugar.
Um humano sobreviveria a essa temperatura por uma hora?
"Depende, se for um humano forte, talvez aguente." Lauren explicou.
"Nada disso, fala com a especialista aqui. Os humanos não aguentam altas temperaturas, mas talvez André tenha usado um antitérmico para manter a temperatura delas mais alta até o próximo experimento." Michelle explicou rápido.
Então tem chance dela estar viva ainda.
Dentro desse frezeer tem alguns cômodos, dois deles são similares a cavernas frias, onde as criaturas mais exóticas e sanguinárias dormiam, criações de Alan que eu não arriscava enfrentar por hora.
Duas das salas tinham experimentos em aguardo, que estavam congelados para preservação, elas devem estar lá, em uma das salas.
-Pra onde?-perguntou Lex usando palavras sem som, consegui entender ao fazer leitura labial.
-Por aqui.-respondi do mesmo jeito o guiando dentre as macas até a sala que eu imagina que as mulheres estivessem.
Viramos um corredor e logo fui capaz de enxergar duas enormes janelas de vidro que mostravam o interior cheios de experimentos congelados.
As humanas devem estar bem assustadas, isto é, se ainda estiverem vivas.
Apontei pra uma das salas e Lex assentiu, eu caminhei para a outra.
Elas só podem estar aqui.
Lauren?
"Além dos experimentos vivos que André esconde nessa sala, sinto uma humana encolhida atrás daquele armário." Olhei pela sala enxergando o armário que Lauren falou rapidamente.
Passei pelas macas e corpos pendurados e ignorei as diversas vitrines que exibiam um show de horrores.
Senti o cheiro do medo antes mesmo de chegar perto do armário, seu coração batia tão rápido que eu ouvia sem esforço, um choro baixinho também foi possível ouvir.
Me encostei no armário sem mostrar meu rosto de primeira, ela iria gritar se me visse do nada.
-Hey.-sussurrei.-Faça silencio, eu vou te tirar daí.-seu coração ficou mais acelerado, se era possível bater tão rápido.
Fiquei com medo daquele humana se partir.
Respirei fundo sentindo o cheiro de carne refrigerada.
-Quem é você?!-perguntou assustada.
-Alguém que vai te ajudar, fica quieta.-pedi me arrastando levemente na direção dela, apareci devagar fazendo ela arregalar os olhos.
-Calma, não fale, consegue andar?-ela assentiu. Percebi que estava agasalhada e abraçava seu próprio corpo.-Venha, em silêncio.-pedi lhe dando a mão, ela agarrou e se levantou ficando em pé.
As pontas de seu cabelo loiro, presos em um rabo de cavalo, estavam congeladas, seu rosto tinha um tom pálido incomum, tirando o vermelho do nariz.
Ela deve ser a irmã da garota.
Fiz sinal de silêncio novamente e ela assentiu.
A guiei o mais rápido que consegui para fora daquela sala encontrando Lex e mais duas humanas, uma estava apoiada no ombro dele e eu senti uma vontade louca de arrancar os membros do corpo dela.
Foco Lia! Não é hora de sentir ciúmes.
Ainda bem que meus seres interiores ficaram quietos naquele momento.
-Falta mais alguém?-perguntou ele.
-Faltavam cinco.-falei me lembrando do que Lauren havia me dito.-Falta duas.-a humana que eu trouxe comigo agarrou minha mão.
-Elas morreram.-disse baixo.-Congeladas...-completou sussurrando.
Assenti.
-Vamos.-falei baixo puxando todos para fora daquele congelador gigante, o que eu mais queria era ir embora.
Todos seguiram em silêncio para fora do frezeer, o que foi ótimo.
Me surpreendi com o silêncio da espécie que sempre fora muito assustada e escandalosa.
"Eles são muito mais corajosos do que você imagina." Rebateu Michelle.
Dei de ombros.
"Lá vem, a defensora dos humanos." Disse Lauren rindo e fazendo Dave rir.
Ignorei eles, já que precisava ficar em silêncio.
Quando vi a porta de saída, suspirei de alívio, estávamos quase.
Fiz sinal para que a humana que ia na frente empurrasse a porta e assim ela o fez, abrindo.
Todos passaram pela porta e quando eu passei, uma espécie de tentáculo puxou a perna da humana que estava ao meu lado, a fazendo ser arrastada para dentro do frezeer novamente, para a parte mais escura.
-Tryethwle!-praguejei no idioma das bruxas, uma palavra que nem existia na linguagem dos lobos/humanos.
Logo a irmã da garota tinha que ser arrastada?!
Voltei pronta para entrar quando Lex me segurou.
-O que pensa que está fazendo?! Você nem sabe o que é aquilo!-umedeci os lábios.
-Me encontre lá fora em cinco minutos com as humanas, eu vou resgatá-la.-me soltei dele e mesmo com seu chamado eu corri antes que ele usasse sua dominância como supremo.
Eu precisava achá-la! Que merda.
Maldição!
Lauren, Michelle, Dave.
Chamei os três.
"Aqui." Prontamente falaram em coro.
Temos que localizar a mulher.
Descobrir o ponto fraco daquilo que a pegou.
Saber como lutar contra isso.
"Quando teremos paz hein?" Perguntou Michelle.
Nem eu sei, Michelle, nem eu sei.
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E nem nós sabemos 🤡
Quem achou que a saída da casa ia ser tranquila, foi tapeado (muhahaha)
O que será que atacou a humana?
Hi guys, sorry a demora.
Espero que estejam todos bem.
Daqui a pouco estaremos atingindo 300K de visu (palmas pra nós urruuuh) sou muito grata por todo o apoio.
Não esqueçam de votar e comentar!
O próximo cap não vai demorar muito, vou correr pra compensar a demora desse cap.